Daniel Pavão · Agora é fácil

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Acabou
Sempre afirmei, aqui, em muitas quintas-feiras, que a abstenção favorecia o Partido Socialista. Inclusive, em 2016, assegurei que “eles sozinhos ganham eleições”. Uma frase que muitos, inclusive no PSD, não perceberam e criticaram. A força do Partido Socialista de Vasco Cordeiro viveu essencialmente dos números da abstenção. Quanto menos votassem, mais barato saía a maioria absoluta e a burocracia que alimenta a máquina permitiu, até domingo, manter o regime. Bastou mais pessoas irem às urnas para a famosa e temida máquina desmoronar-se. E mesmo perante a evidência dos números, Vasco Cordeiro não escondeu o embaraço da derrota e a arrogância de sempre. Carlos César calou-se perante as mesmas evidências e Francisco César mostrou que não tem o que é preciso para lá chegar. A estes três soma-se Sérgio Ávila que nem com os milhões inventados e os desempregados desaparecidos conseguiu a maioria dos deputados na ilha Terceira.
Derrota
O Partido Socialista não pode falar em vitória. Perdeu a maioria absoluta que trazia desde 2000. OS Açorianos perderam a vergonha e o medo e não querem outra coisa que não seja uma solução que passe pela exclusão do PS das responsabilidades do poder na Região. Na Terceira e essencialmente em São Miguel, o Partido socialista perdeu demasiados votos. Os suficientes para perder a maioria que lhe permitia rechear a administração pública de pequenos e pequenas sem qualquer capacidade para ocupar os cargos que ainda ocupam. Durante demasiado tempo muitos dos nossos concidadãos apenas queriam viver das sobras do regime. Domingo mostraram que não querem mais do mesmo e, acima de tudo, não querem este exército de inúteis a comandar os destinos de uma Região inteira.
Vitória
Foi uma enorme vitória dos Açorianos. Não foi apenas uma vitória dos partidos políticos e dos seus representantes. Foi uma vitória de todos aqueles que nunca se contentaram com o pouco que lhes era permitido. Dos que nunca se resignaram perante os malabarismos do poder. Dos que sempre acreditaram que era possível mais e melhor. Uma vitória daqueles que nunca baixaram os braços ao longo de 24 anos. Cabe agora aos deputados eleitos a simples tarefa de devolver os Açores aos Açorianos.
Futuro
Quem não fizer parte da solução fará parte do problema. Se o Partido Social Democrata e o Partido Popular Monárquico sempre disseram ao que vinham, e partindo do princípio elementar que um partido liberal não apoia um governo de um partido socialista, resta saber o que efetivamente querem os partidos de Artur Lima e André Ventura. Não tenho especial pudor ou simpatia pelo Chega e os seus dois deputados eleitos. Politicamente considero os vinte deputados do Bloco de Esquerda na Assembleia da Republica (aos quais se somam dez do PCP) bem mais perigosos para democracia e o estado de direito em Portugal do que um deputado do Chega. Do mesmo modo, assumo a mesma linha de pensamento para a Região com os vinte e cinco deputados eleitos pelo Partido Socialista, não colocando, para já, os dois do Bloco e um do PAN no mesmo saco. Estes últimos devem fazer parte de uma solução alternativa ao que tivemos até aqui. Não podemos ter uma solução de apenas 29 deputados ditos de direita. É preciso mais.
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Agora é fácil
Respira-se melhor nestas nove ilhas desde o último dia 25 de outubro. A máquina, afinal, como várias vezes escrevi, não era invencível. E agora até é fácil criticar o Carlos e o Francisco, o Sérgio e o Vasco. Agora os concursos à medida (iguais a tantos outros nos últimos anos) são publicados nas redes sociais e os beneficiados de ontem são denunciados sem pudor ou receio (há uns anos chamava-se a isto política baixa). Exigem-se auditorias a tudo e a nada com a Casa da Autonomia à cabeça. Tudo isto era impensável há 3 semanas atrás. Até eu, um otimista por natureza e com responsabilidades acrescidas no PSD, não acreditei que se chegaria (já) à soma necessária de 29 deputados para concretizar a mudança que aí vem. Nem eu nem ninguém de um lado ao outro do arquipélago.
Vasco Cordeiro
Foi escolhido para manter o regime mas acabou com ele. O protótipo do socialista açoriano, apareceu do nada e chegou a presidente do Partido e da Região sem ter o poder que qualificam os cargos. Sem ideias mas recheado de retórica, pensou que bastava distribuir aquilo que não era seu para se manter lá por doze anos e negociar, confortavelmente, o salto para a política nacional. Ficará como o culpado de todos os males e será a primeiro a sair de cena.
Carlos César
Não soube ganhar em 1996 e não soube perder em 2020. Morre com os ferros que matou. Morreu, como o peixe, pela boca. A arrogância e o sorriso de outros anos contrastaram com o frenesim da escrita nos últimos dias. Não conseguiu perceber o momento de sair e muito menos que o seu tempo tinha ficado lá atrás. Deixou a família para sustentarmos mas esqueceu-se que a fatura poderia chegar um dia.
Sérgio Avila
A sua ambição de dominar os Açores, como dominou a ilha Terceira, nunca lhe permitiu ver para além do seu umbigo. Transformou a antiga aristocracia terceirense no seu feudo particular, governando-a com mão de ferro através da simples e direta distribuição da riqueza de outras paragens pela sua pequena grande corte. Ambicionou demasiado a cadeira que não lhe foi dada, a cadeira que ficou à guarda de Vasco Cordeiro e prometida a Francisco César.
Francisco César
É bem mais capaz do que parece. Se não fosse filho de Carlos César provavelmente chegaria a outros voos. Poderia ter sido outra coisa que não politico mas a sua opção acabou por o trair. Sempre foi visto como o filho do Presidente do Governo e nunca se descolou disso. Cresceu no Partido Socialista de cá e de lá e conhece pouco da vida fora dos corredores partidários. Vai fazer-lhe bem olhar, de fora, para os seus camaradas que o aplaudiram a medo durante anos.
Outros
Existem outros. Obviamente que existem outros. Os da primeira linha foram avisando e os da última hora nem percebem o que lhes aconteceu e porque aconteceu. Andam como tontos a lutar nas redes sociais contra moinhos de vento, sem nexo ou casualidade ou, em muitos casos, sem um qualquer pingo de dignidade ou vergonha.
Tem de ser fácil
O maior desafio desta atual solução governativa é criar condições para que nunca deixe ser fácil mudar o que for preciso ser mudado. É preciso evitar deslumbramentos e desvarios totalitários. Não será preciso caçar bruxas, mas também será necessário provar que elas não existem.
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