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Derrubar 20 barragens para salvar espécies no Douro
O GEOTA (Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente) vai propor ao Estado a remoção de barreiras obsoletas no Douro para impedir a desertificação de peixes nativos
A barragem de Crestuma/Lever é a primeira barreira a travar a subida de espécies como a enguia
O consórcio Rede Douro Vivo, com base num estudo liderado pelo Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), vai propor à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) a remoção prioritária de 20 barragens e açudes obsoletos, localizados em cinco afluentes do Douro.
A investigação realizada nos últimos dois anos pela Associação Natureza Portugal, em parceria com as universidades do Porto e de Trás-os-Montes e Alto Douro e o Instituto Politécnico de Bragança revela que as mais de 1200 barreiras do rio Douro têm vindo a colocar em risco dezenas de espécies autóctones, como a lampreia e a enguia, ao travarem o curso da água, comprometendo a biodiversidade na maior bacia hidrográfica da Península Ibérica.
A construção de 57 grandes barragens hidroelétricas ao longo do rio e seus afluentes do lado de cá da fronteira, além de reduzir os caudais, interrompeu a conectividade fluvial, “impedindo ou causando enorme constrangimento” à migração da comunidade piscícola local. Para mitigar os efeitos nefastos na fauna local, fluvial e terrestre, o GEOTA defende a progressiva retirada de barreiras inúteis, “25% das quais obsoletas ou semidestruídas, servindo apenas para potenciar a deterioração da água e dos habitats ribeirinhos”, refere Ricardo Próspero.