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José Ribeiro E Castro is with Jorge Buescu and 2 others.
No dia em que foi decretado o estado de emergência em Portugal para fazermos face à crise do Covid-19, actualizo a tabela que construí ontem, comparando os dados à data de hoje entre a Europa e a China.
Confirma-se que a Europa e, em particular, a União Europeia estão a fazer pior do que a China. Hoje, ultrapassámos (e largamente) o número de casos registados na China desde que a pandemia começou no início do ano. O número de mortes também continua a crescer na Europa, acima já das 4.000 – a China estabilizou entre 3.200 e 3.400. A taxa de mortalidade no conjunto da União Europeia é superior não só à da China, mas também à da província de Hubei, onde a crise chinesa se concentrou. Seja qual for o termo de comparação, estamos pior. E, como a pandemia está em pleno desenvolvimento na Europa, enquanto na China já entrou em refluxo, a evidência de fazermos pior vai acentuar-se.
Há umas semanas, nunca pensei que isto pudesse acontecer.
Os países europeus com situação mais crítica são Itália, Espanha, Alemanha e França, com uma progressão diária de mais de 1.000 casos novos por dia. Itália e Espanha sofrem ainda mais de 100 mortes por dia (em Itália, quase 500 mortes neste dia). A Alemanha, neste grupo, tem, ao invés, uma incidência de mortes particularmente baixa, que merece realce – e certamente estudo.
Confirma-se ainda, como ontem já observei, que os países europeus não-UE têm um desempenho comparado melhor do que os Estados-membros da UE e, no quadro da UE, o velho Ocidente tem um desempenho pior que o antigo Leste. O melhor, nos países de dimensão média, é a Hungria, pelo menos até este momento: poucos casos, mortalidade muito baixa e incidência de casos também muito baixa no conjunto da população.
Quanto a Portugal, não estamos muito mal colocados nesta altura. Mas a progressão diária do número de casos é motivo de preocupação. Estamos ainda em plena curva de crescimento exponencial: o número de casos novos tem sido sempre superior ao da véspera. Enquanto esta curva não travar e não mudar de inclinação, o nosso horizonte continuará carregado de nuvens escuras. São tempos de inquietação
A luz ao fundo do túnel, aqui, é ter em dias seguidos números de novos casos sempre inferiores aos da véspera. Só aí poderemos começar a sentir algum alívio.