O delegado do Governo de Espanha na região da Extremadura disse hoje que Olivença é espanhola com uma origem e passados portugueses, a que os seus habitantes não renunciam, e defendeu a promoção da singularidade da localidade.
O ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, afirmou, esta sexta-feira, que a localidade de Olivença “é portuguesa”, o que está estabelecido por tratado, e defendeu que “não se abdica” dos “direitos quando são justos”. Questionado pelos jornalistas em Estremoz, no distrito de Évora, sobre se Olivença é portuguesa ou espanhola, o ministro foi perentório: “Olivença é portuguesa, naturalmente, e não é provocação nenhuma”. “Aliás, por tratado, Olivença deverá ser entregue ao Estado português“, continuou Nuno Melo, que presidiu hoje à cerimónia comemorativa do Dia do Regimento de Cavalaria N.º 3 (RC3), naquela cidade alentejana. Segundo o ministro, que cumpriu parte
O ministro da Defesa, Nuno Melo, classificou de “muito grave” que o líder socialista seja “talvez o primeiro” responsável político a negar, em mais de 200 anos, a legitimidade de Portugal sobre aquela localidade anexada por Espanha. “‘Muito grave’ é que em mais de 200 anos, Pedro Nuno Santos seja talvez o primeiro líder de um partido político a negar a legitimidade de Portugal sobre Olivença, reconhecida pela própria Espanha em Tratado”, escreveu na rede social X o governante e presidente do CDS-PP, respondendo a críticas do secretário-geral socialista às suas declarações de que Olivença “é portuguesa”. Na publicação, em
Uma investigadora viveu dois anos com os oliventinos e revela o que pensam de Portugal.
OLIVENÇA:
Os Oliventinos preferem as férias em Portugal, falam português como segunda língua e rejeitam ser vistos como castelhanos. Mas não querem abandonar Espanha.
Os naturais de Olivença ainda gostam de se rever no espaço português que lhes é mais familiar, preferindo como destino de férias, por exemplo., Lisboa, Coimbra, Fátima, Évora e o Algarve. Continuam na sua maioria a falar português como segunda língua, mas não esquecem o abandono a que Portugal os votou desde sempre.
Estas são algumas das conclusões da investigadora eborense Ana Paula Fitas, que durante dois anos viveu em Olivença, tendo-se doutorado no passado dia 11 de Março, na Universidade Nova de Lisboa, com uma tese inédita sobre a questão oliventina.
«O Estado português nunca procedeu com a veemência e a contundência necessárias para exigir a restituição do território de Olivença, sacrificando-o sempre a subjectivos e estranhos critérios de definição do conceito de interesse nacional», afirma Ana Paula Fitas na sua tese de doutoramento, que recebeu do júri a classificação máxima de «Muito Bom, com distinção e louvor».
A investigadora considera que Portugal perdeu uma oportunidade única de colocar o assunto como prioritário na sua agenda diplomática, quando, em 2001, se abriu um contencioso com Espanha a propósito da reconstrução da velha ponte da Ajuda. E recorda que em 8 de Junho desse mesmo ano deu entrada na Assembleia da República uma petição subscrita por 5049 cidadãos nacionais que solicitavam, entre outros aspectos, que o ministro dos Negócios Estrangeiros se deslocasse a S. Bento para, em sessão plenária, explicar a posição do Governo português sobre a questão de Olivença. Mecanismos dilatórios da mais diversa ordem nunca permitiram que tal se viesse a concretizar.
«Será que o Estado português considera que Espanha adquiriu o território de Olivença por ‘uso capião’ e tenciona protelar indefinidamente uma tomada de posição pública só para não incorrer no desagrado de Madrid?», interroga-se a investigadora que entende que qualquer acordo entre os dois países é preferível à atitude de ignorar a existência deste problema de direito internacional, com cerca de dois séculos de existência, e se reporta à delimitação de fronteiras entre os dois países.
Em contraste com a indiferença e o conformismo nacionais, Ana Paula Fitas refere ainda as reacções espanholas ao relatório da agência americana CIA, em 2003, que apontava a questão oliventina como um dos potenciais focos de conflito regionais na Europa. E revela um facto praticamente desconhecido no nosso país: a expulsão de militante do PSOE do embaixador Máximo Cajal, na sequência da publicação, nesse mesmo ano, da sua obra Ceuta, Melilla, Olivenza y Gibraltar – Dónde acaba España? No livro, o diplomata questionava a legitimidade da soberania espanhola sobre aqueles territórios. Foi por isso afastado, por se haver considerado que se tratava de uma tomada de posição pública «politicamente incorrecta», capaz de pôr em causa a unidade da Espanha.
ANA PAULA FITAS.
O trabalho de Ana Paula Fitas foi realizado no âmbito da especialidade da cultura portuguesa e intitula-se «Continuidade Cultural e Mudança Social – Um estudo etnológico comparado entre Juromenha e Olivença». Para o elaborar viveu dois anos na região, tendo utilizado o método antropológico participante, o que proporcionou um contacto muito directo e profundo com a população e com as instituições locais. Tal facto leva-a à formulação de nova censura a Portugal: «Não há nem nunca houve qualquer política de salvaguarda do património cultural e etnológico português, lesando-se assim a população oliventina na preservação da sua memória histórica e deixando-se que as marcas da sua singularidade regional, das quais tanto se orgulha, acabem por desaparecer».
Para esta especialista em Estudos Portugueses, o convívio com a população – composta por cerca de dez mil pessoas – permitiu-lhe perceber a forma de construção da sua actual identidade. «Ela é portuguesa, do ponto de vista histórico; oliventina (singular), na perspectiva cultural; e politicamente espanhola no contexto regional», esclarece, para acrescentar depois que «a tentativa de castelhanização das suas gentes e do seu modo de vida ainda não se impôs».
Até à instauração da democracia espanhola, os oliventinos foram perseguidos e discriminados socialmente, tendo pago a factura da sua origem portuguesa. Hoje, como os alentejanos, vivem essencialmente da agricultura. Há trinta anos eram tão pobres quanto os de Juromenha. Mas, com a criação das comunidades autónomas, acabaram por dar o salto em frente, muito devendo ao alcaide Ramón Rocha, que os integrou de pleno direito na região da Extremadura.
Na opinião de Ana Paula Fitas, as gentes de Olivença sempre resistiram à mudança social orientada segundo os paradigmas sociais, políticos e ideológicos do Estado espanhol, a partir do final da administração portuguesa. «Isto é particularmente evidente na continuidade cultural portuguesa que se manifesta em grande parte das suas representações sociais», elucida. Por isso avança com a afirmação de que Olivença é ainda hoje «uma realidade luso-espanhola».
Ana Paula Fitas conclui que, se «não houver uma intervenção cultural portuguesa no território, os oliventinos estão expostos à adesão a práticas e símbolos homogeneizantes que debilitarão as suas reservas de resistência cultural». NOTA: (Esta publicação foi feita em 2005, entretanto muita coisa foi feita em Olivença: A nacionalidade portuguesa foi dada aos oliventinos, Olivença faz parte da UCCLA, o ensino do português é generalizado em Olivença!!! Mas falta o mais importante de tudo, uma tomada de posição pública do Estado português, para que Olivença tal como foi Timor-Leste entre na prioridade dos portugueses!!!)
Aquí vos deixo o testemunho feito por um jornalista inglês em Olivença no ano de 2006 e que foi publicado na Inglaterra em 2008!!
Reportagem de “The Telegraph”, 19-Agosto-2006 (Olivença-Talega- Alconchel-Elvas)
THE TELEGRAPH, 19 de Agosto de 2006
O MELHOR DOS DOIS MUNDOS, THE TELEGRAPH
Já se passaram duzentos anos desde que a cidade espanhola de Olivença deixou de fazer parte de Portugal, mas as velhas influências resistem, diz Anthony Jefferies. Por vezes eu penso no fenómeno de pensar em duas línguas”, diz António Barraso Gonzales antes de tomar um gole do seu café. “Mas na maior parte das vezes nem sequer penso nisso. É apenas uma coisa natural. Num minuto tenho pensamentos em Espanhol no meu espírito, no minuto seguinte tenho-os em Português. Os sonhos são também interessantes. Posso sonhar numa língua e então, ao acordar, relembrá-los na outra.”Antonio não está só, em Olivença decerto que não. Esta pode ser uma cidade (espanhola), mas pertenceu em tempos a Portugal e as velhas influências resistem. Mais de 200 anos passaram desde que os espanhóis – com a ajuda do exército de Napoleão Bonaparte – fizeram recuar a fronteira entre os dois vizinhos ibéricos. Mas um deambular pelas sossegadas ruas pavimentadas de negro e branco desta formosa cidade na ponta ocidental da Extremadura traz Portugal à memória, não Espanha.Para começar, a maior parte dos mais velhos naturais da cidade falam Português quando vão às compras ou descansam nos bancos do largo “paseo” central. Depois, está presente a arquitectura: “ondulações” de pedra manuelinas em cada frontaria das Igrejas e mesmo sobre a entrada da Câmara Municipal: torres sólidas de forma quadrada destacando-se a do castelo no coração da cidade, “marcando-a” como um bastião português; e, sobretudo, as telhas das casas. Frentes de lojas, paredes, mesmo as indicações de ruas – incluindo aquelas que assinalam a “Plaza de España – estão cobertas com os azulejos azuis e brancos que são tão intrinsecamente portugueses. No centro de dia dos pensionistas à sombra do Castelo, Antonio e os seus companheiros estão a discordar àcerca da influência cultural predominante. Ele afirma que “não há quase nada espanhol em Olivença”. Maruja Antunes Gomez, presidente da associação de pensionistas, pensa de forma diferente. “Os edifícios, as telhas e os pavimentos podem ser iguais aos de Portugal, mas as pessoas são espanholas e têm orgulho nisso”, diz ela. “Os jovens nem sequer falam Português. A sua única ligação é com Espanha. “Susana Rodrigues e Belén Naharro” não têm tanta certeza assim. Susana tem 26 anos e trabalha na Biblioteca da cidade; Belen, de 22 anos, é estudante.”Há um forte sentimento português em Olivença e isso é motivo de orgulho nosso, diz Susana. “A nossa cidade é única, mas não sentimos que isso nos ponha à margem do resto da Espanha.”Ambas falam um pouco de Português.” É ensinado nas escolas precisamente ao longo da raya (palavra espanhola para a estreita fronteira artificial entre os dois países), porque o governo em Lisboa disponibiliza fundos. Eles não querem que a sua língua morra. Mas não o falamos como os nossos avós”, diz Belén. “E todos adoramos passear até Portugal. As cidades são semelhantes a Olivença e o país é muito bonito. Mas tomamos a Espanha como referência para cada influência. “Legalmente, estas influências deviam ser ainda portuguesas. A Espanha assinou um Tratado em 1817 prometendo devolver Olivença, as suas aldeias circundantes e um pedaço de território junto do Rio Guadiana de que se apoderara 16 anos antes. Mas a devolução nunca aconteceu. A fronteira “redesenhada” está apenas a oito milhas a oeste de Olivença, e os locais atravessam-na sem hesitar um momento. Até há cinco anos atrás, quando uma ponde rodoviária foi aberta, isso era feito em barcos de passeio porque a Ponte medieval, a “Puente de Ayuda”, a poucos metros da nova travessia, tinha sido destroçada durante uma das muitas guerras de fronteira, e nunca fora reparada. Antônio contou como, durante os anos em que Franco governava a Espanha e Salazar estava no poder em Portugal, o contrabando era difícil. Os habitantes locais atravessavam o rio pouco profundo vindos de Espanha carregados com têxteis ou produtos eléctricos, e voltavam com malas de linho, vegetais ou bacalhau salgado. “Esses foram tempos muito difíceis e o nosso comércio com Portugal era um risco para a própria vida. Havia patrulhas regulares no rio mas era fácil enganá-las. Era como um jogo.”Procurando na parte velha da cidade, o que me impressiona mais é o quanto mais clara e mais limpa é Olivença quando comparada com a maioria das cidades espanholas. Depois, nota-se o barulho – ou a falta dele. Passeiem pelas ruas de qualquer cidade em Espanha fora da hora da sesta e o alto nível de decibéis pode deixá-los assustados. Em Olivença as pessoas falam baixinho… como de facto o fazem os portugueses. O passado deixou outros traços positivos. Nunca vi uma padaria espanhola com uma tão assombrosa variedade de artigos de pastelaria e maçapães como a que encontrei numa mesmo à saída da “Plaza de España”. E os restaurantes abertos na cidade de 11 000 habitantes que é Olivença estão cheios de ofertas de pratos portugueses – nomeadamente bacalhau, que é o mais próximo a que um prato se pode transformar numa oferenda religiosa na Ibéria Ocidental. Então deparamos com as espantosas e “enroladas” colunas da Igreja da Madalena, o interior da Igreja da Madalena com azulejos do chão ao tecto e o excelente museu etnológico no interior do castelo, as suas dúzias de salas recriando a vida da cidade antes e depois de Olivença ter mudado de mãos. É fácil de compreender por que foram os espanhóis tão argutos ao alargarem as suas fronteiras até aqui. Esta é uma terra bela e viçosa, cheia de colinas delicadas e com sobreiros (“carvalhos com cortiça”, no original!) disseminados pelos campos de trigo. Não há a sensação de aspereza ou uma constante luta “contra” a terra e os elementos como há na Extremadura do Norte. A limpa e pequena localidade de Táliga, algumas milhas ao sul, por uma estrada “direita como um pau” que trai origens romanas no meio de uma paisagem de vales largos e paredes de pedra árida; poder-se-ia pensar estar na Grã-Bretanha, excepto pelo quente do Sol, os zumbidos e as águias que nos apercebemos por sobre as nossas cabeças, atravessando-se no caminho de poucos em poucos minutos. Aqui, aves de rapina e cegonhas são mais comuns do que pardais. Eu observo com temor como a mais majestosa de todas elas, a águia imperial espanhola, desenha círculos sobre mim enquanto eu sou empurrado pelo vento no alto do Castelo de Miraflores.O Castelo situa-se no alto sobre a vila (“aldeia”) de Alconchel, a oeste de Táliga, e domina os campos por muitas milhas em redor. Os Mouros construíram-no, os portugueses conquistaram-no há 900 anos, mas então Alconchel passou para a coroa espanhola muito antes do resto do “Campo Mayor”, no qual se situa Olivença.Os meus guias não oficiais são Juan o zelador e Francisco – “84 anos de idade e ainda funciona” – cuja caminhada diária pelo lado da montanha acima coincide com a minha visita. Ele junta-se a mim no alto da torre, clamando a sua “ligação” à Espanha por sobre os ventos: “Nós não somos como as pessoas de Olivença. Nós somos verdadeiros espanhóis, não meia-raça.”Ele aponta ao longe os vastos “ranchos” de gado – “dehesas” – muitos dos quais têm agora como proprietários conhecidos matadores, os novos senhores feudais. Estas “estâncias”(herdades), que muitas vezes cobrem milhares de acres, são percorridas por “toros bravos”, os touros “lutadores” (de lide) que encontrarão o seu destino na arena, mas cuja vida até lá será feliz e livre de interferência humana.No caminho de regresso, descendo a colina, eu encontro um homem levando a sua ovelha a desentorpecer as pernas. Justiniano (“como o imperador romano”) diz que ele passeia a sua ovelha todos os dias. “Eu sou a sua mãe. A mãe verdadeira rejeitou-a. Ela tem nove anos de idade (SIC) e todos os dias nós passeamos até ao castelo”. E como se chama ela? “Dolly, como a vossa ovelha inglesa. Mas esta é natural. E ainda está viva”. Justiniano não gosta do que está a suceder ao castelo. O governo provincial construiu “chalets” de madeira, vidro e ferro dentro das muralhas do castelo para dar guarida aos visitantes de fim de semana.”Não há respeito pela História do Castelo. Nenhum esforço para que nada destoe”, diz ele. “Os Portugueses é que fazem bem. Eles restauram os seus castelos como eram e fazem novas moradias respeitando a arquitectura antiga.”Atravessan-do a fronteira, na maravilhosa cidade de Elvas, a velha ferida ainda sangra. “Nós não olhamos para Espanha por nenhum motivo concreto; somos bastante diferente dos espanhóis”, diz Ana Valdes, dona de uma loja de brinquedos. “Nós somos mais sossegados, mais introvertidos, mas aqui nós ficamos “preocupados”. (aborrecidos) por causa de Olivença e o “Campo Mayor” mesmo depois de 200 anos.”É a mesma situação de Gibraltar, mas não se consegue fazer ver isso aos espanhóis. Olivença pode até nunca voltar a ser portuguesa, mas isso não nos impede de ficarmos ressentidos com os espanóis por causa da “nossa” cidade estar nas suas mãos.”Luís Simões, um polícia, é mais fleumático. “Todos nós falamos espanhol aqui porque a fronteira fica a poucos minutos de distância, ainda que não seja realmente uma fronteira. Nós temos conhecimento da sua dificuldade para aprender Português, por isso nós adaptamo-nos. Sabemos que eles têm Olivença, por isso dizemos “o que podemos fazer?”
Trágico, demolidor, desafiador! E eu tive agora o prazer de ler e confirmar, de fonte estrangeira, portanto insuspeita, aquela sensação e aquela razao muito fortes que eu sempre senti quando entro pelos campos de Oliveira adentro. Diz o jornalista:
Quando a Turquia invadiu e anexou o Chipre para proteger os descendentes turcos, quer a Grécia quer a Turquia eram da NATO e a ilha 50 anos depois continua dividida.
Quando a Indonésia invadiu e anexou Timor era para combater os (seis) comunistas que lá viviam.
Quando a Rússia invadiu e anexou parte da Ucrânia em 2022 era para a libertar dos nazis.
Creio que usando esta nova Doutrina Putin ninguém levaria a mal se Portugal invadisse e anexasse Olivença, até porque sempre foi nossa e legalmente é nossa há séculos. Temos de defender os descendentes de portugueses que ali vivem dos espanhóis que a ocuparam ilegalmente. Não creio que a NATO viesse a intervir militarmente para nos expulsar
A 7 de maio celebraram-se 205 anos sobre a assinatura da Ata final do Tratado de Viena, em que Espanha se comprometeu à restituição de Olivença.
Derrotadas as ambições napoleónicas, reuniu-se o Congresso de Viena (setº 1814) com as principais potências da Europa à época – Grã-Bretanha, Áustria, Prússia e Rússia -, e Portugal, Espanha, Suécia, França. Os trabalhos prolongaram-se sendo a Ata Final assinada em 9 de junho.
Do Congresso de Viena haveria de emergir uma nova ordem europeia que regularia as Relações Internacionais no continente, a Ata Final do Congresso de Viena, no seu art.º 105, prescrevia:
“As potências, reconhecendo a justiça das reclamações formuladas por S.A.R. o Príncipe-Regente de Portugal e do Brasil, sobre a vila de Olivença e os outros territórios cedidos à Espanha pelo Tratado de Badajoz de 1801, e visando a restituição desses objetos, como uma das medidas apropriadas a assegurar entre os dois reinos da Península [Ibérica], aquela boa harmonia completa e estável que deve ser mantida entre todas as partes da Europa, … de seus arranjos, se engajam formalmente a empregar dentro das vias de conciliação os seus esforços os mais eficazes, a fim de que a retrocessão dos ditos territórios em favor de Portugal seja efetuada; e as potências reconhecem, ainda que isso de qualquer uma delas, que este arranjo deva ter lugar o mais prontamente possível.”
Era deste modo, cancelado o Tratado de Badajoz, imposto a Portugal no contexto da Guerra Peninsular no final da chamada Guerra das Laranjas, pela força conjunta napoleónica e bourbónica. A 7 de maio de 1817 a Espanha ratifica a Ata Final. Decorridos dois séculos, da ilegitimidade da sua posse sobre as terras oliventinas e da justeza das reclamações portuguesas, o Estado vizinho não soube honrar a sua palavra. A usurpação de Olivença, constitui grosseiro atropelo à História. OLIVENÇA É TERRA PORTUGUESA e por isso ninguém levaria a mal se lá fossemos invadir e ocupar, sem precisarmos de exércitos ou outros meios belicosos…
Vou explicar de seguida porque razão os portugueses não são ibéricos e porque jamais poderão fazer parte de uma mesma entidade política e cultural com os outros povos da Espanha excepto com um, os galegos, assim como porque razão o nome da península não pode ser chamada de ibérica.
Apresento um mapa consensual do período pré-romano com os vários povos que habitavam a península aquando da invasão romana, geralmente é este o mapa que é divulgado sendo o mais recente do período pré-romano, depois apresento o mesmo mapa introduzindo-lhe o limite do mundo conhecido antes do império romano se ter expandido da península itálica e antes dos fenícios sequer terem chegado à costa atlântica peninsular e que estava fixado para lá das “colunas de Hércules”.
Por fim apresento o mesmo mapa com a área sombreada a verde do território para lá das colunas de Hércules, que corresponde a toda a faixa atlântica peninsular.
Se se verificar as tribos iberas estavam localizadas junto ao rio Ebro, por isso foram chamadas de iberos pelo gregos, “aqueles que viviam junto a Ebro”.
Pelo mapa se constata que a Este da linha do “fim do mundo” estavam as tribos e povos naturais da península, as tribos iberas e as tribos do nordeste peninsular a que corresponde agora o País Basco, a Oeste dessa linha estavam as tribos e povos celtas que eram “estrangeiros”.
A península inicialmente estava ocupada pelas tribos iberas e do nordeste peninsular mas que nunca se aventuraram a ocupar territórios para lá do “desconhecido” devido às lendas do fim do mundo, quando as tribos celtas, essencialmente galaécios e lusitanos migraram do centro da Europa para a península foram justamente ocupar os territórios desocupados para lá da linha do “fim do mundo”.
Portanto portugueses e galegos descendem de tribos celtas destemerárias que não tiveram medo de ir viver e se instalar para lá da linha do “fim do mundo” contra lendas e mitos antigos, os espanhóis descendem das tribos receosos dessa “fronteira mental”.
Este facto explica muita coisa na maneira de ser de um português e de um espanhol, o português mais aberto ao mundo precisamente por descender de estrangeiros peninsulares e o espanhol mais fechado, é preciso notar que a Espanha para desbravar o novo mundo não deu um só homem capaz de empreender a tarefa, teve que recorrer a dois estrangeiros, Colombo e Fernão de Magalhães, ora não se pode juntar a água com o azeite, a alma portuguesa é completamente oposta pelos seus genes colectivos às almas espanholas.
Mas os espanhóis para justificar algum cimento na unidade dos povos peninsulares defendem a tese celtibera, mas sem referir a sua origem obviamente.
É preciso notar que após nomeadamente as tribos lusitanas assentarem e consolidarem o seu povoamento a Oeste da linha do “fim do mundo” começaram a expandirem-se para Este onde invariavelmente nas suas guerras enfrentavam tribos iberas que por sua vez já se tinham expandido para Oeste desde o Ebro, os celtiberos existiram de facto mas foram uma consequência das guerras entre lusitanos iberos, ou seja foram os primeiros “mestiços” peninsulares resultado de cruzamento de lusitanos e iberos por vias das guerras entre si nos territórios a Este da linha.
Concluindo nós nunca fomos iberos e nunca devemos permitir a que esta península se chame ibérica apenas porque houve um grego que se lembrou de dar nomes em função dessa tribo.
Por curiosidade note-se que Portugal fixou desde sempre as suas fronteiras com os povos de Espanha não ultrapassando essa linha, numa clara alusão de que não queremos misturas com aqueles a Este, os nossos réis eram sabedores da história ou alguém por eles.
Olivença está pois para cá da linha e sempre pertenceu a Portugal até por isso mesmo, os verdadeiros oliventinos tem legado lusitano e não ibero.
A CPLP pode é deve desempenhar um papel importante na questão de Olivença, já que os políticos dos países de língua oficial portuguesa não tem qualquer inibição quanto a Espanha, podendo a organização servir de pressão em organismos internacionais como por exemplo a ONU, e dado que o precesso da livre circulação de pessoas e bens no espaço CPLP está bem encaminhado, mais reforça a ideia de que Olivença deve estar dentro desse espaço sob a administração portuguesa,, passando a ser a fronteira portuguesa mais a Este deste futuro espaço comunitário.
OBSERVADOR.PT
António Costa lançou proposta de livre circulação e Marcelo apoiou-a desde a primeira hora
António Costa considerou essencial que a CPLP reforçasse a sua dimensão de cidadania e lançou a proposta de livre circulação para os países da CPLP, e…
Completamente de acordo e, especialmente de entre todos eles, o Brasil dadas as “desculpas esfarrapadas” de Espanha devido ao Uruguai. Aliás o Brasil, na minha opinião, tem esse dever histórico de estar com Portugal neste assunto, assim haja mais consc…