CRÍTICA DE JOÃO PEDRO PORTO A TERESA MARTINS MARQUES

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PRIMEIRAS IMPRESSÕES
Tenho a sorte de ser amiga de JOÃO PEDRO PORTO , o autor de PORTA AZUL PARA MACAU, A BRECHA, O ROCHEDO QUE CHOROU, FRUTA DO CHÃO, CONTOS BIZARROS, entre outros títulos instigantes deste fantástico escritor que é também psicólogo clínico.
Temos um acordo de amizade que consiste em mostrarmos um ao outro os nossos livros antes da publicação . Não apenas para receber críticas e sugestões, mas também para avaliar o impacto das primeiras impressões.
Com a generosidade que o caracteriza, mesmo estando em convalescença, leu NÃO MATARÁS!
Pedi-lhe licença para partilhar convosco o email que me escreveu , ainda no meio da leitura, naturalmente com a lupa ampliante da amizade.
Cara Teresa,
A impossibilidade de encostar as costas à cama, deu-me as seis da manhã como hora de partida na leitura do NÃO MATARÁS! – é belíssimo escrever este título em maiúsculas.
Como cinéfilo incurável, acredito que só consigo ser realizador com uma escrita já realizada. E assim o foi, a narrativa passa, ou antes, corre como num filme com a cinematografia de um Jean-Pierre Melville, com laivos de Antonioni e De Sica, mas escrito notoriamente por Teresa Martins Marques, com diálogos que apenas os cirurgiões guionistas conseguem montar com tanta precisão realista.
Nada soa fora do lugar, nada existe como acessório dispensável. Em tudo se adivinha uma pista, em tudo está o evidente entusiasmo da autora (que creio ser algo que transcende a técnica, a forma, a orgânica, e que imbui esta narrativa de uma necessidade imediatamente viciante de continuidade, de desvelo da página, da verdade).
Acredito profundamente que este romance vai provocar ondas de maremoto no charco demasiado inerte das verdades postas quietas pelas mãos dos homens – pelos, por vezes corruptos, titereiros da História. Estou ansioso por ver a capa com as cores da bandeira. Itália é o mundo inteiro destilado entre o Tirreno e o Jónico, o Adriático e o Mediterrâneo; é a humanidade no seu melhor e pior, na sua maior verdade, na sua maior corrupção. Ali, no livro, está tudo isso e mais.
Há inimigos que se levantarão a ler esta escrita, sim, mas um velho kotowaza nipónico diz que “um Homem sem inimigos não é um Homem”; creio que este é um livro corajoso, como o é a sua autora que, em realidades alternativas, poderia ter sido psicoterapeuta, investigadora forense, estadista da mais alta esfera, formadora de novos mundos, aclaradora de antigos, juíza-de-libra de ouro, enfim, tudo aquilo a que se propusesse, acabando por, nesta realidade, ser tudo isso em acúmulo, por ter de espraiar as suas superabundantes humanidade e inteligência.
Continuarei leitura, já conhecedor do fim, esperando-o como quem na sala escura do cinema sabe que aí virá facada Hitchcockiana, mas que à mesma se revolve na cadeira de veludo, rendido à maestria do condutor, da realizadora, da escritora.
Teresa, é realmente uma vitória, este livro. Felizmente, terá uma casa à sua altura, e um futuro longo – ars longa, vita longa.
Até muito em breve, Teresa. Insistindo no paradoxo que é enviar um enorme beijinho, envio-o em plural, vencendo assim o sufixo. Muitos, muitos grandes beijinhos, deste leitor e amigo devoto.
João Pedro
Teresa Martins Marques, Maria Teresa Carvalho and 14 others
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