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Partilha-se entrevista concedida ao jornal Diário Insular sobre Covid-19 e probabilidades.
O diretor regional de Saúde disse desconhecer “a metodologia e o rigor científico das probabilidades calculadas” por si e outros docentes da Universidade dos Açores para a eventual chegada do Coronavírus aos Açores. Como se defende?
Não é aos autores do artigo que compete gerir uma situação desta natureza, mas sim à tutela regional da Saúde. Não é aos autores do artigo que compete enviar qualquer informação à secretaria regional da Saúde, mas sim o contrário, pois é a tutela da Saúde na Região que tem essa responsabilidade executiva.
Se alguém desconhece uma metodologia de avaliação das probabilidades para um caso como este, deveria inteirar-se dela antes de se pronunciar publicamente sobre ela para logo dar a entender que não tem rigor científico.
O que terá levado o diretor regional da Saúde a tomar aquela posição?
Certamente porque possui dados completamente diferentes de um qualquer modelo robusto que tem em posse… ou então teria que ter forçosamente conhecimento da metodologia e dos cálculos para que pudesse apontar as falhas de um outro estudo, que é, que se tenha conhecimento, o único elaborado nos Açores.
Chega de atirar areia para os olhos das pessoas. Não se pode amenizar as coisas.
Como chegaram, então, às probabilidades?
Na entrevista já concedida, não nos foram solicitadas as premissas da avaliação probabilística que fizemos, mas parece-nos ser óbvio que se centraram em fluxos de pessoas que entram e saem da Região. Assim, as probabilidades aqui apresentadas podem ser recalculadas tendo em conta nova e pertinente informação sobre o comportamento do Covid-19, nomeadamente tempo de incubação, vetores de propagação e alterações de tendências matemáticas de crescimento da epidemia chinesa.
O estudo teve em conta os dados disponíveis do passado dia 6 de Fevereiro. Nessa data, conclui-se uma carta de falhas da gestão do Covid-19 nos Açores com probabilidades que entretanto se alteraram, em termos de falha de gestão, nomeadamente o conhecimento da existência de seis quartos de pressão negativa no Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira, em vez de um (o único reservado para gerir os primeiros casos que possam ocorrer na Região)e a nova contabilização de infeção e mortalidade por esse vírus levada a cabo pela China. Esta última situação poderia alterar a probabilidade de chegada ou não chegada do vírus aos Açores, incrementando-a, mas de acordo com a metodologia de cálculo que utilizámos não observámos diferenças significativas.
A probabilidade de chegada ou não chegada à região do Coronavírus foi baseada nos dados por país da Organização Mundial de Saúde onde a infeção já está presente.
Em síntese, como se chega aos 37%?
A probabilidade de haver infeção por Covid-19 nos Açores, não contando com voos militares de zonas infetadas, dá um total de 37% (14,5%, relativo à probabilidade de um país ou uma região administrativa ser infetado, + 15%, relativos a um infetado num cruzeiro, + 7,5% por proveniência de zonas infetadas). Até à data do dia 16 de Fevereiro, segundo o relatório diário da Organização Mundial de Saúde, já haviam sido confirmados perto de 75 mil casos de COVID-19. Na Europa, já foram diagnosticados meia centena de casos de Coronavírus, havendo já dois casos confirmados em Espanha.
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