Categoria: Tradições LENDAS folclore

  • reis dormem sentados

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    Já repararam como as camas antigas eram pequenas?
    Na minha ignorância julgava ( quando era mais novo ) que certamente as pessoas eram mais baixas. A explicação até parecia ser lógica mas completamente equivocada.
    Mesmo nos palácios reais nota-se que as camas ainda que muito ricas e adornadas eram de pouco comprimento. Os Reis dorrmiam sentados e vários motivos se apontam para esta prática corrente naquela época:
    Inicialmente porque achavam que se dormissem deitados estavam na posição de mortos e o sangue podia escorrer para a cabeça, consequentemente morrendo sufocados.
    Ou havia a crendice e tinham medo que os pesadelos subissem à cabeça, tornando-se verdadeiros ou reais.
    E também porque a posição de deitado estava associada ao povo que dormia no chão
    D. João V, está entre o rol de reis que dormiam sentados. No seu quarto no Palácio de Mafra, possuía uma cama curta que contrasta com a grandeza e luxo ostentados em todo o edifício. E há inúmeros outris exemplos .
    As camas tinham por volta de 1,7 de comprimento – desde a Idade Média, era tradição não dormir totalmente deitado (pois essa já era a posição do morto), e era comum que as pessoas dormissem de forma quase sentada, apoiada em três ou quatro travesseiros.
    Na imagem, um quarto de lavradores abastados de Vila de Rei. Ao lado da cama dos pais está posto o berço do bebé. Na mesinha de cabeceira vemos os óculos de leitura, um livrinho que possivelmente fosse um missal, um belo castiçal em loiça e um potinho co tampa que creio ser uma escarradeira, bastante usada quando a pessoa estava constipada e cuspia com frequência durante a noite. Os colchões eram recheados com palha de milho. Só quem dormiu em um colchão assim sabe o que é. Pessoalmente não gosto nada, acho muito pouco confortável. Na parte de baixo da mesa o ” compartimento secreto ” ou a portinhola que escondia o inevitável mas útil bacio ou penico. As camas, no inverno eram aquecidas com uma espécie de botijas. Na verdade eram umas garrafas cilíndricas em barro. Aliás, garrafas de genebra. A genebra era uma espécie de gin com alto teor alcoólico. Enchiam-nas com água quente e assim aqueciam os pés.
    Tenho três camas destas em ferro, duas de solteiro e uma de casal embora a de casal só possa levar duas pessoas bem magrinhas.
    Foto feita no Museu Municipal de Vila de Rei.
    May be an image of bed, bedroom and indoors
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  • A Falta de Pontualidade Lusa

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    A Falta de Pontualidade Lusa
    Por: António Pires
    (colaborador do “Memórias…e outras coisas…”)
    São muitos os traços comportamentais que nos definem, enquanto portugueses. O verdadeiro tuga tem o seu quê de chico – esperto, de desenrasca, dá sempre a volta ao texto, na adversidade, amigo do sr. Cunha, propenso à subversão das regras e intrinsecamente dado ao cinzentismo (nunca estamos bem; é sempre “mais ou menos”). Português que se preze é preconceituoso por natureza: o Ter é mais importante que o Ser. O ”Dr” e o “Eng.º” são os “nomes” que mais nos enchem o ego.
    De entre todas as marcas identitárias que nos definem como tal, a que mais me incomoda e desapacencia é a falta de pontualidade; ao ponto de pensar que me sinto deslocado e deveria ter nascido noutro país.
    Quando se combina qualquer coisa (seja um jantar, uma reunião ou um simples encontro informal entre amigos), temos sempre ali uns confortáveis 60 minutos de tolerância. Nunca nada é marcado para horas certas: é sempre “entre as 9 e as 10”, ou, quando muito, as “8H30 – 9H00”.
    Poucos são aqueles que assistem a uma missa (um acto solene) desde o início. Há até quem entre na igreja, no momento em que o sacerdote profere a bênção final. Os alunos chegam ao primeiro tempo lectivo depois do segundo toque – sempre culpa dos progenitores, porque não acautelam os constrangimentos impostos pelo trânsito à hora de ponta. As sessões parlamentares, tanto nacionais como autárquicas, nunca começam quando previsto. Tive responsabilidades educativas, enquanto encarregado de educação e a maior parte dos meus “homólogos” chegavam atrasados às reuniões. Mesmo quando o SNS funcionava bem, os médicos não começavam a consulta à hora a que se obrigavam. Nos nossos jogos de futebol dominical, no relvado do IPB (entre cotas), há meia dúzia de atletas (sempre os mesmos) que aparecem meia hora mais tarde do combinado.
    Mas a fama de “atrasados”/ incumpridores de horários vem de longe e extravasa fronteiras. Em novembro do ano passado, inserido numa excursão de Bragança, fui ver a Lisboa, no Altice Arena, um memorável concerto do famoso André Rieu. Músicos e artista, à hora certa (15H30), começaram o espectáculo. 10 minutos depois do início, ainda entravam na sala centenas de pessoas. Um episódio que mereceu a ironia de Rieu: “ we are in Portugal!”.
    Um amigo meu, médico espanhol que trabalha em Bragança, a propósito do assunto, confessou-me há pouco tempo que, na qualidade de estrangeiro, esta faceta do desrespeito pelo horário laboral foi uma das coisas que mais lhe custou a compreender.
    Há quem diga que este “defeito” – assim como os demais já apontados – é um fenómeno cultural, que nasceu connosco e se cultivou desde o início da nacionalidade, passando de geração em geração, qual legado patrimonial imaterial cá da gente. No entanto, tenho uma opinião diferente desta teoria, que é a seguinte: a geneticidade deste comportamento só acontece em solo português. Isto porque aos nossos laboriosos e respeitados emigrantes, que trabalham, por exemplo, em França, na Alemanha, na Suíça e na Bélgica, não lhes são permitidos estes “àvontadinhas”. Ou seja, o “cultural” é, como no caso em apreço, uma desculpa de mau pagador. Quem não ouviu falar da pontualidade britânica?
    Como as minhas esperanças na mudança dos traços comportamentais da lusa gente são remotas e com laivos de romantismo – refiro-me, naturalmente, aos pouco abonatórios -. Resta-me a consolação de saber que os repórteres da CMTV estão no local do crime, antes do mesmo acontecer.
    António Pires
    ———-
    António Pires, natural de Vale de Frades/S. Joanico, Vimioso.
    Residente em Bragança.
    Liceu Nacional de Bragança, FLUP, DRAPN.
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    Albertina Raposo

    Belo texto !!De acordo em muitas coisas porque o chegar atrasado por sistema é mesmo pessoal sem respeito pelo próximo ou para chamar a si a atenção Sou do tempo de picar ponto apos 10 minutos era falta faltam regras de cima para baixo Agora é co…

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  • PONTA GARÇA PRESÉPIO ARTESANAL

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    https://www.facebook.com/reel/1075030190346686

    https://www.facebook.com/reel/1075030190346686

  • Arte bonecreira mantém os tradicionais presépios nas casas açorianas

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    A arte bonecreira continua a permitir que os açorianos mantenham nas suas casas os tradicionais presépios de Natal com figuras moldadas em barro, pintadas à mão, uma arte perpetuada que se adapta aos novos tempos.

    Source: Arte bonecreira mantém os tradicionais presépios nas casas açorianas

  • Muitas pessoas ainda cumprem tradição nos Açores e compram árvores de Natal naturais – Sociedade – Correio da Manhã

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    Vendedor de árvores de Natal há 50 anos, Álvaro Oliveira é testemunha dessa preferência dos açorianos.

    Source: Muitas pessoas ainda cumprem tradição nos Açores e compram árvores de Natal naturais – Sociedade – Correio da Manhã

  • viva o presépio

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    Source: (15) Facebook

    https://www.facebook.com/messenger_media?attachment_id=3668251316741927&message_id=mid.%24cAABa9LFSmKmSXaMquGMLF3XEH3CN&thread_id=100007786890235

  • RIO DE ONOR: A MÍTICA ALDEIA RAIANA

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    Rio de Onor: A mítica aldeia raiana

    Chegou o tempo de falar de Rio de Onor, a mítica aldeia raiana. Mítica porque foi alvo de vários estudos etnográficos como o famoso estudo de Jorge Dias (Rio de Onor. Comunitarismo agro-pastoril) e linguísticos. As práticas comunitárias em Rio de Onor têm sido objecto de inúmeras reportagens em televisão e a sua particularidade de se tratar de uma aldeia transfronteiriça ou se quiser, duas aldeias gémeas: a portuguesa de Rio de Onor e a espanhola de Rihonor.

    Hoje vamos falar apenas em fronteiras porque falar em Rio de Onor vai muito mais além do que um simples ‘post’ no blogue. De facto existem tantos tópicos que podem ser tratados (ponto de vista histórico, etnografia, história recente, linguística, tradições, etc.) que quase poderíamos escrever um blogue em exclusivo sobre a(s) aldeia(s).

    Rio de Onor está situada no limite fronteiriço que separa a região da Sanábria, na província de Zamora, e o Nordeste Transmontano, dentro do Parque Natural de Montesinho, sendo que a aldeia portuguesa está considerada como uma «aldeia preservada». O nome da aldeia serve também para dar nome ao rio que a atravessa, se bem que o rio também é conhecido como rio Contensa. Este rio abeira-se às casas que fazem parte de Rio de Onor de Cima, as mais tradicionais, erguendo-se sobranceira, a igreja matriz. Do outro lado apenas há umas poucas casas modernas no caminho à fronteira. Já em Rio de Onor de Baixo, passado o açude existente e o moinho, hoje em desuso, há uma ponte que parece de factura medieval que separa os dois bairros da aldeia portuguesa.

    A fronteira está delimitada pelos marcos fronteiriços, o próprio rio e a ribeira de Regassores, que já aparece nas Inquirições de 1258, mandadas pelo rei D. Afonso III, designado como riuulum de Açores. Mas na realidade nunca houve fronteira aqui. Até ao dia de hoje as relações entre os vizinhos de ambos os lados da fronteira são relações de família. Os casamentos mistos são frequentes como frequentes são as deslocações de um e do outro lado da fronteira para trabalhar nos campos de lavoura.

    O livre trânsito foi a realidade quotidiana de sempre e hoje ninguém daria pela diferença entre um e o outro lado da fronteira a não ser por alguns pormenores como a calçada portuguesa em Rio de Onor de Baixo frente ao pavimento de betão de Rio de Onor de Cima. As casas tradicionais respondem a um mesmo padrão: casas de xisto com telhado também de xisto, com andar térreo que normalmente serve de curral e um primeiro piso que serve de habitação com escadaria e varanda em madeira.

    Mas a fronteira não se vê por lado nenhum. Resulta anedótico o facto de ter existido uma corrente que dividia ambas as aldeias de 1975 a 1990. Pelos vistos, depois do 25 de Abril de 1974 existiu o temor de que as tropas de Franco entrassem em Portugal por este ponto fronteiriço. Diz-se ainda que foi para controlar o contrabando e evitar uma emigração maciça nos tempos do PREC (como se não houvesse já tantos emigrantes portugueses que fugiram da guerra colonial e da pobreza…). De qualquer forma parece que um tenente chamado Pinheiro coloca na fronteira uma corrente para impedir a passagem de viaturas motorizadas, o que vai causar inúmeros incómodos a população local, acostumada como estava à passagem com carros de bois, vacas, ovelhas ou tractores. Não foi até o 24 de Agosto de 1990 que puderam passar normalmente carros e tractores como numa estrada qualquer.

    Disso hoje não resta nada em Ruidenore, nome que recebe a aldeia no dialecto rionorês, um dialecto de base asturo-leonesa que apresenta alguns traços do português transmontano e que foi definido por Maria José de Moura Santos no seu clássico estudo sobre os falares fronteiriços de Trás-os-Montes publicado em 1966 como um dos falares raianos melhor caracterizados, enquanto recentemente o filólogo espanhol Xavier Frías Conde que o situa dentro do dialecto sanabrés do Sul, dentro do sub-sistema de dialectos da língua asturo-leonesa.

    Quem visitar hoje Rio de Onor desfrutará de belas paisagens, apreciará uma tradição etnográfica ímpar, mas sobretudo, travará boas e animadas conversas com os naturais do lugar. Não verá fronteira nenhuma. Pena que alguém, em 2008 tenha destacado na parte espanhola o sinal de estado que não existe do lado português e que é o único pormenor que afeia o lugar. Não faz sentido numa aldeia sem fronteiras muito antes da tão badalada Europa sem fronteiras. Mágoa!

    in:historiasdaraia.blogspot.pt

    May be an image of fog, road, tree and street
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  • Chocalheiro e guardador de rebanhos. Fotógrafo português mostra dois ofícios “ancestrais” – Portugal – SAPO Viagens

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    Source: Chocalheiro e guardador de rebanhos. Fotógrafo português mostra dois ofícios “ancestrais” – Portugal – SAPO Viagens