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Ventura impõe quatro condições para viabilizar Governo do PSD nos Açores
Líder do Chega vai enviar ainda esta quarta-feira uma carta dirigida a Rui Rio com as exigências do partido para se sentar à mesa com o PSD, com vista ao afastamento dos socialistas do governo da região autónoma: participação no processo de revisão constitucional e auditoria aos governos regionais do PS são duas das condições
Com a solução governativa dos Açores em aberto, André Ventura já disse que está fora de questão integrar uma ‘geringonça’ com “partidos do sistema”, mas admite viabilizar um Governo do PSD na região. Para isso, impõe, contudo, quatro condições. O Expresso sabe que o líder do Chega vai enviar ainda esta quarta-feira uma carta dirigida a Rui Rio, dando conta dessas exigências, que passam a nível nacional pela participação do PSD no processo de revisão constitucional e, no plano regional, pela realização de uma auditoria aos governos do PS a começar já em 2021.
Ventura exige ainda que o Governo social-democrata na região autónoma assuma o compromisso de reduzir para metade, nos quatro anos de legislatura, os beneficiários de Rendimento Social de Inserção (RSI) e a apresentação de um plano regional de luta contra a corrupção e clientelismo no prazo de um ano.
Estas duas últimas imposições não são também uma surpresa. Durante a campanha nos Açores, o líder do Chega falou por diversas vezes numa “situação insustentável” de subsidiodependência e alegou que há “demasiado compadrio” na região, sublinhando que a maioria dos concursos são para familiares e amigos.
PARTIDO NÃO PODE “TER DUAS PALAVRAS”, AVISA O LÍDER
Esta quarta-feira, Ventura enviou também uma carta dirigida aos dirigentes do Chega nos Açores, pedindo para que não cedam à “pressão” do PSD e do CDS para viabilizar um governo regional de direita, alegando que o partido tem que ser coerente.
“Bem sei que a pressão que se faz sentir nesta altura é muita. Quer a pressão direta do PSD para viabilizar o governo regional laranja, quer o jogo permanente do CDS a deixar o ónus do falhanço da geringonça de direita nas mãos do Chega, para nos fragilizar a nível nacional. Mas não podemos ter duas caras, nem duas palavras”, pode ler-se na carta.
O líder do partido reafirma que foi claro quando disse há meses que qualquer entendimento com o PSD teria que passar pela participação do partido no projeto de revisão constitucional do Chega, o que não aconteceu, como se verificou também uma “ostensiva atitude de afastamento” por parte dos sociais-democratas.
CRÍTICAS À “CUMPLICIDADE” ENTRE O PS E O PSD
André Ventura recorda ainda que o PSD tem alinhado recentemente “em cumplicidade” com o PS no Parlamento, e dá como exemplo o fim dos debates quinzenais com o primeiro-ministro e a viabilização do orçamento suplementar. “Que pensarão os eleitores do Chega se agora esquecermos tudo isto e dermos a mão a esta direita do sistema que sempre nos ignorou ou atacou? Onde ficariam as nossas convicções?”, questiona. “Só se estes compromissos forem aceites” pelo PSD poderá haver espaço para o diálogo com entre os dois partidos nos Açores com vista ao fim a mais de duas décadas de governação socialista.
Ainda na semana passada, André Ventura lamentou que o PSD tenha tornado o projeto de revisão constitucional do Chega num “rótulo de partidocracia” e recusado qualquer participação, lembrando que Rui Rio já defendeu publicamente algumas das propostas agora apresentadas pelo partido.
Neste momento, prosseguem as conversações entre os partidos depois de o PS ter perdido a maioria absoluta nas eleições regionais de domingo. O líder do PSD Açores, José Manuel Bolieiro, está a tentar formar Governo, privilegiando os contactos com o CDS e o PPM. Mas deverá caber à Iniciativa Liberal e ao Chega, que elegeram um e dois deputados respetivamente, viabilizar esse governo através da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores.
(Texto: Liliana Coelho – Foto: António Cotrim/Lusa – Expresso de 28/10/2020)

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- vamos ter um Rui Rio de joelhos ? . . . um PSD Açores fragilizado? Vergonha. eheheheheh