Categoria: Tradições LENDAS folclore

  • de enxovais e namoros tradicionais

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    Até aos inícios do século XX em todas as localidades portugueses namorava-se para casar e casava-se para consolidar património, ter filhos e amparar a família. A relação iniciava-se no dia do consentimento do pedido.
    O casamento poderia ser antecedido por um período de namoro consentido e autorizado pelo pai da noiva.
    Seguia-se a formalização do pedido que podia ser deferido ou indeferido. Sentando-se em torno da mesa, o candidato expunha as suas intenções e formulava o pedido: “Senhor fulano, eu sou um homem honesto, trabalhador, poupado, gosto da sua filha e vinha pedir autorização para a gente se casar”. Consentindo, o futuro sogro, abria uma garrafa de licor caseiro, brindava e a partir desse momento podia decorrer o namoro de janela.
    O pedido urbano é mais formal e frequentemente completado com um segundo momento, o pedido de noivado, que implica a oferta à noiva de um anel de ouro com brilhante (anel de noivado, solitário). O anel de noivado masculino só começou a generalizar-se nos meios rurais pela década de 1970.
    O casamento católico passou a ser considerado sacramento no século XVI por determinação do Concílio de Trento. A função religiosa em templo era obrigatoriamente antecedida de banhos, pregões, proclamas ou denúncias.
    Durante os três domingos que precediam o casamento, o padre lia em voz alta na missa um pregão do tipo “Com o favor de Deus e da Santa Madre Igreja querem contrair o santo sacramento do matrimónio X e Y (nome, idade, estado, ocupação, naturalidade, filiação, residência). Quem souber de algum impedimento que faça com que este casamento não possa realizar-se, debaixo de pena de excomunhão maior o declare e na mesma excomunhão incorre aquele que por malícia, o pretender impedir”.
    Tradicionalmente os convites de casamento eram orais, indicando-se o dia, hora e local e o percurso do cortejo (a pé, em carroças). Pelo mesmo modo se convidavam os padrinhos do noivo e da noiva.
    Foi nos casamentos urbanos da aristocracia e da alta burguesia que se começou a utilizar o convite escrito, popularizado no primeiro terço do século XX.
    Por influência dos casamentos urbanos, quase todos os noivos organizam listas de prendas em lojas comerciais, outros pedem dinheiro ou electrodomésticos. Estas prendas costumam ser entregues antes do casamento.
    Em alguns antigos casamentos rurais, as vizinhas e amigas visitavam a noiva no dia seguinte ao casamento, ofertando-lhe panos de linho, feijão seco, carne de porco, azeite, vinho. A noiva deveria agradecer a visita e as prendas, distribuindo licores e fatias de bolo dos noivos.
    Tradicionalmente os noivos pobres não tinham dote e optava por morar em casa dos pais. Dizia-se que a noiva não levava tijela nem penico. O noivo também não tinha património que não fosse de alfaias agrícolas.
    Nos meses que antecediam o casamento, a noiva, a madrinha de baptismo e a mãe bordavam abundantemente lençóis, travesseiros, toalhas, e confeccionavam peças de vestuário que constituíam o enxoval da noiva.
    O bolo dos noivos não era costume generalizado em Portugal. Era confeccionado, fatiado e distribuído em algumas terras. O “bolo da noiva”, recamado de branco é um costume urbano.
    Foi tradição em muitas terras realizar-se um baile em honra dos noivos na noite do dia do casamento: bailarico, bailho, balho, feito na casa de baile, isto é, na sala principal da moradia.
    A bênção e troca de alianças no acto do casamento (algumas com nomes e datas gravadas no interior) é uma tradição aristocrática que só se popularizou no século XX.
    O vestido branco de noiva com véu é um costume aristocrático do século XIX lançado em 1840 pela rainha Vitória da Inglaterra.
    Nos meios rurais a noiva vestia traje domingueiro ou de festa, sempre com saia pregueada comprida, como confirmam todas as recolhas de trajes de noivos efectuadas por grupos folclóricos. O traje de noivo era a indumentária domingueira e não o fraque com cartola.
    Na tradição portuguesa o ramo da noiva era de flores naturais de laranjeira.
    Na foto, uma noiva e seus pais posam para a fotógrafo tendo ao fundo o enxoval que, muitas vezes, podia ser apreciado pelos convidados.
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  • saudades destes tempos que não voltam (e que íamos ver no estrangeiro..)

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    A great memory from the 60s the Mini skirt, with respect to the men of the time ❤️
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  • respeito pela herança cultural portuguesa

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    Mosteiro de Santa Cruz. Os primeiros reis de Portugal jazem aqui, e devem agradecer a reposição dos símbolos nacionais. O que está em causa não é uma crítica de design gráfico, é o dever de preservação da memória colectiva. Houve bom-senso nesta reposição.
  • Larantuka, ilha das Flores, Indonésia, esta manhã, 5a feira Santa, na Kapela Tuan Ma, (Senhora Rainha do Rosário), o terço rezado em português…

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    Larantuka, ilha das Flores, Indonésia, esta manhã, 5a feira Santa, na Kapela Tuan Ma, (Senhora Rainha do Rosário), o terço rezado em português… uma festividade trazida por missionários portugueses dominicanos… em 2010 comemorou 500 anos de tradição ininterrupta… (claro q há 500 anos seria latim…)
  • a velha do restelo

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    Rumo ao quinto centenário de Camões
    A Velha do Restelo
    O Velho do Restelo – lamento chocar-vos – talvez não seja um homem. Poderá ser uma mulher. Estaríamos a falar, no fundo, da Velha do Restelo.
    Por incrível que pareça, foi na jesuítica revista «Brotéria» que se deu o primeiro passo que levaria, ulteriormente, ao desvendamento da identidade escondida do Velho do Restelo, concretamente no número que saiu em Novembro de 1980.
    Nesse volume da revista, o Dr. Joaquim Carvalho publicava um artigo sobre Os Lusíadas em que argumentava o conhecimento, por parte de Camões, do poema «Argonáutica», escrito por Apolónio de Rodes no século III antes da era cristã.
    Segundo a análise feita pelo Dr. Carvalho a passos do poema «Argonáutica» (na tradução latina que Camões lera) e a passos d’ Os Lusíadas, haveria pormenores de riquíssimo significado que não eram compreensíveis, na epopeia camoniana, a não ser que aceitássemos que Camões estava a remeter para o antigo poema helenístico.
    Li o artigo do Dr. Carvalho há muitos anos e, de imediato, a pista de vasculhar em Apolónio de Rodes galvanizou a minha atenção. Seria possível….? Faria sentido….? Seria aqui que eu encontraria a base para justificar a minha intuição de que o Velho do Restelo era, na realidade, uma Velha….?
    Pensei logo na estância IV.90 d’ Os Lusíadas, em que uma mãe chorosa se despede do filho que vai embarcar para a Índia.
    Meu Deus…. parecia-me óbvio! Estes versos eram a recriação camoniana da despedida chorosa da mãe de Jasão, antes de o filho embarcar para a Cólquida («Argonáutica» I.261-291).
    Pus-me, na altura, a estudar debaixo do microscópio o Canto I da «Argonáutica», comparando-o com o canto IV d’ Os Lusíadas. Não me saía da cabeça a ideia obsessiva de que o Velho do Restelo era um disfarce da VelhA do Restelo.
    A resposta apareceu em dois versos misteriosos do poema de Apolónio de Rodes («Argonáutica» I.315-316). Esses versos fizeram-me perceber que o Velho agoirento de Camões é o desenvolvimento de algo que Apolónio elide.
    Ou seja: Camões faz-nos ouvir a voz à qual Apolónio tira a fala. As palavras que ficaram por dizer no poema do século III a.C. são ditas, pela pena de Camões, no século XVI português.
    Que palavras são essas? No poema de Apolónio, somos colocados perante este momento de mistério e de silêncio: no momento em que os Argonautas estão já a dirigir-se para a nau, avança ao seu encontro uma mulher idosa.
    Esta anciã é sacerdotisa de Ártemis e tem algo de urgente para dizer ao herói, Jasão. No entanto, a multidão arrasta o herói até à praia, antes que a anciã consiga verbalizar a sua profecia.
    Apolónio pinta em dois versos a imagem da Velha deixada para trás. Vêmo-la sozinha, silenciosa, na berma do caminho. As palavras que lhe ficaram atravessadas na garganta nunca mais serão proferidas – mas Apolónio consegue transmitir a sensação quase palpável de que a sua importância é (ou teria sido) premente.
    Nunca mais serão proferidas? Teriam ficado para sempre não ditas, se Camões não tivesse ressuscitado a velha sacerdotisa de Ártemis, colocando as palavras que ela nunca pôde dizer em voz alta na boca do Velho do Restelo:
    «Vã cobiça…. ó fraudulento gosto…. Que mortes, que perigos, que tormentas, que crueldades…. Dura inquitação d’alma…. mísera sorte, estranha condição!»
    Ora diz-se que os maiores intérpretes literários não são as pessoas das Letras, mas sim as pessoas dos sons, criadoras de música. Ninguém entendeu melhor Goethe do que o compositor Hugo Wolf; ninguém entendeu melhor a poesia de Michelangelo do que o mesmo Wolf ou Benjamin Britten; ninguém entendeu melhor a poesia de Rainer Maria Rilke do que Paul Hindemith.
    Em 1975, um jovem de 12 anos chamado Frederico assistiu, no Teatro Nacional de São Carlos, à récita da ópera «O Canto da Ocidental Praia», de António Vitorino d’Almeida. A ópera não foi especialmente bem recebida pelo público e a segunda coisa de que me lembro dessa ocasião foi de ouvir a minha mãe no intervalo, a conversar com o que se chamava na altura o grupo dos «habitués» de São Carlos, sobre a última récita em que a minha mãe lá tinha ouvido ópera. E todos diziam que, no «Così fan tutte» de Mozart, Teresa Stich-Randall tinha sido sublime. O que equivalia a dizer que a presente ópera portuguesa, com os seus cantores portugueses, não era grande coisa.
    Se a ópera era grande coisa ou não já não vos saberia dizer –
    nem eu confiaria hoje naquilo que teria sido meu gosto musical aos 12 anos. Mas há, de facto, uma coisa dessa récita que ficou na minha cabeça para sempre: a figura do Velho do Restelo, que entra em cena a cantar «Ó vã cobiça!». Não me esquecerei nunca do chapéu à infante D. Henrique na cabeça da cantora.
    Sim, da cantora. Porque o Velho do Restelo – pelo menos é essa a minha recordação – foi cantado por uma mulher, Dulce Cabrita.
    Em 1975, os jesuítas da «Brotéria» ainda não tinham publicado o artigo que levaria a que, graças ao Dr. Carvalho e (já agora) à minha modesta pessoa, todos percebêssemos o que poderia estar por trás desta intuição artística.
    Mesmo sem o Dr. Carvalho e sem estas especulações do futuro Frederico Lourenço (que, em 1975, como já referi, ainda só tinha 12 anos), mesmo assim, a abrir o Verão quente de 1975, o Velho do Restelo assumira-se no palco do Teatro Nacional como Velha do Restelo, saudosa de uma «Idade d’ouro» que, sem que ela o soubesse, estava lentamente a nascer: o Portugal do pós 25 de Abril, de que todas e todos nos podemos orgulhar.
    imagem: Giorgione, retrato de idosa
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  • A tecedeira da Lomba da Maia – Açoriano Oriental

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    O Açoriano Oriental, fundado a 18 de Abril de 1835, é um título de referência no panorama da imprensa regional portuguesa em geral e açoriana em particular. Pautando desde sempre pelo rigor da sua informação, o Açoriano Oriental é um jornal de qualidade que pratica um jornalismo de proximidade que coloca como protagonista o interesse dos leitores. É também um importante difusor de publicidade nos Açores, em particular na ilha de São Miguel, a maior e mais populosa ilha do arquipélagoO Açoriano Oriental integra a Global Media Group, um dos maiores grupos de media em Portugal, com presença nos sectores da imprensa, rádio e televisão, para além de gerir um diverso conjunto de participações em empresas com actividade na área da publicidade, comunicação multimédia, produção de conteúdos e design.

    Source: A tecedeira da Lomba da Maia – Açoriano Oriental

  • Epiphany: Vale de Salgueiro, the Portuguese village that makes children smoke — Lisbob

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    The celebrations of the Epiphany in the Portuguese village of Vale de Salgueiro highlight a tradition that provokes an annual uproar among foreigners: parents encourage their children, some aged 5, to smoke cigarettes. Where does this tradition come from in this village 450km north of Lisbon? What d

    Source: Epiphany: Vale de Salgueiro, the Portuguese village that makes children smoke — Lisbob

  • memórias de ANTÓNIO GALOPIM DE ANDRADE

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    História que merece ampla divulgação porque relata bem como era o fascismo salazarento
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    “Em obediência aos bons costumes”
    Mas, nesse tempo, vir para Lisboa, solteira, para o pé do namorado, era algo mal visto no seio da família tradicionalista, católica praticante, que era a sua. Nesses anos, namorado não tinha o significado que tem hoje, o do companheiro com quem se vive. Os namorados da minha geração viviam separados, cada um em sua casa, e, em princípio e em obediência aos bons costumes, não havia entre eles, relacionamento sexual. A única liberdade que lhes era consentida era a de conversarem e, daí, a palavra “conversado” ser sinónima de namorado. Os namorados conversavam à noite, ela da janela, para baixo, e ele da rua, para cima. Namorar à janela de rés-do-chão já era motivo de censura, mas pior do que isso era namorar à porta da rua entreaberta. Saírem à noite, sozinhos os dois, nem pensar. Só com a rapariga acompanhada por alguém a fazer de “pau-de-cabeleira”, nome dado à pessoa que garantia o bom comportamento do rapaz e, consequentemente, o bom nome da namorada.
    Neste quadro provinciano de bons costumes, houve que recorrer a um estratagema – pedir a donzela em casamento. Com o compromisso de noivado, já muita gente fecharia os olhos e muitas bocas maldizentes ficariam tapadas. Houvesse o que houvesse, sempre eram noivos e o casamento, aprazado, apagaria qualquer eventual liberdade menos própria. Nesse tempo, uma noiva ou, mesmo, uma namorada de muitos anos que não casasse, já não casava. Ficava para tia, como era costume dizer-se. Foi esta concepção de vida, carregada de hipocrisia, impensável nos dias de hoje, que, terminado o 5º ano do Liceu (o actual 9º) lhe não permitiu, a ela, aluna do quadro de honra, matricular-se no chamado curso complementar (o 6º e o 7º anos, ou seja os actuais 10º e 11º anos), a ponte necessária ao ingresso num curso universitário que teria de fazer, necessariamente, longe de casa e da tutela familiar. O pai não consentiu e o Magistério Primário foi a solução que se viu obrigada a aceitar.
    O pedido de casamento revestiu-se de um cerimonial que relato para que os mais novos, tenham uma ideia do que era a nossa vivência em Évora, no país que tínhamos, sob um Estado e sob uma Igreja castrantes. Num Domingo de Verão de 1956, os meus pais dirigiram-se, comigo e as minhas três irmãs (os meus dois irmãos viviam no Brasil), a casa dos meus futuros sogros, na sequência de uma prévia combinação. Chegados aí, fomos recebidos pela família da futura noiva, os pais, dois irmãos rapazes, os avós maternos e uma tia solteira que vivia com eles. Terminados os cumprimentos de boas-vindas, o meu pai, muito compenetrado da seriedade do acto, tomou a palavra, dirigindo-se ao pai da donzela, pedindo-lhe a “mão da filha” para este seu filho, que era eu. De seguida, o meu futuro sogro chamou a filha a um dos quartos da casa para, em privado, saber da sua aceitação, após o que voltaram à sala com a resposta que todos esperávamos. Seguiram-se os abraços e felicitações usuais nestes eventos e terminou-se com uma singela confraternização à volta de uma mesa guarnecida com uns bolos, uns doces e bebidas a condizer.
    Assim, a mais de um ano do casamento, a noiva pôde vir para Lisboa para casa de uma tia (irmã do pai) bem consciente das suas funções protectoras e vigilantes. Vigilância a que, como todos os casais de então, tínhamos artes de nos furtar. Nesse ano, cada um a morar e a trabalhar em seu sítio, juntávamo-nos às refeições e nos tempos livres.
    O curso que a Isabel frequentava, no Instituto António Aurélio da Costa Ferreira, exigia muitas tarefas de preparação de material didáctico (as chamadas fichas) destinado a crianças com dificuldades na aprendizagem. Assim, em períodos de maior carga de trabalho, eu ia ajudá-la a casa da tia. O serão prolongava-se e, por volta da meia-noite, o tio recolhia ao quarto de dormir, mas a tia, cumprindo o seu dever de vigilância, a cabecear de sono, ficava a pé até eu sair, o que podia acontecer às duas ou às três da manhã. E foi assim, trabalhando, estudando e namorando que chegámos às férias de Natal de 1957, período que escolhemos para dar o nó, em Évora, cidade onde ambos nascêramos vinte e seis antes.
    Nesse tempo uma professora não podia casar com um qualquer. O noivo tinha de ter uma profissão cujo vencimento igualasse ou superasse o dela. Oficialmente, eu era um desempregado. Os trabalhos de que me ocupava eram precários e sem qualquer vínculo contratual devidamente documentado. Assim, não podíamos casar. Por outro lado, juntar os trapinhos, como hoje se faz por aí, era impensável no seio das nossas famílias e profissionalmente arriscado pois uma professora oficial não podia viver em união de facto. Foi então que um amigo de família, com estabelecimento comercial no sector do vestuário, nos resolveu o impasse empregando-me, temporariamente. Feito o contrato, inscrevi-me no então Sindicato dos Caixeiros e, uma vez na posse de um documento comprovativo do meu ordenado, na ordem dos mil e duzentos escudos mensais, tratámos da papelada para o casamento. Foi assim, casados de facto e de lei, na situação de “marido da professora”, no mal-dizer, à “boca-pequena, de algumas familiares mais conservadoras, que completei a licenciatura
    Continuar nas vendas e na propaganda de produtos farmacêuticos não era compatível com o tempo de que necessitava para as aulas na Faculdade, saídas de campo, trabalhos e respectivos relatórios e, ainda, para estudar. Uma bolsa de estudo que obtive da Fundação Gulbenkian, no valor de quinhentos escudos mensais, o ordenado da Isabel, na ordem de mil escudos, e uma pequena ajuda dos meus pais, eram suficientes para assegurar o essencial do nosso dia-a-dia. Quase sempre o jantar e, muitas vezes o almoço, ia buscá-los à cantina da Associação de Estudantes. Para tal, comprei uma marmita de alumínio com três recipientes encaixados uns nos outros, uma pega e uma tampa, concebida para transportar os componentes de uma refeição, com sopa, carne ou peixe e a respectiva guarnição. Com uma senha, no valor de nove escudos, as colegas de serviço à cantina, simpaticamente, aviavam-me uma dose reforçada, que dava para dois e sobrava. Esta prática, particularmente económica valeu-me a alcunha de “o marmitas” por parte de colegas com algum sentido de humor.
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    Maria Helena Campos Andrada

    Um memória exacta ,todos nós, portugueses de 70/80 anos, vivemos essas situações.