Categoria: Timor

  • Teves’ bid for political asylum in East Timor denied | The Manila Times

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    TIMOR-Leste or East Timor has ‘denied’ Negros Oriental Rep. Arnolfo Teves’ application for political asylum, the Department of Foreign Affairs (DFA) said.

    Source: Teves’ bid for political asylum in East Timor denied | The Manila Times

  • deputado filipno pede asilo em timor

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    Filipinas anuncia que deputado suspenso está em Timor-Leste à procura de asilo
    Díli, 09 mai 2023 (Lusa) – O secretário da Justiça das Filipinas anunciou que um deputado suspenso de funções naquele país, e que as autoridades do país querem declarar terrorista, está em Timor-Leste à procura de asilo político, segundo a imprensa filipina.
    O portal Inquirer cita cartas entre responsáveis do setor judicial do país, e informação dada pela embaixadora das Filipinas em Díli, que indicam que Arnolfo Teves Jr. terá já apresentado o pedido de asilo às autoridades timorenses.
    Numa carta divulgada pelo jornal, Jesus Crispin Remulla, secretário da Justiça, refere-se a outra missiva do secretário dos Negócios Estrangeiros, Enrique Manalo, em que este comunica informação sobre a localização de Teves em Timor-Leste.
    “Escrevo em resposta à vossa carta de 29 de abril com informação confidencial do nosso embaixador em Timor-Leste, de que o deputado Arnolfo Teves está na capital Díli, onde solicitou o visto de proteção, com o objetivo de asilo”, refere Remulla, na carta.
    “Informo que o Departamento de Justiça deu passos concretos para designar o deputado Teves Jr. como terrorista, no âmbito da lei antiterrorismo”, refere.
    Remulla explica ter solicitado ao Conselho Antiterrorismo a criação de um grupo técnico de trabalho com o fim de formalizar essa designação e que o grupo já se reuniu no passado dia 04 de maio.
    “Solicita-se respeitosamente que estas últimas atualizações sejam feitas ao nosso embaixador em Timor-Leste”, disse Remulla.
    Fonte oficial da Embaixada das Filipinas em Díli escusou-se a fazer qualquer comentário sobre o caso, inclusive a confirmar se Teves Jr. está ou não em Timor-Leste.
    “Estamos à espera de instruções da nossa capital. É o único que posso dizer nesta altura”, afirmou a fonte.
    Não foi possível à Lusa obter qualquer comentário sobre o caso da parte do Ministério dos Negócios Estrangeiros timorense.
    Teves Jr., eleito para a Câmara dos Representantes desde 2016, tornou-se uma das vozes controversas da política filipina, tendo sido acusado de ser o mentor de Roel Degamo, governador da zona de Negros Oriental.
    Em 04 de março, depois de o Tribunal Supremo proclamar Roel Degamo como governador, numa eleição contestada contra o ex-governador e irmão de Teves, Pryde Henry Teves, Degamo foi assassinado em casa.
    Teves negou qualquer envolvimento na morte e tem criticado os seus opositores pelas acusações.
    O deputado foi de licença médica para os Estados Unidos em 28 de fevereiro, tendo em 15 de março solicitado uma licença de dois meses, citando o que considerou ser uma “ameaça muito grave” à sua vida e à sua família.
    Em 22 de março de 2023, a Câmara dos Representantes votou por unanimidade suspender Teves por não ter regressado ao país, apesar de ter uma autorização de viagem expirada, e cuja validade terminava em 09 de março.
    A suspensão dura 60 dias e é a segunda maior pena da Câmara, depois apenas da expulsão.
    Desconhece-se quando Teves terá chegado a Timor-Leste.
    ASP // VM
    Lusa/Fim
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  • ramos horta e asean

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    PR timorense admite alívio se a adesão à ASEAN demorar ainda dois ou três anos
    Díli, 09 mai 2023 (Lusa) – O Presidente timorense disse sentir-se “mais aliviado” se a adesão plena de Timor-Leste à ASEAN ainda demorar mais dois ou três anos, tendo em conta o que ainda é necessário fazer no país antes dessa formalidade.
    “Fui dos primeiros a fazer pressão e lóbi sobre líderes da ASEAN [Associação de Nações do Sudeste Asiático] relativamente à nossa adesão. Cheguei a dizer que parecia mais fácil chegar às portas do céu do que às portas da ASEAN”, afirmou José Ramos-Horta, nas cerimónias oficiais do Dia da Europa, realizadas hoje na residência do embaixador da União Europeia em Díli.
    “Mas agora, depois de vermos o roteiro, se eles decidirem que só podemos aderir [depois], eu ficarei mais aliviado. O roteiro que vi é o normal, mas coloca grandes pressões nos líderes e nas instituições timorenses e que temos que cumprir”, disse.
    O chefe de Estado falava na véspera de os Estados-membros da ASEAN aprovarem numa cimeira na Indonésia o roteiro da adesão que determinarão o que Timor-Leste ainda tem de fazer para cumprir os processos necessários a essa formalidade.
    Timor-Leste participa como observador na reunião, tal como o pode fazer em qualquer encontro da organização desde que a cimeira anterior, em 2022 no Camboja, aprovou o estatuto de observador para o país.
    Ainda assim Timor-Leste continua sem o poder de veto, talvez o mais simbólico da adesão plena a uma organização que baseia as suas decisões no consenso.
    Ramos-Horta recordou, porém, que Timor-Leste tem tido compromissos de apoio “de todos os países da ASEAN, de outros países como Portugal e a Austrália e da União Europeia”, que ajudam Timor-Leste “a fortalecer os recursos humanos e ser um membro produtivo da ASEAN”.
    A quase totalidade do corpo diplomático acreditado em Díli, vários membros do executivo e outras individualidades relevantes da sociedade timorense participaram na cerimónia de hoje, em que não esteve presente a embaixadora de Portugal, o único país europeu com embaixada em Díli.
    A Embaixada de Portugal em Díli organizou, para a mesma hora, outro evento paralelo de comemoração do Dia da Europa.
    No seu discurso, Ramos-Horta referiu-se à situação que se vive na Europa, na região e em Timor-Leste, manifestando “sentida apreciação” pelo apoio que o seu país tem recebido de várias nações europeias, individualmente, bem como de instituições da União Europeia.
    “Quero mostrar solidariedade relativamente aos desafios que vocês enfrentam, devido à pandemia que nos afetou a todos e, se isso não fosse suficiente, a guerra na Ucrânia, em solo europeu, mas com ramificações devastadoras em todo o mundo”, afirmou.
    Numa defesa do sistema democrático, e referindo-se também às conquistas dos europeus, o chefe de Estado agradeceu em particular o apoio no momento atual, particularmente “sensível” devido à campanha eleitoral em curso, mas que, disse, assenta numa defesa intransigente da democracia.
    “Temos uma campanha eleitoral muito ativa a decorrer, é um momento sensível. Nem posso almoçar com uns amigos, que isso torna-se logo um caso mediático extraordinário. Mas isso é o reflexo da nossa democracia dinâmica, imperfeita quanto o seja, como a maior parte das democracias”, afirmou.
    “Mas o que aprendemos, eu e o nosso povo, é que apesar dos desgostos, dos falhanços da democracia, das promessas por cumprir da democracia, ainda não temos provas de uma coisa melhor que a democracia e por isso vamos continuar neste percurso”, vincou.
    Ramos-Horta disse que a UE sempre esteve com os países em desenvolvimento, abrindo a porta a exportações desses países e apoiando as campanhas de promoção de direitos humanos, com outros apoios significativos.
    ASP // JH
    Lusa/Fim
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  • Devolver crânios decapitados a Timor: Universidade de Coimbra debate restituições | Colonialismo | PÚBLICO

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    Curadora da colecção de ossos da Universidade de Coimbra defende que os crânios do século XIX devem ser devolvidos a Timor. Reitoria concorda que chegou a hora do debate mesmo sem pedido de devolução.

    Source: Devolver crânios decapitados a Timor: Universidade de Coimbra debate restituições | Colonialismo | PÚBLICO

  • TIMOR O CONTO VENCEDOR

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    Leia o conto vencedor do IX Prémio de Língua Portuguesa
    “O Futuro de Timor-Leste virado do avesso”
    Parabéns Hornai Ramos
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    Segue o conto vencedor do IX Prémio de Língua Portuguesa, “O Futuro de Timor-Leste virado do avesso”, de Hornai da Silva Ramos, selecionado dentre os 71 textos concorrentes este ano.
    Parabéns ao Hornai, que poderá usufruir do prémio de um Curso de Verão de Língua e Cultura Portuguesas, em Portugal, e obrigado a todos os participantes!
    O futuro de Timor-Leste virado do avesso
    Hornai da Silva Ramos
    Sempre que todas as terças-feiras nós tínhamos aula na sala C15, eu não gostava. Não era por causa da lição ou da professora, mas por causa do lugar de aprendizagem, porque a sala C15 era a mais pequena de todas do Liceu e ficava situada num lugar que fazia os nossos olhares ficarem inquietos ao ver muita gente em redor, que passava encostada pelas janelas enquanto a aula decorria. Essa sala tinha muitas janelas e toda a gente da faculdade a conhecia, porque estava colado C15 mesmo no cimo da porta.
    Era uma terça-feira de sol, no dia vinte e um de fevereiro. Era metade do dia, aquele momento em que nós não necessitamos do relógio para certificar que já é meio-dia, pois basta olhar a nossa sombra que aparece ensombrada nos nossos próprios pés. Quando entrei no portão da universidade, o meu corpo parecia água nascente porque fazia muito calor nesse dia. Vi que a sala C15 ainda estava vazia, a porta ainda estava fechada, nenhum dos meus amigos da turma ainda lá estava. Uma terça-feira muito diferente das outras. Nesse momento, eu pensei que, ou eu andava distraído ou talvez houvesse um mal-entendido com o horário e o calendário, mas quando eu os consultei, era mesmo terça-feira, tínhamos aula de literatura e cultura timorense com a professora Sara na sala C15. No entanto, eu já duvidava de mim mesmo, pois não via ninguém. Entretanto, um amigo da outra turma informou-me que a professora e os meus amigos da minha turma foram para a SEJD (Secretaria de Estado da Juventude e Desporto), mas ele também não sabia qual era o objetivo de irem para lá, só sabia dizer que eles foram para lá. Depois dessa informação, eu não me demorei mais e segui para a SEJD.
    Ainda de longe, vi os meus amigos. Ainda lá estavam, junto com imensa gente em fileiras e eu não sabia o que eles estavam a fazer. Quando eu cheguei, eles deram uma gargalhada que eu nem entendia, mas depois disseram-me em tétum que era Loron boʼot, grande dia, não tínhamos aula, só devíamos fazer uma marcha para a biblioteca Xanana Reading Room nesse dia. Quando eu lhes perguntei sobre o objetivo desse estirão, eles só responderam que era para celebrar o loron boʼot, mas não percebiam mesmo o alvo desse grande dia. Nesse momento, os arredores de SEJD enchiam-se de várias escolas do ensino básico de vários municípios, de vários uniformes, de vários estudantes para fazer essa caminhada, mesmo que ainda não entendêssemos a sua meta. Mas depois, os professores orientaram as crianças em fileiras e ofereceram-lhes algumas bandeirinhas para fazer esse passeio. Nós também recebemos essas bandeiras… aquelas bandeiras eram quadradas e brancas, no seu centro estavam escritas palavras de cada um dos idiomas que ainda existiam nas regiões de Timor-Leste e cada fileira de uma dada escola representava um idioma.
    Nesse grande dia, a terra cobria-se de sol, nós estávamos banhados em suor, misturados de cores, cheios de dores, mas estávamos com boa vontade para fazer essa caminhada até à Biblioteca Xanana Reading Room. Pelo caminho, levantávamos as bandeirinhas em cima, gritámos e cantámos muito alegres, mesmo que nenhuma dessas crianças soubesse falar a sua língua nativa, aquela que estava escrita na bandeira que elas orgulhosamente seguravam. Alguns de nós, adultos, também não sabíamos falar a nossa própria língua nativa. No entanto, alguns falavam um pouco e eu falava bem a minha língua mãe, que era o tokodede. Quando nós chegámos à Biblioteca Xanana Reading Room, um palco brilhante despertou a nossa vista, cheio de várias luzes, de muitos balões, imensas cores e um grande póster colocado atrás do palco. O póster tinha escrito as informações da comemoração do grande dia que nós, até ao momento, não entendíamos. As informações diziam assim “dia vinte e um de fevereiro é o dia internacional de todos os idiomas do mundo, é um dia com o objetivo de salvaguardar e proteger todos os idiomas do mundo” foi assim que nós percebemos o objetivo daquela marcha.
    Depois de alguns minutos, a mestra de cerimónia anunciou a sessão da programação da comemoração. E o primeiro era o discurso do patrocinador da biblioteca Xanana Reading Room que era mesmo o líder Xanana Gusmão. Quando o discurso terminou, eu só captei algumas mensagens. Diziam que esse dia era muito pertinente porque o mundo inteiro comemorava todos os idiomas e nós também comemorávamos esse dia para que pudéssemos recordar e memorizar sempre as nossas raízes, de onde vínhamos, onde estávamos e para onde íamos. Portanto, se nós esquecêssemos as nossas raízes, a nossa vida não fazia sentido nenhum, o nosso corpo ficaria sem alma, porque sempre vivemos juntos com a nossa identidade. A nossa identidade era a nossa alma e um povo sem identidade era um povo sem história, visto que a nossa identidade eram as nossas línguas nativas, o nosso tais, belak, morteen, os nossos usos e costumes, entre outros. Por isso, não podíamos esquecer as nossas raízes.
    Além do discurso, havia outra programação: a narração de histórias, apresentação de poesia, cancões, danças tradicionais e oficinas de escrita para as crianças na língua nativa que a escola representava. Embora todas as atividades do programa corressem muito bem e muito rápido, quando chegou ao fim todas as crianças tinham um grande desafio: o difícil não era escrever, mas sim escrever na língua nativa. Aí é que as crianças tinham muitos problemas. Então, nós demos assistência àquelas crianças. Eu fui ajudar um menino em que a sua escola representava o idioma mambae. Este menino vinha do município com fama do café, mas ele não sabia falar o mambae. Entretanto, eu estava muito curioso em saber qual era o problema dessa criança e pergunteiː
    – Amaun, em que língua os teus pais falam em casa?
    -Mambae e tétum.
    – Em que língua os teus pais falam contigo?
    – Só́ em tétum.
    – Apenas em tétum! Então, o mambae?
    – Sim, só́ em tétum, o mambae é apenas para eles.
    – Quem são eles?
    – Os Katuas e Ferik.
    – Ohh… está bem.
    Apesar de ser breve essa conversa, eu percebi o problema das crianças. Assim, nós tentámos ajudá-las e elas conseguiram terminar bem a sessão e, como o último programa era a oficina de escrita, então todas as atividades terminaram bem. Depois dessa magnífica celebração do dia internacional de todos os idiomas do mundo, lembrei-me do diálogo do menino e também me lembrei de que no meu bairro, na minha vizinhança e na minha casa, toda a gente falava sempre em tétum para as crianças, o tokodede era para os adultos. Os pais tinham sempre como uma das razões que era melhor ensinar o tétum para as crianças para que não dificultasse o seu ensino aprendizagem e para que não prejudicasse as conversas com as outras pessoas de outros municípios quando fossem para a cidade, porque o tétum era uma língua comum e uma das línguas oficiais.
    Quando as atividades da comemoração terminaram, os meus amigos ainda lá continuaram, mas eu despedi-me deles e voltei para casa porque me senti um pouco maldisposto. Entretanto, como ainda estava no fim da tarde, fui até à praia da areia branca para aliviar o cansaço. Na boca do mar da Areia Branca, era muito tranquilo e fazia com que eu viajasse para terras da Ucrânia com um papelinho de uma história de um viajante do tempo chamado Sergei Paramarenko. Naquele fim da tarde ninguém estava lá, o suspiro do vento era muito sereno e o mar também se revolvia muito calmo. Depois da leitura, observei a paisagem do mar, era tão magnífica que as gaivotas voavam pela beira-mar, as águias lá no céu olhavam fixamente os peixes que os tubarões perseguiam, e o cheiro da natureza fazia-me sentir muito tranquilo. Quando os tubarões apanhavam os peixes, as águias desciam muito velozes para aproveitar alguns peixes que pulavam da boca do tubarão. Uma das vezes em que as águias se aproximaram para apanhar peixe, vi uma peça enorme de ferro que as acompanhava, uma peça preta e redonda. Quando o sol passou pelo corpo dessa peça, o seu raio endireitou-se na minha vista e vi um grande arco-íris e, inesperadamente, eu não deixei de ver bem a terra. Os meus olhos doeram muito, tapei-os com as minhas mãos e as minhas lágrimas molharam o meu rosto com muito sal. Eu baixei-me para lavar o rosto com a água do mar e de seguida pousei a cabeça no meu joelho
    Passados alguns minutos, senti-me melhor, então tentei abrir os meus olhos para ver. Contudo, quando eu lancei o meu olhar ao mar, vi que todas as coisas eram diferentes, não eram iguais como antes de eu ter visto o arco-íris. Nesse momento, vi uma praia muito linda, repleta de gente a mergulhar. Entretanto, todos os que estavam lá pareciam malaes porque o tom das suas peles era branco e falavam uma língua estranha que eu suspeitava ser o tétum, mas não era bem o tétum-praça, era outro tétum que eu não sabia. As mulheres e as meninas só usavam biquíni enquanto se banhavam. Assim, entrei em pânico com essa sensação e senti muito receio. Então, saí para a rua. Quando cheguei à beira da rua, olhei para a estrada. Era muito larga e havia muitos prédios de vidraças e na margem da estrada vi uma placa que tinha mesmo escrito “Avenida da Areia Branca”, mas o lugar era muito diferente!
    Estava a tremer de suor e a tentar passar mais um pouco à frente para perguntar a alguém que horas eram porque o céu estava nublado. Quando perguntei aos dois senhores que caminhavam na minha direção, eles apenas me mostraram os seus telemóveis. A princípio, todas as coisas eram muito diferentes, já eram dez horas da manhã, do dia vinte e dois de fevereiro de dois mil cento e vinte e três. Nesse momento, eu fiquei tão pálido e preocupado com essa sensação que aqueles dois homens, ao verem a minha condição, perguntaram-meː
    – Ó kusi neʼebé? [De onde vens?]
    – Haʼu husi Tasi-tolu [Sou de Tasi-tolu]
    – Ahh… Ó la hatene konjuga verbu iha tétum ka? [Ahh… Tu não sabes conjugar o verbo em tétum?]
    – Oinsá konjuga verbu iha tétum? [como conjugar o verbo em tétum?!] – falei em voz trémula.
    – Ahh… Ita koʼalia ho ema neʼon-kari ida! [Ahh… falamos com uma pessoa distraída].
    Como eu não sabia falar bem o tétum, nem aquela forma de conjugar o verbo Husi [vir] em tétum, uma vez que eu disse Haʼu musi Tasi-tolu, então aquelas pessoas deixaram-me sozinho e foram-se embora. Depois dessa ocorrência em que as pessoas falaram comigo, eu estava banhado em suor, senti-me muito só e não sabia onde estava nem para onde eu iria. Logo, tentei passar pelas calçadas à procura de alguém para me indicar o caminho de retorno para casa porque as pessoas que estavam lá na praia da Areia Branca não sabiam falar o tétum-praça e eram malaes. Entretanto, pelo caminho, não vi nenhum transporte público, como microlete ou táxi, para eu apanhar. Pelas ruas andavam apenas carros privados e de luxo. As casas também eram diferentes, eram prédios de vidraças e bem altos. No meio do caminho, vi um grande jardim luxuoso como se estivesse no paraíso e em frente do jardim havia uma placa que tinha escrito Avenida Largo de Lecidere. Ali, eu estava quase a reconhecer o lugar porque era um sítio onde eu passava sempre os meus tempos livres. Mas eu continuava em dúvida porque as instalações estavam mudadas e os vendedores de cocos já não estavam lá. Naquele jardim havia muita gente, talvez fossem estudantes! Pareciam estudantes, porque toda a gente se sentava em grupo com computadores de maçãs. Eu esperava que aquelas pessoas soubessem falar o tétum-praça e a minha língua nativa para que pudessem indicar-me o caminho para casa. Então, com um pouco de esperança no coração, entrei lá para perguntar.
    – Bom dia, imi hatene dalan bá Tasi-tolu ka? [Bom dia, vocês sabem o caminho para Tasi-tolu?]
    – Haha… sá tétum ida mak neʼe! La konjuga verbo. [Haha…que tétum é esse! Não há conjugação do verbo] – diziam-me em voz de risos.
    – Entaun, imi hatene koʼalia Tokodede ka? [Então, sabem falar o Tokodede?]
    – Ó matete sá mak neʼe! [O que estás a dizer!] – exclamaram eles.
    – Imi koʼalia português hatene ka? [Sabem falar o português?]
    – Ahh… sabes falar o português! Diz, o que é que tu queres?
    – Qual é o caminho certo para Tasi-tolu?
    – Tu vais esperar o táxi voador ali na praia.
    – EO quê?! Táxi voador? – respondi eu, completamente incrédulo!
    – Sim.
    Logo, dirigi-me para a praia, mas eu ia muito confuso… para apanhar esse veículo devia ficar à espera na praia. Porém, eu admirava aquelas pessoas que sabiam falar muito bem o português e o tétum. Na praia de Lecidere, havia muita gente à espera do táxi voador e eu estava muito curioso em saber se toda aquela gente sabia falar tão bem o tétum e o português, da mesma forma que as outras pessoas tinham falado comigo. Quando eu conversei com aquelas pessoas, descobri que toda a gente falava muito bem essas duas línguas, todos seguiam a norma gramatical, só que eles desconheciam e não sabiam falar as línguas nativas das regiões de Timor-Leste, mesmo que aquelas pessoas também estivessem preparadas para ir aos municípios e algumas também viessem de municípios.
    Quando o táxi voador passou pelo mar em pleno voo, apareceu, outra vez, o arco-íris e fez com que eu não conseguisse ver bem a terra. Dei um grito muito alto para que aquelas pessoas me socorressem. Com os olhos fechados senti o carinho dessa gente, alguns passaram as mãos nas minhas mãos e outros passaram as mãos no meu rosto e nos meus cabelos a acariciarem-me, para que eu ficasse mais calmo e sem medo. Passaram alguns minutos. Quando eu abri os meus olhos, vi que o lugar era diferente outra vez, eu estava deitado numa cama macia e as pessoas que estavam a ajudar-me eram os meus amigos, que estavam muito preocupados e perguntavam-me se eu estava bem. Em vez de responder às suas perguntas, eu perguntei-lhes sobre a hora, o dia, o mês, o ano e o lugar em que eu estava. Eles responderam-me que eu estava no hospital e contaram-me aquilo que aconteceu. Disseram-me que eu desmaiei na praia da Areia Branca e eles receberam a informação de alguém. De seguida, levaram-me para hospital. Enquanto eu escutava a descrição do acontecimento, olhei para o relógio e para o calendário que estavam pendurados na parede do hospital, e confirmei que eram dez horas da noite, do dia vinte e um de fevereiro de dois mil vinte e três. Ora, fiquei espantado com essa sensação e senti palpitações. Contudo, eu disse aos meus amigos que já estava bem e os médicos também disseram que eu podia voltar para a casa porque eu já estava melhor. Assim, eu e os meus amigos voltámos para casa.
    Por essa sensação vivida, eu imaginei que fosse um viajante do tempo ou andasse às avessas, mas recordava todos os acontecimentos e acreditava que daqui a mais de cem anos Timor-Leste viraria do avesso, porque, na minha visão, a cidade de Díli estava mudada, as casas eram prédios de vidraças, as pessoas pareciam malaes, porque eram brancas e desconheciam todas as línguas nativas que existiam nas regiões da nossa nação, mesmo que eles soubessem falar tão bem o português e o tétum padronizado. E senti muita pena das nossas línguas nativas. Dali a mais de um século, seríamos timorenses de alma morta porque perderíamos as nossas raízes e os nossos valores. Isso poderá acontecer, porque ainda não temos uma escola de arte e cultura para ensinar esses valores culturais para as crianças preservarem e salvaguardarem as nossas raízes, os nossos valores, rituais e cultura. Então, se nós dizemos que somos timorenses, é porque vivemos sempre com a nossa identidade, mas se não tivermos a nossa própria identidade, seremos timorenses sem alma. Contudo, eu espero que o avô crocodilo não deixe que as gerações futuras andem de cabeça perdida, porque Timor-Leste é o nosso amor.

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    You and Rosely Forganes

  • José Ramos-Horta nomeia três novos adjuntos do procurador-geral da República de Timor-Leste – Observador

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    Três novos adjuntos do procurador-geral foram nomeados por José Ramos-Horta, mas o Conselho Superior do Ministério Público de Timor-Leste admite não ter sido ouvido quanto à decisão.

    Source: José Ramos-Horta nomeia três novos adjuntos do procurador-geral da República de Timor-Leste – Observador

  • literatura timor

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    Hornai Ramos pelo 1o lugar no Prémio de Língua Portuguesa!Parabéns
    a todos os participantes!Parabénsa todos os finalistas!Parabéns
    A Literatura tem o poder de mudar vidas, não desistam de escrever!
    Obrigada Fundação Oriente em Timor-Leste, obrigada Joana, por me teres desafiado a ser júri deste PLP. É muito gratificante ver nascer novos talentos!
    Obrigada aos colegas Susana Mendonça, Marcelo Nunes, Elísio, Paulo Nóbrega Serra, pelos momentos de partilha!
    +7

    Decorreu na tarde de ontem, no nosso jardim, a Cerimónia de Entrega do IX Prémio de Língua Portuguesa. Tivemos animação da Banda Parentes, apresentação de poemas de alunos do Departamento de Língua Portuguesa da UNTL, com organização do Leitorado Guimarães Rosa, e… Anunciámos os seis mais bem colocados entre os 71 contos que concorreram neste ano! Conheça-os abaixo:
    VENCEDOR: Hornai da Silva Ramos
    2.º lugar: Beatriz da Silva Sarmento
    3.º lugar: Milénio Júnior Ximenes da Costa
    4.º lugar: Revánia Dominica de Fátima Belo Soares
    5.º lugar: Jonatas Babo Amaral
    6.º lugar: Kevin Jonatan Purificação Muti
    Parabéns a todos!!!

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  • Chuvas intensas tornam praticamente intransitável uma das principais artérias da capital – DILIGENTE

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    Quando chove com maior intensidade, a estrada de Metiaut, que dá acesso à zona balnear de Díli e a um dos maiores ex-libris da cidade, o Cristo Rei, o pouco e já de si desgastado asfalto fica coberto por grandes […]

    Source: Chuvas intensas tornam praticamente intransitável uma das principais artérias da capital – DILIGENTE

  • Estaleiro renovado na Figueira da Foz quer cumprir contratos com Timor-Leste

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    Estaleiro renovado na Figueira da Foz quer cumprir contratos com Timor-Leste
    Por José Luís Sousa (texto) e Paulo Novais (fotos), da agência Lusa
    Figueira da Foz, Coimbra, 02 mai 2023 (Lusa) – Na margem sul do rio Mondego junto à Figueira da Foz, no renovado estaleiro naval da AtlanticEagle Shipbuilding, foi retomada a construção do ‘ferry’ encomendado por Timor-Leste, cujo contrato a administração garantiu que irá cumprir.
    Chega-se àquela zona historicamente ligada à construção naval por uma estrada em mau estado, rodeada por edifícios devolutos ou destruídos, onde os mais de seis hectares dos antigos Estaleiros Navais do Mondego, fundados em 1944, são hoje um “oásis” de desenvolvimento, passados que estão os tempos de dificuldades, com o determinante apoio de uma sociedade detida a 100% por capitais públicos timorenses, que adquiriu 95% da empresa.
    A expressão “oásis” foi declarada à reportagem da agência Lusa pelo diretor financeiro da empresa, Duarte Sousa, representante do sócio maioritário, que, em conjunto com Bruno Costa, sócio minoritário, administrador responsável pela área operacional – e quarta geração de uma família sempre ligada à construção naval – lidera hoje a recuperação do estaleiro.
    Ao fundo, ancorado a um pontão no Mondego e de frente para o porto comercial da Figueira da Foz, flutua o ‘ferry’ Haksolok, encomendado em 2014 pelo governo timorense – e cuja gestão passou, depois, para a Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA) – para fazer a ligação marítima entre o enclave de Oecusse, no oeste do país, a ilha de Ataúro e Díli, a capital de Timor-Leste.
    O navio, cuja construção esteve parada cinco anos (desde 2018, por dificuldades financeiras e dívidas a credores, a que se juntaram os estragos no estaleiro provocados pelo furacão Leslie, que levou a empresa a um Processo Especial de Revitalização, aprovado em tribunal em 2020), ameaçava tornar-se um ícone, no mau sentido, do ocaso da construção naval na Figueira da Foz.
    Ao invés, a embarcação de 73 metros de comprimento e 12 de largura, projetada para poder transportar quase 400 passageiros e 26 veículos ligeiros, tem hoje, visíveis, operários afadigados no seu interior, aparentemente em sintonia com a administração na determinação do cumprimento dos prazos estabelecidos para a sua conclusão.
    “O sucesso deste navio é fundamental para o sucesso do estaleiro. Vai ser entregue e vamos cumprir com a nova adenda ao contrato que foi já assinada e estamos a cumprir com os prazos. Mas, obviamente, vai ser um marco fundamental a entrega do navio, para demonstrarmos a nossa capacidade e afastarmos esta nuvem”, disse à agência Lusa Bruno Costa.
    Por outro lado, o diretor operacional da AtlanticEagle Shipbuilding observou que o Haksolok, “embora tenha estado parado, continua com a mesma qualidade de sempre, porque uma coisa de que se orgulha o estaleiro é da qualidade de construção”.
    Segundo Bruno Costa, entidades externas ao estaleiro e com competência na matéria garantiram que o navio “está extremamente bem conservado”, face aos anos que esteve atracado e com os trabalhos parados.
    “Nesse aspeto, estamos tranquilos”, acrescentou, explicando que após o retomar do projeto foram feitos diversos testes à embarcação – navegabilidade, estabilidade ou aos equipamentos já instalados, entre outras provas – com resultados “muito positivos”.
    Duarte Sousa, por seu turno, garantiu que a entrada de Timor-Leste no capital da AtlanticEagle Shipbuilding não sucedeu apenas para terminar a construção do ‘ferry’, tratando-se de um investimento “de longo prazo”, que, se passa pela construção e reparação naval, já ‘pisca o olho’, também, aos anunciados investimentos ao largo da Figueira da Foz em eólicas ‘offshore’, seja na eventual construção de infraestruturas, como de embarcações de apoio e manutenção das mesmas.
    “O Estado de Timor, o sócio [maioritário] não faria este investimento que está a fazer aqui se fosse para terminar única e exclusivamente este navio”, asseverou o diretor financeiro, uma afirmação corroborada pelo diretor operacional.
    “O que temos planeado, acordado, é um investimento de longo prazo, não é para acabar o ‘ferry’ e ir embora, é um investimento para rentabilizar o dinheiro que está a ser aqui posto [por Timor-Leste”, vincou Bruno Costa.
    Uma visita ao espaço ocupado pelos estaleiros confirma estas afirmações, desde logo pelos edifícios renovados – com coberturas novas, várias das quais foram destruídas pelo Leslie – pintados a branco com apontamentos em azul, mas também novas valências, como um refeitório devidamente equipado, uma sala de formação onde já funcionam cursos em parceria com o Instituto de Emprego e Formação Profissional ou instalações para armadores que ali se desloquem, entre outras.
    Duarte Sousa observou que se há 18 meses, um ano e meio, o estaleiro estava “como que abandonado”, neste momento, garante 35 a 40 postos de trabalho diretos, muitos de operários especializados, uns oriundos dos antigos estaleiros navais de São Jacinto, outros que transitaram dos Estaleiros Navais do Mondego e ainda quatro operários timorenses, em funções ainda de aprendizagem, número que a administração pretende ver aumentado.
    Bruno Costa, a esse propósito, destacou a presença dos cidadãos de Timor-Leste – que, aquando da visita da Lusa, estavam a colaborar na manutenção de uma embarcação – mas também a perseverança dos seus colaboradores “que não desistiram” dos projetos da AtlanticEagle Shipbuilding.
    Já o desenhador João Mendes faz ‘parte da mobília’ do estaleiro da Figueira da Foz, onde entrou em 1990, há 33 anos: “Continua a ser bom estar cá, temos mudado de administração, mas o trabalho é sempre entusiasmante e hoje não é diferente do que era há 30 anos”, argumentou.
    Sobre o momento atual do estaleiro, João Mendes disse que as instalações “foram todas remodeladas e bem, estão melhor do que alguma vez estiveram”, e que o ambiente “é ótimo” e os trabalhadores “estão todos com esperança e vontade” de ver o projeto singrar.
    “Só tenho sentimentos positivos, neste momento. Na altura que vim para cá, vim por opção e gosto. Mantenho o gosto”, observou.
    A AtlanticEagle Shipbuilding foi fundada por Carlos Costa, profundo conhecedor do setor da construção naval, tendo ficado com a concessão do estaleiro da Figueira da Foz em 2012. Quatro anos depois, em 2016, Carlos Costa faleceu, prematuramente, aos 59 anos. Ao sair das instalações oficinais, acompanhado da reportagem da Lusa, o filho, Bruno Costa, olhou para o céu e exclamou: “O orgulho que ele, lá em cima, deve estar a sentir”.
    JLS // SSS
    Lusa/Fim
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