ramos horta e asean

Views: 0

PR timorense admite alívio se a adesão à ASEAN demorar ainda dois ou três anos
Díli, 09 mai 2023 (Lusa) – O Presidente timorense disse sentir-se “mais aliviado” se a adesão plena de Timor-Leste à ASEAN ainda demorar mais dois ou três anos, tendo em conta o que ainda é necessário fazer no país antes dessa formalidade.
“Fui dos primeiros a fazer pressão e lóbi sobre líderes da ASEAN [Associação de Nações do Sudeste Asiático] relativamente à nossa adesão. Cheguei a dizer que parecia mais fácil chegar às portas do céu do que às portas da ASEAN”, afirmou José Ramos-Horta, nas cerimónias oficiais do Dia da Europa, realizadas hoje na residência do embaixador da União Europeia em Díli.
“Mas agora, depois de vermos o roteiro, se eles decidirem que só podemos aderir [depois], eu ficarei mais aliviado. O roteiro que vi é o normal, mas coloca grandes pressões nos líderes e nas instituições timorenses e que temos que cumprir”, disse.
O chefe de Estado falava na véspera de os Estados-membros da ASEAN aprovarem numa cimeira na Indonésia o roteiro da adesão que determinarão o que Timor-Leste ainda tem de fazer para cumprir os processos necessários a essa formalidade.
Timor-Leste participa como observador na reunião, tal como o pode fazer em qualquer encontro da organização desde que a cimeira anterior, em 2022 no Camboja, aprovou o estatuto de observador para o país.
Ainda assim Timor-Leste continua sem o poder de veto, talvez o mais simbólico da adesão plena a uma organização que baseia as suas decisões no consenso.
Ramos-Horta recordou, porém, que Timor-Leste tem tido compromissos de apoio “de todos os países da ASEAN, de outros países como Portugal e a Austrália e da União Europeia”, que ajudam Timor-Leste “a fortalecer os recursos humanos e ser um membro produtivo da ASEAN”.
A quase totalidade do corpo diplomático acreditado em Díli, vários membros do executivo e outras individualidades relevantes da sociedade timorense participaram na cerimónia de hoje, em que não esteve presente a embaixadora de Portugal, o único país europeu com embaixada em Díli.
A Embaixada de Portugal em Díli organizou, para a mesma hora, outro evento paralelo de comemoração do Dia da Europa.
No seu discurso, Ramos-Horta referiu-se à situação que se vive na Europa, na região e em Timor-Leste, manifestando “sentida apreciação” pelo apoio que o seu país tem recebido de várias nações europeias, individualmente, bem como de instituições da União Europeia.
“Quero mostrar solidariedade relativamente aos desafios que vocês enfrentam, devido à pandemia que nos afetou a todos e, se isso não fosse suficiente, a guerra na Ucrânia, em solo europeu, mas com ramificações devastadoras em todo o mundo”, afirmou.
Numa defesa do sistema democrático, e referindo-se também às conquistas dos europeus, o chefe de Estado agradeceu em particular o apoio no momento atual, particularmente “sensível” devido à campanha eleitoral em curso, mas que, disse, assenta numa defesa intransigente da democracia.
“Temos uma campanha eleitoral muito ativa a decorrer, é um momento sensível. Nem posso almoçar com uns amigos, que isso torna-se logo um caso mediático extraordinário. Mas isso é o reflexo da nossa democracia dinâmica, imperfeita quanto o seja, como a maior parte das democracias”, afirmou.
“Mas o que aprendemos, eu e o nosso povo, é que apesar dos desgostos, dos falhanços da democracia, das promessas por cumprir da democracia, ainda não temos provas de uma coisa melhor que a democracia e por isso vamos continuar neste percurso”, vincou.
Ramos-Horta disse que a UE sempre esteve com os países em desenvolvimento, abrindo a porta a exportações desses países e apoiando as campanhas de promoção de direitos humanos, com outros apoios significativos.
ASP // JH
Lusa/Fim
May be an image of 2 people, map and text that says "DIA DA EUROPA #DiadaEuropa 9 de maio de 2023 EURO DIADAEUROPA DIA DA EUROPA CAFE ABUT 9DE MAIO 2023 LAUTÊM UEQUE"
Like

Comment
Send

Most relevant

RAMOS HORTA PROPÕE CEDER CRIMEIA…

Views: 0

Ucrânia: Ramos-Horta defende cessar-fogo e abertura dos portos
Mafra, Lisboa, 28 abr 2023 (Lusa)- O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, defendeu que a comunidade internacional deve avançar para o cessar-fogo e abrir os portos da Ucrânia e Rússia para acabar com o conflito.
“Acredito que a solução primeiro é cessar-fogo criando condições máximas de confiança para atender à ajuda humanitária, abrir corredores humanitários e abrir os portos da Ucrânia e da Rússia para maior normalização do comercio internacional” afirmou Ramos-Horta, que participava por videoconferência no III Encontro Mafra Dialogues, em Mafra, no distrito de Lisboa.
Para o Presidente timorense, “exigir que a Rússia abandone a Crimeia e outros territórios ocupados não é viável”, não acreditando que isso vá acontecer, “a não ser com a derrota parcial ou total da Rússia”.
O também Prémio Nobel da Paz 1996 incitou países como “Brasil, Índia, Indonésia, Turquia, África do Sul, China a falar com as duas partes, Ucrânia e Rússia”, privilegiando o diálogo e para pôr fim ao conflito.
“Era possível evitar o conflito na Ucrânia? Eu digo sempre que era possível”, reiterou.
José Ramos-Horta apontou “falhas na liderança” da Europa e dos Estados Unidos da América na gestão de problemas surgidos nas últimas décadas, após a queda do muro de Berlim, para justificar o conflito.
“Não houve qualquer gesto, nenhuma ação séria de prevenção do conflito e o resultado disso é que o mundo está profundamente dividido”, disse o Presidente timorense.
O Prémio Nobel da Paz 1996 alertou que “perigos sérios espreitam”, exemplificando as tensões na China, entre China e Taiwan, entre China e Índia, entre Paquistão e Índia, na Correia do Norte e em Mianmar, assim como na Síria, Iémen, Líbia, Mali e Sudão.
A ofensiva militar lançada em 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A Organização das Nações Unidas (ONU) apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.574 civis mortos e 14.441 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
FCC // LFS
Lusa/Fim
May be an image of 1 person and text that says "MAFRA DIALOGUES 2023 27 28 ABRIL Real Edifício de Mafra Diálogo Inter-religioso e Paz Global"
3 comments
Like

Comment
Send
Jan-Patrick Fischer

We are dealing with an aggressor who has long proclaimed his goal of recreating Russia within the borders of the Soviet Union. The West’s mistake was to suppress this with apeasment for too long. This should have ended in 2014 at the latest.
Anyone who believes that Putin could have been stopped with concessions afterwards has forgotten all the negotiations in which Ukraine’s neutrality was proposed.
It is sad to see JRH proposing the cession of Crimea and the Donbas to Russia. East Timor in particular should know what happens when the world community tolerates military annexations. In Ukraine, the West has not repeated the mistakes of 1975, but is helping the victim of the attack.
  • Like

  • Reply
  • 2 h
View more comments