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Partilha-se notícia do jornal Diário Insular de ontem com o título:
“Covid-19 pode obrigar a isolar localidades nos Açores”.
Trata-se da posição do Sr. Diretor Regional de Saúde, Tiago Lopes”.
O diretor regional da Saúde disse já ter tido uma reunião com o professor da Universidade dos Açores, Félix Rodrigues sobre os cenários estudados, mas não quis revelar os números do pior cenário previsto para o arquipélago.
“À partida não seria tão negro como seria previsível, mas estamos a trabalhar neste aspeto com peritos da área para que entretanto possamos adequar as medidas a diferentes cenários”, referiu.
Num cenário mais drástico, poderá ser necessário isolar localidades e encerrar serviços nos Açores, devido ao surto de Covid-19. A hipótese foi admitida pelo diretor regional da Saúde, Tiago Lopes, no programa Grande Entrevista da Antena 1/Açores, conduzido pelo jornalista Armando Mendes.
“Está em cima da mesa a possibilidade de procedermos a algum tipo de isolamento local, com encerramento de serviços”, afirmou.
O diretor regional da Saúde disse já ter tido uma reunião com o professor da Universidade dos Açores Félix Rodrigues sobre os cenários estudados, mas não quis revelar os números do pior cenário previsto para o arquipélago.
“À partida não seria tão negro como seria previsível, mas estamos a trabalhar neste aspeto com peritos da área para que entretanto possamos adequar as medidas a diferentes cenários”, referiu.
Ainda assim, admitiu que teria sido grave se o primeiro caso suspeito, de um jovem da ilha Terceira, tivesse tido um resultado da análise positivo, tendo em conta que seria detetado perto do Carnaval.
“Imaginemos que este caso dava positivo. Teríamos uma pessoa que à partida teria contacto em várias freguesias com várias pessoas e, portanto, não sabendo a dimensão em concreto e na totalidade de todas as pessoas que teriam contactado com ele, teríamos de proceder de imediato a uma media de larga escala para tentarmos fazer uma contenção mais eficaz”, avançou.
Militares italianos
sem critérios clínicos
Planos dentro de dias
Até ao momento, os Açores registaram dois casos suspeitos, mas nenhum teve resultado positivo.
O Governo Regional deu, entretanto, indicações aos portos e aeroportos para que criem planos de contingência, bem como às escolas.
Segundo Tiago Lopes, esses planos deverão estar concluídos “nos próximos dias”.
“Temos feito esta insistência e as entidades já estavam à espera dessas recomendações”, salientou.
No caso dos portos, a demora é maior porque ainda se está a aguardar pelo resultado do trabalho que foi feito no Japão com o navio de cruzeiros que ficou em quarentena.
“As orientações emitidas recentemente para os portos foi muito a aguardar informação que provinha do Japão”, disse, acrescentando que, atualmente, numa primeira instância as indicações, em caso de identificação de Covid-19, são para haver “quarentena” dentro do navio.
As recomendações feitas aos portos e aeroportos para a elaboração dos planos de contingência não divergem muito das enviadas às unidades de saúde, segundo Tiago Lopes.
O primeiro passo é identificar os responsáveis para que “exista alguma cadeia de comunicação em cada entidade”. Perante a identificação de uma suspeita de infeção a primeira coisa a fazer é “contactar a linha de Saúde Açores para validar”.
Também as escolas “logo cedo manifestaram intenção de rapidamente elaborarem os seus planos de contingência”. Neste caso, deverá haver uma adaptação dos planos elaborados aquando da gripe A, em 2009.
Militares italianos
Questionado sobre a presença recente de militares italianos na Base das Lajes, que terão circulado sem restrições na ilha Terceira, o diretor regional da Saúde disse que não existiram motivos para que tivesse havido um “especial cuidado”.
“Só se considera um caso suspeito por infeção pelo novo coronavírus a pessoas que reúna critérios clínicos e epidemiológicos. Os militares só reuniam critérios epidemiológicos”, justificou, alegando que “não apresentavam tosse, nem febre, nem dificuldade respiratória”.
“Não temos indicação nenhuma, dentro daquilo que é o conhecimento que temos hoje em dia do novo coronavírus, no sentido de os colocar em isolamento ou ter medidas de exceção de tratamento com eles ou com os resíduos”, acrescentou.
Hospital mais bem preparado
Segundo Tiago Lopes, os casos suspeitos na Região serão enviados numa primeira fase para o Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira, porque é a unidade de saúde mais bem preparada atualmente para tratar problemas de saúde pública.
“O Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira de tem, neste momento, uma infraestrutura, recursos materiais e recursos humanos que o colocam como a unidade hospitalar para este caso em particular mais bem dotada para dar resposta”, frisou, acrescentando que o serviço de doenças infetocontagiosas tem seis quartos de isolamento com pressão negativa, com acesso pelo exterior, quer por escadas, quer por elevador.
“Conseguimos conciliar as duas situações. Temos uma unidade hospitalar e uma unidade laboratorial extremamente próximas e que já estão habituadas a trabalhar em conjunto e conseguimos fazer tudo no mesmo local”, acrescentou.
Na fase de contenção, a avaliação dos casos será feita toda na ilha Terceira, mas se a epidemia evoluir deverão ser acionados quartos de isolamento nas restantes ilhas, até porque a pressão negativa “não é essencial”.
“O isolamento com pressão negativa é o ideal para esta fase de contenção da propagação do vírus. Dentro dos poucos casos que vão surgindo vamos tentar contê-los da melhor forma possível, para que ele não se propague. A partir do momento em que comece a haver um número associado de casos, é de igual forma como foi feito no continente”, revelou, lembrando que inicialmente só existiam dois hospitais de referência no país, no Porto e em Lisboa.
No início chegou a estar prevista a hipótese de os doentes infetados dos Açores serem enviados para os hospitais do continente.
“À medida que foram aparecendo vários casos suspeitos, eles próprios foram ocupando as vagas existentes nas unidades de referência. Criou-se a partir de determinada altura a preparação da segunda linha, em que surgem as unidades das regiões autónomas”, disse o diretor regional.
Por enquanto, as análises são feitas na ilha Terceira, sendo as amostras enviadas para contra-análise no Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, em Lisboa, mas perante uma evolução da epidemia o laboratório da Terceira poderá ganhar autonomia e o de São Miguel poderá começar a efetuar também análises.
“As primeiras cinco negativas e as primeiras cinco positivas serão validadas no Ricardo Jorge”, explicou Tiago Lopes.
Segundo o diretor regional, todas as unidades de saúde dos Açores criaram planos de contingência, com base nos utilizados em 2009 para a gripe A. Paralelamente, foi dada formação aos profissionais da linha Saúde Açores.
TIAGO LOPES DIZ QUE HÁ UM MEDIATISMO SOBREELEVADO
Um vírus pouco conhecido
A preocupação com o Covid-19 reside sobretudo no desconhecimento que ainda existe sobre o novo coronavírus que está na sua origem, apontou o diretor regional da Saúde, Tiago Lopes.
“A preocupação é efetiva e tem de existir, mas com os dados que nós temos não será daqueles surtos epidémicos mais impactantes e com alterações em termos da taxa de mortalidade e de sobrevivência da infeção por este vírus, comparativamente com outros aos quais nos adaptámos e sobrevivemos. Muito do que está em causa é o desconhecimento do seu comportamento, da sua origem e das consequências a longo prazo. Além disso, tem um período de contágio de dois a 14 dias, mas podem não existir sinais ou sintomas”, salientou.
Segundo o diretor regional da Saúde, “o coronavírus é um tipo de vírus já conhecido por provocar doenças nos seres humanos, que se confundem muito facilmente com os sinais e sintomas de gripe, e nos casos mais graves, de pneumonia”, mas este novo é ainda pouco conhecido tanto na sua origem como nas vias de transmissão.
“Terá tido origem em finais de dezembro. Não se sabe muito bem qual terá sido a origem”, apontou.
O novo coronavírus está ainda em fase de estudo, por isso é necessário tomar medidas excecionais de contenção, mas, por outro lado, “tem tido um eco à escala mundial bastante significativo e tem causado um mediatismo sobreelevado”.
“Os cenários de impacto mais significativos têm vindo a decrescer significativamente”, ressalvou.
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