Categoria: Politica Politicos

  • PORTUGAL E A DESCOBERTA DO CANADÁ (em inglês)

    Views: 0

    An old relation trough the centuries from 1472, before Columbus discover the new world.
    See the movie Translated to Portuguese here
    https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=aaXl6m85dOY
    The procession in Canada with 5000 Portuguese fisherman
    http://www.virtualmuseum.ca/sgc-cms/expositions-exhibitions/basilique-basilica/assets/year_of_joy.html
     

    Outro filme semelhante, também da National Film Board of Canada, já legendado pela APOS está aqui emhttp://youtu.be/aaXl6m85dOY

    o nome canada é de uma antiga medida portuguesa. há mais de 300 toponímos ainda hoje portugueses na terra nova, terra do lavrador (atual labrador) e os vikings navegaram costeiramente e foi provado que não chegaram a américa (mendaux é uma farsa). a verdadeira descoberta não oficial da américa pela civilização da época foi feita por pescadores açoreanos de bacalhau no ano de 1415. ver fernandes e família corte real. abraços

     

     

  • pintura de Gabriela Carrascalão

    Views: 0

    Photo
    http://timordonorteasul.blogspot.com/2008/02/moonlight-dancing-de-mgabriela.html

      • Gabriela Carrascalao Moonlight Dancing – titulo em Inglês deste quadro – Tebe numa noite de luar!

        , Março de 2003

        Loi Sa’e
        é aparição!
        donzela dengosa,
        Vaidosa!
        o monte desce,
        silhueta ondulante,
        a lua ilumina
        é convite para o amor!
        O batuque grita
        de ritmo marcante….
        mais alto…
        Loi Sa’e geme …
        o mancebo encanta
        Dança !…
        ao ritmo do batuque
        Loi Sa’e, luz da lua
        toda ela se mexe ,
        é o eco do bamboleio
        seu corpo serpenteando…
        é som do roçar dos tais
        xiu! xiu! assa xiu ! assa xiu!
        Loi Sa’e, luz da lua
        Dos suspiros em ais!
        Loi Sa’e….
        O mancebo desafia
        dança seu corpo
        serpente sensual…
        seus seios acaricia …
        ao ritmo do batuque
        Loi Sa’e!
        À luz da lua
        O mancebo espia
        donzela dengosa !
        Tebe à luz do luar!
        É noite para amar!….
  • morreu BANA o rei das mornas

    Views: 0

    http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=666297&tm=4&layout=122&visual=61

    Morreu o Rei da Morna. Bana morreu esta noite num hospital de Lisboa vítima de doença prolongada. Bana foi um dos nomes que mais contribuiu para projetar a musica de Cabo Verde.

    O cantor Bana, conhecido como o ‘Rei da Morna’, faleceu esta madrugada no Hospital de Loures, vítima de doença prolongada.

    Esta Embaixada informa o seguinte:
    VELÓRIO
    14 de julho, domingo, a partir das 13 horas, na Igreja da Sagrada Família em Benfica

    MISSA DE CORPO PRESENTE
    15 de julho, segunda-feira, 13 horas na Igreja da Sagrada Família em Benfica

    FUNERAL
    15 de Julho, segunda-feira, 14.15 horas, para o Cemitério do Alto de São João (onde o corpo será cremado, segundo o desejo manifestado em vida).

     

    k.
    Bana os melhors mornas

    www.youtube.com

    Les meilleures mornas de Bana mix ” Radio Cabo Music “Lamento dum imigrante | Nha vizao | Canter felicidade | Querida | Verdianinha | Morabeza | Lena | Dor d…
    «- Maria Barbara canta mais uma morna
    – Senhor Tenente um’ ca podê cantà màs»
    Bana – Maria Barbara (pt especial Té Macedo – Live)

    www.youtube.com

    Concert live Bana & Amigos Bana – Maria Barbara (pt especial Té Macedo)

    __._,_.___

  • história dos judeus em Cabo Verde (texto inglês)

    Views: 0

    “Cape Verde’s Jewish history stays alive”:

    Preservation of memory is critical to the Jewish psyche, and in Cape Verde
    there is an uplifting story of remembrance that defies the all-too-common
    narrative of anti-Semitism and persecution. Hebrew and Portuguese
    inscriptions grace typical Sephardic Jewish tombstones in four small
    cemeteries on three islands in Cape Verde. Many reflect the date of death
    according to the Hebrew calendar and place of birth such as Tangiers or
    Mogador (now Essaouira), in Morocco. The cemeteries have fallen into
    disrepair, and since 2008, when I founded the Cape Verde Jewish Heritage
    Project (CVJHP), I have worked with a remarkable assortment of people –
    Jews and Christians, and even one Muslim monarch – to restore and preserve
    them.

    I first learned about Cape Verde’s Jewish roots through a scholarship
    program I managed for Portuguese-speaking Africa in the late 1980s. Many
    of my students bore Jewish surnames, such as Levy, Benchimol, Anahory and
    Wahnon, which piqued my curiosity. As a Jew fascinated by Sephardic
    history and culture, who also loves Cape Verde and its people, I was moved
    by the poignant remnants of this small but influential Jewish community –
    remnants that bespeak an important but under-documented chapter in
    African/Jewish history.

    An archipelago of ten small islands about 300 miles off the coast of
    Senegal, Cape Verde is predominantly Catholic as a result of Portuguese
    colonial rule. However, in the 19th century, the islands had a prominent
    community of Jews, largely from Muslim Morocco. Sephardic Jews from
    Morocco and Gibraltar set sail for Cape Verde in the mid 1800’s (after the
    abolition of the Inquisition), in search of economic opportunity. During
    their heyday in the mid to late 19th century, the Jews played pivotal
    roles in the economy and administration of the islands. And to this day,
    many descendants continue to distinguish themselves at the highest levels
    in government, culture and commerce. For example, Carlos Alberto Wahnon de
    Carvalho Veiga, voted in as Cape Verde’s first democratically elected
    Prime Minister in 1991, was of Jewish descent.

    Because the Jews were few in number and mostly male, many married local
    Catholic women. As a result of this assimilation, Cape Verde today has
    virtually no practicing Jews, even though many descendants express deep
    pride in their Jewish ancestry. Prominent Cape Verdean businessman Daniel
    Brigham, grandson of patriarch Abrao Brigham, once told me, “I am not a
    religious man, but I try to follow the Ten Commandments. I am proud of my
    Jewish rib.”

    Many descendants of the Jewish families are collaborating on various
    aspects of CVJHP’s mission. For example, Lisbon-based architect Rafael
    Benoliel designed the blueprint to restore the Jewish cemetery of Boa
    Vista and the Project logo. Several descendants serve on CVJHP’s board of
    directors. And recognizing the symbolism of Moroccan Jewish patrimony on
    Cape Verdean soil, King Mohammed VI of Morocco is a major benefactor of
    the Project. In a world where tensions between Jews and Muslims tend to
    overshadow our many points of convergence – theological, historical and
    cultural – this gesture by a Muslim monarch, to recover Jewish heritage in
    Catholic Cape Verde is inspiring.

    Dozens of descendants and dignitaries recently attended the re-dedication
    ceremony in May for the Jewish burial plot in Praia, the capital– the
    first of four cemetery restorations that CVJHP is financing. The chief
    rabbi of Lisbon, who officiated at the ceremony, blessed the deceased and
    affirmed that in the Jewish tradition, creating and preserving burial
    grounds is actually more important than building a house of worship. The
    outpouring of pride from the descendants at the ceremony was gratifying –
    as if the project reawakened in many a sense of pride and identity with
    the Jewish people.

    The encounter between the Sephardic Jews and the predominantly Catholic
    Cape Verdean population in the 19th and early 20th centuries teaches us
    lessons of tolerance and mutual respect. Unlike in many European
    countries, the local people welcomed the Jews. By preserving their burial
    grounds and documenting their contributions, we re-affirm Sephardic
    history and celebrate Cape Verde’s rich cauldron of cultures. A local
    resident who was following local television coverage of the Praia
    rededication ceremony put it this way to me: “by preserving Jewish
    heritage in Cape Verde, you are preserving Cape Verde’s history.”

  • ROSALIA DE CASTRO, GALIZA Adeus, rios; adeus, fontes

    Views: 0

    Adeus, rios; adeus, fontes

    adeus, rios; adeus, fontes;
    adeus, regatos pequenos;
    adeus, vista dos meus olhos;
    não sei quando nos veremos.

    minha terra, minha terra,
    terra onde me eu criei,
    hortinha que quero tanto,
    figueirinhas que plantei,

    prados, rios, arvoredos,
    pinhares que move o vento,
    passarinhos piadores,
    casinha do meu contento,

    moinho dos castanhais,
    noites claras de luar,
    campainhas timbradoras
    da igrejinha do lugar,

    amorinhas das silveiras
    que eu lhe dava ao meu amor,
    caminhinhos entre o milho,
    adeus para sempre a vós!

    adeus, glória! adeus, contento!
    deixo a casa onde nasci,
    deixo a aldeia que conheço
    por um mundo que não vi!

    deixo amigos por estranhos,
    deixo a veiga pelo mar,
    deixo, enfim, quanto bem quero…
    quem pudera o não deixar!…

    mas sou pobre e, malpecado!
    a minha terra n’é minha,
    que até lhe dão prestado
    a beira por que caminha
    ao que nasceu desditado.

    tenho-vos, pois, que deixar,
    hortinha que tanto amei,
    fogueirinha do meu lar,
    arvorinhas que plantei,
    fontinha do cabanal.

    adeus, adeus, que me vou,
    ervinhas do campo-santo,
    onde meu pai se enterrou,
    ervinhas que biquei tanto,
    terrinha que nos criou.

    adeus, Virgem da Assunção,
    branca como um serafim;
    levo-vos no coração;
    vós pedi-lhe a Deus por mim,
    minha Virgem da Assunção.

    já se ouvem longe, mui longe,
    as campanas do Pomar;
    para mim, ai!, coitadinho,
    nunca mais hão de tocar.

    já se ouvem longe, mais longe…
    cada bad’lada uma dor;
    vou-me só e sem arrimo…
    minha terra, adeus me vou!

    adeus também, queridinha…
    adeus por sempre quiçá!…
    digo-che este adeus chorando
    desde a beirinha do mar.

    não me olvides, queridinha,
    se morro de solidão…
    tantas léguas mar adentro…
    minha casinha!, meu lar!

    (Rosalia de Castro, poeta galega 1837-1885)

    Edições da Galiza/AGLP, pelo ilustre filólogo galego, Professor Dr. Higino Martins Esteves, segundo o Acordo Ortográfico da LP de 1990.

  • poema de Gabriela Carrascalão

    Views: 4

    Este poema faz parte do curriculo do 12 ano da Escolas Portuguesas de TL. Foram escolhidos tres poemas sobre Timor : este, um de Rui Cinatty e um do Padre Barros Duarte. …

    Poema :
    Titulo : Menino Abandonado
    autora; MGabriela Carrascalao

    01-12-2006

    Menino…. Abandonado,
    rejeitado!
    chorando!…
    nas ruas de Dili!…
    Secas! Poeirentas!
    Menino magoado!
    Perdido…
    Angustiado!
    Geme!
    Garoto inocente!
    triste, mal amado!
    Menino esfomeado!
    inocência violada !
    criança usada!
    rosto massacrado,
    lágrimas !
    de sangue jorrando!
    nas ruas de Dili!…
    Secas! Poeirentas!
    Criança chorando!
    Meu Menino,
    garoto magoado!
    Triste !…
    abandonado!…

    MGabriela Carrascalão
    1-12-2006

    MGabriela

  • morreu o padre Lancelote Rodrigues

    Views: 0

     

    Última notícia:

    Morreu Lancelote Rodrigues, o padre em Macau que era conhecido como o padre dos refugiados, começou o seu trabalho comunitário em prol de gente que chegava a Macau à procura de um porto de abrigo em 1950.

    Leia mais em:
    http://noticias.sapo.tl/portugues/lusa/artigo/16285235.html

    Última notícia:Morreu Lancelote Rodrigues, o padre dos refugiados em Macau que era conhecido como o padre dos refugiados, começou o seu trabalho comunitário em prol de gente que chegava a Macau à procura de um porto de abrigo em 1950.Leia mais em:http://noticias.sapo.tl/portugues/lusa/artigo/16285235.html

     

    Faleceu Padre Lancelote Rodrigues em Macau,

    Manifesta a Korsang di Melaka a perda física do padre Lancelote, transcrevendo a publicação a 08 julho 2008, Macau, China (Lusa) – A entrada de Malaca para a lista de tesouros da Humanidade da UNESCO é uma “honra para todos os malaqueiros”, disse à agência Lusa em Macau o padre Lancelote Rodrigues, natural de Malaca.

    Também o presidente do instituto Internacional de Macau, Jorge Rangel, manifestou a dor profunda com a noticia. “Quem o conheceu de perto sabe que a vida em Macau nunca mais será a mesma para com quem ele convivia e partilhava a alegria de viver e a vontade de servir e abraçar causas nobres”.

    O padre Lancelote Rodrigues, natural de Malaca e a residir em Macau desde 1935, onde chegou com 12 anos, morreu hoje 17 de Junho no Hospital Kiang Wu, noticiou a Rádio Macau.
    Filho de pai português, Lancelote Rodrigues nasceu a 21 de dezembro de 1923, morreu aos 89 anos e deixa um trabalho em prol dos refugiados – chegou a ser representante em Macau do Alto Comissariado dos Refugiados – que lhe valeu ser nomeado por Hong Kong para o prémio Nansen 2012 e uma condecoração da rainha de Inglaterra.
    Depois de concluir os estudos em filosofia e teologia, Lancelote Rodrigues decidiu, aos 22 anos, ser padre, e acabou ordenado em 1949.
    Conhecido como o padre dos refugiados, começou o seu trabalho comunitário em prol de gente que chegava a Macau à procura de um porto de abrigo em 1950, quando o então bispo de Macau o mandou acudir à vaga de portugueses que chegava de Xangai.
    Numa entrevista à agência Lusa em junho de 2012, Lancelote Rodrigues recordou que chegaram a existir três centros de refugiados com pessoas de várias condições como no caso dos portugueses de Xangai o que, para alguns, era uma humilhação, problema que se foi esbatendo com convívios entre todos.
    Realojados os portugueses de Xangai, em 1977 surge uma nova vaga de refugiados, os vietnamitas, situação que se prolongou até 1991 e que trouxe a Macau cerca de 30.000 pessoas.
    Com a transição à porta – realizou-se a 20 de dezembro de 1999 – Lancelote Rodrigues recordou também que foi necessário ir procurando países de acolhimento para as pessoas que passaram por Macau e para as 441 crianças que nasceram no então território administrado por Portugal.
    Em declarações à agência Lusa, o cônsul-geral de Portugal em Macau, Vitor Sereno, lamentou a morte de Lancelote Rodrigues e destacou o trabalho do padre ao longo de várias décadas junto da população de Macau, mas sobretudo junto dos refugiados.
    “Foi um exemplo no passado e será sempre um exemplo para todos no futuro”, assinalou.
    JCS // VM
    Lusa/Fim

  • e agora josé (drummond de andrade)

    Views: 0

    Carlos Drummond de Andrade – E Agora Jose

    Drummond na voz de Drummond

    poema “José” de Carlos Drummond de Andrade foi publicado originalmente em 1942, na coletâneaPoesias. Ilustra o sentimento de solidão e abandono do indivíduo na cidade grande, a sua falta de esperança e a sensação de que está perdido na vida, sem saber que caminho tomar.

    José

    E agora, José?
    A festa acabou,
    a luz apagou,
    o povo sumiu,
    a noite esfriou,
    e agora, José?
    e agora, você?
    você que é sem nome,
    que zomba dos outros,
    você que faz versos,
    que ama, protesta?
    e agora, José?

    Está sem mulher,
    está sem discurso,
    está sem carinho,
    já não pode beber,
    já não pode fumar,
    cuspir já não pode,
    a noite esfriou,
    o dia não veio,
    o bonde não veio,
    o riso não veio,
    não veio a utopia
    e tudo acabou
    e tudo fugiu
    e tudo mofou,
    e agora, José?

    E agora, José?
    Sua doce palavra,
    seu instante de febre,
    sua gula e jejum,
    sua biblioteca,
    sua lavra de ouro,
    seu terno de vidro,
    sua incoerência,
    seu ódio — e agora?

    Com a chave na mão
    quer abrir a porta,
    não existe porta;
    quer morrer no mar,
    mas o mar secou;
    quer ir para Minas,
    Minas não há mais.
    José, e agora?

    Se você gritasse,
    se você gemesse,
    se você tocasse
    a valsa vienense,
    se você dormisse,
    se você cansasse,
    se você morresse…
    Mas você não morre,
    você é duro, José!

    Sozinho no escuro
    qual bicho-do-mato,
    sem teogonia,
    sem parede nua
    para se encostar,
    sem cavalo preto
    que fuja a galope,
    você marcha, José!
    José, para onde?

    Análise e interpretação do poema

    Na composição, o poeta assume influências modernistas, como verso livre, ausência de um padrão métrico nos versos e uso de linguagem popular e cenários cotidianos.

    Primeira estrofe

    E agora, José?
    A festa acabou,
    a luz apagou,
    o povo sumiu,
    a noite esfriou,
    e agora, José?
    e agora, você?
    você que é sem nome,
    que zomba dos outros,
    você que faz versos,
    que ama, protesta?
    e agora, José?

    Começa por colocar uma questão que se repete ao longo de todo o poema, se tornando uma espécie de refrão e assumindo cada vez mais força: “E agora, José?”. Agora, que os bons momentos terminaram, que “a festa acabou”, “a luz apagou”, “o povo sumiu”, o que resta? O que fazer?

    Esta indagação é o mote e o motor do poema, a procura de um caminho, de um sentido possível. José, um nome muito comum na língua portuguesa, pode ser entendido como um sujeito coletivo, metonímia de um povo. Quando o autor repete a questão, e logo depois substitui “José” por “você”, podemos assumir que está se dirigindo ao leitor, como se todos nós fossemos também o interlocutor.

    É um homem banal, “que é sem nome”, mas “faz versos”, “ama, protesta”, existe e resiste na sua vida trivial. Ao mencionar que este homem é também um poeta, Drummond abre a possibilidade de identificarmos José com o próprio autor. Coloca também um questionamento muito em voga na época: para que serve a poesia ou a palavra escrita num tempo de guerra, miséria e destruição?

    Segunda estrofe

    Está sem mulher,
    está sem discurso,
    está sem carinho,
    já não pode beber,
    já não pode fumar,
    cuspir já não pode,
    a noite esfriou,
    o dia não veio,
    o bonde não veio,
    o riso não veio,
    não veio a utopia
    e tudo acabou
    e tudo fugiu
    e tudo mofou,
    e agora, José?

    Reforça a ideia de vazio, de ausência e carência de tudo: está sem “mulher”, “discurso” e “carinho”. Também refere que já não pode “beber”, “fumar” e “cuspir”, como se seus instintos e comportamentos estivessem sendo vigiados e tolhidos, como se não tivesse liberdade para fazer aquilo que tem vontade.

    Repete que “a noite esfriou”, numa nota disfórica, e acrescenta que “o dia não veio”, como também não veio “o bonde”, “o riso” e “a utopia”. Todos os eventuais escapes, todas as possibilidades de contornar o desespero e a realidade não chegaram, nem mesmo o sonho, nem mesmo a esperança de um recomeço. Tudo “acabou”, “fugiu”, “mofou”, como se o tempo deteriorasse todas as coisas boas.

    Terceira estrofe

    E agora, José?
    Sua doce palavra,
    seu instante de febre,
    sua gula e jejum,
    sua biblioteca,
    sua lavra de ouro,
    seu terno de vidro,
    sua incoerência,
    seu ódio — e agora?

    Lista aquilo que é imaterial, próprio do sujeito (“sua doce palavra”, “seu instante de febre”, “sua gula e jejum”, “sua incoerência”, “seu ódio”) e, em oposição direta, aquilo que é material e palpável (“sua biblioteca”, “sua lavra de ouro”, “seu terno de vidro”). Nada permaneceu, nada restou, sobrou apenas a pergunta incansável: “E agora, José?”.

    Quarta estrofe

    Com a chave na mão
    quer abrir a porta,
    não existe porta;
    quer morrer no mar,
    mas o mar secou;
    quer ir para Minas,
    Minas não há mais.
    José, e agora?

    O sujeito lírico não sabe como agir, não encontra solução face ao desencantamento com a vida, como se torna visível nos versos “Com a chave na mão / quer abrir a porta, / não existe porta”. José não tem propósito, saída, lugar no mundo.

    Não existe nem mesmo a possibilidade da morte como último recurso – “quer morrer no mar, / mas o mar secou” – ideia que é reforçada mais adiante. José é obrigado a viver.

    Com os versos “quer ir para Minas, / Minas não há mais”, o autor cria outro indício da possível identificação entre José e Drummond, pois Minas é a sua cidade natal. Já não é possível voltar ao local de origem, Minas da sua infância já não é igual, não existe mais. Nem o passado é um refúgio.

    Quinta estrofe

    Se você gritasse,
    se você gemesse,
    se você tocasse
    a valsa vienense,
    se você dormisse,
    se você cansasse,
    se você morresse…
    Mas você não morre,
    você é duro, José!

    Coloca hipóteses, através de formas verbais no pretérito imperfeito do subjuntivo, de possíveis escapatórias ou distrações ( “gritasse”, “gemesse”, “tocasse a valsa vienense”, “morresse”) que nunca se concretizam, são interrompidas, ficam em suspenso, o que é marcado pelo uso das reticências.

    Mais uma vez, é destacada a ideia de que nem mesmo a morte é uma resolução plausível, nos versos: “Mas você não morre / Você é duro, José!”. O reconhecimento da própria força, a resiliência e a capacidade de sobreviver parecem fazer parte da natureza deste sujeito, para quem desistir da vida não pode ser opção.

    Sexta estrofe

    Sozinho no escuro
    qual bicho-do-mato,
    sem teogonia,
    sem parede nua
    para se encostar,
    sem cavalo preto
    que fuja a galope,
    você marcha, José!
    José, para onde?

    É evidente o seu isolamento total (“Sozinho no escuro / Qual bicho-do-mato”), ” sem teogonia” (não há Deus, não existe fé nem auxílio divino), “sem parede nua / para se encostar” (sem o apoio de nada nem de ninguém), “sem cavalo preto / que fuja a galope” (sem nenhum meio de fugir da situação em que se encontra).

    Ainda assim, “você marcha, José!”. O poema termina com uma nova questão: “José, para onde?”. O autor explicita a noção de que este indivíduo segue em frente, mesmo sem saber com que objetivo ou em que direção, apenas podendo contar consigo mesmo, com o seu próprio corpo.

    O verbo “marchar”, uma das últimas imagens que Drummond imprime no poema, parece ser muito significativo na própria composição, pelo movimento repetitivo, quase automático. José é um homem preso à sua rotina, às suas obrigações, afogado em questões existenciais que o angustiam. Faz parte da máquina, das engrenagens do sistema, tem que continuar suas ações cotidianas, como um soldado nas suas batalhas diárias.

    Mesmo assim, e perante uma mundividência pessimista, de vazio existencial, os versos finais do poema podem surgir como um vestígio de luz, uma réstia de esperança ou, pelo menos, de força: José não sabe para onde vai, qual o seu destino ou lugar no mundo, mas “marcha”, segue, sobrevive, resiste.

    Leia também a análise do poema No Meio do Caminho de Carlos Drummond de Andrade.

    Contexto histórico: Segunda Guerra Mundial e Estado Novo

    Para compreender o poema na sua plenitude é essencial termos em vista o contexto histórico no qual Drummond viveu e escreveu. Em 1942, em plena Segunda Guerra Mundial, o Brasil também tinha entrado num regime ditatorial, o Estado Novo de Getúlio Vargas.

    O clima era de medo, repressão política, incerteza perante o futuro. O espírito da época transparece, conferindo preocupações políticas ao poema e expressando as inquietações cotidianas do povo brasileiro. Também as condições de trabalho precárias, a modernização das indústrias e a necessidade de migrar para as metrópoles tornavam a vida do brasileiro comum numa luta constante.

    Carlos Drummond de Andrade e o Modernismo brasileiro

    O Modernismo brasileiro, que surgiu durante a Semana de Arte Moderna de 1922, foi um movimento cultural que pretendia quebrar os padrões e modelos clássicos e eurocêntricos, heranças do colonialismo. Na poesia, queria abolir as normas que restringiam a liberdade criativa do autor: as formas poéticas mais convencionais, o uso de rimas, o sistema métrico dos versos ou os temas considerados, até então, líricos.

    A proposta era abandonar o pedantismo e os artifícios poéticos da época, adotando uma linguagem mais corrente e abordando temas da realidade brasileira, como modo de valorizar a cultura e a identidade nacional.

    Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, Minas Gerais, no dia 31 de outubro de 1902. Autor de obras literárias de vários gêneros (conto, crônica, história infantil e poesia), é considerado um dos maiores poetas brasileiros do século XX.

    Integrou a segunda geração modernista (1930 – 1945) que abraçou as influências dos poetas anteriores, e se focou largamente nos problemas sociopolíticos do país e do mundo: desigualdades, guerras, ditaduras, surgimento da bomba atômica. A poética do autor também revela um forte questionamento existencial, pensando no propósito da vida humana e no lugar do homem no mundo, como podemos ver no poema em análise.

    Em 1942, data de publicação do poema, Drummond estava de acordo com o espírito da época, produzindo uma poesia política que expressava as dificuldades diárias do brasileiro comum e as suas dúvidas e angústias, assim como a solidão do homem do interior perdido na cidade grande.

    Drummond morreu no Rio de Janeiro, dia 17 de agosto de 1987, na sequência de um infarto do miocárdio, deixando um vasto legado literário.

  • da Galiza (Pessoa, Inutilidades) por Isabel Rei

    Views: 0

    Da Galiza mensagem

    Inutilidades

    Pessoa no Livro do Desassossego: “Porque é bela a arte? Porque é inútil. Porque é feia a vida? Porque é toda fins e propósitos e intenções.”, era Bernardo Soares quem falava. Imaginemos Bernardo Soares, tristeiro apaixonado, enfastiado do capitalismo embrionário europeu, onde a primeira máquina já programava: fazer para algo.

    [É certo que o Livro do Desassossego não foi publicado até ao 1982
    mas a sua redação aconteceu nos começos do s. XX,
    sendo a morte do autor em 1935]

    Também Oscar Wilde no Retrato de Dorian Gray: “A Arte é completamente inútil”. O livro saiu do prelo em 1890, justamente quando a Era das Máquinas começava a invadir Europa. O escândalo foi maiúsculo e o autor redigiu várias cartas públicas na sua defesa.

    [Para os meus botões:
    O nosso dandy preferido deveu divertir-se como nunca!]

    Pela mesma época de industrialização massiva, António Machado (1875-1939), andaluz de ascendência galega, fiava uns versos que diziam:

    Sabe esperar, aguarda que la marea fluya
    —así en la costa un barco— sin que el partir te inquiete.
    Todo el que aguarda sabe que la victoria es suya;
    porque la vida es larga y el arte es un juguete.

    Y si la vida es corta
    y no llega la mar a tu galera,
    aguarda sin partir y siempre espera,
    que el arte es largo y, además, no importa.

    No começo do poder das máquinas “valer para algo” significava que a arte, a poesia, tinha o seu lugar prático numa cadeia de produção. Que a fariam encaixar no seu posto e fichar todos os dias. Que estaria desse modo realizando um labor proveitoso para a abstrata sociedade. Não consigo imaginar as páginas dum livro aprontando como um robô as tripas dum automóvel.

    Porém hoje a lógica das máquinas, do poder, nos possui. Tomamos a nossa pílula diária em chips, objeto essência do fazer para algo. Assumimos como natural a utilidade de tudo e quase não entendemos por que é necessária a beleza do inútil, do concibido para nada. A estética do artifício, do ilusionismo, da fantasia, a arte como uma prática em si mesma. Pela contra, aventuramos uns objetivos práticos para as artes

    [abrimos galerias visuais, tecemos fio musical, vemos produtos da marca Disney,
    contratamos empresas de marketing, organizamos concursos, outorgamos prémios,
    ingressamos nas enciclopédias, vendemos discos e livros
    e até imagens em duas, três, quatro dimensões]

    e disfarçamos de seriedade o brinquedo da invenção artística, o escutar por escutar, o ler por ler, qual o viver por viver. Esquecemos a noção da arte como artifício porque sim, máquina sem objetivo. Esquecemos que Arte é parte de Natura sem mais alvos do que existir a existência, essa colossal, poética e exemplar fantasia.

    Eugénio Granell (1912-2001)

    Eugénio Granell (1912-2001)

  • os Açores e o sul do Brasil

    Views: 0

    Documentário retrata relação entre os Açores e o sul do Brasil (Vídeo)

    www.rtp.pt

    http://www.rtp.pt/acores/?article=32410&visual=3&layout=10&tm=6

    “10 ilhas e um mundo” é o título do documentário que narra a história do povoamento açoriano no Sul do Brasil e retrata as semelhanças culturais entre o arquipélago e a ilha de Santa Catarina. </div>