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Filhos perdidos, pais adormecidos.

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Filhos perdidos, pais adormecidos.
Há dias em que o noticiário parece um espelho partido. Um filho mata a mãe. Um gesto frio, absurdo, sem uma explicação que chegue. E a pergunta que grita dentro de cada um de nós é simples e devastadora, o que é que se passa com os filhos de hoje?
Vivemos tempos estranhos. Os jovens crescem rodeados de tudo e amparados por nada. Têm o mundo nas mãos e o coração vazio. A autoridade desapareceu, a presença foi substituída por ecrãs, e o amor confundiu-se com permissividade. Chamam liberdade ao descontrolo, chamam respeito ao medo de contrariar, chamam infância a um estado sem travões. E depois espantam-se quando o abismo olha de volta.
Um filho não se transforma num assassino de um dia para o outro. É o resultado de uma erosão lenta, feita de ausências, de silêncios e de um sistema que desistiu de educar. As escolas têm psicólogos cansados e professores sem tempo. As famílias vivem juntas, mas não se olham. Os telemóveis são as amas modernas e os valores tornaram-se peças de museu. O “não” desapareceu do vocabulário, o “obrigado” perdeu-se nas mensagens rápidas, e o “perdão” é visto como fraqueza.
Os filhos de hoje não são monstros. São órfãos de referências vivas. Cresceram sem ver os pais a lutar, sem ver mães a chorar de força, sem exemplos de carácter. Foram alimentados com facilidades e distrações, mas morreram de sede de sentido. Ninguém lhes ensinou que a dor também educa, que a frustração também constrói, que o respeito não se impõe, conquista-se.
E nós, adultos, temos culpa. Fomos nós que confundimos amor com comodismo. Fomos nós que deixámos de contar histórias de coragem, de falar de Deus, de ensinar o peso das escolhas. Fomos nós que vendemos a alma por conforto e esquecemos que a alma, quando esquecida, revolta-se.
O crime de um jovem contra a própria mãe não é só dele. É o espelho da falência moral de uma sociedade inteira. É o grito de um tempo sem norte, onde a emoção vale mais do que o dever, onde a opinião substitui a verdade, onde o bem deixou de ser exigido, porque dá trabalho.
É urgente acordar. Urgente devolver autoridade aos pais, propósito às escolas e presença às famílias. É urgente ensinar os jovens a lidar com a frustração, a reconhecer limites, a entender que a vida não é um palco de caprichos. Urgente relembrar que o respeito é a forma mais alta de amor.
Se não fizermos nada, mais filhos se perderão. E quando um filho se perde, a humanidade inteira sangra.
Os filhos de hoje não precisam de mais liberdade. Precisam de rumo.
Não precisam de mais distração. Precisam de presença.
Não precisam de mais “likes”. Precisam de abraços e exemplos.
Porque quem cresce sem raiz, um dia, destrói o jardim que o gerou.
(Paulo Soares)
 

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Dr. Ovidio, neurologista pediatra, alerta sobre uma tragédia silenciosa que está acontecendo hoje em nossas casas.
Há uma tragédia silenciosa que está acontecendo hoje em nossas casas e diz respeito às nossas jóias mais preciosas: nossos filhos. Nossos filhos estão em um estado emocional devastador! Nos últimos 15 anos, pesquisadores nos deram estatísticas cada vez mais alarmantes sobre um aumento agudo e constante de doença mental infantil que agora está atingindo proporções epidêmicas:
Estatísticas não mentem:
• 1 em cada 5 crianças tem problemas de saúde mental
• Foi notado um aumento de 43% no TDAH
• Foi notado um aumento de 37% na depressão adolescente
• Foi notado um aumento de 200% na taxa de suicídios em crianças entre 10 e 14 anos
O que está acontecendo e o que estamos fazendo de errado?
As crianças de hoje estão sendo superestimuladas e super-presentes de objetos materiais, mas estão privadas dos fundamentos de uma infância saudável, tais como:
• Pais emocionalmente disponíveis
• Limites claramente definidos
• Responsabilidades
• Nutrição equilibrada e um sono adequado
• Movimento em geral, mas especialmente ao ar livre
• Jogo criativo, interação social, oportunidades de jogo não estruturadas e espaços para o tédio
Em vez disso, estes últimos anos encheram as crianças de:
• Pais distraídos digitalmente
• Pais indulgentes e permissivos que deixam as crianças “governar o mundo” e sejam eles que ditam as regras
• Um senso de direito, de merecer tudo sem merecer ou ser responsável por obter
• Sonho inadequado e nutrição desequilibrada
• Um estilo de vida sedentário
• Estimulação sem fim, babás tecnológicas, gratificação instantânea e ausência de momentos chatos
O que fazer?
Se queremos que nossos filhos sejam indivíduos felizes e saudáveis, temos que acordar e voltar ao básico. Ainda é possível! Muitas famílias veem melhorias imediatas após semanas de implementação das seguintes recomendações:
• Estabeleça limites e lembre-se que você é o capitão do navio. Seus filhos se sentirão mais seguros ao saber que você está no controle do leme.
• Ofereça às crianças um estilo de vida equilibrado e cheio do que as crianças PRECISAM, não apenas do que elas QUEREM. Não tenha medo de dizer “não” aos seus filhos se o que eles querem não é o que eles precisam.
• Forneça alimentos nutritivos e limite comida de plástico.
• Passe pelo menos uma hora por dia ao ar livre fazendo atividades como: ciclismo, caminhada, pesca, observação de aves / insetos
• Desfrute de um jantar de família diário sem smartphones ou tecnologia que os distraia.
• Jogue jogos de tabuleiro como família ou se as crianças são muito pequenas para jogos de tabuleiro, deixe-se levar pelos seus interesses e permita que sejam eles a mandar no jogo
• Envolva seus filhos em alguma tarefa ou trabalho de casa de acordo com sua idade (dobrar a roupa, arrumar os brinquedos, pendurar a roupa, desembalar as compras, colocar a mesa, alimentar o cão etc. )
• Implemente uma rotina de sono consistente para garantir que seu filho durma o suficiente. Os horários serão ainda mais importantes para as crianças idosas.
• Ensinar responsabilidade e independência. Não os proteja excessivamente contra frustrações ou erros. Errar irá ajudá-los a desenvolver resiliência e aprender a superar os desafios da vida.
• Não carregue a mochila dos seus filhos, não leve as suas mochilas, não lhes leve a tarefa que se esqueceram, não descasque as bananas nem descasque as laranjas se o puderem fazer sozinhos (4-5 anos). Em vez de lhes dar o peixe, ensine-os a pescar.
• Ensine-os a esperar e atrasar a gratificação.
• Proporcione oportunidades para o “tédio”, pois o tédio é o momento em que a criatividade desperta. Não se sinta responsável por manter as crianças sempre entretidas.
• Não use a tecnologia como cura para o tédio, nem ofereça ao primeiro segundo de inatividade.
• Evite o uso de tecnologia durante as refeições, em automóveis, restaurantes, centros comerciais. Use estes momentos como oportunidades para socializar treinando assim os cérebros para saberem funcionar quando estiverem em modo: “tédio”
• Ajude-os a criar um “frasco de tédio” com ideias de atividades para quando estiverem entediados.
• Esteja emocionalmente disponível para se conectar com as crianças e ensinar auto-regulação e habilidades sociais:
• Desligue os telefones à noite quando as crianças tiverem que ir para a cama para evitar distração digital.
• Torne-se um regulador ou treinador emocional dos seus filhos. Ensine-os a reconhecer e gerenciar suas próprias frustrações e raiva.
• Ensine-os a cumprimentar, a fazer turnos, a partilhar sem ficar sem nada, a dizer obrigado e por favor, a reconhecer o erro e pedir desculpas (não os obrigue), seja modelo de todos esses valores que incutem.
• Conecte-se emocionalmente – sorria, abrace, beije, cócega, leia, dance, pule, brinque ou rasteje com eles.
Artigo escrito por Dr. Luis Rojas Marcos, psiquiatra.
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“Já se provou que o horário de verão não é saudável em Portugal” – CNN Portugal

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A neurologista Teresa Paiva explica por que razão o “horário de inverno” é o “mais benéfico” para a nossa saúde, em comparação com a mudança da hora na primavera SAIBA MAIS » Mudança da hora no domingo “vai ser boa”. O problema é fazê-lo duas vezes por ano

Source: “Já se provou que o horário de verão não é saudável em Portugal” – CNN Portugal

morreu LABORINHO LÚCIO

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Este, sim, justificaria todos os encómios, como pessoa de bem, dedicado a causas nobres como no apoio às vítimas de violência doméstca, jurista de excelência, ligado ao teatro da sua terra, na Nazaré, além de talentoso escritor!…
……….,,
Morreu Laborinho Lúcio, antigo ministro da Justiça
Antigo ministro tinha 83 anos e morreu na madrugada desta quinta-feira, 23 de Outubro.
………..
Morreu na madrugada desta quinta-feira Álvaro Laborinho Lúcio, antigo ministro da Justiça, aos 83 anos. O presidente da Câmara Municipal da Nazaré, Manuel Sequeira, confirmou a notícia da morte à agência Lusa.
Além de ter sido ministro da Justiça em 1990, durante o Governo de Cavaco Silva, Álvaro Laborinho Lúcio foi ainda procurador e inspector do Ministério Público, Procurador-Geral Adjunto e director da Escola de Polícia Judiciária e do Centro de Estudos Judiciários.
Desempenhou ainda o cargo de Ministro da República para os Açores, em 2003, durante a presidência de Jorge Sampaio.
Natural da Nazaré, nasceu a 1 de Dezembro de 1941 e tinha no teatro uma das principais paixões. Foi um dos fundadores do Grupo de Teatro do município.
Laborinho Lúcio foi ainda o sócio número um da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV).
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7 peças do seu roupeiro que nunca deve deitar fora (uma é dos anos 2000)

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Todos os anos é bom fazer uma revisão ao roupeiro de maneira a perceber que peças de roupa (e acessório) ainda vale a pena manter e aquelas que se devem doar. Contudo, segundo os especialistas, há sete peças que nunca deverá descartar, porque nunca passam de moda.

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Vai comprar carro usado? Saiba se a quilometragem pode estar adulterada

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Se comprar um carro novo, em princípio a quilometragem indicada não gera dúvidas. Mas o mesmo nem sempre acontece com automóveis usados, já que por vezes o valor pode ser adulterado. Conheça alguns sinais chave.

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somos todos idiotas

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Somos todos “os idiotas”
« (…) As redes sociais industrializaram o reflexo idiota. O algoritmo necessita de que estejamos convictos de que o outro é um idiota, pois rentabiliza e monetariza essa certeza. (…)»
[Luís Pedro Nunes, “Expressso”, 16/10/2025]
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«É evidente, óbvio e indiscutível que o idiota, os idiotas são os outros. Sempre. Estou mais do que absolvido. Aquele ataque de raiva no trânsito que tive ali atrás? Estava com pressa. E tinha razão. Basta o dia horrível que tive.
O outro tipo era um asno. Há neste “reflexo idiota” um instinto automático e um equívoco cognitivo de milissegundos: explicamos os nossos erros pelas circunstâncias, mas os dos outros pelo carácter. Uma economia emocio­nal de autopreservação, pois poupa-nos a chatice de admitir falhas. Só que o preço a pagar é a empatia. Absolvo-me automaticamente mas nem tento perceber o outro.
O exemplo da estrada — a road rage, a fúria no trânsito — serve bem porque está estudado, mesmo a nível neurológico, o motivo que explica como pessoas pacatas passam de repente a “ver tudo a vermelho”. E assenta nesse princípio primevo de sobrevivência e reação, que hoje se resume a atacar o outro ao desconsiderá-lo em termos de carácter: “É um idiota”.
O problema é que essa “certeza moral” passou para a política e para a sociedade e tornou-se na base de toda a polarização: cada um “sabe ver o mundo melhor do que o outro”. O problema são sempre os outros, e o outro é um idiota, logo quero odiá-lo e assim necessito dele para existir.
É aqui, diz Amanda Ripley, autora do livro “High Conflict”, que o conflito passa a ser a nossa própria identidade. E é isso que nos está a acontecer. Ou já aconteceu. Vivemos para estar em conflito com o outro, que tentamos desvalorizar. Somos algo em função daquilo que ofendemos nos outros: os idiotas. Muitos dirão que nada disto é novo, a teoria. De Nietzsche a Sartre, o homem moral sempre precisou de um culpado ou sempre soube que o inferno foram os outros.
Mas há uma alteração crucial que transcende a filosofia e a análise social. É que este mecanismo é um atalho evolutivo do cérebro, em que a amígdala cerebral dispara antes de pensarmos e em que inundamos o corpo de adrenalina — preparando-o para um suposto perigo. O normal seria a via lenta emocional, em que o estímulo passaria por uma rota racional pelo córtex. A raiva é um curto-circuito evolutivo. A amígdala não distingue a ameaça física da ameaça simbólica — reage a ambas com a mesma bioquímica.
E hoje temos humanos viciados num loop de indignação e raiva que proporciona um prazer moral. Essa é a resposta a esses sucessivos estímulos. E é onde o cérebro se vicia nesses estímulos que acaba por construir uma visão do mundo baseada no princípio de “os outros são idiotas”. Nas redes sociais, óbvio.
As redes sociais industrializaram o reflexo idiota. O algoritmo necessita de que estejamos convictos de que o outro é um idiota, pois rentabiliza e monetariza essa certeza — e a raiva é o modelo de negócio. Ripley, por exemplo, diz que as redes, para poderem ter lucro, funcionam como empreendedores de conflito, uma “máquina de indignação” onde se vendem certezas morais, geram cliques e fabricam inimigos.
A idiotia tornou-se relacional: eu sou inteligente porque o outro é estúpido. As redes não criaram o reflexo do idiota — apenas lhe deram megafone e esteroides. Mas a raiva é uma emoção com recompensa neuroquímica — liberta adrenalina e dopamina. E queremos cada vez mais.
As redes sociais industrializaram o reflexo idiota. O algoritmo necessita de que estejamos convictos de que o outro é um idiota, pois rentabiliza e monetariza essa certeza
Esta é verdadeiramente a embrulhada em que estamos. O “reflexo idiota” já não é algo circunscrito à raiva no trânsito. Deixou de ser um lapso cognitivo e tornou-se numa economia de atenção. Da “road rage para a rage scroll”. Em vez de buzinar, comentamos com raiva; em vez de cortar a passagem, bloqueamos; em vez de sair do carro, cancelamos.
É o mesmo mecanismo fisiológico: descarga de adrenalina, necessidade de reafirmar domínio e sensação moral de superioridade (“estou certo, logo o outro é idiota” ou o contrário).
Nas redes, este comportamento é até premiado — cada explosão moral rende atenção, reforçando o ciclo do reflexo idiota. A estrada tem faixas, o Twitter tem timelines: ambos territorializam o ego. Ultrapassar alguém é igual a contradizê-lo publicamente — ambos ameaçam o estatuto.
No “beef”, o território é simbólico: quem responde por último ou mais agressivamente reconquista o espaço social perdido. E a economia de atenção é a economia da raiva, em que o “nós” é moralmente superior ao “eles”, os idiotas. No trânsito, o outro é incompetente; na política, o outro é ignorante; na cultura, o outro é inculto.
O idiota é o motor da civilização digital. Quando falamos de polarização, de tribalismo, de divisão na sociedade, temos de pensar que, no fundo, estamos a ser manipulados através de um mecanismo de autopreservação — a raiva —, que nos serviu para sobreviver (algo chamado “sequestro da amígdala”), mas que agora é usado para odiarmos o outro sem refletirmos. A amígdala não distingue um tigre-dentes-de-sabre de um tuíte, que nos deixa o sangue a ferver.
E temos aqui uma questão grave que não estamos dispostos a aceitar: o problema poderá estar na arrogância do diagnóstico. O idiota é o espelho onde se reflete a nossa própria necessidade de superioridade. É que a solução é complexa. Num cenário destes, ser inimigo de alguém é mais confortável do que ser incerto em relação a algo.
O reflexo do idiota pode ser a lente com que se pode ler o século XXI. A indignação é a droga socialmente aceite, a raiva é o prazer mais estimulado e usado para criar identidade. O moralista é o toxicodependente da dopamina da superioridade.
E sim, estamos todos nisto. Os outros. E nós. E se não percebermos isso, estamos bem lixados. Somos todos idiotas. Eles e nós.»
[Luís Pedro Nunes, “Expressso”, 16/10/2025]