Categoria: Galiza GALICIA

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    Isabel Rei Samartim is feeling happy with Julia Maria Dopico Vale and

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    Na semana próxima estarei nos conservatórios da Ponte Vedra (quarta-feira) e do Ferrol (sexta-feira) para falar sobre a guitarra galega e tocar uma seleção de peças do CD. Obrigada às EDLG e aos Departamentos de Guitarra destes centros pela organização dos eventos.
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  • A GALIZA NA OBRA POÉTICA DE CHRYS CHRYSTELLO – CONCHA ROUSIA,

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    A GALIZA NA OBRA POÉTICA DE CHRYS CHRYSTELLO – CONCHA ROUSIA, ACADEMIA GALEGA DA LÍNGUA PORTUGUESA in atas do 19º colóquio da lusofonia março 2013: CONCHA ROUSIA, AGLP, GALIZA

    CONCHA Rodríguez PÉREZ,

     

    Partindo da análise da obra ‘Crónica do Quotidiano Inútil’ tratarei de entender a dimensão que a Galiza, tanto como ser vivo, terra que sofre, quanto como conceito lírico, tem na obra do poeta Chrys Chrystello. A primeira parte estará baseada na análise dos poemas incluídos na obra mencionada, que conformam o capítulo IV (Planeta Galiza) e que são os seguintes:

    – Partir (à Concha Rousia e a uma Galiza Lusófona)

    – Lendas da minha Galiza

    – Concha é nome de guerra

    – Elegia à AGLP

    – Geneviève, e

    – Galiza como Hiroshima mon amour.

    Para complementar a minha análise considerarei também informações obtidas diretamente de conversas mantidas com o poeta Chrys Chrystello.

     

    INTRODUÇÃO

    Três são os eixos essências que confluem nesta análise, como se fosse uma trindade, três dimensões, a poética, representada pela poesia de Chrys Chrystello, a humana, representada pelo poeta Chrys Chrystello, e a social, representada pela Galiza. Começarei descrevendo, mais do que definindo estes três conceitos. Mas como se define a poesia? Como o poeta? E como a Galiza? Tentarei aproximar com as minhas palavras, como se fossem fotografias conceituais, como se as palavras pintassem, uma ideia sobre quem é o poeta Chrys Chrystello, o que é a poesia e ainda o que é a Galiza.

     

    O POETA

    Basear-me-ei nas informações que tenho sobre Chrys Chrystello, juntamente com o conhecimento pessoal que tenho do poeta. Antes de mais devo afirmar que o Chrys não apenas acredita em multiculturalismo, é um exemplo vivo de multiculturalismo, nascido numa família mista com alemão, galego, português, brasileiro, judeu…

    O seu multiculturalismo genético cultural vem tanto por parte materna como por parte paterna. Não tenho certeza em que momento da sua história o Chrys se fez consciente desse seu multiculturalismo. Essa será uma pergunta que guardo para fazer ao poeta no próximo encontro; pois fiquei curiosa por saber se o seu multiculturalismo teve algum efeito nas suas escolhas de forma consciente ou se esse multiculturalismo atuou desde as profundas raízes do inconsciente, e só foi depois que o poeta descobriu essa trança de tantos fios e tanta riqueza de ancestrais. Fica esta questão para ser respondida e incorporada a informação derivada para uma ampliação que irei fazer deste trabalho em posterior ocasião.

    Chrys foi levado em 1973 pelo Exército Português a prestar serviço em Timor; permaneceu lá por dois anos, em 1975 deixou Timor para ir-se para a Austrália e não demorou em perceber que queria ser australiano. Atrevo-me a dizer que o Chrys encontrou na Austrália a pátria capaz de acolher todas as suas pátrias, as descobertas e as por descobrir, as territoriais e as ideológicas e as poéticas. Pergunto-me se por aquela época o Chrys já tinha descoberto que a Galiza era mais uma de suas pátrias; embora consciente ou não desse facto, a Galiza ia nele como ser vivo, e com ele se movia pelo mundo, pois aonde o Chrys vai, a Galiza vai; isso é algo que desde já posso afirmar. Naquela altura o Chrys já era um estudioso das línguas e da política; sendo também já um autor publicado. Saliento aqui de sua obra poética o primeiro volume da Crónica do Quotidiano Inútil (1972). Publicou também um ensaio político sobre Timor. Mas a sua trajetória passou por muitos e diversos campos. Foi escolhido para um posto executivo como economista na CEM (Companhia de Eletricidade de Macau). Depois escolheu Sydney (e mais tarde Melbourne) para continuar sua vida como cidadão australiano até 1996.

    No 1967 entra no mundo do rádio jornalismo, onde lhe esperavam grandes aventuras, e também na televisão e na imprensa.

    Entre os anos 1976 e 1996 escreveu sobre o drama que se vivia em Timor Leste quando o mundo se negava a vê-lo. Sempre atento à voz que outros desde o poder escolhem não ouvir, mesmo quando essa voz era um grito, o Chrys não apenas ouvia, ele prestava a sua voz.

    Podemos dizer que o escritor Chrys Chrystello desde sempre se interessou pelas línguas; e desde os anos setenta teve que enfrentar os mais de 30 dialetos no Timor-Leste.

    Na Austrália aprendeu sobre as marcas de uma tribo aborígene que falava um crioulo do português. Foi membro fundador do AUSIT (the Australian Institute for Translators and Interpreters) e membro do painel da NAATI (National Accreditation Authority) desde o ano 1984, Chrys lecionou estudos de linguística e multiculturalismo. Tem ampla experiência na tradução e interpretação especialista em multitude de áreas desde artísticas até jurídicas ou médicas. Participou em conferências em muitos países nos diversos continentes. Autor de numerosas obras sobre os mais diversos temas, sempre com marcado multiculturalismo, tanto prático como teórico.

    A defesa do multiculturalismo é uma das grandes teimas deste autor, e é também uma das suas grandes riquezas.

     

    Com os Colóquios da Lusofonia, de que é Presidente, e se podia poeticamente mesmo dizer que é pai, tem levado as vozes que necessitam ser ouvidas aos lugares mais diversos desde onde se podem ouvir. Entre estas vozes sempre levou a voz da Galiza, conseguindo para ela o que em terra própria lhe era negado. Foi nos Colóquios da Lusofonia que se concebeu e se deu a conhecer o projeto da criação da Academia Galega da Língua Portuguesa; podemos dizer que, portanto, que ele é pai putativo desta novel academia.

    Poucos poetas como ele poderão dizer que tem escrito poemas a praticamente todos os cantos da Lusofonia com a intensidade de quem está a escrever sobre a sua própria terra. Dentro dessas terras às que este poeta canta, acha-se naturalmente, a Galiza.

    Na sua obra “Crónica do Quotidiano Inútil” com a que comemora 40 anos de vida literária, há um capítulo dedicado inteiramente à Galiza.

     

    Nesse capítulo intitulado ‘Planeta Galiza’ inclui os poemas que se integram neste estudo. (Chrys, página web)

     

    A POESIA

    Há pessoas que se dedicam a escrever a história para que fiquem documentados os fatos, os momentos, os acontecimentos que na vida veem, ou que sabem têm tido lugar. A poesia é diferente, a poesia é uma representação, uma fotografia feita com palavras do momento vivido, ou do que se tem alguma forma de conhecimento, de experiência, alguma forma de acesso. A poesia é como um momento congelado no tempo, integrada por componentes intelectuais e componentes emocionais para contar um acontecimento. De fato a epopeia é definida como o conjunto de acontecimentos históricos narrados em verso e que podem não representar os acontecimentos com fidelidade.

     

    Os acontecimentos que se narram na epopeia são de fatos com relevante conceito moral, que transcorreram durante guerras, ou que fazem referência a outros fenómenos históricos ou mesmo míticos. Em todo o caso, desde o meu ponto de vista a verdade poética não se acha na história, mesmo quando trata de ser fiel aos acontecimentos e sim se acha na manifestação artística, se acha em tudo que fica expressado entre as linhas e não necessariamente recolhido nos conceitos que as palavras tratam de representar. O poder da poesia é portanto, o poder da máquina do tempo, faz viajar os fatos, como se os congelasse. Tomando como base uma definição oferecida pela Wikipédia podemos dizer que a poesia é uma das sete artes tradicionais, pela qual a linguagem humana é utilizada com fins estéticos, ou seja que ela retrata algo em que tudo pode acontecer da imaginação do autor e da imaginação do leitor. (Wikipédia 2)

     

    MAS O QUE É A POESIA PARA CHRYS CHRYSTELLO?

    Perguntado ele responde: “A poesia é uma fuga para a utopia, contra a injustiça e desigualdade, a voz que os jornais não permitem, um recurso para os momentos felizes, uma fuga quando o mundo exterior me oprime.” Tentarei ver como esta definição teórica se confirma na sua poesia. Mas antes vamos apresentar a poesia.

     

    Poemas no capítulo ‘Planeta Galiza’ (Chrystello, 2012)
    PARTIR (à Concha Rousia e a uma Galiza Lusófona)

     

    Partir!

    cortar amarras

    como se ficar fosse já um naufrágio

    ficar

    como quem parte nunca

    partir

    como quem fica nas asas do tempo

    ficar

    como se viver fosse uma morte adiada

    partir!

    cortar amarras

    cortas grilhetas

    vencer ameias

    velas ao vento

    olhar o mundo

    descobrir liberdades

    esta a mensagem

    levar o desespero ao limiar

    até erguer a voz

    sem medos

    até rasgar as pedras

    e o ventre úbere

    semear desencanto

    sorrir à grande utopia

    nascer

    – de novo –

    dar o salto

    transpor a fronteira

    entre o ter e o ser

    imaginar

    como só os loucos sabem

    e então chegaste

    com primaveras nos dedos

    e liberdade por nome

    loucas promessas insinuavas

    despontaste

    como quem acorda horizontes perdidos

    demos as mãos

    sabor de início do mundo

    pendão das palavras por dizer

    esta a revolução

    minha bandeira por desfraldar.

     

    LENDAS DA MINHA GALIZA

     

    Galiza és tão especial

    quando sorris

    por que não sorris sempre?

     

    Galiza és tão bela

    quando escarneces

    com gargalhadas cristalinas

    por que não ris sempre?

     

    Galiza és tão enamorada

    quando falas e cicias

    por que não tagarelas sempre?

     

    no monte das Ánimas

    na era dos Templários

    os cervos eram livres

    e os servos escravos

     

    do poço no meu eido

    transbordam palavras

    dele sorvo inspiração

    amores e mouras encantadas

    lá aprendi a história de Ith

    filho de Breogán

    indo à torre de Hércules

    seduzir Eirin a Verde

    este conto queda silente

    na memória dos velhos

    já não o aprendem os nenos

     

    li em livros vetustos

    o sumiço das Cassitérides

    eram cativos os Ártabros

    nas forjas de estanho

    não encontrei os mapas

    no meu poço seco e definhado

    nem um fio de água

    sem pardais nas árvores

    nem flores no jardim

    senti o coração trespassado

    as lágrimas minguaram

    jamais haveria fadas ou sereias

    cronópios e polinópios

     

    fui penar ao cimo do monte

    atopei umas meigas

    a dançar com o Dianho

    também vi o Chupacabras

    estandarte de Castela

     

    sem medo de travessuras de Trasgos

    nem Marimanta ou Dama de Castro

    sem temor da Santa Companha

    nem do Nubeiro vagueando

    entre tempestades e tormentas

    juntei ferraduras, alho e sal

    colares de conchas e tesouras abertas

    esconjurei meigas castelhanas

    que me salve o burro farinheiro

    ou o banho santo em Lanzada

     

    visitei Santo Andrés de Teixido

    duas vezes de morto

    que não visitei uma de vivo

    desci a Ribadavia

    ali nasce o Minho

    que ora passa caladinho

    para não despertar os meninos

     

    sigo caminhando

    busco a moura fiandeira

    um dia virá o eco

    e brotará água de meu poço

    escreverei os versos e serão mágicos

    afincado no chão

    erguerei a tua flâmula

    no poste mais alto e cantarei

    Galiza livre sempre.

     

    CONCHA É NOME DE GUERRA

     

    para ti não há música nem dança

    apenas as artes marciais

    guerrilheira de montes e vales

    urdidora de emboscadas

     

    sob a copa das amplas árvores

    brandes teu gládio de palavras suaves

    não usas as falas do inimigo

    vingas a dor de seres galega

     

    a montanha tu a herdaste sozinha

    prenhada de mar na ilha dos nossos

    o povo desaparecido da Rousia aldeia

    esse recanto insuspeito ao virar da raia

    esse recanto insuspeito ao virar da raia

    onde fui a férias em 2005 sem te saber

    eu que nasci galego do sul

    sendo galego de Celanova

     

    apartado de meus irmãos e irmãs

    vivi séculos de história ao desbarato

    distavam mares que nunca navegávamos

    montes que nunca escalámos

    estrelas que jamais enxergámos

     

    até um dia em que surgiste

    vestias azul e branco orlada a ouro

    estandarte do nosso reino

    ciciavas liberdades por atingir

    sonhos por realizar

    brandias a tua utopia

    numa mesma lusofonia.

     

    ELEGIA À AGLP

     

    viver numa ilha é prisão

    sair dela é impossível

    nem a velocidade da chita

    nem a força do elefante

    nem o mergulho do cachalote

     

    viver numa ilha é prisão

    inúteis os passaportes

    ou vistos consulares

    não basta saber nadar

     

    viver na Galiza é prisão

    sair é possível

    não expulsa carcereiros

    não abate as grades

    não liberta do cativeiro

     

    viver nesta ilha é prisão

    há sempre uma Concha dos Bosques

    ou um Ângelo Merlim

    um Joám Pequeno Evans Pim

    um frei Tuck Montero Santalha

    e seu bando de lusofalantes

    manejando o arco como António Gil

    a invencível besta da Lusofonia

     

    GENEVIEVE

     

    genevieve era nome de mulher

    em restaurante japonês

    no meio de chinatown

     

    sorrisos largos e astutos

    mansos como o rio minho

    olhos profundos amendoados

    como o canon do sil

    prometia ribeiras sacras

    seios amplos acolhedores

    como as rias baixas

     

    genoveva da galiza

    amazona em sidney

    um pai na argentina

    uma mãe em paris

    com saudades de arousa

    servia sushi com saké

    minhas loucas bebedeiras em galego.

     

    GALIZA COMO HIROSHIMA MON AMOUR

     

    acordaste

    e ouviste o teu hino

    estandarte desfraldado

    ao vento ao intrépido som

    das armas de breogán

    amor da terra verde,

    da viçosa terra nossa,

    à nobre Lusitânia

    estendes os braços amigos,

    despertas do teu sono

    agarras nos irmãos

    caminhas pelas estradas

    ergues bem alto a voz

    dizes a quem te ouve quem és

    orgulhosa, vetusta e altiva

    indomada criatura

    nenhum poder te subjugará

    indomada criatura

    nenhum poder te subjugará

    nenhum exército te conquistará

    nenhuma lei te aniquilará

     

    és a Galiza mon amour. (Chrys, 2012)

     

    A Galiza

    Todo país, toda terra, toda pátria é indefinível, ou dito de outra forma, toda a terra poderia ser definida de muitas formas, tal qual se fossem acontecimentos lendários; portanto eu vou colocar aqui uma carta em que a Galiza, através das minhas palavras, se apresenta ao Brasil. Esta é a imagem da Galiza que levo em mim, e acho é uma dialoga imagem perfeitamente com a Galiza que vive e viaja na alma deste poeta.

     

    Carta da Galiza ao Brasil

    Meu benquerido irmão:

     

    Antes de mais permite-me que me apresente, há tantas cousas erradas que te tem contado de mim, e eu quero, necessito mesmo, que tu me conheças como eu sou. O meu nome é Galiza, ocupo o noroeste da península Ibérica, sou geograficamente, culturalmente e linguisticamente irmã de Portugal, que fica ao meu Sul, do outro lado do rio Minho; uma pequenina parte de mim permaneceu sempre independente de qualquer estado até meados do século XIX, mas hoje sou um território totalmente dominado polo Estado Espanhol… Eu sou uma velha pátria que esqueceu já a sua idade; mas o que nunca vou esquecer, mesmo que ao mundo lhe custe perceber, é que em mim nasceu e se criou a nossa língua; esta que tu e eu falamos e que por vicissitudes da história se conhece internacionalmente apenas como ‘português’, mas que nós aqui também chamamos ‘galego’. Mas deixa-me continuar a te contar…

     

    Permite-me que te fale um bocadinho da minha longa história. Eu sou a velha terra chamada ‘Calaica’ Terra onde, como já te disse, nasceu e se criou esta nossa formosa língua; um dia eu fui grande… Naqueles tempos foram os meus filhos os que emigrados povoaram a Bretanha, o Centro dos Alpes, e as ilhas Britânicas, consolidando durante milénios a laborada cultura Atlântica. Vai ser muito difícil para mim em poucas palavras resumir-te tantos azares, tantas batalhas, tantas façanhas e também tanta dor e tanto sangue derramado.

     

    Muitos foram os povos que quiseram governar-me, pola cobiça do Ouro, pola riqueza mineira que guardava a minha entranha; chegaram legados de Roma ávidos de conquista e saque, para abrir seu domínio, atravessando do Douro as margens, mas antes tiveram que ceifar 50.000 almas indomáveis, que a peito nu combatiam, porque cobrir o peito era para eles ação de cobardes. Do Latim trazido com as suas outras falas, misturou-se através dos séculos nossa céltica linguagem, para que abrolhasse na Idade Media a língua que agora, meu irmão em espírito, embeleces arrolando-a, com o amor e a exuberância das florestas incontornáveis. Essa língua nascida para amar e ser cantada criou uma das maiores culturas da Europa Medieval, polo caminho de Sant’Iago difundida e admirada. Mas tarde, nas lutas dos reinos Ibéricos polo controlo da Hispânia, fui vencida e humilhada polos reis Católicos de Castela e seus ferozes aliados, para pronto, sem dar-me fôlego, à escuridão ser condenada. Atrás ficara o 1º Reino da Europa a liberar-se do Império romano, no século V, polo embate dos aguerridos suevos. Atrás ficaram as lutas entre Afonso Henriques, 1 º rei português, meu filho do Porto Calem, e seu primo Afonso VII, imperador de toda a Gallaecia.

     

    Minhas glórias foram vendidas pola arrogância e a astúcia dos homens, pola traição dos insensatos; meu nome da história foi apagado. Mas o espírito só adormeceu, e centos de anos mais tarde, as vozes de Rosalía, Pondal, Curros Enriquez e muitos outros, alguns mártires em Carral, ergueram de novo esta chama que agora te entrego irmão na confiança, sabendo que farás bom uso dela, e elevarás no continente americano, como na África e Oceânia, onde outros irmãos nos aclamam, a voz lírica deste novo mundo, lusofonia chamado, para que nunca mais a vida nascida das minhas entranhas seja por outros desprezada.

     

    Eis a minha história, irmão Brasil, ainda hoje continuam meus filhos, contra a ignorância lutando, pola dignidade deste recanto que foi berço da cultura que hoje tu com orgulho ao mundo amostras sem arrogância. Continuarão ainda cá tempos difíceis que pronto iremos superando com ajuda dos nossos irmãos que conhecem a nossa palavra, porque a palavra hoje é carne e mora vestida de raças, para os povos unir na nobreza da que foi criada.

     

    Como vês, querido irmão, a minha luta tem sido longa e sem tréguas, tenho de admitir que vou velha e por vezes me sinto cansada… acho alívio em saber que tu herdaste a minha fala e que em ti nunca se apagará a minha chama; não é que eu recuse a luta, mas tenho que ser realista… O destino da nossa língua, língua em que eternamente viajará a minha alma, aqui na pátria mãe, ainda é incerto.

     

    Há algum tempo um grupo de intelectuais e artistas, professores, escritores, e defensores da nossa cultura, criaram a Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP). A ajuda da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Brasileira de Letras foi notável e imprescindível. A AGLP, a que sinto como a minha filha mais nova, tentará abrir os caminhos que rompam o cerco que nos sitia e nos abafa; do seu êxito depende em grande medida o meu futuro, é por isso que te peço a acolhas com agarimo e a ajudes no que puderes em nome da nossa eterna irmandade.

     

    A nossa língua atravessa uma das suas piores etapas de todos os tempos na terra berço, a terra mãe que com tanto amor a viu nascer, e a seus filhos e filhas de todo o mundo envia hoje a sua voz… Voz que vai na procura de ajuda que tanto necessito, ajuda que restaure a minha dignidade, peço não continuar a ser ignorada. Por isso te falo, querido irmão, por isso te falo…

     

    Recebe de mim a palavra que mais estimes, meu amado irmão Brasil

    Assinado: A Galiza (Rousia, Blog República da Rousia)

     

    MAS O QUE É A GALIZA PARA CHRYS CHRYSTELLO?

    Perguntado o poeta responde:

    “A Galiza é uma referência matricial inculcada pelo pai e avó paterna como a origem ancestral no ano de 942. Cellanova foi o ponto de partida onde um homem e uma mulher se juntaram para criar os Barbosa dos quais descendo, assim como dos Meira também galegos.”

    Como podemos ver o Chrys, poeta voador, é muito consciente de suas raízes, o que lhe permite voar com a força e sem medos, pois só quem sabe que sua raiz é de profundidade eterna se atreve a voar tão longe, tão alto, tão generoso em sua trajetória, tanto quanto possível

     

    COMO FOI QUE DESCOBRISTE QUE A GALIZA ERA UM SER VIVO QUE TAMBÉM NECESSITAVA SE ALIMENTAR DE TI?

    “A Galiza precisa da voz dos que a amam e sofrem com a opressão de estarem sob jugo estrangeiro há 500 anos ++++” Breve conciso e contundente Chrys.

     

    ACHAS QUE É POSSÍVEL UMA GALIZA FORA DA LUSOFONIA?

    A Galiza só existe se for lusófona, se fosse castelhanizada não seria Galiza…

     

    E COMO FICARIA A LUSOFONIA SE A GALIZA SE PERDER DE SUA LÍNGUA DEFINITIVAMENTE?

    A Lusofonia ficaria órfã da sua mãe, que lhe deu origem e razão de ser e nisto de bater na mãe já bastou o Dom Afonso Henriques primeiro rei de Portugal…

     

    COMO VÊS O FUTURO DA GALIZA, DA LUSOFONIA E DO MUNDO?

    Promissor desde que as novas gerações entendam o peso da Lusofonia e a arma que a língua pode ser contra a dominação e o jugo estrangeiro opressor.

     

    COMO ACHAS A POESIA PODE AJUDAR?

    A poesia é uma arma carregada de sonhos e o sonho comanda a vida como disse António Gedeão.

     

    POR FAVOR CONTA TUDO QUE TE FALTE POR CONTAR RELATIVAMENTE À IMPORTÂNCIA DA GALIZA NA TUA VIDA, TANTO PESSOAL COMO POÉTICA…

    Na juventude/adolescência a Galiza era uma extensão do país para norte e não um acréscimo do país ao lado que era a Espanha… …são galegos os do Minho a Trás-os-Montes com um sotaque diferente, mas a mesma alma…

     

    ANÁLISE DOS POEMAS

    Os textos formam um conjunto que definem o planeta que o poeta chama ‘Planeta Galiza’ e dão conta da realidade atual da Galiza, dão também as pinceladas suficientes para termos uma breve história contada de forma épica. A Galiza está em grande dívida com o poeta, pois ele a reconhece ilha, tal qual ela é, mas já a sonha planeta, livre como ela flui nos seus versos, linda e indomesticável; uma pessoa sente desejos de se ficar a viver neste planeta. Vamos agora olhar mais de perto e detalhadamente os poemas.

    Os poemas do Chrys são a vivificação do seu mundo conceitual, eles são mostras vivas do que ele acha a poesia é, e que eu resumi baseando-me nas palavras dele como: ‘uma fuga para a utopia quando o mundo exterior me oprime.’ (Comunicação pessoal)

    O poema ‘Partir’, primeiro desta série, primeiro do planeta Galiza, parece a Galiza mesma falando de sua urgência por mudar a situação que vive. Neste poema a Galiza parte, corta amarras, porque ficar é já um naufrágio, é um naufrágio desde há demasiado tempo, demasiados séculos. A Galiza parte para ficar nas asas do tempo, para viver, se eternizar… E como se viver como realmente vive fosse adiar só um bocado a morte; a poesia do Chrys corta grilhetas, vence ameias, iça velas ao vento…. Vai sorrir à grande utopia: nascer! A Galiza indo, partindo do lugar onde se abafa: a Galiza nasce! Renasce! – de novo – Eu não sei se o poeta foi consciente disto tudo que ele colocou neste poema, e talvez se poderia adaptar a outras realidades, a outras terras, certamente poderia, mas este poema cai como uma luva para o espírito da Galiza.

     

    O poema ‘Lendas da minha Galiza’ é um canto de amor, épico, no que o poeta salienta aqueles aspetos da Galiza que ele quer ver crescer, como se os semeasse, para ver a Galiza florir, eis a utopia! Quer o poeta que a Galiza seja feliz, se expresse, se conte tal e qual ela é, tal e qual ela foi sonhada desde o começo dos tempos, o poeta clama por uma Galiza que conserve toda a sua história, seu celtismo tão negado pelos historiadores com outros interesses do que a realidade histórica da Galiza. Dá vida a Ith, filho de Breogán, e reclama um povo para vir herdar esta riqueza secular, por não ver isto acontecendo o poeta canta:

     

    senti o coração trespassado

    as lágrimas minguaram

    jamais haveria fadas ou sereias

    cronópios e polinópios

     

    Mas nem toda a dor deste mundo detém o poema ai, nem a Santa Companha detém o poeta que anuncia seu propósito de visitar o Santo André de Teixido, o que, de novo, o rende galego, pois só os galegos têm que fazer esse caminho peregrino quer de mortos, quer de vivos:

     

    visitei Santo Andrés de Teixido

    duas vezes de morto

    que não visitei uma de vivo

     

    Desce pelo Minho, desde o nascimento, permitindo que o curso vivo da água flua em seu poema, vai na procura da moura, vai na procura do eco que outorgue a seus versos o poder de libertar esta terra que tanto ama.

    escreverei os versos e serão mágicos

    afincado no chão

    erguerei a tua flâmula

    no poste mais alto e cantarei

    Galiza livre sempre.

     

    O poema ‘Concha é nome de guerra’, o que eu pessoalmente agradeço muito, muito mais do que me caberia dizer aqui, mostra como é dura a escolha de resistir, com seus versos ele tece uma capa para a galega que resiste sem renunciar a nada do que é, sem perder nada da sua essência Nesse poema também se reinvindica a si mesmo quando diz:

     

    eu que nasci galego do sul

    sendo galego de Celanova,

    apartado de meus irmãos e irmãs,

    vivi séculos de história ao desbarato

     

    E coloca o rumo face a lusofonia, uma utopia para a que vale a pena escrever e lutar com a palavra.

     

    No seu poema ‘Elegia à AGLP’, no que verso após verso faz sentir ao leitor como é viver numa ilha, numa ilha que é prisão, viver como se vive agora na Galiza é prisão, e sair mesmo que parece difícil é possível com a tripulação da AGLP a que o poeta coloca dentro da sua elegia. De novo a utopia se faz possível, o poema começa com um reconhecimento da realidade, dura, difícil, situação de isolamento, mas que ele no poema já semeia com força a profecia, o desejo de a ver avançando.

     

    O último poema deste capítulo intitula-se ‘Galiza como Hiroshima mon amour’, com a força de um hino os versos vão narrando as bondades, as belezas, as grandezas da Galiza que devem ser preservadas, defendidas, amadas, protegidas e encaminhadas à nobre Lusitânia com a força de quem desperta de um longo sono para ir com os irmãos, erguendo a voz. A voz do poema vai crescendo para no final, nesse último verso poeta, poesia e Galiza se deixem sentir como uma só voz.

     

    indomada criatura

    nenhum poder te subjugará

    nenhum exército te conquistará

    nenhuma lei te aniquilará

     

    és a Galiza mon amour.

     

    Referências Bibliográficas

    Chrystello, C. (2012) Crónica do Quotidiano Inútil. Vila Nova de Gaia. Calendário Editora.

    Chrystello, C. (Página web) http://oz2.com.sapo.pt

    Rousia, C. (Blog Républica da Rousia) http://republicadarousia.blogspot.com.es

    Wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/Poesia

  • conferência

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    #colaborAÇÃO Participe!
    tema: “Caminho duma Nova Sociedade”com Artur Alonso Novelhe
    Inscrições: bit.ly/21cultura (o link será enviado no dia do evento)
    Data: Sábado dia 06 de Novembro de 2021
    15h | Brasília
    19h | Galícia
    19h | Itália e Paris
    18h | Portugal e Londres
    Evento online e aberto ao público em geral
    Via Google Meet
    0:17 / 1:21
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  • OLIVENÇA NUMA PENÍNSULA NÃO IBÉRICA

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    Vou explicar de seguida porque razão os portugueses não são ibéricos e porque jamais poderão fazer parte de uma mesma entidade política e cultural com os outros povos da Espanha excepto com um, os galegos, assim como porque razão o nome da península não pode ser chamada de ibérica.
    Apresento um mapa consensual do período pré-romano com os vários povos que habitavam a península aquando da invasão romana, geralmente é este o mapa que é divulgado sendo o mais recente do período pré-romano, depois apresento o mesmo mapa introduzindo-lhe o limite do mundo conhecido antes do império romano se ter expandido da península itálica e antes dos fenícios sequer terem chegado à costa atlântica peninsular e que estava fixado para lá das “colunas de Hércules”.
    Por fim apresento o mesmo mapa com a área sombreada a verde do território para lá das colunas de Hércules, que corresponde a toda a faixa atlântica peninsular.
    Se se verificar as tribos iberas estavam localizadas junto ao rio Ebro, por isso foram chamadas de iberos pelo gregos, “aqueles que viviam junto a Ebro”.
    Pelo mapa se constata que a Este da linha do “fim do mundo” estavam as tribos e povos naturais da península, as tribos iberas e as tribos do nordeste peninsular a que corresponde agora o País Basco, a Oeste dessa linha estavam as tribos e povos celtas que eram “estrangeiros”.
    A península inicialmente estava ocupada pelas tribos iberas e do nordeste peninsular mas que nunca se aventuraram a ocupar territórios para lá do “desconhecido” devido às lendas do fim do mundo, quando as tribos celtas, essencialmente galaécios e lusitanos migraram do centro da Europa para a península foram justamente ocupar os territórios desocupados para lá da linha do “fim do mundo”.
    Portanto portugueses e galegos descendem de tribos celtas destemerárias que não tiveram medo de ir viver e se instalar para lá da linha do “fim do mundo” contra lendas e mitos antigos, os espanhóis descendem das tribos receosos dessa “fronteira mental”.
    Este facto explica muita coisa na maneira de ser de um português e de um espanhol, o português mais aberto ao mundo precisamente por descender de estrangeiros peninsulares e o espanhol mais fechado, é preciso notar que a Espanha para desbravar o novo mundo não deu um só homem capaz de empreender a tarefa, teve que recorrer a dois estrangeiros, Colombo e Fernão de Magalhães, ora não se pode juntar a água com o azeite, a alma portuguesa é completamente oposta pelos seus genes colectivos às almas espanholas.
    Mas os espanhóis para justificar algum cimento na unidade dos povos peninsulares defendem a tese celtibera, mas sem referir a sua origem obviamente.
    É preciso notar que após nomeadamente as tribos lusitanas assentarem e consolidarem o seu povoamento a Oeste da linha do “fim do mundo” começaram a expandirem-se para Este onde invariavelmente nas suas guerras enfrentavam tribos iberas que por sua vez já se tinham expandido para Oeste desde o Ebro, os celtiberos existiram de facto mas foram uma consequência das guerras entre lusitanos iberos, ou seja foram os primeiros “mestiços” peninsulares resultado de cruzamento de lusitanos e iberos por vias das guerras entre si nos territórios a Este da linha.
    Concluindo nós nunca fomos iberos e nunca devemos permitir a que esta península se chame ibérica apenas porque houve um grego que se lembrou de dar nomes em função dessa tribo.
    Por curiosidade note-se que Portugal fixou desde sempre as suas fronteiras com os povos de Espanha não ultrapassando essa linha, numa clara alusão de que não queremos misturas com aqueles a Este, os nossos réis eram sabedores da história ou alguém por eles.
    Olivença está pois para cá da linha e sempre pertenceu a Portugal até por isso mesmo, os verdadeiros oliventinos tem legado lusitano e não ibero.
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