Categoria: Timor

  • Xanana Gusmao claims vote count irregularities following Timor-Leste election | The World – The Global Herald

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    ABC News (Australia) published this video item, entitled “Xanana Gusmao claims vote count irregularities following Timor-Leste election | The World” – below

    Source: Xanana Gusmao claims vote count irregularities following Timor-Leste election | The World – The Global Herald

  • timor poema de 2012 ainda atual

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    547. eleições sem lições em timor (lomba da maia) 8 julho 2012

    díli, 23 setº 1973 cheguei hoje a timor português

    a vinda marcará a minha vida para sempre

    sem o saber nunca mais nada será igual, o futuro começa hoje e aqui

    entrei no tempo da ditadura sairei na democracia adiada

     

    na bagagem guardo sabores

    imagens e odores

    sonhos de pátria e amores

    divórcios e outras dores

     

    cheguei sem bandeiras nem causas

    parti rebelde revolucionário

    tinha uma voz e usei-a

    tinha pena e escrevi sem parar

    pari mais livros que filhos

    para bi-beres e mauberes

     

    48 anos de longo inverno da ditadura

    24 de luta independentista

    agora que a lois vai cheia

    e não se passa na seissal

    já maromác se apaziguou

    crescem os lafaek nos areais

    perdida a riqueza do ai-tassi

    gorada a saga do café

    resta o ouro negro

    para encher bolsos corruptos

    sem matar a fome ao timor

     

    perdido nas montanhas

    sem luz, água ou telefone

    repetindo gestos seculares

    mascando sempre mascando

    o placebo de cal e harecan

    mas com direito a voto

    para escolher quem o vai explorar

    sob a capa diáfana da lei e ordem

    do cristianismo animista

    oprimido sim mas enfim livre.

     

     

    548. queria ser toké (lomba da maia) 11 julho 2012

     

    queria ser toké e contar o que vi

    desde que partiste em 1975

     

    queria saber falar, narrar e recitar

    dar os nomes os locais e os atos

    de todas as atrocidades, violência e mortes

    que testemunhei mudo na minha parede

     

    queria ser toké e escrever tudo

    queria contar o que não querem que se saiba

    queria contar o que não queriam que se visse

    queria contar os gritos que ninguém ouviu

     

    queria ser água e apagar os fogos

    que extinguiram a nossa história

    como se não fora possível reconstruí-la

     

    queria ser pássaro e levar nas asas

    todos os que foram chacinados

    violados, torturados e obnubilados

    voar com as crianças que morreram de fome

    as mulheres tornadas estéreis

     

    tanta coisa que queria dar-te timor

    e não posso senão escrever palavras

    lembrar teu passado heroico

    sonhar futuros ao teu lado

  • PR timorense visita Coreia do Sul e Roma, para encontro de Prémios Nobel com Papa – Atualidade – SAPO

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    O Presidente timorense parte na próxima semana para uma visita à Coreia do Sul que pretende, entre outros aspetos, promover as oportunidades de investimento em Timor-Leste a um conjunto de empresários coreanos.

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  • Eleições em Timor-Leste: primeiro-ministro timorense felicita vencedor após primeiro encontro com Presidente da República desde janeiro – Observador

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    O primeiro-ministro timorense felicitou o partido CNRT, vencedor das eleições e admitiu sentir-se realizado por terminar a sua missão de serviço ao país, contribuindo para o desenvolvimento nacional.

    Source: Eleições em Timor-Leste: primeiro-ministro timorense felicita vencedor após primeiro encontro com Presidente da República desde janeiro – Observador

  • Timor-Leste/Eleições: PR quer processo rápido de formação de Governo

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    Timor-Leste/Eleições: PR quer processo rápido de formação de Governo e saúda comportamento da população
    Díli, 23 mai 2023 (Lusa) – O Presidente timorense disse hoje que deseja um processo rápido de formação do novo Governo, para permitir a eventual aprovação de um Orçamento retificativo, saudando a população pela forma exemplar como participou nas legislativas de domingo.
    “Quero que processo seja rápido: formação de governo e apresentação do programa do governo, apresentação do retificativo. E é necessária muita seriedade de parte de todos à questão do processo de adesão à ASEAN”, disse José Ramos-Horta à Lusa, numa reação à votação de domingo, que deu a vitória ao Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), de Xanana Gusmão.
    O chefe de Estado referia-se ao processo de adesão à Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), organização na qual Timor-Leste tem estatuto de observador.
    No caso do processo até à formação do novo Governo, Ramos-Horta antecipa que os novos deputados do parlamento tomem posse “na segunda semana de junho” e que o executivo assuma funções uma semana depois.
    Ramos-Horta deixou ainda uma palavra para os vencedores: “Espero que quem ganhou revele a grandeza de quem ganha, a humildade dos grandes e dê o primeiro passo, cumprimentar os declarados vencidos”.
    O Presidente deixou uma mensagem de congratulação a toda a população timorense, vincando o “excecional comportamento cívico”, e a participação “em número recorde” no voto, com a taxa de abstenção a ser de menos de 18%.
    “Os partidos políticos comportaram-se bem, não houve qualquer ato de violência. Os incidentes de violência registados, não foram obviamente provocados ou criados pela liderança política ou partidos, foram elementos isolados a agirem por conta própria”, afirmou.
    “A democracia timorense é real, está enraizada no quotidiana e na cultura timorenses”, enfatizou.
    Apesar disso, notou, houve alguns “incidentes isolados de retaliação pós-eleições”, especialmente na zona de Ermera, onde uma timorense “perdeu o seu quiosque, que foi queimado, e um senhor perdeu todos os porcos que tinha por retaliação”.
    No rescaldo eleitoral, Ramos-Horta defendeu uma revisão da lei eleitoral e do sistema de votação, considerando que o país continua a usar “tecnologia do século XX”, quando deveria digitalizar todo o processo eleitoral.
    “Vou exigir que se faça, que o STAE faça esse trabalho. Para que de futuro um timorense possa votar em qualquer ponto do país ou do mundo, sem termos que gastar fortunas para montar o sistema na altura da votação”, afirmou.
    É ainda necessário, defendeu, atualizar adequadamente os cadernos eleitorais, para remover cidadãos já falecidos, e que se melhore o sistema de comunicação da contagem a todos os jornalistas e à população em geral.
    “Não pode haver monopólio de seja quem for, um órgão do Estado, ou seja quem for. Tem de haver total acessibilidade para qualquer media para todos acompanharem ao momento o ato e as contagens”, disse.
    A única forma de acompanhar a progressão da contagem foi visitando o próprio Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), para observar o escrutínio em dois ecrãs, ou através de uma retransmissão desses dados pela Rádio e Televisão de Timor-Leste (RTTL).
    Esse sinal com os dados da contagem não foi disponibilizado a qualquer outro órgão de comunicação social e não existia num sítio online.
    O chefe de Estado saudou declarações do atual ministro da Presidência de Conselho de Ministros, Fidelis Magalhães, que hoje disse à Lusa que o executivo está a preparar uma transição “condigna e de qualidade” para o novo executivo.
    O Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), de Xanana Gusmão, venceu as eleições parlamentares de domingo, mas sem maioria absoluta, obtendo a maior vitória de sempre, garantindo 31 dos 65 lugares do parlamento.
    Em segundo lugar ficou a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), registando o pior resultado de sempre do partido em termos percentuais, perdendo quatro dos atuais 23 lugares.
    ASP // PJA
    Lusa/Fim
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  • XANANA ELEITO

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    Última Hora – Timor-Leste/Eleições: O povo está cansado e quer mudança – Xanana Gusmão
    Díli, 23 mai 2023 (Lusa) – o presidente do CNRT, Xanana Gusmão, cujo venceu as legislativas de domingo, disse hoje que o voto traduz um cansaço e uma vontade de mudança da população, perante o que ocorreu nos últimos anos no país.
    “Sentimos em todo o processo, em toda a campanha, (…) que o povo está cansado. Cansado e quer mudança”, disse Xanana Gusmão em declarações aos jornalistas na primeira reação aos resultados finais provisórios.
    “Quer mudança em temos de reafirmar e consolidar o processo de construção do Estado. Orgulhávamo-nos de ser um país que já estava a sair da fragilidade para a resiliência. E, de repente, voltou tudo para trás”, afirmou.
    Xanana Gusmão falava na sede do CNRT, em Díli, na sua primeira reação pública depois da finalização da contagem dos votos pelo Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), que confirmam a sua vitória ampla nas legislativas de domingo.
    Sem querer confirmar se vai ser primeiro-ministro, se haverá alianças com outras forças políticas ou se haverá elementos de outros partidos no executivo – até a votação ser certificada pelo Tribunal de Recurso – Xanana Gusmão disse que o próximo Governo vai ser de “consolidação do Estado e das instituições”.
    Questionado sobre se a derrota da Fretilin, que registou o seu pior resultado de sempre, pode implicar o fim da atual liderança, Xanana Gusmão ironizou: “temos tantos problemas com essa gente toda aqui, que nem sequer tenho tempo para pensar naquilo fora da casa”.
    O líder timorense deixou uma mensagem de agradecimento à maturidade e comportamento de toda a população, considerando o mais importante do voto o facto de todo o processo decorrer em tranquilidade e sem problemas entre os partidos.
    “Aprecio muito a consciência popular em prol da paz e estabilidade. Durante a campanha, todos, muitos jovens que começam a assumir na cabeça e no coração que a violência não tem lugar em Timor-Leste”, afirmou.
    “Tudo correu de forma pacífica, em calma, durante a votação e a contagem. Não houve problemas em lado nenhum. Isso é que é importante. Festa da democracia é isso, ir votar, com respeito mútuo, com respeito uns aos outros e, no fim, não há problemas”, disse.
    O CNRT obteve no domingo a sua maior vitória de sempre, conseguindo 41,62% dos votos, com vitórias em 10 dos 13 municípios do país, na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA) e em toda a diáspora.
    A vitória mais ampla registou-se no município de Ermera, onde obteve 51,05% dos votos, com o partido a obter sozinho mais votos que os três partidos do atual Governo juntos, mas sem maioria absoluta.
    Ainda assim, garantiu 31 dos 65 lugares do parlamento, mais dez dos que detém atualmente.
    “Sim, estou contente. Poderia estar mais contente se o resultado fosse maior. Mas é suficiente em termos de que sabemos que vamos trabalhar. Contente, porque vamos responder às preocupações, ansiedades, sonhos e aspirações da população”, disse.
    A contagem final provisória do STAE, que terá de ser verificada pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) e pelo Tribunal de Recurso, dá ao partido de Xanana Gusmão 288.101 votos (41,62%), um resultado superior ao obtido pelas três forças políticas que compõem o atual Governo.
    Em segundo lugar ficou a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), com 178.248 votos (25,75%), o pior resultado de sempre do partido em termos percentuais, perdendo quatro dos atuais 23 lugares.
    O novo parlamento vai integrar ainda seis deputados do Partido Democrático (PD), mais um que na atualidade, cinco do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), que mantém o mesmo número de lugares, e quatro do Partido Libertação Popular (PLP), do atual primeiro-ministro, que perde metade da representação.
    A contagem dos votos vai agora ser validada pela CNE, antes de os resultados serem certificados pelo Tribunal de Recurso e da posse dos novos 65 membros do Parlamento Nacional timorense.
    ASP // VM
    Lusa/Fim
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    3.6.4. OUTRA VERSÃO SOBRE O DESAPARECIMENTO DO ARBIRÚ

    Quatro estudantes passaram dois anos a aprender métodos de pesca atlântica em Portugal totalmente desajustados ao Pacífico. Terra calma onde nunca nada acontece e onde faltam estruturas e meios. Há incentivos negativos, fatalmente destinados ao desengano, sem hipótese de sobrevivência, morrendo uma morte lenta, tão lenta que as pessoas acreditavam que vivia. O tempo parara há muito, só as palavras viviam no engano triste do “Loké dalan foun[caminho para o desenvolvimento], a via para a estagnação dissimulada.

    Depois do misterioso desaparecimento do ‘Arbirú’ era necessária uma barcaça de 150 ton. e um rebocador. A primeira seria a ‘Lifau’, 30 m. de comprido e 180 ton. De Macau viria a “Laleia” a reboque da “Lifau” em agosto 1975 mas não foi a tempo, a guerra civil estava a começar. A lancha canhoneira “Tibar” raramente operacional, passava mais tempo na doca seca do que em água.

    Tito Duarte escreveu em 28.4.2020,

    “Hoje, vou dedicar o meu post ao José Rocha, e à sua meia-irmã, Telvira Dores. Na manhã do dia 28 de abril de 1973, partiu de Díli o navio “Arbirú,” construído nos estaleiros de Aveiro, propriedade do governo de Timor, destinado à cabotagem, sob o comando de José da Rocha Dores. Ia com destino a Banguecoque e, além da tripulação, levava alguns passageiros, entre eles a esposa do Capitão, Rosentina Napoleão, conhecida por Babo, e mais três senhoras: a esposa do Comandante dos portos, Pacheco Medeiros, a do gerente do BNU e a do major Viegas, algarvio. Menos de 24 horas depois, o navio deixou de comunicar, o que não era de estranhar, pois já acontecera anteriormente.

    Porém, passados os doze dias, calculados para chegarem à capital da Tailândia, nada aconteceu. Passado algum tempo, iniciaram-se as buscas, quer pelos nossos dois aviões “Dove,” quer por alguns países da área. Alguns dias depois, soube-se que havia um sobrevivente, Paulo do Rosário, resgatado do mar por uma córcora da Indonésia e levado para as Flores. Pouco se soube do que ele relatou e, embora o chefe dos Serviços Meteorológicos, Dr. Manuel da Costa Alves, tenha pedido, ao Centro Meteórico de Darwin, cópias das cartas meteorológicas e das imagens obtidas por satélite, daquela zona, que provavam a evidência clara a confirmar o diagnóstico, formulado pelos colegas australianos de “que um pequeno e intenso ciclone tropical” justamente na posição indicada pelo marinheiro sobrevivente, “provava a existência de uma banda nebulosa com curvatura ciclónica perto do centro de perturbação e que pode ter originado uma tromba de água, que é, nem mais nem menos, um tornado no mar.”

    O Governador, inexplicavelmente, com a colaboração da PIDE DGS, não ligou importância ao diagnóstico daquele técnico, nem o deixou dialogar com o náufrago, nem à afirmação do Comandante dos portos, nem à minha, que, então chefiava os Serviços das Alfândegas, de que o navio não tinha carregado qualquer mercadoria… nada!

    Com que propósitos preferiram que se espalhasse o boato, que ainda hoje parece perdurar, de que o navio tinha sido atacado por piratas, ou pela Frelimo (incrível!), ou de transportar armas, devido a um misterioso negócio militar, de armas. Passados estes anos, penso que o propósito, de ocultar toda a verdade, terá sido para não terem que pagar indemnizações ou multas, pois o “Arbirú” destinava-se à cabotagem, por conseguinte ao longo da costa, e não a viagens de “longo curso “. Várias vezes fora a Singapura, Banguecoque, Hong Kong, ou Fremantle, na Austrália. Estarei perto ou longe da verdade? Os conhecedores do assunto, já quase todos desapareceram. É o que posso, amiga Telvira e amigo José Rocha.”

    Foi isto que escrevi na altura no livro Timor-Leste o dossier secreto 1973-1975”:

    MAIO 1973 – Em maio assiste-se a um novo mistério típico de Timor, quando o navio Arbirú deixa Díli dia 28 rumo a Hong Kong, Macau e Banguecoque e subitamente desaparece dos mares sem deixar vestígios. Com a cooperação internacional, extensas buscas são feitas pelas marinhas da Indonésia, Filipinas e Malásia mas sem resultados! Semanas mais tarde, um único sobrevivente é recolhido em circunstâncias pouco críveis.

    Como sobreviveu no alto mar, infestado por tubarões e sem alimentos, permanecerá para sempre um mistério. Depois de chegar a Díli descreve com implausível detalhe as suas experiências de náufrago, deixando mais perguntas sem resposta do que aquilo a que responde. As conjeturas, então feitas, merecem apenas um vago comunicado oficial. Embora se tratasse de um cargueiro, naquela viagem transportava cerca de vinte passageiros civis, na sua maioria mulheres de oficiais do exército e senhoras da alta sociedade local.

    Depois de inquirido localmente, o sobrevivente foi transferido para Lisboa para mais interrogatórios. Desconheço se alguma vez regressou a Timor. Dois anos mais tarde, começaram a surgir rumores de que alguns viúvos estariam a receber mensagens das esposas desaparecidas, mas nenhum deles estava disposto a discutir o assunto ou especular sobre o mesmo. Outro tabu!”

    Arbirú Lifau

    Em 2020, em plena pandemia do Covid-19, chegou-me às mãos um texto, que corrobora uma das versões que ouvi em Timor sobre o desaparecimento. O testemunho afirma:

    “Estive lá (jun 72- outº 75) em Ataúro, servindo na Marinha Radionaval. Isso deu-me oportunidade de ver, formar opiniões diferentes dum artigo de Tito Duarte que colocou em linha. O Arbirú e o Comandante tinham uma posição única em Timor. Sou contemporâneo das famílias – não tenho intenções de mexerico. O Arbirú fazia contrabando como qualquer um. Neste caso como navio único em Timor era muito importante mas era um segredo aberto. Na viagem anterior um tripulante foi preso pela PIDE por contrabando de munições. Na última viagem o Comandante do navio moveu mundos e fundos para ir na viagem. Antes da partida o Comandante Rocha insistiu em informar o Sgt. Lourenço da capitania sobre a situação financeira completa. Como não era pedido habitual, disse ”nunca se sabe…”

    Na última viagem para Banguecoque seguiam como passageiros os membros da Comissão organizadora da Festa do 10 de junho com fundos para compras e dinheiro do Conselho de Câmbios para transferir para Lisboa. Nos passageiros iam senhoras da fina flor de Díli como a esposa do Comandante DM Medeiros, do Gerente BNU Figueiredo, do Comandante da Intendência militar, esposa do Comandante Rocha, e esposa de oficial de Informações militares (não chegou a partir). No cais com as despedidas habituais, Dona Babo hesita, demora a embarcar, chorando incontrolável. O Comandante Rocha manda Luís Napoleão (irmão dela) levá-la para bordo. No último momento, o oficial de informações militares entra na ponte cais velozmente, trava junto da prancha de embarque, sobe rapidamente, agarra a esposa por um braço e desce.

    O Comandante pergunta, ele responde ”a minha mulher não vai”. Entram no jipe e desaparecem. O navio foi dado como desaparecido quando uma das casas comerciais chinesas em Díli, não tendo recebido notícias da chegada a Banguecoque, contactou os serviços portuários acerca da chegada do navio. Foi-lhe respondido ”não está no porto nem é esperado”. Quer dizer não há ETA (data prevista de chegada) ou qualquer outra info. Só depois disso foi dado como desaparecido pelas autoridades de Timor. Devido ao tempo decorrido por não haver ideia da posição do navio, como habitual foram alertados os serviços de busca e salvamento numa área alargada – Indonésia, Singapura, Hong Kong (Royal Navy) e Austrália. Nada. Havia incerteza sobre a posição do Arbirú porque apesar de ter rádios de longo alcance, sempre verificados antes de longas viagens, o navio só fazia contacto uma ou duas vezes depois da saída. A Estação Radionaval fazia a chamada e escutava em hora e frequência determinadas. Depois disso fazíamos chamada e registávamos – chamado, escutado, não ouvido. Era o habitual, portanto não havia motivo para alarme. Quando chegava ao porto de destino comunicava através da Radio Marconi e nós interrompíamos a escuta até sermos avisados da ETD (data estimada de partida) e nova escuta. Eles criaram essa situação e hábito e nunca foram corrigidos! Só passados uns tempos as autoridades receberam informação de um ”Timorense” dando à costa na ilha das Flores. A Informação não correspondia à posição e área de interesse da busca que estava muito mais afastada. Quando eventualmente Paulo do Rosário foi trazido das Flores contou que o navio fora afundado por uma vaga gigante. Havia chuva torrencial com gotas do tamanho de pontas de dedo, vagas enormes, vento forte quando tudo aconteceu e ele, estava na popa a fumar um cigarro, o navio afundou mas ele salvou-se porque entretanto na agua conseguiu agarrar-se a uma tábua (sem referenciar os outros náufragos). Ao fim de algum tempo deu à costa. Este foi o relato publicado n’A Voz de Timor. Chegado a Díli foi levado pela PIDE para investigação e libertado, ficou confinado em casa guardado por polícia.

    O Arbirú nessas viagens fretadas levava grades com galinhas no convés juntamente com grande número de bidons vazios. Navegava leve porque ia vazio e com combustível suficiente só para chegar ao porto de destino. Levava dinheiro ou cartas de crédito para atestar depósitos e os ditos bidons vazios. Com a diferença de câmbio fazia uma maquia. Era outro hábito permanente (de tal forma que quando voltava Díli, descarregava num dia ou dois e invariavelmente navegava para a contracosta por uma semana! Quando havia falta de combustível em Díli este vinha da montanha). Não há referência alguma desses bidons vazios a flutuar durante as buscas.

    Eles seriam parte dos destroços que esperavam encontrar. Mas nada foi avistado. No fim agarraram-se a uma referência dos serviços meteorológicos australianos ”talvez um pequeno tornado na área com pequenos vestígios de ‘‘flotsam (detritos à deriva).” E foi assim o fim da investigação oficial. Houve missas pedindo a ajuda divina mas não para encomendar os mortos – naquela altura ”desaparecidos”. Só para confirmar que o M/V MUSI navegando Singapura – Díli costumava pedir reatamento de comunicações via Marconi duas vezes por dia, religiosamente, e comunicava para dizer “loud and clear” no traffic – until next QSO thanks and out.”

    O mesmo com petroleiros nacionais para o Golfo Pérsico passando por Nacala em Moçambique diariamente até entrar em Ras Ta Nura (Arábia Saudita, Golfo Pérsico). Na volta ainda atracado pedia para recomeçar o contacto até Nacala, o mesmo Radionaval Lourenço Marques (Maputo), Macau e até na base em Diego Garcia. A exceção – Arbirú. Sistema manhoso desde sempre. O chefe de máquinas e telegrafista do navio era sempre da Marinha. O ultimo telegrafista permanente, Célio, aparentemente também queria negociar mas por conta própria e tentou fazer outra comissão mas o Comandante informou o Governador que era desnecessário haver telegrafista permanente. Na navegação costeira só telefonia e para o estrangeiro poderiam levar um dos Correios ou um militar com comissão terminada mas aguardando transporte de regresso.

    O Governador concordou e um aprendiz de feiticeiro perdeu o negócio. Quando um novo enfermeiro começou a comissão, Sargento Simões, teve que fazer uma fogueira nas traseiras da radionaval para queimar a droga. Palavras dele próprio e confirmado por outros. Esse citado telegrafista Célio é fácil de referenciar, tinha uma Honda 300 cor amarelo berrante.

    O penúltimo Chefe de Máquinas, na penúltima viagem sofreu um acidente enquanto o navio estava atracado em Singapura. A única testemunha que estava com ele na casa das máquinas disse que teria tocado numa bateria e morreu eletrocutado. Era um homem novo e muito calado. Quando em Díli, jantava e dormia na Radionaval, e dizia que tinha medo do que via. O novo chefe de máquinas morreu na última viagem. Eu vi a esposa no aeroporto de Figo Maduro à chegada dos refugiados de Atambua e ela perguntava a toda a gente lavada em lágrimas: digam-me só se sou viúva, digam se o meu marido está vivo ou morto!

    E para finalizar o caso do Sargento maquinista morto em Singapura. Houve um inquérito sobre o “acidente” na Capitania de Díli. Aparentemente a única testemunha era já de idade e meio surdo. Quando ele começou a falar contando o acontecido, foi ouvido gritarem-lhe “ouve, tu só respondes ao que te perguntarem. Nada mais!”

    Recorde-se que a capitania era o lugar de trabalho e escritórios do pessoal ligado a ela – Sargento Lourenço e escriturários. Lugar de entrar e sair dos que estavam ligados a estas funções. Portanto na sala de inquérito estava rodeado desse pessoal. Depois de algum tempo, meses talvez, passado sobre o naufrágio o José Rocha, filho do Cmdt Rocha chegou de Lisboa, passou um tempo curto e depois voltou. Falou-se que aparentemente as partilhas tinham sido feitas sem alarde. Talvez as informações recebidas pelo Sargento Lourenço tivessem sido úteis. Da parte da Dona Babo ouvi de um parente que tudo tinha sido partilhado sem problemas ou dividido sem dúvidas ou amarguras. Costumávamos acampar para o sudoeste e éramos todos um grupo unido. De ambas as ocasiões foi citado que não tiveram que esperar pelos sete anos (desaparecidos sem prova de morte ou restos mortais.) Alguém saberia alguma coisa que os meros mortais ou plebeus não tinham acesso. Durante anos ouviu-se dizer que alguém em Jacarta ou Surabaya via alguém conhecido, a quem chamava mas olhavam para trás e seguiam sem responder.

    Mesmo depois da invasão Indonésia, Timorenses circularam por portos e juraram que “aquele navio era o Arbirú.” Uma pintura diferente, uma chapa aqui ou ali mas era o Arbirú. De lembrar que o navio fora construído no estaleiro de S. Jacinto, Aveiro. Era difícil haver navios gémeos navegando nessas paragens. Eu próprio em Darwin em trânsito para Hong Kong para trazer o rebocador Lifau encontrei um irmão do enfermeiro de bordo, Borges, que afirmou ter mantido contacto com Darwin (onde residia) com um tripulante indonésio que lhe afirmou saber que o irmão estava vivo e iria trazer fotos na próxima viagem.”

    A mesma fonte disse: estive em Macau na tripulação do Lifau na viagem inaugural e quando fomos buscar a Laleia, ficávamos alojados na guarnição local, jantávamos no clube da Polícia Marítima no cais da Taipa.

    IN CHRONICAÇORES VOL 5 LIAMES E EPIFANIAS AUTOBIOGRÁFICAS ED LETRAS LAVADAS PONTA DELGADA

  • xanana de novo

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    Última Hora – Timor-Leste/Eleições: CNRT, de Xanana Gusmão, vence quintas eleições legislativas
    Díli, 22 mai 2023 (Lusa) – O Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), de Xanana Gusmão, venceu as eleições de domingo em Timor-Leste, quando está praticamente concluída a contagem dos votos, faltando definir se obtém maioria absoluta.
    A vitória dará ao partido uma ampla representação parlamentar, conseguindo pelo menos 31 dos 65 lugares do parlamento (mais dez do que tem atualmente), segundo os resultados nacionais provisórios do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE).
    Neste momento falta apenas concluir o apuramento em três municípios – Bobonaro, Covalima e Manatuto -, com a contagem nos três casos já bastante avançada e o CNRT a liderar em todos.
    Quando estão contados 92,73% dos centros de votação de todo o país – e se mantém a tendência que ficou praticamente inalterada desde o iníciuo da contagem-, o CNRT lidera com 263931 votos e 41,59%, um resultado superior aos votos obtidos pelas três forças políticas que compõem o atual governo .
    Se não chegar à maioria de 33 cadeiras, o CNRT deverá fazer um acordo com o Partido Democrático (PD), o que daria às duas forças políticas uma maioria clara, ainda que matematicamente a maioria absoluta ainda seja possível, tendo em conta os votos que falta contar.
    O Partido Democrático (PD) passou de quarta a terceira força política em número de votos, invertendo uma tendência de queda no apoio ao partido que se mantinha desde as eleições de 2007, conseguindo mais uma cadeira para um total de seis. Obteve para já 57721 votos ou 9,09%.
    Em segundo lugar, ficou a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), que tem atualmente 166147 votos e 26,18%, o que representa perder quatro das suas atuais 23 cadeiras.
    Os resultados mostram uma punição aos partidos do Governo, em particular ao Partido Libertação Popular (PLP), do primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, que perde metade dos oito lugares no parlamento, passando de terceira a quinta força política.
    Taur Matan Ruak é um dos maiores derrotados da votação de domingo, com os eleitores a fugirem da força política que se estreou como a terceira mais votada em 2017, ficando-se agora pelos 37701 votos e 7,25%.
    Também a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), de Mari Alkatiri, foi penalizada, com o partido que viabilizou o executivo desde 2020 a registar a pior percentagem de apoio sempre, com uma queda de cerca de oito pontos percentuais face ao voto que obteve nas antecipadas de 2018.
    Finalmente, o Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) conseguiu aumentar o seu apoio, para 7,25% e deverá manter os atuais cinco lugares- Os resultados indiciam uma fuga de voto para os maiores partidos, com o total de boletins em partidos que ficaram abaixo da barreira de elegibilidade (4% dos votos válidos) a representar menos de 10% dos votos totais.
    Esse valor é mais baixo do que em 2017, quando chegou aos 14% e em 2012, quando garantiu mais de 23,13%.
    O CNRT venceu em toda a diáspora, em nove dos 13 municípios de Timor-Leste já apurados (perdeu apenas para a Fretilin em Baucau e Viqueque) e ainda na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA), zona que tem sido praticamente sempre administrada por um dirigente da Fretilin.
    O parlamento fica agora com apenas cinco bancadas partidárias (eram oito antes do voto de domingo) com apenas duas das restantes 12 forças políticas concorrentes a chegar próximo da barreira de 4% dos votos válidos: o estreante Partido Os Verdes de Timor (PVT) e o Partido Unidade e Desenvolvimento Democrático (PUDD), que tinha um lugar no parlamento.
    O sufrágio de domingo foi marcado pelo aumento da participação da diáspora timorense, impulsionada em particular pelos jovens emigrantes que se recensearam no último ano, com valores nunca vistos de adesão ao voto.
    Num dos centros de votação no Reino Unido a afluência foi tão elevada que os responsáveis da Comissão Nacional de Eleições (CNE) e do STAE tiveram de colocar uma segunda urna para receber votos.
    Imagens da votação em pontos tão diversos como Melbourne, Seul, Lisboa ou Crewe mostraram grandes filas, com responsáveis eleitorais e diplomatas a referirem o entusiasmo da participação dos eleitores.
    A contagem dos votos foi dificultada por problemas de internet, que atrasou a comunicação dos resultados de alguns municípios para Díli, com críticas à forma como o STAE divulgou os resultados.
    Situação que levou mesmo o Presidente timorense, José Ramos-Horta, a afirmar que vai solicitar uma auditoria internacional ao processo de divulgação dos dados eleitorais que, mais de 30 horas depois do fecho das urnas, ainda não eram conhecidos.
    ASP // PJA
    Lusa/FIm
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  • Foi atacado duas vezes por um crocodilo e viu isso como um sinal de alento. Em Timor, há portugueses com esperança e otimismo em doses generosas – Atualidade – SAPO 24

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    Source: Foi atacado duas vezes por um crocodilo e viu isso como um sinal de alento. Em Timor, há portugueses com esperança e otimismo em doses generosas – Atualidade – SAPO 24

  • PR timorense vai convidar partido mais votado a formar Governo

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    Timor-Leste/Eleições: PR timorense vai convidar partido mais votado a formar Governo
    Díli, 22 mai 2023 (Lusa) – O Presidente timorense disse hoje que vai convidar o partido mais votado nas eleições de domingo a formar Governo, e avisou que não aceitará, necessariamente, qualquer coligação que lhe seja apresentada.
    “Convidarei o partido mais votado, com ou sem maioria absoluta. Se não tiver cabe ao partido decidir se convida outro partido. Se houver coligação vou ver quem faz parte dessa coligação”, disse José Ramos-Horta à Lusa.
    “Há determinados partidos que não passarão pela minha assinatura. Não vou simplesmente aceitar qualquer coligação que venha”, disse, depois de visitar hoje a Comissão Nacional de Eleições (CNE) onde deverá começar na terça-feira a verificação dos votos de domingo.
    O chefe de Estado falava numa altura em que estão contabilizados mais de 82% dos centros de votação, com o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), de Xanana Gusmão a ter uma maioria confortável de 41,09% Em segundo lugar está a Fretilin com cerca de 26,4% dos votos.
    A manter-se a atual tendência, o CNRT vencerá as eleições, mas sem a maioria absoluta, pelo que necessitará de uma coligação.
    O cenário mais provável é de uma coligação com o Partido Democrático (PD), que é atualmente a terceira força mais votada, já que os restantes três partidos estão juntos num acordo de plataforma para governar caso vencessem.
    No domingo, depois de votar, Mariano Assanami Sabino, presidente do PD, disse à Lusa que o partido estava disponível para avaliar essa possibilidade de aliança, quer com o CNRT, quer com a Fretilin.
    JMC/ASP // PJA
    Lusa/Fim
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