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  • ANTÓNIO GUTERRES – APAREÇA E FALE! TEMOS GUERRA DE NOVO À PORTA, NA EUROPA!

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    ANTÓNIO GUTERRES – APAREÇA E FALE!
    TEMOS GUERRA DE NOVO À PORTA, NA EUROPA!
    (Título meu para este artigo de Boaventura)
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    A Europa e a guerra da Ucrânia
    Boaventura de Sousa Santos
    Boaventura de Sousa Santos
    21 Janeiro 2022 — 00:25
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    Boaventura de Sousa Santos
    Opinião
    Os exigentes desafios que o mundo enfrenta neste momento – da crise climática à pandemia, do agravamento da Guerra Fria ao perigo de uma confrontação nuclear, do aumento das violações dos direitos humanos ao crescimento exponencial do número de refugiados e de pessoas com fome – exigem mais do que nunca uma intervenção ativa do ONU, cujo mandato inclui a manutenção da paz e da segurança coletivas e a defesa e promoção dos direitos humanos. Entre muitas áreas de intervenção em que a ONU pode intervir, uma das mais importantes é a da paz e segurança, e respeita concretamente ao agravamento da Guerra Fria. Iniciada por Donald Trump e prosseguida com entusiasmo por Joe Biden, está em curso uma nova Guerra Fria que tem aparentemente dois alvos, a China e a Rússia, e duas frentes, Taiwan e Ucrânia. À partida, parece insensato que uma potência em declínio, como são os EUA, se envolva numa confrontação em duas frentes simultaneamente. Para mais, ao contrário do que se passou com a Guerra Fria anterior, visando a União Soviética, a China é uma potência de grande poder económico e um importante credor da dívida pública dos EUA. Está a ponto de ultrapassar os EUA como a maior economia mundial e, segundo a National Science Foundation dos EUA, teve pela primeira vez em 2018 uma produção científica superior à dos EUA. Acresce que a lógica aconselharia os EUA a ter a Rússia como aliada e não como inimiga, não só para a separar da China, como para acautelar as necessidades energéticas e geoestratégicas da sua aliada histórica, a Europa. A mesma lógica aconselharia a UE a ter presente as relações históricas e económicas da Europa central com a Rússia (até à Ostpolitik de Willy Brandt).
    É particularmente preocupante que os neocons (os políticos e estrategas ultraconservadores que desde o ataque às Torres Gémeas em 2001 dominam a política externa dos EUA) acirrem simultaneamente as hostilidades com a Rússia e apelem para que os EUA se preparem para uma guerra com a China no final da década, uma guerra quente de tipo novo (a guerra com os meios da inteligência artificial). O poder mediático internacional dos neocons é impressionante. Tal como aconteceu em 2003 com os preparativos da invasão do Iraque, assistimos a um unanimismo alarmante dos comentadores de política externa no mundo ocidental. De repente, a China, que até agora era um parceiro comercial importante e fiável, passa a ser uma ditadura que viola massivamente os direitos humanos e uma potência malévola que quer controlar o mundo, desígnios que têm de ser neutralizados a todo o custo. Por sua vez, a Rússia, até agora um parceiro estratégico (caso do acordo nuclear com o Irão), é agora um país governado por um presidente autoritário e agressivo, Vladimir Putin, que quer invadir a democrática Ucrânia. Para a defender, os EUA ajudarão militarmente e, para isso, a Ucrânia deve juntar-se à Nato. Esta narrativa, apesar de ser falsa, é reproduzida sem contraditório no The Washington Post e no The New York Times, é depois ampliada pela Reuters e a Associated Press e secundada pelos briefings das embaixadas dos EUA. Os comentadores ocidentais apenas a regurgitam acriticamente. Perante isto, é urgente que se faça ouvir e sentir a intervenção da ONU para travar a deriva de uma terceira guerra mundial.
    A ONU tem informação abundante que lhe permite contrariar esta narrativa e intervir ativamente para neutralizar o seu potencial destrutivo. A Ucrânia é um país etnolinguisticamente dividido entre um ocidente predominantemente ucraniano e um oriente predominantemente russo. Ao longo da década de 2000, as eleições e os inquéritos de opinião revelaram a oposição entre um ocidente pró-União Europeia e pró-NATO, por um lado, e um oriente pró-Rússia, por outro. Em termos de recursos energéticos, a Ucrânia depende em 72% do gás natural da Rússia, tal como acontece com outros países europeus (a Alemanha depende em 39%), o que dá uma ideia do poder de negociação da Rússia neste domínio. Desde o fim da União Soviética, os EUA têm vindo a tentar retirar a Ucrânia da órbita da Rússia e integrá-la na do mundo ocidental e, de facto, transformá-la num bastião pró-norte-americano na fronteira da Rússia. Esta estratégia tem tido pilares: integrar a Ucrânia militarmente na NATO (aprovada na Cimeira de Bucareste de 2008, tal como a Geórgia, outro país com fronteira com a Rússia) e economicamente na União Europeia. A revolução laranja, ou melhor, o golpe de 22 de fevereiro de 2014, fortemente apoiado pelos EUA, foi o pretexto para acelerar a estratégia ocidental. Teve a sua causa imediata na recusa do presidente Yanukóvytch em assinar um acordo de integração económica com a UE que deixava de fora a Rússia. Seguiram-se protestos, muita agitação social e uma repressão governamental brutal que se saldaram em mais de 60 mortes (sabe-se hoje que havia grupos fascistas fortemente armados entre os manifestantes). Em 22 de fevereiro, o presidente foi obrigado a sair do país. A “promoção da democracia” conduzida pelos EUA tinha dado resultado: a “revolução laranja” iniciava a sua política antirrussa. A Rússia tinha avisado que a integração na NATO e a integração exclusiva na UE constituía uma “ameaça direta” à Rússia. Nos meses seguintes, a Rússia ocupou a Crimeia onde já tinha uma importante base militar.
    Em 2014 e 2015 celebraram-se os protocolos de Minsk com a intermediação de Rússia, França e Alemanha. Reconhecia-se a especificidade etnolinguística da região do rio Don (Donbas) (maioritariamente de língua russa) e previa-se o estabelecimento, a cargo da Ucrânia e segundo a lei ucraniana, de um sistema de autogoverno para a região (que abrange áreas dos distritos de Donetsk e Luhansk). Estes protocolos nunca foram cumpridos pela Ucrânia. A tensão voltou agora a aumentar com a suposta intenção da Rússia de invadir a Ucrânia. E é mesmo provável que o faça (certamente limitada à Ucrânia oriental etnicamente russa) se a NATO, os EUA e a UE continuarem a sua política de hostilização. Perante tudo isto, é de perguntar se quem tem vindo a criar perturbação nesta região do mundo é a Rússia ou os EUA. Todos nos recordamos da crise dos mísseis de 1962, quando a União Soviética se propôs instalar mísseis em Cuba. A reação norte-americana foi terminante; tratava-se de uma ameaça direta à soberania dos EUA e em nenhum caso se aceitariam tais armas na sua fronteira. Chegou a soar o alarme de uma guerra nuclear. Foi esta reação muito diferente da reação atual da Rússia perante a perspetiva de a Ucrânia vir a integrar a NATO? Em 2017 foi tornado público o relato da reunião entre o secretário de Estado norte-americano James Baker e Mikhail Gorbachev realizada em 9 de fevereiro de 1990. Nessa reunião foi acordado que se a Rússia facilitasse a reunificação da Alemanha, a NATO “não se expandiria um centímetro para leste” (http://nsarchive.gwu.edu). Apesar disso e de extinto o pacto de Varsóvia, nove anos depois Polónia, Hungria e República Checa juntavam-se à NATO. E nenhum comentador se lembra de que em 2000, quando chegou ao poder, Vladimir Putin manifestou publicamente o desejo de a Rússia vir a integrar a NATO e também a UE para a Rússia “não ficar isolada na Europa”. Ambos os pedidos foram recusados.
    Em face disto, a ONU sabe que a Rússia não é a única potência agressiva no conflito atual, e que bastaria que os acordos de Minsk fossem cumpridos pela Ucrânia para a hostilidade cessar. Porque é que a Ucrânia não pode permanecer um país neutro como a Finlândia, a Áustria ou a Suécia? Se houver guerra nesta região, o teatro de guerra será a Europa, e não os EUA. A mesma Europa que há pouco mais de setenta anos se ergueu de um inferno de duas guerras mundiais que se saldaram em cerca de 100 milhões de mortes. Se a ONU quer ser a voz da paz e da segurança que consta do seu mandato, tem de assumir uma posição muito mais ativa e mais independente da dos países envolvidos. Tem de averiguar in situ o que se passa nos territórios onde as grandes potências se digladiam e se preparam para guerras de hegemonia em que provavelmente serão os aliados menores a sofrer as consequências e a pagar com vidas (Taiwan ou Ucrânia) – as chamadas proxy wars – mesmo se a política agressiva do regime change visa a Rússia e a China, eventualmente com resultados semelhantes aos que teve no Iraque, na Líbia ou no Afeganistão. O mundo precisa de ouvir vozes autorizadas que não repitam o script imposto pelos rivais. A mais autorizada de todas é a da ONU.
    Sociólogo
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      Milhazes José

      A Rússia e a China são uns coitados, os restantes são todos maus, até a Finlândia. Imaginem!
  • talibãs abatem mulher ativista

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    Frozan Safi, ativista e professora de economia de 29 anos, foi morta a tiro no norte do Afeganistão. Acredita-se que esta seja a primeira ativista dos direitos das mulheres a ser morta desde que os talibãs assumiram o poder no país.
    Ativista dos direitos das mulheres morta a tiro no Afeganistão
    RTP.PT
    Ativista dos direitos das mulheres morta a tiro no Afeganistão
    Frozan Safi, ativista e professora de economia de 29 anos, foi morta a tiro no norte do Afeganistão. Acredita-se que esta seja a primeira ativista dos direitos das mulheres a ser morta desde que os talibãs assumiram o poder no país.
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  • EX-COMBATENTES ESQUECIDOS REIVINDICAM

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    REPORTAGEM: Ex-combatentes do Ultramar sentem-se esquecidos e querem direitos para quem “serviu a pátria”
    *** Ana Raquel Lopes (texto), da agência Lusa ***
    Lisboa, 28 out 2021 (Lusa) – Cerca de meia centena de ex-combatentes da guerra colonial manifestaram-se hoje em frente à Assembleia da República, afirmando-se esquecidos pelo país e apelando a um conjunto de direitos para quem “serviu a pátria”.
    A manifestação estava prevista para as 14:00 e perto dessa hora já alguns dos manifestantes se juntavam em frente ao parlamento, com camisolas onde se lia “ex-combatente” ou “somos combatentes de Portugal”, ao mesmo tempo que uma outra manifestação de enfermeiros começava também a organizar-se.
    Cerca de uma hora depois, um dos responsáveis pelo protesto, Germano Miranda, 70 anos, chegou de megafone em punho e bandeira de Portugal no braço, pedindo desculpa aos “camaradas” pelo atraso e deixando algumas palavras a quem o ouvia.
    “O nosso objetivo principal é aquilo que nós sabemos: o desprezo que os políticos têm por nós e a falta de nos ouvir, não nos ouvem”, clamou, sendo apoiado por quem o rodeava.
    Dizendo-se muito honrado “por ter servido a pátria”, o ex-combatente que foi sargento durante 19 meses no Ultramar lamentou que se ensine, considerou, às novas gerações que estes ex-combatentes “foram uns traidores”: “sofremos o que sofremos em terras que não eram nossas, temos consciência disso. Nós não estávamos errados, o regime é que estava errado. (…) Fomos fieis à pátria”, vincou.
    Os organizadores do protesto disseram ter intenção de entregar esta tarde, na Assembleia da República, um “dossier dos combatentes do Ultramar (1961/1975)” onde constam 14 pontos que definiu como “um caderno de direitos”.
    Entre estes pontos está a “recolha imediata de todos os combatentes sem-abrigo e colocação em locais com dignidade, conforto e carinho, com toda a assistência de saúde geral”, o “internamento imediato para todos os que necessitarem, em hospitais, lares públicos ou privados e militares, para todos os combatentes, suas viúvas e suas esposas” ou o direito à gratuitidade de todos os medicamentos ou tratamentos e exames que necessitem, extensivos também a viúvas e esposas.
    Uma “pensão mensal de guerra para todos os combatentes do Serviço Militar Obrigatório e para os voluntários que não seguiram a carreira militar após o 25 de abril de 1974, no mínimo 200 euros, tendo por base o ordenado mínimo nacional que todos os combatentes devem ter direito, livres de impostos” é outro dos apelos, tal como os transportes públicos gratuitos em todo o território nacional.
    Os manifestantes mostraram-se desagradados com a versão atual do Estatuto do Antigo combatente, aprovado no parlamento em agosto de 2020 e que prevê o direito de preferência na habitação social, isenção de taxas moderadoras no Serviço Nacional de Saúde, passe intermodal e entrada para museus e monumentos grátis e honras fúnebres especiais a ex-combatentes, entre outras medidas.
    Apelando à sua melhoria, os ex-combatentes disseram não aceitar o cartão de antigo combatente, associado ao estatuto, uma vez que não se sentem “iguais ou comparáveis” aos combatentes pós-25 de abril.
    “O cartãozinho é uma fraude, uma fraude completa”, disse Germano.
    Entre os manifestantes presentes começaram a erguer-se alguns cartazes e viam-se camisolas com referências a organizações como a ‘Combatentes do Ultramar em Luta’ (CUL), a ‘Unir Combatentes do Ultramar’ (UCU) ou até mesmo do Partido Unido dos Reformados e Pensionistas (PURP) – cujo presidente, Fernando Loureiro, esteve presente e se associou às reivindicações.
    Junto a um muro, com a mulher Arminda Carvalho ao lado, o ex-combatente José Figueiredo, de 74 anos, natural de Viseu, disse à Lusa que o Estatuto do Antigo Combatente “é só para tapar o sol com a peneira” que “não tem resultado material nenhum”.
    “As leis que estão a sair relativamente às benesses que estão a dar passam pela Assembleia da República, e eu nos debates que tenho acompanhado onde se discute isso não há ninguém que diga assim: opa, isso não é bem assim, isso devia-se acrescentar qualquer coisa, porque aquilo que deram não é nada”, considerou.
    José lembrou o tempo em que embarcou para Angola, onde esteve 19 meses, sem saber se iria voltar, com a mulher ao lado a acrescentar que por cá ficou “à espera das cartitas”, sem ir “a uma festa, nem um baile”.
    “Nas escolas nós somos fascistas, nas escolas nós somos assassinos (…). Não pegaram na juventude e não lhes explicaram como é que isto aconteceu, quem é que nos empurrou para uma guerra destas. E ainda para cúmulo tenho uma neta que me vem dizer indiretamente que eu fui assassino?”, relatou um dos manifestantes, visivelmente emocionado.
    João Magalhães, 70 anos, que esteve dois anos na guerra colonial, e veio do Porto por ser um dos organizadores do protesto, deixou ainda um apelo final: “Neste momento o Governo foi-se embora ou vai-se embora mas ainda tem poderes, nomeadamente o Presidente da República, acho que poderia fazer alguma coisa por nós. E apelo a ele que olhe para nós, acho que merecemos que nos veja com olhos de ver”.
    ARYL // SF
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    Chrys Chrystello
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