CRÓNICA DE FRANCISCO MADRUGA

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Em tempo de novas tecnologias pediram-me para colaborar na recolha de objetos, livros, jornais, revistas, coisas antigas cá da terra. Diversificar contactos e voltar a elencar memórias divididas por todos. É um trabalho meritório a disponibilizar on-line.
Hoje, apareceu no fundo do baú este canivete oferecido por Ti Davim. O bom na sua casa não era comer no restaurante. O bom mesmo era entrar por ali dentro, fazendo-me anunciar.
– Entre, entre. Sente-se aqui.
Ali era tudo bom, ou melhor, o ambiente fazia a diferença. De verão ou de inverno o que mudava eram os preparos. A lareira lá estava sempre pronta, para umas brasas bem atiçadas pela tenaz. Ele eram sardinhas, carne, bacalhau e outras iguarias. Tudo comido na preguiceira, em cima de um carolo de pão.
Ti Davim já vinha com um garrafão de tinto de Vilarinho dos Galegos.
– Ó Ester, trás aí uma navalha que o homem ainda não arranjou dinheiro para comprar uma. Quando cá voltar, já lhe compro uma. Voltávamos à conversa, com o melão, o queijo e o presunto por companhia. Esgotávamos as horas em torno das memórias de tempos antigos. Os ponteiros davam tempos ao contrário. Os bailes nas aldeias, as personalidades antigas e sempre esquecidas.
Meti o canivete ao bolso perante o ar desafiador de Ti Davim.
– Vá, leve-o lá. Também tem que fazer alguma publicidade.
As conversas terminavam sempre com um conselho para o Concelho.
– Não se precipite, anda aí gente a pensar em si.
– Obrigado Ti Davim.
– Dê lá cumprimentos à sua mãe.
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