dia da galiza com poemas meus

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planeta galiza

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

501.2. partir (à concha rousia e a uma galiza lusófona) s. martinho do porto, setembro, 5, 1976, lomba da maia, açores fev. 13, 2011

 

partir!

cortar amarras

como se ficar fosse já um naufrágio

ficar

como quem parte nunca

partir

como quem fica nas asas do tempo

partir!

cortar grilhetas

como se viver fosse uma morte adiada

vencer ameias

cortar amarras

velas ao vento

olhar o mundo

descobrir liberdades

esta a mensagem

levar o desespero

ao limiar

até erguer a voz

sem medos

até rasgar as pedras

e o ventre úbere

semear desencanto

sorrir

à grande utopia

nascer

de novo

dar o salto

transpor a fronteira

entre o ter e o ser

imaginar

como só os loucos sabem

e então chegaste

com primaveras nos dedos

e liberdade por nome

loucas promessas insinuavas

despontaste

como quem acorda horizontes perdidos

demos as mãos

sabor de início do mundo

pendão das palavras por dizer

esta a revolução

minha bandeira por desfraldar

 

 

531. lendas da minha galiza 11 dez 2011

 

galiza és tão especial

quando sorris

por que não sorris sempre?

 

és tão bela

quando ris com gargalhadas cristalinas

por que não ris sempre?

 

és tão amorosa

quando falas e cicias

por que não falas sempre?

 

 

no meu quintal tenho um poço

sempre cheio de palavras

onde vou buscar inspiração

 

é lá que busco amores

como se fora o monte das ánimas

na era dos templários

quando os cervos eram livres e não havia lobos

 

foi lá que aprendi a tua história

depois de ith filho de breogán

ir à torre de hércules

divisar eirin a verde

 

morto ith, perdidas as cassitérides

aprisionados os ártabros

resta visitar santo andrés de teixido

duas vezes de morto

que não o visitei uma de vivo

 

e esta história queda silente

nos livros e na memória dos velhos

por que não a aprendem os nenos?

agora que o rio minho passa caladinho

para não despertar os meninos

 

 

hoje quando fui ao poço

encontrei-o seco e mirrado

sem um fio de água sequer

não havia pardais nas árvores

nem flores no jardim

senti o coração trespassado

as lágrimas secaram-me

aºao trespassado Castelaer

caladinho

fincado no chão

pios e polinia fadas ou sereias

atopei umas meigas

a dançar com o dianho

foi então que o vi, o chupacabras

estandarte de castela

 

não mais haveria fadas ou sereias

cronópios e polinópios

vou juntar ferraduras, alho e sal

colares de conchas e tesouras abertas

esconjuro-vos ó meigas castelhanas

que me salve o burro farinheiro

vou ao banho santo em lanzada[1]

 

hei de te encontrar minha moura encantada

não tenho medo de travessuras de trasgos

nem marimanta ou dama de castro

sem temor da Santa Companhatravessuras de Trasgos

a

a santa companha

nem do nubeiro vagueando

entre tempestades e tormentas

 

hei de te encontrar minha moura encantada

e brotará áuga do meu poço

escreverei os versos e serão mágicos

erguerei a tua flâmula

no poste mais alto e cantarei

galiza livre sempre

 

 

 

 

 

 

 

533. concha é nome de guerra 13 dezembro 2011

 

para ti não há música nem dança

apenas as artes marciais

guerrilheira de montes e vales

urdidora de emboscadas

sob a copa das amplas árvores

brandes teu gládio de palavras suaves

não usas as falas do inimigo

vingas a dor de seres galega

 

a montanha que herdaste sozinha

prenhada de mar na ilha dos nossos

o povo desaparecido da rousia aldeia

esse recanto insuspeito ao virar da raia

onde fui a férias em 2005 sem te saber

eu que nasci galego do sul

sendo galego de celanova

apartado de meus irmãos e irmãs

séculos de história ao desbarato

distavam mares que nunca navegámos

montes que nunca escalámos

estrelas que jamais enxergámos

até um dia em que surgiste

vestias azul e branco orlada a ouro

estandarte do nosso reino

ciciavas liberdades por atingir

sonhos por realizar

brandias a tua utopia

numa mesma lusofonia

 

 

 

 

530. pesadelo zoológico 3 dezembro 2011 à concha rousia

 

s castelhano

onhei estar num circo

era um leão amestrado

o domador espanhol

 

senti-me galego

eles não sabem

que não há leões domados

 

vivem anestesiados

um dia acordam

sem ronronar em castrapo

vou esperar pelo chicote

desobediente

 

aguardo que ele erga a cadeira

estreleje o látego

e me mande falar

 

aí direi ao castelhano

já chega de circo

o palhaço és tu.

 

acordei e não vi bandeiras de castela

 

 

 

 

532. genevieve 13 dez 2011

 

genevieve era nome de mulher

um restaurante japonês

no meio de chinatown

sorrisos largos e astutos

mansos como o rio minho

olhos profundos amendoados

como o canon do sil

prometia ribeiras sacras

seios amplos acolhedores

como as rias baixas

 

genoveva da galiza

amazonaom saudades de arousamazona

s

amazonaaa em sidney

um pai na argentina

uma mãe em paris

com saudades de arousa

promovia sushi com saké

 

 

loucas bebedeiras em galego

 

 

 

 

 

  1. elegia à aglp 16 dez 2011

 

viver numa ilha é prisão

sair dela é impossível

nem com a velocidade da chita

nem com a força do elefante

nem com o mergulho do cachalote

de nada servem passaportes

nem vistos consulares

só água nos rodeia

preciso saber nadar

 

 

viver na galiza é prisão

sair dela é possível

mas não elimina os carcereiros

não abate as grades do cárcere

não liberta do cativeiro

mas nas árvores de nottingaliza

há sempre uma concha dos bosques

ou um ângelo merlim

um joám pequeno evans pim

um frei tuck montero santalha

e seu bando de lusofalantes

manejando o arco

invencível besta da lusofonia

 

 

 

 

 

528. ah como eu gostava 16/11/2011

 

portugal lembra o filho ingrato

que sai de casa levando as malas

cresce como um sem-abrigo

vivendo de expedientes

sujo, maltrapilho e destituído

mas orgulhosamente só e independente

altivo olha a galiza do tempo dos aguadeiros

da pobreza, fome e sofrimento

e sente-se superior

não reconhece pai ou mãe

nem partilha um cobertor

comporta-se como assaltante

aliado ao invasor

esqueceu a história e perdeu os genes

 

ah como eu gostava de ser galego

537. a nódoa 17 dez 011. (à isabel rei)

 

as nódoas da guerra civil

não saem com detergente castelhano

 

trouxeste no ventre

os bastardos de tuas violações

enterraste parentes

mortos por terem ideais

as lágrimas que choraste

adubaram teus campos

calaste as dores e humilhações

enquanto pilhavam teus tesouros

 

ensinaram-te a língua do invasor

mas cantaste vilancetes

lembraste a alvorada de rosalía

descobriste o arquivo valladares

plangeste a tua guitarra

 

para sentires a liberdade

tens de sair do teu país

para falares a tua língua

tens de visitar o passado

 

quando cantarás a liberdade?

 

 

 

 

525. galiza como hiroshima mon amour

 

acordaste e ouviste o teu hino

bandeira desfraldada ao vento

ao intrépido som
das armas de breogán

amor da terra verde,
da verde terra nossa,

à nobre lusitânia
os braços estende amigos,

desperta do teu sono

pega nos irmãos

caminha pelas estradas

ergue bem alto a tua voz

diz a quem te ouvir quem és

orgulhosa, vetusta e altiva

indomada criatura

nenhum poder te subjugará

nenhum exército te conquistará

nenhuma lei te aniquilará

és a galiza mon amour

 

 

 

545. sal, 1 junho 2012

 

sempre que vou ao mar

na boca fica-me um travo a sal

sempre que vou à galiza

os lábios falam-me de portugal

e em goa, timor ou macau

no brasil ou cochinchina

nunca me sinto mal

sândalo, cravinho e canela

arroz-doce, bebinca, balachão

a língua que nos une tem sal

nela me deito e me deixo vogar

nesse oceano da lusofonia

sem ventos nem adamastores

navegam todas as naus

todos irmãos num só mar

bandeiras do mundo sem passaporte

esta a nossa cantiga de embalar

sonhos, utopias por provar.

 

 

 

 

574. soletras autonomia, 14 abr 2013

 

ilhas de névoas e gaze

de novelões e conteiras

do verde e do azul

ó gente de basalto

quem canta a tua gesta?

 

terras de maroiços

cais de rola-pipas

mar imenso abraseado

lacerado por vulcões

 

ilhas de bardos e músicos

republicanos presidentes

poetas, pintores e artistas

anteros, nemésios e natálias

 

quem te liberta das grilhetas

do passado feudal

da escravatura da fé

do atavismo ancestral?

 

soletras autonomia

gaguejas liberdade

titubeias emancipação

com laivos de insubmissão

como a irmã galiza

cicias um 25 de abril

que tarda em chegar

 

 

 

562. sonhar galiza sempre 25 setembro 2012

 

hoje sonhei com a galiza

ela abriu os braços ao mundo

e o mundo recebeu-a de braços abertos

depois acordei e descobri

eu já estava noutro mundo

vou voltar a adormecer

 

 

 

574. soletras autonomia (lomba da maia) 14 abr 2013

 

ilhas de névoas e gaze

de novelões e conteiras

do verde e do azul

ó gente de negro basalto

quem canta a tua gesta?

 

terra de maroiços

cais de rola-pipas

mar imenso abraseado

lacerado por vulcões

 

ilhas de bardos e músicos

republicanos presidentes

poetas, pintores e artistas

antero, nemésio e natália

 

quem te liberta das grilhetas

do passado feudal

da escravatura da fé

do atavismo ancestral?

 

soletras autonomia

gaguejas liberdade

titubeias emancipação

com laivos de insubmissão

 

como a irmã galiza

cicias um 25 de abril

que tarda em chegar

 

 

 

579. bandeira por desfraldar, 3 maio 2013

 

quero cantar armas e brasões assinalados

faustos doutrora que poucos igualaram

em vez de chorar corruptos governantes

dilapidando pátrias vetustas

 

quero cantar navegadores e descobertas

missionários e colonizadores

em vez de chorar vendedores de pátrias

marionetas de troicas estrangeiras

 

quero cantar guerras e batalhas

expulsões de castelhanos e mouros

em vez de chorar um país vendido

à especulação bancária e ao iv reich

 

quero cantar a vizinha galiza livre

celta, orgulhosa, ancestral

em vez de chorar a repressão

e extermínio por castela

 

queria cantar a liberdade, igualdade e fraternidade

em vez de chorar esta escravatura

o silêncio e o medo sem futuro que nos impõem

até que alguém sem hesitações nem temores

se erga e vá desfraldar a bandeira dos açores

 

 

 

 

608. eleições 29 jul 2013

 

era tempo de eleições

políticos vinham e prometiam

a populaça aplaudia

acenava e acreditava

 

 

depois de contados votos

os políticos desapareciam

junto com as suas promessas

e o povo esquecido esperava

assim crendo na democracia

uma pessoa, um voto, uma promessa

repetiam a antiga escravatura

acreditando serem livres

 

 

627.2. (à galiza), moinhos, 16/8/2013

 

imagino a galiza

de cravo e bandeira na mão

gritando a plenos pulmões

que a liberdade é merecida

que a rua é dos poetas

que o 25 de abril não é de todos

mas será sempre para todos

mesmo para aqueles que o negam

 

imagino a galiza

de manifesto e megafone na mão

declamando a poesia da alforria

das conquistas irreversíveis

quando os esbirros vierem

feitos controladores do pensar

sei que ela estará lá

e abrirá o peito às balas

 

e o sangue que jorrar

será poema e arma

e o corpo desvanecido

será escudo e estandarte

para que a liberdade não morra

nem haja estertor do povo

com ela será 25 de abril sempre

 

que ninguém nos cala

e a voz dos poetas

troa mais que a da bala

 

 

 

636. o voto 1, moinhos, 21/8/2013

 

nova campanha eleitoral

o país de rastos

rojado às feras do capital

promessas mil

projetos reciclados

autarcas em igrejas

distribuem dinheiro do púlpito

sorrisos, apertos de mão

beijam velhas e crianças

visitas e inaugurações

e o povo manso

que não se insurge

escravizado e pobre

acredita e sorri

vota sempre nos mesmos

 

 

646. enquanto dormias a nova escravatura chegou, nov 2013

 

 

nenhum de nós é livre

enquanto ao teu lado

houver fome

miséria

desemprego

 

hoje são os outros

amanhã serás tu

passaram 40 anos

 

nenhum de nós é livre

enquanto abril não se cumprir

 

 

 

689. ondas, moinhos 3 fev 2017

 

ah se eu pudesse parar as ondas

essas que arrebatam as areias

essas que escavam a minha praia

essas que descarnam a minha vida

 

ah se eu pudesse parar o mar

que inclemente se abate sobre as arribas

que insensivel corrói as fajãs

que impérvio repete a violação

 

 

ah se eu pudesse parar

o avanço do castelhano

estuprando o galego

cantaria a felicidade

da tua libertação

 

 

assim limito-me a orar

pela tua sobrevivência

 

 

 

 

690. se os carvalhos falassem ( à concha rousia), moinhos 3 fev 2017

 

ah se os carvalhos falassem

dir-te-iam que já foste livre

 

ah se os carvalhos falassem

recordariam teus dias faustosos

 

 

mas como ainda não falam

ninguém sabe da tua história

ninguém sabe da tua mordaça

ninguém sabe do genocídio

 

 

ah se os carvalhos falassem

serias livre

 

 

 

 

691. galiza não morras sozinha (moinhos) 17 fevº 2017

 

(este parte, aquele parte e todos, todos se vão)

 

galiza morres sozinha

mataram-te a língua

roubaram-te a riqueza

vives só e à míngua

despovoada frágil presa

 

galiza morres sozinha

esqueceram a tua história

enterraram teus heróis

castraram-te a memória

já nem sabeis quem sois

 

galiza morres sozinha

nas tuas aldeias desertas

nas ruas e cidades colonizadas

no desprezo dos portugueses

nos livros que ninguém lê

na história que não despertas

memórias ancestrais apagadas

 

galiza morres sozinha

abri as portas e o coração

ressuscitei lendas e pedras

escrevi laudas e poemas

recordei a sueva coroação

e acreditei que renascias

autónoma sem problemas

 

galiza não morras sozinha

deixa-me cantar-te

 

e viverás só minha!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

692. portugaliza (moinhos) 17 fevº 2017

 

este país rima com sal

nunca nada está bem

e tudo vai sempre mal

 

insatisfeitos

impotentes

impávidos

incapazes

ingratos

incompetentes

 

quisera eu

pudesse eu

e dava-te um nome

portugaliza

 

 

 

 

[1] (sansenxo)https://blog.lusofonias.net/wp-content/uploads/galiza.pdf

A ciência e a sua espiritualidade – PGL

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“A tua vontade bloqueia teu ouvido, introduz-te num abismo e cobre-te com a sombra do que queres, de tal forma que não te podes elevar às coisas sobrenaturais e supra-sensíveis” (Jacob Böheme – A vida Espiritual) Uma ciência esotérica? Como nos dá a entender Nelson Job, no seu artigo “Miséria da Ciência e da Filosofia

Source: A ciência e a sua espiritualidade – PGL