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  • Motim 1-2-3 aconteceu há 58 anos.

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    May be an image of the Brandenburg Gate and crowd

    Motim 1-2-3 aconteceu há 58 anos.
    O projecto de construção de uma escola na longínqua ilha da Taipa mais os dias quentes da Revolução Cultural levaram a que parte da comunidade chinesa se tenha revoltado contra a Administração portuguesa no ano de 1966.
    Jorge Fão começava a carreira como funcionário público; António Cambeta tinha acabado de chegar.
    Hoje recordam dias difíceis que já não voltam.
    Há 58 anos aconteceu no centro histórico de Macau o que hoje seria impensável: pessoas foram mortas a tiro, foram arrancadas pedras do chão para servirem de armas e estátuas de personalidades portuguesas foram derrubadas.
    Tudo começou no dia 3 de Dezembro de 1966, com um motim desencadeado pela comunidade chinesa que demoraria cerca de dois meses a ser sanado e que só seria totalmente resolvido com a chegada ao território do Governador Nobre de Carvalho.
    Viviam-se na China os tempos da Revolução Cultural, imposta por Mao Zedong, e em Macau sopravam ventos comunistas.
    O longo embargo à construção de escola, na Taipa, ligada ao Partido Comunista Chinês, levou a que um grupo de pessoas tenha despoletado um motim contra a Administração portuguesa.
    Jorge Fão, ex-deputado e actual dirigente da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), tinha na época pouco mais do que 18 anos.
    Com uma maioridade atingida à força, pois precisava de trabalhar, Jorge Fão tinha acabado de ingressar na Função Pública e trabalhava nas instalações do antigo tribunal.
    Recorda um motim que começou com um episódio aparentemente sem importância.
    “Queriam construir uma escola na Taipa e o administrador das Ilhas na altura, de apelido Andrade, mandou embargar a obra.
    Dizia que não tinha licenças e claro que as pessoas fizeram barulho.
    Mas isso alastrou porque demos oportunidade.
    Nós, portugueses, não tivemos sensibilidade para perceber a situação política da China”, recorda Jorge Fão ao HM.
    António Cambeta chegou como militar a Macau em 1963.
    Quando o motim explodiu nas ruas, já trabalhava numa empresa de navegação na Avenida Almeida Ribeiro e tinha uma namorada chinesa, hoje sua mulher.
    Recorda os momentos negros em que os acontecimentos da Revolução Cultural se fizeram sentir em Macau.
    “Os chineses andavam muito saturados da Administração portuguesa e da forma como eram tratados.
    Eram rebaixados em tudo e para tratarem de qualquer assunto junto da Administração tinham de pagar por baixo.
    Até então estavam calados, mas o episódio da escola e o início da Revolução Cultural fizeram com que tudo desse uma volta”, contextualiza.
    “Os comunistas reuniram-se perto do hospital Kiang Wu, na véspera do dia 1 de Dezembro, e nessa noite saíram para o centro da cidade.
    Morava nessa altura na Rua Coelho do Amaral e à hora de jantar ouvi um grande barulho.
    As pessoas começaram a mandar vir contra os portugueses.
    Fui à janela e vi que era esse grupo de comunistas a fazerem barulho.
    Estava a jantar em casa da minha namorada, chinesa, e fiquei ali.”
    Começou então a perceber que viriam tempos difíceis para os portugueses.
    “Apanhei o autocarro e o condutor disse-me: ‘Hoje ainda entra, mas amanhã já não pode apanhar o autocarro, porque temos ordens superiores para não vendermos nada aos portugueses’.
    Aí já havia a separação entre as duas comunidades.
    Fui para casa almoçar e já não voltei para o serviço.”
    Mortes na Rua Central
    Numa altura em que Macau não tinha governador, Mota Cerveira, comandante militar em funções, não soube travar o avanço da revolta.
    “Os chineses aproveitaram e fizeram uma série de manifestações em Macau e na Taipa, e exigiram a demissão do administrador das Ilhas e do comandante da PSP.
    Começaram a disparar, mataram-se umas pessoas, uma triste memória”, frisou Jorge Fão.
    Fão recorda o momento em que lhe passaram uma arma para as mãos, para se defender de eventuais perigos.
    “Aquilo foi um barulho infernal durante vários dias.
    Aquilo foi piorando, de tal maneira que gerou tumultos por todo o lado.
    Armaram os funcionários públicos e deram-me uma espingarda daquelas antigas, com cinco munições, para nos protegermos.
    Quiseram invadir a esquadra da polícia, na Rua Central, com camionetas a subir a rua.
    Houve disparos de metralhadora e fizeram recuar as pessoas.
    Depois invadiram o Leal Senado e derrubaram uma estátua do Coronel Mesquita.”
    As mortes que ocorreram na Rua Central (oito mortos e algumas centenas de feridos), causadas por disparos de polícias portugueses que tentaram evitar a confusão, geraram ainda mais revolta.
    “Com a morte dos chineses, a maioria da população comunista em Macau ficou revoltada.
    Nas Portas do Cerco havia muitas pessoas ligadas à Revolução Cultural que queriam invadir Macau.
    Isso poderia ter sido evitado se o administrador das Ilhas não tivesse prolongado por tantos anos a construção da escola chinesa”, diz António Cambeta.
    No Leal Senado e na Avenida da Praia Grande derrubaram-se estátuas.
    “Muitos deles eram chineses ultramarinos e foram para o Leal Senado, mandaram a estátua do Coronel Mesquita abaixo, mandaram livros para o chão, e foram para a conservatória, onde é hoje a Santa Casa da Misericórdia.
    Queimaram tudo.
    Depois partiram um braço à estátua do Jorge Álvares.
    Depois a polícia, como não tinha qualquer preparação, começou a largar gás lacrimogéneo.
    A partir daí todos os restaurantes e lojas não vendiam nada aos portugueses, foi um período com muita tensão.
    Muitos portugueses pediram para levar as suas coisas para Lisboa”, recorda o antigo militar.
    A solução do Governador
    Nomeado Governador, Nobre de Carvalho chegou ao território sem saber o que, de facto, se estava a passar.
    “Apanhou o motim sem saber como nem porquê e conseguiu resolver o assunto com a ajuda de Carlos Assumpção [antigo presidente da Assembleia Legislativa].
    Admiro que uma pessoa com um posto militar elevado tenha conseguido salvar o território.
    Ele aceitou as condições impostas pelos chineses, indemnizou as famílias dos membros que foram mortos com os disparos.
    Assinaram uma declaração de arrependimento.
    Constava que o exército chinês estava aqui ao lado, pronto a entrar no território”, afirmou Jorge Fão.
    Também João Botas, jornalista e autor de vários livros publicados sobre a história de Macau, destaca o papel que Nobre de Carvalho teve neste período.
    “Só soube do que se estava a passar pelo Governador de Hong Kong e foi difícil tentar inteirar-se de tudo.
    Foi tudo uma bola de neve que era impossível controlar de outra forma.
    Poderiam ter sido evitadas algumas mortes”, nota ao HM.
    “Nunca teve o apoio oficial do Governo português e aí não foi fácil para Nobre de Carvalho.
    Fala-se da humilhação pela forma como ele resolveu o assunto, mas não vejo assim.
    Bem ou mal, com a ajuda de elementos da comunidade chinesa, resolveu um assunto que foi dramático e que poderia ter tido consequências”.
    Andreia Sofia Silva.
    (este artigo foi publicado na edição de 2 de Dezembro de 2016 do jornal Hoje Macau).
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