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  • TDM, LIBERDADE DE IMPRENSA E MAIS CHINA EM MACAU

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    As tensões “democratizantes” de Hong Kong espirraram para Macau e as consequências já fazem capa de jornais em Portugal.
    Acusa-se a administração da TDM – Teledifusão de Macau, empresa de televisão e rádio do território, que mantém canais em português financiados pelo Governo (chinês), de ter recomendado aos jornalistas da casa não transmitirem notícias “hostis” ao governo da República Popular da China.
    Como reacção, cinco jornalistas da TDM demitiram-se em nome da Liberdade de imprensa e da Liberdade de expressão e a polémica vai elevada, muito também em murais de facebook de vários amigos meus.
    Não por acaso, que vivi em Macau 4 anos, fiz lá muitos amigos e conhecidos, e muitos deles continuam meus amigos, mesmo que os nossos contactos se mantenham apenas por aqui, no Facebook, onde todos continuamos a recordar e a discutir Macau com paixão.
    E é natural que todos os que viveram ou vivem em Macau discutam Macau acaloradamente.
    Macau foi, é e será um território fascinante, um mistério, uma quase disfuncionalidade geopolítica e social com origens no Séc. XVI, mas que perdurará para sempre.
    Mas não são só os que viveram ou vivem em Macau que surgem nesta discussão sobre as singularidades da minúscula região, uma vez que ela extravasa para a discussão do gigante chinês, a nação mais próspera do mundo, a nova centralidade.
    O “dragão” que faz tremer a White House e todas as sedes ocidentais de poder.
    Tenho opinião sobre este assunto.
    Não definitiva, não melhor que as outras.
    Mas minha.
    Até porque, além de ter vivido em Macau, trabalhei alguns anos na… TDM, o actual epicentro da polémica.
    A primeira palavra vai, obviamente, para os jornalistas que se demitiram.
    Agiram em nome da sua consciência e da sua pessoal percepção da realidade em que se encontram inseridos.
    Agiram como pessoas livres e têm todo o meu respeito e reconhecimento por isso.
    Isto dito…
    Não conheço os chineses de Macau – e até da República Popular da China, que visitei várias vezes, e porque muitos dos residentes em Macau vinham da “motherland” – só por ter vivido em Macau.
    Há quem tenha vivido em Macau muito mais anos que eu e não conheça os chineses.
    Estudei e trabalhei com eles, foram meus colegas próximos.
    Fui convidado para as festas e casas de alguns deles.
    Comi e bebi com eles.
    Dormi com algumas delas.
    Ainda assim, não tenho a pretensão de os conhecer bem.
    Longe disso.
    O que acho que conheço bem é o povo português, genericamente falando.
    E o que nós fomos em Macau, enquanto governámos aquele território.
    Fomos tudo, menos democratas.
    Enquanto Macau foi português, nunca foi uma democracia.
    Existia um Governo português, nomeado pelo Presidente da República Portuguesa, que tudo podia e em tudo mandava, incluindo na nomeação dos quadros superiores da Administração Pública de Macau.
    Existia também uma paródia que pretendia conferir um ar “democrático” ao que se passava em Macau, uma Assembleia Legislativa em que 2/3 dos deputados eram também nomeados e apenas 1/3 eleito democraticamente pelos residentes de Macau.
    A comunicação social em língua portuguesa, nomeadamente a que era financiada pelos dinheiros públicos (toda, em bom rigor) raramente se atrevia a “mijar fora do penico”, porque aconteciam represálias, nomeadamente deixarem de poder contar com a inserção de publicidade de organismos públicos, a maior fonte de financiamento, praticamente a única (além das subvenções, também elas públicas, está bom de ver, ou dos financiamentos por “mecenas” anónimos que exerciam, também eles, o seu condicionamento).
    Mesmo a liberdade de expressão e de opinião acarretava por vezes consequências graves para quem se atrevesse ao exercício de criticar em público os poderes instituídos.
    Não foram um, nem dois, nem três, os portugueses que acabaram recambiados de volta para Portugal por deixarem de ter sido “simpáticos” às autoridades locais.
    Quando vejo, portanto, portugueses a “rasgar as vestes” pelo declínio da Democracia em Macau, não consigo deixar de sorrir.
    Mas a opinião que tenho vai um pouco além do diminuto perímetro da minúscula Macau.
    Defendo a Democracia Liberal, é esse o regime pelo qual pugno e no qual quero viver.
    Porque sou ocidental, cresci e fui educado nesses princípios e os meus quadros mentais são obviamente balizados pelas referências que partilho com quase todos os que nasceram na Europa e América do Norte.
    Coisa diferente é o que se passa na China e na cabeça dos chineses.
    A maioria deles está a borrifar-se para essa tal de Democracia.
    Ainda nos anos 70, boa parte dos (então) mais de 900 milhões de chineses vivia em meio rural, em condições muito duras e difíceis e a sua maior preocupação era saber se iam ter uma tijela de arroz para comer ao fim do dia.
    Se houvesse um pedaço de galinha ou um pouco de peixe seco a acompanhar, então, seria certamente um dia de festa.
    Continua a ser essa a maior preocupação dos chineses: prosperar.
    Estudar, trabalhar, trabalhar muito, concretizar, prosperar.
    Nos costumes, são livres.
    A maioria dos chineses faz o que bem lhe apetece.
    Na política, de facto, já não é bem assim.
    A população chinesa, desde os anos 70 até hoje, quase duplicou, é hoje de 1,5 mil milhões de pessoas.
    Com mão de ferro, planeamento central e estímulo ao empreendedorismo, o regime chinês conseguiu elevar uma nação que tinha índices de miséria terríveis ao ponto a que hoje chegou, prestes a tornar-se o país mais rico do mundo, com índices de bem-estar que se alargaram à grande maioria da sua população e, inequivocamente, uma nova superpotência mundial.
    É natural que isto assuste o Ocidente.
    Existem chineses que lutam por maior abertura e mais democracia?
    Existem, com certeza que sim.
    Em Hong Kong, em Macau, na “motherland”.
    Isso é um problema, uma preocupação, para a larguíssima maioria dos chineses?
    Não.
    Do que sei, do que conheço, que é muito pouco, ainda assim, a larga maioria dos chineses passa bem sem democracia e nem sequer pensa nisso.
    Os quadros mentais ocidentais, a ética judaico-cristã, as ideias de democracia liberal, não são “tomadas a peito” pelos chineses.
    Não são referência para eles.
    Era bom que tanta gente que fala sobre Macau e China percebesse ao menos esta coisa tão simples…
    (da página do Facebook de André Serpa Soares).
    May be an image of sky and skyscraper
    Vicente Domingos Pereira Coutinho and 18 others
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    • É isso, no essencial. É bom nunca esquecer que há uma Declaração Conjunta, assinada por dois Estados Soberanos, Portugal e República Popular da China, em que uma das pedras basilares, é a consagração em Macau, do modelo “um país, dois sistemas”. Para …

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        Exageras,

        Miguel Brandão

        , e tu sabes bem que a liberdade de expressão e informação é perfeitamente assegurada em Macau, seja nos órgãos de comunicação de língua chinesa, portuguesa ou inglesa.

        Todos esses órgãos de comunicação vivem, primacialmente, à …

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      • Luis Almeida Pinto

        É o seu ponto de vista, que no essencial vai ao encontro do meu, que é o de que cada vez mais temos menos segundo sistema. Ora quando à liberdade de expressão e de informação, exagera quando faz crer que eu disse que essas liberdade…

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        Estamos, sim, de acordo no essencial,

        Miguel Brandão

        .

        Muito mais teria que ser feito na consagração plena das Liberdades Fundamentais estabelecidas para esta Região Especial do segundo sistema da República Popular da China, e o que nós assistimos é um …

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  • Demissões portuguesas na emissora pública de Macau após exigência de patriotismo | Liberdade de imprensa | PÚBLICO

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    A 10 de Março, foram transmitidas directrizes aos jornalistas da TDM, proibindo-os de divulgar informações contrárias às políticas da China e instando-os a aderir ao “princípio do patriotismo” e do “amor a Macau”.

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  • Hong Kong | Portugueses em risco de ficarem sem documentação – Hoje Macau

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    Há portugueses a residir em Hong Kong que estão há meses sem conseguir registar os filhos recém-nascidos ou em risco de verem o visto de trabalho caducar sem terem um novo passaporte para carimbar.…

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  • os cuidados no regresso a macau na pandemia

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    Diary of a return to Macau during a pandemic.
    [The following photo report was provided by Antonio Mil-Homens, local resident and photographer on his return to Macau via a KLM flight from Amsterdam and then an Air Macau flight from Tokyo under special health prevention conditions]
    After an almost fully booked flight from Lisbon to Amsterdam and the second one with more correct distance between passengers, we got the amazing decision of the 115 – 109 passengers and 16 crew staff – that would travel to Macau by Air Macau being divided into two smaller groups into two different flights on January 21.
    From the start of the travel in Lisbon until we arrived Macau, the safety concerns gradually increased. As mentioned before, the flight passengers capacity kept showing it quite well.
    This way, the risk of positive Covid-19 cases upon arrival and subsequent nearby contacts has been reduced.
    And that would be the situation, after a passenger testing positive and generate eight closer contacts, instead of the initially 24 considered with everybody on the same flight.
    Good judgement, best decision!
    Snacks were provided by Air Macau before departure from Narita Airport to Macau, along with protection equipment and, just in case we felt the need to wear it for not using the plane toilet, a diaper was handed out.
    Starting at Narita, Tokyo airport, with the distribution of full protection equipment, assigned seats with maximum distancing and perfect identification, Macau Government and Air Macau start assisting us in a complete and well-organized process that, with extraordinary safety measures, aloud to trace the apparently only positive case and make all of us feel safe.
    As already mentioned, two flights have been organized, with a one and a half-hour gap, the first departing at 3.30 pm and 5:00pm. I got the second one, departing from Tokyo at 5:00pm and five and a half hours later arrived in Macau at 9:18pm.
    If at Narita airport no more test has been done, as we were still under the 72 hours period from the time we tested in Portugal, we got two different Covid-19 tests while arriving at Macau airport.
    A quick antigen one, for faster determination and set of quarantine or treatment destination, according to negative or positive results, and a PCR one.
    Leaving the aircraft by groups, we kept queuing in four different lanes, related to colour distribution corresponding to test spots, followed by around two hours waiting for results, at numbered seats.
    During that period we presented declarations for health check acceptance and did immigration clearance control.
    After that we have been divided by two buses, keeping distance control and escorted to the Grand Coloane Resort hotel.
    Afterwards, I was informed that one person tested positive, and with eight passengers considered close contacts.
    So, different destinations for all of them, the positive case going to the Conde S. Januario Hospital for observation and treatment and the eight close contacts to close observation in Alto de Coloane.
    Now, in the first day of a 21 days quarantine period, in really good conditions, lets still keep some hope about the possibility of the rest of the world start to understand that nothing is too much in terms of preventing and fighting this one and all the pandemics.
    Nelson Moura.
    Macau Business, 23 de Janeiro de 2021.
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  • RECORDAR maria ondina braga

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    ℕ ℕℂ | 13 de janeiro de 1932 |
    MARIA ONDINA BRAGA
    Professora, escritora, viajante. Maria Ondina Braga deixou o Minho natal e aventurou-se no mundo para se entregar à única coisa que tinha na vida, a escrita. Apesar de todos os lugares que habitou e contemplou, o mais secreto e profundo de todos carregava-o consigo desde criança. Chamava-se solidão e, como uma sombra, espalhou-se nas páginas delicadas dos seus livros.
    Nasceu na cidade dos arcebispos, no tempo em que as mulheres não eram donas do seu destino. Antes que a transformassem numa personagem secundária da própria vida, de sucumbir ao peso dos valores masculinos do regime salazarista, Maria Ondina Braga escolhe transgredir. Vai ser viajante de muitos lugares e escrever com a solidão que nunca a abandonará.
    Eu Vim Para Ver a Terra, anuncia no título do primeiro livro de crónicas. E tudo o que escreve é um exercício sincero, enigmático, intimista e subtil, testemunho desses espaços que habitou e contemplou: de Paris a Londres, de Luanda a Goa. Até chegar a Macau e à China, ao oriente mais exótico e extremo. O outro lado do mundo onde também foi ensinar a Língua Portuguesa.
    Maria Ondina Braga: uma escritora entre o ocidente e o oriente
    ENSINA.RTP.PT
    Maria Ondina Braga: uma escritora entre o ocidente e o oriente
    Professora, escritora, viajante. Maria Ondina Braga deixou o Minho natal e aventurou-se no mundo para se entregar à única coisa que tinha na vida, a escrita. Apesar de todos os lugares que habitou e contemplou, o mais secreto e profundo de todos carregava-o consigo desde criança. Chamava-se solid…
    Chrys Chrystello
  • Apresentação do Livro “Poemas para Macau”, de Cecília Jorge, Fundação Rui Cunha 官樂怡基金會, Macau, January 11 2021 | AllEvents.in

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    Apresentação do Livro “Poemas para Macau”, de Cecília Jorge Hosted By Fundação Rui Cunha 官樂怡基金會. Event starts on Monday, 11 January 2021 and happening at Fundação Rui Cunha 官樂怡基金會, Macau, MA. Register or Buy Tickets, Price information.

    Source: Apresentação do Livro “Poemas para Macau”, de Cecília Jorge, Fundação Rui Cunha 官樂怡基金會, Macau, January 11 2021 | AllEvents.in

  • GOA E MACAU

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    Um pouco de Goa e de Portugal em Macau

    -4:48

    14,441 Views
    TDM Canal Macau

    Há um quiosque, com nova gerência, que promete dar animação na zona do Largo do Lilau.