Categoria: Timor

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    Associação quer Governo e sociedade civil a resolverem a questão do fluxo de timorenses
    Lisboa, 25 out 2022 (Lusa) – A Associação Renovar a Mouraria defendeu hoje a criação de um grupo de trabalho que envolva instituições governamentais e organizações da sociedade civil para responder à “situação de emergência social” causada pelo recente fluxo migratório de timorenses para Portugal.
    “Consideramos essencial a elaboração de um grupo de trabalho que inclua não só as instituições governamentais, mas também as organizações da sociedade civil que acompanham de perto e diariamente as pessoas nos seus territórios de intervenção”, sublinha a associação num comunicado hoje divulgado.
    A Renovar a Mouraria tem prestado apoio a dezenas de timorenses que se encontram em Lisboa em situação de sem-abrigo.
    No comunicado, a associação defende também que o grupo seja “transparente quanto à sua composição e atuação, bem como tenha uma visão de médio e longo prazo” quanto ao trabalho a desenvolver com os imigrantes de Timor-Leste.
    “Esta construção de um plano de ação estruturado, articulado e transparente será essencial para o acolhimento digno dos timorenses no nosso país”, acrescenta.
    Em declarações à agência Lusa, Rita Madeira, da Renovar a Mouraria lamentou que não exista um “plano coordenado de médio e longo prazo para acolher” aqueles imigrantes e frisou a importância de se trabalhar nesse plano para se fazer face ao “fluxo migratório que já se percebeu que vai continuar”.
    “Estamos a atuar para dar ajuda de forma pontual e emergencial e de curto prazo. Um plano de médio e longo prazo para este fluxo migratório é necessário”, sublinhou.
    Fazendo um retrato dos timorenses que têm aparecido nos últimos meses em Lisboa, vítimas de redes de tráfico humano, que os atraem com a promessa de trabalho, Rita Madeira disse que são sobretudo rapazes, jovens, entre os 20 e os 25 anos e que se concentram no eixo Martim Moniz/Baixa-Chiado/Intendente.
    Apesar de ser uma população com alguma rotatividade, a dirigente associativa afirmou que têm sido em média 50 os imigrantes timorenses que estão nas ruas de Lisboa.
    Alguns vêm com o objetivo de entrar no Reino Unido, mas a “questão do Brexit impossibilita esse fluxo”, o que estes imigrantes desconheciam, afirmou.
    Afastada está a possibilidade de regresso a Timor-Leste porque, apesar de tudo, “veem Portugal e a Europa como forma de encontrarem melhores condições socioeconómicas”, explicou.
    “A maior parte não quer regressar a Timor. Há um contexto sócio-económico bastante complicado para os jovens timorenses lá”, afirmou Rita Madeira, acrescentando que, além disso, há a questão de terem contraído “dívidas altíssimas em Timor, algumas com juros muito elevados” para virem para Portugal, por isso, “o regresso a Timor é uma questão sensível”.
    “Apesar de estarem nesta situação, sentimos que há uma esperança de que, ainda assim, consigam encontrar uma situação melhor”, acrescentou.
    Com a ajuda de intérpretes voluntários de Tétum, a Renovar a Mouraria tem prestado apoio a estes jovens no sentido de lhes dar agasalhos, mantas, sacos-cama e roupa, “necessidades que eles identificaram porque estão a passar frio”.
    A Renovar a Mouraria trabalha com a Refood e com carrinhas que distribuem refeições pelos sem-abrigo.
    Através do CLAIM Mouraria – Centro Local de Apoio à Integração Migrante tratam das questões mais burocráticas, como apoio à verificação de documentos, informação sobre os seus direitos, identificação de necessidade de inserção no mercado de trabalho.
    “Vamos criar em breve novas turmas de ensino de português”, referiu Rita Madeira.
    A dirigente associativa disse ainda que a Renovar a Mouraria tem feito uma tentativa de articulação com outros serviços públicos, como a Câmara Municipal de Lisboa, mas não tem recebido resposta.
    Nesse sentido, Rita Moreira lamentou que não haja “transparência”, nem uma “resposta coordenada”.
    “A nível de coordenação e transparência temos sentido essa lacuna”, afirmou à Lusa.
    Por estar ciente de que a sua “capacidade de intervenção é limitada, quer geograficamente, quer a nível de recursos”, é que a Renovar a Mouraria quer cooperar com entidades competentes.
    “Um plano de ação estruturado, articulado e transparente será essencial para o acolhimento digno dos timorenses no nosso país”, defende a associação no comunicado.
    “A par com ele, devem aprofundar-se as investigações e o desmantelamento das redes de imigração ilegal e tráfico humano que beneficiam com a violação de Direitos Humanos destas pessoas, assim como se deve refletir sobre uma forma ética e responsável de dignificar fluxos migratórios e políticas de acolhimento através de acordos, neste caso, entre o Estado Português e o Estado Timorense”, acrescenta.
    MCL/GYM // VAM
    Lusa/Fim
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  • MAX STAHL MORREU HÁ UM ANO

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    Max Stahl morreu há exatamente um ano. Este foi o texto que escrevi e com honra li no dia do seu funeral no Cemitério de Santa Cruz
    Serve hoje como memória. Abraços Max. Onde quer que estejas
    TETUM NO FINAL
    MAX STAHL Biografia
    Por António Sampaio
    Timor-Leste homenageia hoje um homem maior, um jornalista, um humanista, um pilar de determinação que num dos momentos mais difíceis da história do país, e com a sua câmara e a sua coragem mostrou ao mundo o drama da ocupação indonésia.
    E como os homens maiores e os heróis verdadeiros, a sua aclamação não é apenas dos líderes nacionais, ou de personalidades relevantes em vários países. A sua aclamação é feita pela alma de todo o povo timorense que hoje, como o fez quando a sua morte foi conhecida a 28 de outubro, chora a perda de Max Stahl.
    O jornalista e realizador morreu praticamente 30 anos depois de recolher aqui, em Santa Cruz, as imagens do massacre que contribuiriam para mudar para sempre o percurso da luta pela independência do país. Por triste coincidência, faleceu no mesmo dia em que morreu, em 1991, Sebastião Gomes, o jovem que veio a enterrar em Santa Cruz e cuja morte suscitou o protesto que acabaria por terminar no agora conhecido Massacre de Santa Cruz.
    As suas cinzas vão ficar aqui, neste local de tragédia, mas que foi também de esperança, no fecho de um ciclo, continuando vivo nos corações e mentes de muitos, e vincadamente na história de Timor-Leste.
    Nascido a 06 de dezembro de 1954 no Reino Unido e cidadão timorense desde 2019, o jornalista regressa para perto das campas onde, escondido, filmou o massacre. Condecorado com o Colar da Ordem de Timor-Leste, a mais alta condecoração dada a cidadãos estrangeiros no país, com o Prémio Rory Peck e vários outros galardões, Max Stahl deixa como legado um dos principais arquivos de imagens dos últimos anos da ocupação indonésia do país e do período imediatamente antes e depois do referendo de independência.
    O Centro Audiovisual Max Stahl em Timor-Leste (CAMSTL) contém milhares de horas de vídeo, incluindo entrevistas alargadas com os principais atores da luta timorense pela independência. Stahl criou o arquivo para, nas suas palavras, contar a história do nascimento da nação, incluindo imagens históricas e material filmado. Já foi reconhecido pela UNESCO como Registo da Memória do Mundo.
    Descendente de uma família de diplomatas, repórter de guerra – chegou a ser ferido nos Balcãs – Max estudou literatura na Universidade de Oxford e era um poliglota, dominando várias línguas, incluindo as duas oficiais de Timor-Leste, o português e o tétum.
    Ainda antes de adotar o nome com que hoje todos hoje o conhecem, Christopher Wenner chegou mesmo a apresentar um programa de televisão para crianças, o Blue Peter da BBC, na altura o mais famoso dos programas infantis.
    Mas foi em campos de batalha, em palcos de caos e de drama humano que o maior contributo de Stahl, o seu legado, se construiu. Ajudando a mostrar ao mundo conflitos ou dramas esquecidos e longe dos olhares da comunidade internacional. As primeiras reportagens vieram da sua experiência de vida, no estrangeiro, com a família, em concreto em El Salvador (onde o pai era embaixador) e de onde enviou reportagens durante a guerra civil entre 1979 e 1992.
    Entre outros conflitos acompanhou os da Geórgia, do Kosovo e da Chechnya e, a partir de 30 de agosto 1991, de Timor-Leste, onde chegou, como “turista”, a convite de quadros da resistência. Fazia parte de uma equipa de reportagem da televisão britânica, ‘escondida’ como turistas para não revelar o seu verdadeiro objetivo: documentar a ocupação indonésia. Ao longo da sua longa ligação a Timor-Leste, onde vivia até ter que viajar para a Austrália para tratamento médico, entrevistou algum dos líderes históricos da resistência como Nino Konis Santana, David Alex e outros.
    Seria Santa Cruz, e o massacre de 12 de novembro de 1991 que tornaria o nome de Max Stahl conhecido internacionalmente, com as imagens a serem das primeiras a atestar a barbárie da ocupação indonésia.
    Em Portugal as imagens acabaram por ter um impacto especial, tanto pela dureza da violência como pelo facto dos sobreviventes se terem reunido na pequena capela de Santa Cruz a rezar, em português, enquanto se ouviam as balas dos militares e policias indonésios. Regressaria ao país alguns anos depois, para recolher mais entrevistas.
    O referendo de 1999 levou Max Stahl a regressar a Timor-Leste, onde acompanhou quer a violência antes do referendo quer depois do anúncio da vitória da independência, tendo acompanhado famílias em fuga para as montanhas.
    Max Stahl é sobrevivido pela sua mulher, Ingrid, pelos dois filhos do casal, Leo e Malin, e por dois filhos, mais velhos, do primeiro casamento, Ben e Barnaby.
    E será lembrado por todos os outros irmãos timorenses que hoje o abraçam e homenageiam, honrando a memória de quem dedicou uma parte importante da sua vida ao país onde não nasceu, mas que para sempre será seu.
    FIM
    MAX STAHL
    Biografia
    Husi António Sampaio
    Ohin Timor-Leste fó omenajen ema boot ida, jornalista, umanista, pilar determinasaun ida iha momentu difisil liu iha istória país nian, no ho nia kámara no nia aten-barani hatudu ba mundu susar husi okupasaun indonézia nian.
    No hanesan ema boot no asua’in, nia rekoñesimentu mai, la’ós de’it husi lider nasionál sira, ka personalidade relevante sira iha nasaun oioin. Ninia rekoñesimentu mai husi timor nia povu, timor nia klamar, ne’ebé ohin tanis, hanesan tanis iha loron 28 outubru bainhira rona katak lakon ona Max Stahl.
    Jornalista no realizadór nia mate besik tinan 30 hafoin grava iha Santa Cruz, imajen sira husi masakre no imajen sira ne’e kontribui atu muda dalan husi luta ukun rasik-an Timor nian. Koinsidénsia triste ida halo nia loron mate monu ba loron ne’ebé, iha tinan 1991, Sebastião Gomes mate. Sebastião Gomes, foin-sa’e ne’ebé hakoi iha Santa Cruz no nia mate hamosu protestu ne’ebé mak halo akontese Masakre Santa Cruz.
    Ninia ahi-kadesan sira sei hela iha ne’e, iha fatin husi trajédia, maibé mós fatin esperansa, hodi taka siklu ida, hodi kontinua moris iha fuan no hanoin husi ema barak, no mós iha istória Timor-Leste nian.
    Moris iha loron 06 fulan-dezembru tinan 1954 iha Reinu Unidu no sidadaun timoroan desde tinan 2019, jornalista ne’e fila hikas ba besik rate, iha ne’ebé nia subar atu halo filmajen ba masakre. Nia hetan kondekorasaun ho Kolár Orden Timor-Leste nian, kondekorasaun ne’ebé boot liu ne’ebé fó ba sidadaun estranjeiru sira iha país, ho Prémiu Rory Pekin no kondekorasaun oioin. Max Stahl husik hela arkivu prinsipál sira ho imajen sira husi tinan hirak ikus okupasaun indonézia nian no períodu molok kedas no hafoin referendu independénsia nian.
    Sentru Audiovizuál Max Stahl iha Timor-Leste (CAMSTL) iha vídeo oras rihun ba rihun, inklui entrevista luan ho atór prinsipál sira husi luta ba ukun rasik-an. Stahl kria arkivu ne’e atu, tuir ninia liafuan, konta istória moris nasaun nian, inklui imajen istórika no filmajen sira. Hetan ona rekoñesimentu husi UNESCO hanesan Rejistu ba Memória Mundu nian.
    Mai husi família husi diplomata sira, nia sai jornalista funu – no hetan kanek iha Balcãs – no estuda literatura iha Universidade Oxford. Nia hanesan poliglota, ne’ebé ko’alia lian oioin, inklui mós lian ofisiál rua Timor-Leste nian, Portugés no Tetun.
    Molok uza naran ne’ebé ohin ita hatene, Christopher Wenner sai aprezentadór ba programa televizaun ba labarik, Blue Peter husi BBC, ne’ebé programa labarik famozu liu iha tempu ne’eba.
    Maibé nia kontribuisaun boot, nia eransa mai husi funu, iha fatin ne’ebé nakonu ho drama no terus. Nia ajuda hatudu ba mundu funu ka drama ne’ebé mundu no komunidade internasionál haluha ka la hatene. Ninia reportajen dahuluk, husi funu sivíl entre 1979 no 1992, mai husi nia esperiénsia moris, iha rai liur, ho nia família, iha El Salvador (iha ne’ebé nia aman servisu nu’udar embaixadór).
    Nia akompaña funu sira hanesan Geórgia, Kosovo, Chechnya no hahú iha 30 agostu 1991, Timor-Leste. Nia tama hanesan “turista”, tuir konvite husi rezisténsia. Nia hola parte iha ekipa reportajen husi televizaun Inglaterra nian ne’ebé subar nu’udar turista hodi ema la hatene sira nia objetivu loloos: atu hato’o kona ba okupasaun indonézia. Durante nia ligasaun kleur ba Timor-Leste. iha ne’ebé nia hela to’o nia ba Austrália halo tratamentu médiku, nia halo entrevista ba lider istóriku balu husi rezisténsia hanesan Nino Konis Santa, David Alex no seluk tan.
    Santa Cruz, no masakre 12 novembru 1991 mak halo naran Max Stahl sai koñesidu iha mundu bainhira imajen sira ne’ebé nia foti sai primeira vés bele hatudu ba mundu terus no barbarie husi okupasaun indonézia.
    Iha Portugal imajen sira iha impaktu espesiál, tanba violénsia no tanba sobrevivente sira halibur malu iha kapela ki’ik husi Santa Cruz no reza iha lian portugés, bainhira rona militár no polísia indonéziu nia bala sira. Nia tama fali iha Timor tinan balu tuir mai hodi foti entrevista tan.
    Referendu husi 1999 halo Max Stahl fila mai Timor-Leste, no nia akompaña violénsia molok referendu no liu anúnsiu husi vitória independénsia, no nia akompaña ema ne’ebé hala’o ba foho.
    Max Stahl husi hela nia fen, Ingrid, no sira nia oan rua, Leo no Malin, no oan rua tan husi nia kaben uluk, Ben no Barnaby.
    No nia memória hela iha ne’e, ho nia maun alin timor oan sira ne’ebé ohin hakohak nia no fó omenajen ba nia, nu’udar onra ba memória husi ema ne’ebé dedika parte importante husi nia moris ba país ne’ebé la’ós nia país moris. Maibé Timor-Leste ninian nafatin.
    TERMINA
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  • TIMOR HAU NIAN DOBEN: SEF reforça controlo de voos em Lisboa para combater imigração ilegal de timorenses

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    TIMOR HAU NIAN DOBEN – Blogue timorense com informações e notícias atualizadas diariamente, em Português, Tétum e Inglês.

    Source: TIMOR HAU NIAN DOBEN: SEF reforça controlo de voos em Lisboa para combater imigração ilegal de timorenses

  • Detido em Timor-Leste suspeito de ligação a caso de migrantes em Portugal – Renascença

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    Detenção no âmbito de operação mais ampla de investigação a empresas ou indivíduos ligados a redes de tráfico humano envolvidas no envio de trabalhadores timorenses para Portugal.

    Source: Detido em Timor-Leste suspeito de ligação a caso de migrantes em Portugal – Renascença

  • timorenses a registar na embaixada precisam destes documentos

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    só falta pedirem certidão de batismo,…não falta mais nenhum????

     

    No photo description available.

  • Visão | Agostinho e Norberto deram a volta ao mundo em busca de trabalho mas acabaram a dormir na calçada fria de Lisboa

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    Agostinho e Norberto têm pouco mais de 20 anos, saíram de Timor-Leste rumo a Portugal, deixando as famílias do outro lado do mundo, para procurar uma vida melhor, mas só conhecem o frio das ruas de Lisboa

    Source: Visão | Agostinho e Norberto deram a volta ao mundo em busca de trabalho mas acabaram a dormir na calçada fria de Lisboa

  • Paedophile priest faces five-year foreign travel ban after finishing prison sentence for abusing boys in his care | Yorkshire Post

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    A Catholic priest serving a jail sentence for abusing boys in his care must serve a five-year foreign travel ban after being released from custody.

    Source: Paedophile priest faces five-year foreign travel ban after finishing prison sentence for abusing boys in his care | Yorkshire Post

  • RU DEVOLVE TIMORENSES A PORTUGAL

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    Joao Paulo Esperanca added a new photo.

    «Mais de 440 timorenses rejeitados pelo Reino Unido devolvidos a Portugal
    Lusa – Ontem às 20:56
    O Reino Unido classificou de “inadmissíveis” 443 timorenses que tentaram nos últimos meses entrar através de Portugal, para onde foram obrigados a regressar, engrossando o fluxo de entradas e saídas destes cidadãos, segundo o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras
    Fonte oficial do SEF indicou à agência Lusa que este organismo está a acompanhar “o aumento significativo do fluxo de entradas e saídas de cidadãos timorenses do território nacional, por via aérea”.
    Desde março e até 11 de outubro, entraram em Portugal 4.721 timorenses e saíram 4.406. No mesmo período, regressaram a Portugal oriundos do Reino Unido 443 timorenses, considerados “inadmissíveis” por não disporem de documentos, nomeadamente visto, do qual não precisam para entrar em Portugal.
    A falta de trabalho em Timor-Leste está a provocar um êxodo de trabalhadores jovens, com Portugal a tornar-se um dos principais destinos, com muitos a aproveitarem-se de condições de entrada mais fáceis do que outros países.
    Uma procura que está a levar ao aparecimento de agências e de anúncios a tentar enganar jovens timorenses, a quem são cobradas quantias avultadas com a promessa de trabalho ou vistos.
    Segundo o SEF avançou à Lusa, este serviço de segurança participou 11 situações por indícios de auxílio à imigração ilegal e de tráfico de pessoas ao Ministério Público, que é responsável pela ação penal e a direção da investigação criminal.
    Muitos timorenses que decidem migrar acabam por ser enganados, sendo depois deixados praticamente ao abandono nos países de acolhimento, incluindo Portugal. As situações mais dramáticas vivem-se em Lisboa e em Serpa, com muitos timorenses na rua e outros a viver em grupo em instalações temporárias.
    As famílias acabam igualmente por ficar com pesadas dívidas às costas, com empréstimos ilegais concedidos com juros elevadíssimos.
    Perante esta situação, o Governo de Timor-Leste aprovou hoje um diploma com medidas para tentar agilizar ações de proteção de cidadãos timorenses no estrangeiro, no quadro de crescentes preocupações com emigrantes enganados por redes de tráfico humano.
    Na segunda-feira, o Presidente da República timorense pediu “medidas radicais de detenção” e punições severas para qualquer pessoa envolvida nas redes de tráfico humano que exploraram milhares de trabalhadores de Timor-Leste, atualmente em Portugal.
    “Do lado de Timor-Leste, em Timor-Leste, é necessário que as nossas autoridades policiais e judiciais tomem medidas radicais de detenção de todo e qualquer indivíduo ou empresa envolvida nesta rede de tráfico humano. Isto é um crime de tráfico humano”, disse José Ramos-Horta, em entrevista à Lusa.
    Em Portugal, a ministra-adjunta e dos Assuntos Parlamentares revelou no Parlamento, a 21 de setembro, que o Alto-Comissariado para as Migrações (ACM) identificou 664 cidadãos timorenses a viver em Portugal, maioritariamente homens, desde que em julho foram encontrados 76 a dormir na rua, em Lisboa, tendo sido já realojadas 370 pessoas.
    Na altura, Ana Catarina Mendes admitiu que este número peca por defeito, afirmando mesmo que “não são centenas de cidadãos de Timor, são mais”, e que o número possa chegar aos mil.
    Questionado pela Lusa, o Observatório do Tráfico de Seres Humanos referiu que este organismo está a acompanhar “possíveis situações de tráfico entre cidadãos oriundos de Timor Leste”, assim como outras entidades com intervenção nesta matéria, como os órgãos de polícia criminal e o relator nacional.
    O Observatório integra o Grupo de Trabalho Timor, coordenado pelo gabinete da Secretária de Estado da Igualdade e Migrações.
    Ainda de acordo com o SEF, estão a ser realizadas, em articulação com a Embaixada da República Democrática de Timor Leste, ações de prevenção dirigidas a cidadãos timorenses recém-chegados a Portugal para os sensibilizar sobre os riscos de exploração de que podem ser vítimas.
    A Lusa pediu, há um mês, uma entrevista à embaixadora de Timor-Leste em Portugal, não tendo ainda obtido qualquer resposta a esta solicitação.»
    Pode ser uma imagem de texto que diz "ASSINAR amp.expresso.pt/ Expresso SOCIEDADE Mais de 440 timorenses rejeitados pelo Reino Unido devolvidos a Portugal Ο Reino Unido classificou de "inadmissíveis" 443 timorenses que tentaram nos últimos meses entrar através de Portugal, para onde foram obrigados a regressar, engrossando o fluxo de entradas e saídas destes cidadãos, segundo o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras"
    Rosa Horta Carrascalao and 7 others
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    • José Ascenso

      Isso, já os ingleses vinham fazendo nos últimos anos.
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      MC D’Oliveira

      Jornalistas sem informação completa.
      No mesmo espaço de tempo, quantos Brasileiros foram mandados de volta?
  • timorense à deriva em lisboa

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    Timorenses sem tecto, à deriva em Lisboa, vítimas de redes de tráfico humano
    A vagar pelo coração histórico da capital, são vítimas de redes de tráfico de seres humanos. Gente que abusou da confiança deles e que os largou no desconhecido.
    19 October 2022
    By Francisco Sena Santos
    Source: SBS
    Nestes últimos três meses, chegaram a Portugal mais de três mil migrantes timorenses. A maior parte, confiou em empresários, eles dizem que paquistaneses e indianos, que lhes prometiam o que, obviamente, é a ambição de uma vida melhor. Mas o que estão a encontrar é frustração, incerteza, angústia.
    O trabalho muito precário que começaram por encontrar ao chegar, desapareceu.
    Era trabalho temporário em campos do Alentejo, do Ribatejo e da Beira Interior. Era trabalho típico de verão, apanha de fruta. O verão acabou no final de setembro e com o fim do verão também o fim das campanhas agrícolas. E eles ficaram à deriva.
    Enquanto ainda tiveram trabalho, foram explorados.
    São de poucas falas, sente-se que por um lado têm medo de falar, por outro lidam mal com a fala em português.
    Um deles acaba por contar o que lhes pagaram por um mês de trabalho, de manhã à noite.
    Recebiam escassos 200 euros por mês, o que é menos de um terço do salário mínimo nacional. Viviam em condições indignas: em camaratas em armazéns, sem condições mínimas de higiene e privacidade.
    Alguns contam que nem chegaram a receber o pagamento de um mês porque os intermediários, eles dizem que indianos e paquistaneses, lhes disseram que esse dinheiro era preciso para tratar os documentos da legalização deles em Portugal.
    Os documentos nunca apareceram e eles ficaram sem aquele muito escasso dinheiro ganho com o trabalho deles.
    É de notar que, para entrar em Portugal os cidadãos timorenses não necessitam de visto, apenas precisam de indicar ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras um local onde vão ficar alojados e devem mostrar que têm algum dinheiro para sobreviver. A lei portuguesa de imigração permite-lhes arranjar trabalho e encetar o processo de legalização em território nacional.
    A realidade, agora, é que não têm trabalho, nem dinheiro, nem onde dormir. Vivem agarrados ao telemóvel e com medo de esgotarem o cartão para comunicar.
    Sem trabalho no campo, viajaram para Lisboa.
    Toda a gente que passa pela Baixa, o centro da cidade de Lisboa repara neles, em grupo, à deriva.
    Na tarde desta terça-feira estavam mais de 300 no eixo com uns 500 metros que envolve o Martim Moniz, a Mouraria e o Intendente. É uma zona muito frequentada por migrantes asiáticos.
    É o coração histórico da cidade de Lisboa, logo ao lado da grande praça do Rossio.
    Alguns abrigam-se à noite nas arcadas do Teatro Nacional, nesta praça. Também há os que se encostam às igrejas de São Domingos e de São Nicolau, na mesma zona.
    Outros percorrem mais uns 200 metros e pernoitam apoiados por caixas de cartão sob as arcadas da praça do Terreiro do Paço.
    Estes grupos são apenas uma pequena parte dos mais de 3.000 migrantes timorenses chegados a Portugal desde julho.
    Têm quase todos entre 18 e 30 anos. Vieram com a aspiração de encontrar um futuro e de poder ajudar a família que continua pobre em Timor.
    Tornaram-se um caso social que está a ser acompanhado pelo governo, por organizações de apoio social, várias ligadas à igreja católica, e pelo município de Lisboa.
    Para gerir este fluxo imprevisto de timorenses, o governo português criou um grupo de coordenação que inclui representantes de oito ministérios, forças de segurança e entidades públicas nas áreas da segurança social, habitação, emprego e finanças.
    Equipas de intervenção social estão a acompanhar estes timorenses a quem está a ser dada informação sobre direitos. Ao mesmo tempo está a ser promovido o acompanhamento nas transferências para alojamento digno – mas eles não querem ficar separados uns dos outros, o que complica alojá-los em Lisboa.
    Está a ser garantido apoio alimentar, apoio na questão da documentação que têm ou que precisam, e também encaminhamento para ofertas de trabalho de preferência acompanhadas de alojamento associado.
    Ao mesmo tempo, estas equipas de acompanhamento estão a tentar saber onde estão os outros timorenses que também chegaram nestas últimas semanas e que não se sabe onde estarão.
    Há a noção de que todos são vítimas de redes de tráfico de seres humanos. Gente que abusou da confiança deles e que os largou no desconhecido.
    A polícia está a trabalhar para desmantelar estas redes de tráfico humano que largaram em Portugal estes tantos timorenses.
    Um facto a registar: a grande solidariedade humana. Muita gente em Lisboa tenta transmitir-lhes carinho e alguma forma de apoio. Ainda que nalguns casos, com pudor – para que esse apoio não seja considerado intrusivo.
    Como comentava uma senhora voltada para um dos grupos no Martim Moniz: temos de saber ajudá-los e respeitá-los.
    Fim
    Oiça a notícia feita para a rádio SBS em Português no link abaixo:
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