Categoria: Timor

  • Roger East -ASSASSINADO PELOS INDONÉSIOS- ABC Staff Memorial – Australian Broadcasting Corporation

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    A tribute to journalist Roger East (1922-1975), a former ABC journalist working as a freelance reporter in East Timor, killed by Indonesian troops. Part of the ABC Staff Memorial website.

    Fonte: Roger East – ABC Staff Memorial – Australian Broadcasting Corporation

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  • East Timor: turning a blind eye to inconvenient truth

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    Why have those with the ultimate responsibility for the slaying of 1400 Timorese never been brought to justice?

    Fonte: East Timor: turning a blind eye to inconvenient truth

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  • a primeira entrevista a Mons Ximenes Belo foi minha (1989)

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    hoje acabo de (re) descobrir a gravação da minha primeira curta entrevista a Dom Carlos Ximenes Belo em Timor ocupado pela indonésia em 1989…

    a primeira entrevista que lhe fiz em 1989 para a Rádio Comercial, RDP, Lusa, TDM RTP (Macau), pensei que estava perdida mas recuperei a cassete… um documento histórico pelo seu significado

  • “Príncipes do Nada” – O ensino do Português em Timor-Leste (2006)

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    https://www.youtube.com/watch?v=_Kc2Q36zdc4

    Com a professora Rosa. Série : 1; Episódio : 7; Data da emissão : 2006; Direcção de Programas : Nuno Santos; Coordenação : Catarina Furtado e Ricardo Freitas…

  • Glossário: palavras timorenses

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    http://letratura.blogspot.pt/2007/02/glossrio-palavras-timorenses.html

    23.2.07

    Glossário: palavras timorenses

    Palavras timorenses no português
    Baiqueno m. Língua, falada principalmente na Província do Servião, a que os Holandeses chamaram timoreesch.
    Batanda f. Dança de Timor.
    Bataúda f. Batuque de Timor.
    Calado m. Dialecto falado nas montanhas vizinhas de Díli, em Timor.
    Carosol m. Arbusto amomáceo de Timor.
    Cascado m. Em Timor, doença da pele, peculiar aos indígenas.
    Champló m. Árvore de Timor.
    Coilão m. Pântano, paul; ribeiro que não chega às praias, escoando-se nas areias ou formando pântanos.
    Cole m. Em Timor, folha de palmeira, com que se fazem esteiras, cestos e sacos.
    Crubula f. Certa árvore de Timor.
    Dagadá m. Língua gentílica de Timor, falada nos reinos de Faturó e Sarau, na ex-parte portuguesa.
    Dasserai m. Axorcas que os Timorenses trazem nos artelhos.
    Dató m. Chefe de uma aldeia (suco) ou de uma reunião de aldeias em Timor, pertencente à primeira classe social, dita mesmo dos datós.
    Firaco m. Homem rude, montanhês, indígena do Leste do território.
    Gabuta f. Planta de Timor.
    Gonilha m. pl. Tabuões de bambu justapostos, com buracos redondos, que se colocavam nas pernas dos encarcerados.
    Hacpólique m. Nome que em Timor se dá à tanga usada pelos indígenas.
    Haiçá m. Árvore de Timor.
    Haissuaque m. Instrumento de madeira pontiagudo com que os Timorenses amanham e revolvem a terra, em vez de arado ou de enxada.
    Idate m. Um dos idiomas indígenas de Timor.
    Lacalei m. Um dos idiomas indígenas de Timor.
    Lamaquito m. Tribo indígena de Timor.│Indivíduo desta nação.
    Lamuca f. Em Timor, espécie de rola.
    Lantém m. Tarimba, mesa, estante ou banco de bambu ou hastes da palapa (espécie de palmeira da região), em Timor.
    Lepalepa f. Canoa de Timor, curta e larga.
    Liurai m. Em Timor, título do rei ou do régulo.
    Lorçá m. Hino guerreiro e patriótico, em Timor.
    Lorico m. Espécie de periquito de Timor.
    Mambai m. Idioma indígena de Timor.
    Manatuto m. Língua de Timor, na região do mesmo nome.
    Nauete m. Dialecto indígena de Timor.
    Naumique m. Um dos idiomas indígenas de Timor.
    Pagar m. Em Timor, o m. q. casa.
    Palapeira f. Bot. Árvore de Timor de cujas fibras as mulheres tecem panos.
    Parão m. Arma usada pelos Timores, espécie de foice roçadoura, com a ponta levemente curva.
    Parapa f. Bot. Certa árvore de Timor.
    Pardau m. Em Timor, medida de comprimento, apenas empregada na medição dos chifres dos búfalos.
    Posual m. Em Timor, lugar onde se guardam as coisas sagradas, louças, pedras, azagaias, amuletos, etc.
    Salenda f. Espécie de xaile das mulheres malaias e usado igualmente pelos homens em Timor.
    Suangue m. Nome que em Timor se dava ao feiticeiro.
    Tabedaí m. Dança timorense.
    Tais m. Pano de algodão com que os guerreiros de Timor cobrem o corpo, da cintura ao joelho.
    Tamugões m. pl. Segunda classe de indígenas de Timor.
    Tanleom m. Bot. Árvore de Timor, espécie de sândalo.
    Tarão m. O m. q. anileira, em Timor.
    Teto m. Uma das línguas faladas em Timor; o m. q. manatuto e tétum.
    Tétum m. O m. q. teto.
    Timungões ou tumungos m. pl. Classe dos chefes, espécie de baixa nobreza, de povoação em Timor.
    Uiamá ou uimaa m. Língua de Timor-Leste falada nas áreas administrativas de Atsabe, Calicai, Laleia, Venilale e Vila Salazar (Baucau).
    Valuiú f. Bot. Palmeira silvestre de Timor.

    [Glossário em construção: 50 entradas]

  • MORREU MÁRIO CARRASCALÃO – PERDEMOS UM GRANDE HOMEM

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    http://timoragora.blogspot.pt/2017/05/mario-carrascalao-faleceu-numa-rua-da.html?spref=fb

    Antonio Sampaio’s post.

    20 November 2015 ·
    ENTREVISTA Agência Lusa

    40 anos/Timor-Leste: Mário Carrascalão defende a sua ação de abertura de Timor durante mandato

    Díli, 20 nov (Lusa) – Mário Carrascalão considera que a sua pressão sobre a Indonésia para abrir Timor-Leste e a postura neutra que manteve enquanto governador, permitindo manter o cargo e ajudar muitos timorenses, contribuíram para a independência do país.
    “Enquanto estive aqui como governador não se pode dizer que estive do lado dos independentes ou dos integracionistas. Tive que me manter sempre neutro porque se fosse nitidamente pró independência já sabia de antemão que os indonésios me sacavam do lugar porque não permitiram que atuasse contra eles”, afirmou em entrevista à Lusa.
    “Pensei mais no futuro. O mundo não podia continuar a ignorar o que se passava em Timor. Pedi ao [ex-presidente indonésio] Suharto para abrir Timor”, afirmou o ex-governador, que esteve no cargo entre 1983 e 1992.
    O jornalista britânico que filmou em 1991 o massacre no cemitério de Santa Cruz, Max Stahl, “nunca teria entrado em Timor se eu não tivesse pedido ao Suharto para abrir Timor”, afirmou.
    Esse jogo de cintura foi possível porque conseguiu a confiança dos indonésios que, por seu lado, precisavam do governador para limpar a imagem dos seus antecessores, ferrenhos apoiantes da integração, apontou.
    “Criei uma imagem que favoreceu a Indonésia e o que eu pedia era aceite”, afirmou “A minha ação aqui em Timor é interpretada de uma forma. Lá fora fui sempre visto como um traidor, um colaborador de Suharto. Para alguns convinha criar o inimigo fictício. Mas aqui em Timor era um dos daqui e tudo fazia para poder salvar este ou aquele e para ajudar”, argumentou.
    Numa nota publicada na sua página na rede social Facebook em outubro, o ex-presidente da República, José Ramos-Horta, recorda o facto de Mário Carrascalão, ao contrário dos seus antecessores, não ter embolsado o equivalente a 30 mil dólares mensais que o Governo indonésio lhe atribuía.
    Em vez disso, “despendia todo esse valor mensal realmente ajudando os mais necessitados” e “nunca se deixou subornar por ninguém”, com os anos do seu mandato a serem os de “maior abertura do território ao exterior” e “de oportunidades para jovens timorenses irem estudar fora de Timor-Leste, em Jacarta e outras cidades indonésias”.
    “Salvou centenas de vidas, forçou a abertura de Timor-Leste ao mundo, conseguiu que milhares de jovens timorenses tivessem uma oportunidade única de se formarem. Mas talvez mais importante, conseguiu convencer o comando militar indonésio em Timor-Leste a dialogar com [o líder da resistência] Xanana”, disse Ramos-Horta.
    Mário Carrascalão diz que só mesmo na sua família sabia o que estava a fazer e que a sua chegada ao poder marcou o fim de dois mandatos de timorenses “que quando a Indonésia dizia ‘esfola’, eles diziam ‘mata’”.
    “Daí o facto de eu ter que aceitar o cargo. Sabia como lidar com os indonésios, conhecia as leis indonésias, sabia que as leis não mandavam matar e torturar. Sabia que para poder conseguir fazer algo em Timor tinha que ter boas relações com a Indonésia, com o Suharto inclusive, com o general Benny Moerdani”, chefe das Forças Armadas e ministro da Defesa da Indonésia nos anos 80.
    “Tinha que ser apoiado por eles para poder aqui virar-me contra os militares e levantar a minha voz contras eles e pode fazer qualquer coisa em defesa do povo de Timor”, afirmou.
    Carrascalão insiste que lutou diretamente contra Jakarta para defender a abertura e que isso foi essencial a todo o processo.
    “Foi quanto a mim a abertura de Timor que possibilitou a independência de Timor. Quer reconheçam quer não reconheçam. Eu dizia-lhes: mas vocês pensam que os timorenses são como cabritos, que vocês metem num curral, dão-lhes palha e nunca mais querem sair do curral? Estão muito enganados”, lembrou.
    “Acho que valeu a pena. Se eu não tivesse tomado a atitude que tomei, por exemplo, na formação de novos quadros para Timor, mesmo que as Nações Unidas dessem de bandeja a independência a Timor-Leste o que é que os líderes da resistência iam governar? Pedras e paus e bocados de calhau? Os sucessivos governos de Timor utilizaram os quadros que eu criei”, disse.
    Hoje, os timorenses que estavam em Timor na altura reconhecem esse papel, ainda que nem todos “os lá de fora” pensem assim, considerou.
    “Inclusive na minha família, havia pessoas que estavam reticentes, que pensaram duas vezes em utilizar o meu apelido para não serem confundidos com o Mário Carrascalão. Também houve disso”, reconheceu.

    ASP // APN
    Lusa/Fim

    Antonio Sampaio
    4 hrs ·
    Morreu o ex-vice-primeiro-ministro timorense Mário Carrascalão (ATUALIZADA)
    Díli, 19 mai (Lusa) – O ex-vice-primeiro-ministro de Timor-Leste, Mário Carrascalão, morreu hoje no Hospital Nacional Guido Valadares, em Díli, disse à Lusa um familiar.
    Mário Carrascalão, que foi governador durante a ocupação indonésia e vice-primeiro-ministro após a independência, faleceu um dia depois de ser galardoado com o Grande Colar da Ordem de Timor-Leste, a mais alta condecoração do país, entregue pelo chefe de Estado, Taur Matan Ruak.
    Indicações preliminares apontam que Mário Carrascalão terá sofrido um ataque cardíaco quando conduzia e viajava sozinho no seu carro privado, na zona do bairro do Farol, em Díli. O carro está ainda no local, tendo subido o passeio e embatido contra um poste, conforme constatou a Lusa.
    Desconhece-se se o acidente ocorreu antes ou depois do ataque cardíaco.
    Testemunhas relataram à Lusa que transeuntes transportaram Mário Carrascalão para o hospital, onde equipas médicas confirmaram o seu óbito.
    “Ainda ontem estivemos todos a jantar em família e ele estava muito bem-disposto, foi galardoado e estávamos a celebrar” disse a Lusa a irmã Ângela Carrascalão.
    Uma multidão começou já a juntar-se no espaço mortuário do Hospital Nacional Guido Valadares.
    ASP//ISG
    Lusa/fim

    Antonio Sampaio
    2 hrs ·
    PERFIL: Óbito/Mário Carrascalão: Defensor de consensos e diálogo
    Díli, 19 mai (Lusa) – Mário Carrascalão, que hoje morreu aos 80 anos em Díli, não suscitava avaliações consensuais entre os timorenses, mas trabalhou grande parte da vida pelos consensos, abrindo até a porta ao diálogo entre a resistência e os ocupantes indonésios.
    Líderes timorenses recordaram a voz de denúncia sobre a situação no território, mesmo enquanto Governador nomeado por Jacarta (1982 a 1992), e o papel interventivo que permitiu a primeira abertura de Timor-Leste, levando muitos timorenses a estudar em universidades indonésias.
    “Salvou centenas de vidas, forçou a abertura de Timor-Leste ao mundo, conseguiu que milhares de jovens timorenses tivessem uma oportunidade única de se formarem. Mas talvez mais importante, conseguiu convencer o comando militar Indonésio em Timor-Leste a dialogar com Xanana”, escreveu sobre si, em outubro de 2015, o ex-Presidente José Ramos-Horta.
    Vítima de um ataque cardíaco, Carrascalão morreu hoje em Díli, 24 horas depois de ter recebido das mãos do Presidente timorense, Taur Matan Ruak, a mais alta condecoração do Estado, o Grande Colar da Ordem de Timor-Leste.
    As imagens da entrega da condecoração dominam hoje as redes sociais em Timor-Leste, onde se sucedem os comentários de pêsames de familiares, amigos, dirigentes timorenses e cidadãos comuns, que ensombram os festejos do 15.º aniversário da restauração da independência, no sábado.
    Carrascalão, que nasceu em Venilale em 1937, dedicou, como muitos dos 11 irmãos, grande parte da vida à política timorense. Já depois da independência fundou o Partido Social Democrata timorense e chegou a ser vice-primeiro-ministro no IV Governo constitucional, liderado por Xanana Gusmão.
    Terceiro Governador nomeado pela Indonésia para Timor (de 18 de setembro de 1983 a 18 de setembro de 1992), recordou em entrevista à Lusa, em 2015, os encontros que manteve com Xanana Gusmão em Lariguto (1983) e Ariana (1990), abrindo a porta ao primeiro diálogo com a resistência.
    “Encontrei-me com ele enquanto comandante das Falintil [Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor-Leste]. Se se apresentasse como comandante da Fretilin [Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente] eu não me sentaria à mesma mesa. Senti que ele, nessa altura, também me representava e outros como eu. Quando conversava com Xanana Gusmão estava a conversar com alguém que era representante do braço armado do povo timorense, do qual a UDT [União Democrática Timorense] já fazia parte”, explicou.
    Carrascalão entrou tarde na escola e fez três anos num, sendo depois dos primeiros alunos do Liceu Dr. Francisco Machado, hoje uma das alas da Universidade Nacional Timor Lorosa’e. Terminou o 5.º ano e. porque em Timor não havia na altura como continuar o ensino, foi até Lisboa terminar o secundário, no Liceu Camões.
    Foi dispensado do exame de aptidão e entrou diretamente no Instituto Superior de Agronomia onde se formou em silvicultura, terminando o curso com 19,5 valores e uma tese que foi o primeiro estudo de sempre feito sobre o pinheiro manso português.
    Regressado a Timor-Leste, assumiu o cargo de chefe dos serviços de agricultura, funções que ocupava quando em 1974, juntamente com Domingos Oliveira, César Mouzinho, António Nascimento, Francisco Lopes da Cruz e Jacinto dos Reis, fundou a UDT.
    Depois do golpe da UDT, do contragolpe da Fretilin e da curta guerra civil, Carrascalão refugiou-se em Atambua, seguindo depois para Jacarta. Ingressou na diplomacia indonésia em 1977.
    Numa longa entrevista com a Lusa, em novembro de 2015, Mário Carrascalão lembrou esse período, e cconsiderou que a pressão sobre Suharto [Presidente da Indonésia entre 1967 e 1998] para abrir Timor-Leste e a postura neutra que manteve enquanto governador, permitindo manter o cargo e ajudar “muitos” timorenses, contribuíram para a independência do país.
    “Enquanto estive aqui como governador não se pode dizer que estive do lado dos independentes ou dos integracionistas. Tive que me manter sempre neutro porque se fosse nitidamente pró-independência já sabia de antemão que os indonésios me sacavam do lugar porque não permitiram que atuasse contra eles”, afirmou.
    “Pensei mais no futuro. O mundo não podia continuar a ignorar o que se passava em Timor. Pedi a Suharto para abrir Timor. Max Stahl nunca teria entrado em Timor se eu não tivesse pedido ao Suharto para abrir” o território, disse.
    Um jogo de cintura que foi possível porque conseguiu a confiança dos indonésios, que precisavam do governador para limpar a imagem dos antecessores, ferranhos apoiantes da integração.
    “Criei uma imagem que favoreceu a Indonésia e o que eu pedia era aceite”, disse.
    Esta sua postura e o cargo que ocupava, não lhe mereceram louvores de todos e para muitos timorenses, como o próprio admitiu, era visto como traidor, colaborador do regime ocupante.
    “A minha ação aqui em Timor é interpretada de uma forma. Lá fora fui sempre visto como um traidor, um colaborador de Suharto. Para alguns convinha criar o inimigo fictício. Mas aqui em Timor era um dos daqui e tudo fazia para poder salvar este ou aquele e para ajudar”, disse Carrascalão sobre esse período.
    Mário Carrascalão afirmou que só mesmo na sua família sabiam o que estava a fazer e que os timorenses que estavam em Timor na altura reconheceram esse papel, ainda que nem todos “os lá de fora” pensem assim.
    “Inclusive na minha família havia pessoas que estavam reticentes, que pensaram duas vezes em utilizar o meu apelido para não ser confundidos com o Mário Carrascalão. Também houve disso”, admitiu.
    O velório de Mário Carrascalão realiza-se durante o dia, em Díli, não sendo ainda conhecidos pormenores sobre o funeral.
    ASP // EJ
    Lusa/Fim
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  • Ocupação humana em Ataúro data de há pelo menos 18 mil anos

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    http://noticias.sapo.tl/portugues/info/artigo/1502551.html

    Ocupação humana em Ataúro data de há pelo menos 18 mil anos – arqueólogo

    24 de Abril de 2017, 19:40

    Equipas de arqueólogos detetaram vestígios que comprovam a ocupação humana há pelo menos 18 mil anos na ilha timorense de Ataúro, a norte de Díli, com gravuras rupestres que podem datar de há cerca de 8.000 anos.


    Ilha de Atauro. Foto@ António Cotrim/EPA

    As investigações foram conduzidas por uma equipa de arqueólogos franceses liderada por Jean-Christophe Galipaud, que começou recentemente a publicar alguns dos resultados de estudos conduzidos nos últimos anos em vários pontos de Timor-Leste.

    Galipaud, que começou a residir a longo prazo em Timor-Leste desde 2013 – país que visitou pela primeira vez em 2011 -, é um arqueólogo que nos últimos 35 anos se especializou em trabalhos de investigação no Pacífico e no Sudeste Asiático.

    Depois de três anos de investigação, Galipaud identificou quatro locais de grande significado arqueológico, dois na região de Balibó, próximo da fronteira com a Indonésia e dois na ilha de Ataúro, a cerca de 30 quilómetros a norte de Díli.

    Em Arlo, no centro de Ataúro, o arqueólogo e a sua equipa encontraram vestígios importantes de aldeias habitadas entre 2.500 e 3.000 anos atrás e em Atekru, na costa do sudoeste da ilha, encontraram-se vestígios de gravuras rupestres que podem datar de há cerca de 8.000 anos.

    Na mesma caverna em Atekru, Galipaud diz ter encontrado vestígios de ocupação humana datada de há mais de 18 mil anos atrás, a datação mais antiga comprovada até hoje em Ataúro.

    Recorde-se que os estudos conduzidos em Timor-Leste nos últimos 15 anos permitiram corrigir significativamente as estimativas anteriores sobre a colonização humana da ilha, com as datações arqueológicas mais antigas a serem de 42 mil anos.

    Arte rupestre, alguns objetos e outros elementos orgânicos (como conchas em cavernas) são alguns dos vestígios que ajudaram a contextualizar a datação.

    O interesse do arqueólogo em estudar este período em Timor-Leste deve-se não só para explicar algo do passado do país mas também porque ajuda a perceber melhor o que ocorreu no Pacífico.

    “Sabemos que chegaram novas populações à região, austronésios, oriundos de Taiwan, que se espalharam pelo sudeste asiático. A maioria das línguas faladas nestas ilhas, incluindo Timor, são da família austronésia”, recordou.

    “O sudeste asiático, as ilhas desta região, são um local muito especial que viu desenvolvimento muito original em termos de culturas e influência. Quando se trabalha no pacífico não podes não ter interesse na história do sudeste asiático”, recordou.

    Se alguma da arte rupestre lida com representações ou imagens nem sempre reconhecíveis, a arte rupestre encontrada em Ataúro é “especialmente interessante” porque mostra “representações vividas de animais, como crocodilos ou mamíferos marinhos” de vários tipos.

    “Num dos painéis nessa gruta podemos ver algo que pode representar uma caça de baleias ou a caça de um qualquer mamífero marinho. Este tipo de gravuras são muito raras e não se encontram entre outros exemplos de arte rupestre de Timor-Leste”, explicou.

    Galipaud considera Timor-Leste “arqueologicamente rico” mas refere que esta é uma ilha que coloca desafios aos arqueólogos.

    “Encontrar locais com 3.000 anos torna-se difícil porque nesse período muitas comunidades já viviam perto do mar, o que torna as zonas que habitavam mais difíceis de detetar devido à erosão que ocorreu”, explicou.

    Os trabalhos de Galipaud, como de outras equipas de arqueólogos que têm sido realizados em Timor-Leste têm contado com o apoio e colaboração da Secretaria de Estado da Cultura e suscitado amplo interesse entre as comunidades locais.

    “Há sempre algumas expetativas e muita curiosidade. Depois, quando começamos a trabalhar, as pessoas começam a perceber o que procuramos, como se desenvolve o trabalho do arqueólogo”, explicou.

    “É um processo moroso, encontrar os locais, procurar com guias locais, escavar nas zonas potenciais. Nesta fase tento sempre envolver os habitantes locais porque posso explicar o significado das pequenas coisas que encontramos: o carvão, os instrumentos, algumas estruturas, ou ossos de animais que já não existem”, referiu.

    Galipaud continuará ligado a Timor-Leste: tem previstas visitas regulares para continuar a investigação e agora um leque amplo de estudos para publicar.

    com Lusa