Categoria: EUA USA canada

  • palhaços cobardes na sala oval

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    https://www.facebook.com/reel/1611323126162539

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    Volodymyr Zelensky não nasceu para isto, ninguém nasce, ninguém imagina o peso de um país nos ombros até o ter nos ombros, até sentir o frio da noite dentro do peito, até perceber que a solidão de um homem pode ser a solidão de uma nação inteira. Era comediante, fazia rir as pessoas, e um dia acordou presidente, depois acordou numa guerra, depois acordou num mundo onde os edifícios caem, as crianças morrem, os velhos choram num ucraniano que ninguém ouve. E ficou. Ficou porque fugir seria o fim, porque quem foge leva consigo o cadáver da própria pátria, porque os olhos de um povo perguntavam e ele não podia dizer-lhes que não.
    
    Chega a Washington e há uma sala cheia de sombras que não lhe pertencem, uma sala onde o destino de Kyiv se decide sem Kyiv, uma sala onde um palhaço reformado, um velho laranja de discursos gordurosos e frases que escorrem como sebo, acha que pode ensinar-lhe o que é a guerra, o que é perder uma casa, o que é enterrar um filho, o que é saber que, num instante, a morte pode entrar pela porta sem bater. O velho laranja gosta de ouvir a própria voz e fala de paz, de acordos, de entendimentos, como se Putin fosse um negociante de tapetes e não um assassino, como se a Ucrânia pudesse ser dobrada, vendida, fechada numa gaveta qualquer. E ao lado dele um rapazinho com ar de quem nunca saiu da sua terra natal, J.D. qualquer coisa, um Vance, um nome que não pesa nada, um nome que podia ser de um vendedor de automóveis usados ou de um miúdo convencido de que sabe tudo sobre o mundo porque leu meia dúzia de livros e viu uns documentários. Olham para Zelensky como se ele fosse um problema e não um homem, como se a guerra fosse um incómodo para os Estados Unidos e não uma questão de vida ou morte para aqueles que todos os dias enterram os seus mortos.
    
    A reunião não chega a ser reunião, porque Trump não gosta de ser contrariado, porque acha que a Casa Branca é a sua sala de estar e o mundo inteiro uma audiência do seu reality show, porque não entende o silêncio de Zelensky, o peso daquele silêncio, porque um homem que viu o inferno não tem paciência para joguinhos políticos de terceira categoria. Levanta-se, vai-se embora, leva consigo a mesma guerra que trouxe, volta ao seu país onde as cidades caem, onde as mães dormem com retratos nas mãos e os soldados aprendem que, no fim, só há dois tipos de pessoas: os que fogem e os que ficam. E ele ficou. Porque sempre soube que não havia alternativa.
    
    Março 2025
    Nuno Morna
    
    PS: escrevi este texto com uma enorme irritação a me apertar o coração. É um texto dolorido. Hoje assisti, com os meus olhos,  à maior indignidade que vi na minha vida. Estou muito revoltado. Como é possível aqueles dois trambolhos terem tanto poder e serem tão burros?
    
    
  • A “namorada russa” é a nova chefe da Segurança Nacional dos EUA

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    Confirmação de Tulsi Gabbard como Diretora da Inteligência Nacional dos EUA levanta preocupações – ela é conhecida como a “namorada russa”.

    Source: A “namorada russa” é a nova chefe da Segurança Nacional dos EUA

  • As empresas dos EUA já podem subornar governos estrangeiros (sempre o fizeram…) ZAP Notícias

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    O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva que suspende uma lei que proíbe as empresas norte-americanas de pagarem subornos a governos estrangeiros. A partir de agora, não só é mais fácil como também é legal as empresas dos EUA subornarem governos estrangeiros. Isto porque Donald Trump suspendeu a lei que impedia este tipo de suborno. A decisão, promulgada na segunda-feira, também congela os processos criminais contra os norte-americanos acusados de violar a lei, que está em vigor desde 1977. Ler também: Trump “muito ofendido” com Putin – mas as palavras também iludem Trump pediu generais “iguais

    Source: As empresas dos EUA já podem subornar governos estrangeiros – ZAP Notícias

  • O que Trump ignora.

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    O que Trump ignora.
    Questionado ontem se havia algo que o primeiro-ministro Justin Trudeau do Canadá pudesse oferecer para evitar as tarifas,
    Trump disse, na Sala Oval: “Gostaria de ver o Canadá tornar-se o nosso 51º estado”.
    Essa resposta, meus amigos, resume onde estamos.
    O Canadá e o México evitaram as tarifas durante os próximos 30 dias, mas não fizeram nada diferente do que estavam a fazer antes de Trump os ameaçar.
    O plano para a fronteira do Canadá já estava em andamento, incluindo a implantação de tecnologia e pessoal adicional na fronteira.
    O México já havia intensificado a fiscalização da fronteira antes das ameaças de Trump.
    No entanto, Trump está já a declarar vitória sobre o Canadá e sobre o México
    e, quando perguntado se vai aumentar as tarifas sobre os seus vizinhos no mês que vem, ele diz: “Veremos”.
    Sempre que Trump diz “Veremos”, o que ele está realmente a dizer é “Vou esperar para ver quanta subserviência recebo“.
    Porque, como eu já notei, tal resposta é performativa.
    É sobre mostrar força — não apenas exibi-la para o Canadá e para o México, mas também para o resto do mundo — e, em troca, obter demonstrações de submissão.
    A técnica de bullying mais antiga é ameaçar pequenos entes,
    que não têm nem de longe o poder que você tem
    – digamos, Canadá, México, Colômbia e Gronelândia (Gronelândia!)
    e então, quando eles parecem ceder, anuncie que seu bullying funcionou.
    E então passe para alvos maiores.
    Trump agora está a dizer que vai impor tarifas à União Europeia.
    O que é que a Europa precisa de fazer para as evitar?
    Trump não disse.
    Se lhe perguntassem ele diria: “Veremos”.
    Enquanto isso, o sistema de comércio mundial está silenciosamente a reorientar-se.
    Empresas no Canadá, México e Europa estão a encarar-se como maiores parceiros potenciais para o comércio e o investimento direto
    – que se danem os Estados Unidos.
    A China está a enviar convites a todas elas.
    Os Estados Unidos são uma economia enorme, mas a da China é maior.
    O seu mercado é enorme.
    E pode produzir maravilhas.
    Porquê beijar o traseiro de Trump?
    Porquê arriscar ainda mais com sua intimidação?
    Este é o momento da China.
    O comércio é uma pequena parte do bullying de Trump, é claro.
    Ele quer sinais de submissão — manifestações de respeito — de todos, incluindo dos centros de poder dentro dos Estados Unidos.
    A submissão total destruirá a democracia americana, que foi projetada para impedir que um monarca assumisse o poder.
    Mas a submissão total não colocará a América de novo no caminho da primitiva vocação da sua democracia.
    Ontem, um grupo politicamente diverso de académicos divulgou um boletim sobre o bem-estar americano.
    Enquanto Trump lança ameaças e insultos ao Canadá, México e Europa,
    o relatório apresenta uma comparação séria entre os Estados Unidos e outros países ricos.
    Ele aponta que os Estados Unidos têm a menor expectativa de vida de qualquer país rico.
    (Isso não acontecia durante a maior parte do século XX.)
    Os Estados Unidos também têm a maior taxa de homicídios entre todos os países ricos
    – não porque pessoas sem documentos estejam a saquear e a pilhar o país
    (a taxa de crimes violentos cometidos por pessoas que vivem ilegalmente nos Estados Unidos é menor do que a taxa de crimes violentos cometidos por pessoas que lá vivem legalmente)
    mas por causa das taxas, notavelmente altas, de pobreza e falta de casa,
    bem como o acesso, extraordinariamente fácil, a armas.
    Os Estados Unidos têm a maior taxa de overdoses fatais por drogas do mundo
    – não porque as drogas estejam a chegar do outro lado da fronteira,
    mas porque temos uma das maiores taxas de depressão e desesperança entre os jovens,
    especialmente entre os jovens que não vão ter acesso ao ensino superior.
    E têm uma das menores taxas de confiança no governo federal.
    Porquê?
    O meu palpite é porque a maioria dos americanos vê a política americana como a forma de encher de muito dinheiro os bolsos das grandes corporações e dos super-ricos
    (como o Musk-rato, que investiu mais de um quarto de bilião para eleger Trump, e os outros 13 bilionários que agora trabalham para Trump).
    Os americanos não odeiam o governo.
    Eles só querem um governo que trabalhe para eles
    – fornecendo Segurança Social e Medicare, e ajuda quando eles precisam
    (digamos, auxílio emergencial da FEMA)
    não um que socorra grandes bancos e distribua “assistência social” às corporações.
    (Mãos ao alto se você acha que o Musk-rato vai acabar com a “assistência social” às corporações).
    No geral, quando os americanos são questionados sobre o quão satisfeitos estão com as suas vidas, a sua classificação é mais baixa do que há três décadas.
    A nossa economia é muito maior do que era naquela altura, mas estamos mais miseráveis.
    É de se espantar?
    Em vez de lidar com esses problemas reais, Trump está a dizer ao Canadá e ao México para fazerem o que já estão a fazer.
    E também quer que o Canadá se torne o 51º estado dos EUA.
    Foto: O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, publicou esta imagem do mapa do Canadá e dos EUA com a bandeira americana sobre ele na terça-feira, 7 de janeiro.
    Donald J. Trump Verdade Gráfico social
    Robert Reich.
    In Substack, 4 de Fevereiro de 2025.
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  • o outro lado do muro

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    “Então vocês votaram para construir um muro… pois bem, meus queridos estadunidenses, mesmo que vocês não entendam muito de geografia, já que para vocês a América é seu país e não um continente, é importante que antes de vocês colocarem os primeiros tijolos, vocês descubram o que eles estão deixando do lado de fora desse muro.
    Há cerca de 7,7 bilhões de consumidores dispostos a substituir seu iPhone por um Samsung ou Huawei em menos de 42 horas. Eles também podem substituir Levi’s por Zara ou Massimo Duti. Em menos de meio ano, podemos facilmente parar de comprar veículos Ford ou Chevrolet e substituí-los por um Toyota, KIA, Mazda, Honda, Hyundai, Volvo, Subaru, Renault ou BMW.
    Essas cerca de 7,7 bilhões de pessoas também podem parar de assinar a Direct TV, e podemos parar de assistir a filmes de Hollywood e começarmos a assistir a mais produções latino-americanas, asiáticas ou europeias… Por incrível que pareça, podemos pular a Disney e irmos ao Parque Xcaret em Cancún, México, Canadá ou Europa: há outros destinos excelentes na América do Sul, no Oriente e na Europa.
    Alguém já viu alguma pirâmide nos Estados Unidos? No Egito, México, Peru, Guatemala, Sudão e outros países existem pirâmides com culturas incríveis.
    Descubram onde estão as maravilhas do mundo antigo e moderno…Nenhuma deles está nos Estados Unidos…
    Sabemos que a Adidas existe e não só a Nike e podemos começar a consumir tênis mexicanos como o Panam. Sabemos muito mais do que vocês pensam; Sabemos, por exemplo, que se esses cerca de 7,7 bilhões de consumidores não comprarem seus produtos, haverá desemprego e sua economia (dentro do muro racista) entrará em colapso a ponto de vocês terem que implorar para que derrubemos o muro fatídico.
    Nós não queríamos, mas… vocês queriam um muro. Então, vocês vão ter um muro.
    Cordialmente,
    O resto do mundo.
    Por favor, encaminhe para 12 pessoas. Se você não fizer isso, nada acontecerá; apenas muitas pessoas não estarão cientes dessas realidades.”
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  • Trump quer deter 30 mil imigrantes irregulares na prisão de Guantánamo

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    Donald Trump anunciou que a prisão militar de Guantánamo, que acolheu acusados de terrorismo, vai receber imigrantes irregulares.

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  • os novos donos dos eua e do mundo

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    Crónica de Miguel Sousa Tavares, no semanário Expresso de 24 de Janeiro de 2025.
    A tomada de posse dos Donos do Mundo.
    “Aqueles três homens, ali sentados em lugar de honra na posse de Donald Trump, juntos, detêm mais poder real que toda a UE e que metade da Humanidade.
    Na longa, trapalhona e grandiloquentemente ridícula cerimónia de tomada de posse de Donald Trump como 47º Presidente dos Estados Unidos era impossível não reparar
    (e eles próprios tudo fizeram por isso…)
    no destaque dado ao que Joe Biden, na sua despedida, chamou a oligarquia dos ultra-ricos, que estará a tomar o poder na América.
    Colocados de frente para as câmaras, logo atrás dos ex-Presidentes,
    a sua posição protocolar visava, sem subterfúgios, assinalar bem a importância que vão deter na nova Administração:
    na Casa Branca de Trump, como na corte de Estaline, estas coisas não são pormenores.
    Assim, lado a lado, Mark Zuckerberg, Jeff Bezos e Elon Musk, três dos quatro homens mais ricos do mundo,
    olhavam de frente e triunfantes as mais de oito mil milhões de almas planetárias cujos destinos, em larga medida, já controlam.
    “America first, the world next.”
    Ou o contrário: agora que já controlam o resto do mundo, vão controlar os Estados Unidos, o seu único concorrente.
    Os três são génios e visionários, cedo revelados, quer em inteligência, quer em imaginação.
    O acesso a montanhas de dinheiro deu-lhes os meios necessários para cumprirem o resto: a ambição.
    Falta-lhes apenas o poder político à escala global que só o controlo da Casa Branca pode assegurar.
    Entre eles e isso está Donald Trump.
    Mas enquanto eles fazem dos seus egos uma força alimentada pela inteligência,
    Trump faz do seu desmedido ego uma fraqueza alimentada pela estupidez natural:
    havendo confronto, é provável que eles ganhem, desde que confortem o ego de Trump e o façam ganhar muito dinheiro pessoalmente.
    Dos três, o menos perigoso é Zu­ckerberg, com o seu ar de estudante nerd
    que só queria inventar um canal de comunicação entre os alunos de Harvard e viu a coisa crescer sem, supostamente, saber como.
    O Facebook e o Instagram, reunidos na Meta, têm hoje três mil milhões de assinantes, 40% da Humanidade.
    Todavia, se ele parece inocente, as suas redes sociais não o são
    e hoje podem gabar-se de já ter colonizado mentalmente e com efeitos duradouros uma geração inteira.
    Zuckerberg sabe isso muito bem:
    conhece os muitos estudos que já identificaram suficientemente o efeito dopamina da adição às redes,
    os traumas psicológicos que elas geram
    – a solidão, a dependência dos likes, a falta de auto-confiança ou a dinamitagem das relações pessoais e familiares e da vida em sociedade
    ou a explosão das cirurgias plásticas entre os jovens, instigada pelo Instagram.
    E não ignora, antes promove, que os dados pessoais recolhidos pelo Facebook,
    mesmo que apagados pelos seus utilizadores,
    permanecem vivos e sejam armazenados para a eternidade na “nuvem”,
    sendo depois vendidos aos anunciantes para publicidade dirigida.
    Nada inocentemente também, Zuckerberg deixou que o Facebook utilizasse o seu algoritmo para orien­tar a decisão de voto dos seus utilizadores
    e assim pode orgulhar-se de ter promovido o ‘Brexit’
    (como o revelou o caso da Cambridge Analytica),
    a primeira eleição de Trump,
    a eleição de Bolsonaro,
    a invasão do Capitólio em 2021, promovida pelos golpistas agora perdoados por Trump,
    e a segunda eleição deste.
    A sua relutância em controlar os discursos populistas e de ódio no Facebook
    – agora assumida sem disfarces, em nome de uma hipócrita “liberdade de expressão”
    contribui de forma determinante para a informação dos “factos alternativos”,
    disseminando a mentira, o ódio no lugar do debate e o crescimento do populismo larvar de extrema-direita.
    Não contente com isso, e consequentemente, recusa remunerar os direitos de autor dos textos que publica da imprensa de referência
    e, pior: juntamente com a Google e a Amazon, a Meta detém hoje a quase totalidade das receitas publicitárias na net
    e 50% das receitas publicitárias a nível global, excluindo a China.
    Ou seja, conscientemente e com a colaboração irresponsável das marcas,
    está a matar a imprensa livre e informada,
    um pilar insubstituível das democracias e a alternativa que resta ao mundo da desinformação reinante nas redes.
    O seu próximo horizonte: o investimento na inteligência artificial (IA).
    Separados na cerimónia apenas por um indiano (Sundar Pichai, CEO do Google) estavam Bezos e Musk,
    numa inesperada e amável cavaqueira,
    que, em vão, a decotada e plastificada namorada de Bezos tentava perturbar.
    Os dois odeiam-se de morte,
    não apenas pelo confronto de egos sem freio,
    mas muito também por causa da concorrência pelos contratos da NASA,
    quer para a exploração do espaço, em que substituíram a agência estatal,
    quer pelo negócio fundamental da colocação em órbita dos satélites de baixa altitude:
    a rede de satélites Starlink, de Musk, e a Kuiper, de Bezos, têm sido essen­ciais para ajudar a Ucrânia na guerra
    e representam um poderosíssimo meio de controle económico-militar de que a Europa se desinteressou
    (vários satélites europeus, incluindo dois portugueses, foram colocados em órbita na semana passada pelo foguetão Blue Origin, de Bezos).
    Começando também inocentemente por vender e entregar livros ao domicílio,
    a Amazon, de Bezos, acabaria por se tornar numa esmagadora plataforma electrónica de vendas online de quase tudo,
    pelo caminho arruinando milhares de negócios comerciais e respondendo por milhões de desempregados.
    Foi a altura em que ele se pegou com Trump, antes da primeira eleição deste.
    Num extraordinário exercício de falta de vergonha, Trump
    – conhecido por fugir sistematicamente aos impostos
    escreveu no Twitter que “se a Amazon pagasse os impostos devidos, já teria ido à falência”
    (uma indesmentível verdade).
    Bezos respondeu-lhe que, se algum dia Trump chegasse à Presidência, a democracia americana estaria ameaçada.
    Mas foi forçado pelas circunstâncias a arrepender-se
    e assim ganhou o seu lugar no Capitólio e na caverna de Ali Babá.
    Logo depois disso, porém, a livraria ao domicílio estava ultrapassada
    e o sucesso da Amazon proporcionou outro e mais rentável ramo de negócio:
    hoje, a maior fonte de receitas da Amazon é o armazenamento na “nuvem”
    e a venda de dados pessoais dos seus utilizadores a quem queira pagar por eles,
    anunciantes, seguradoras, empresas que contratam pessoas.
    Mas Bezos e Musk partilham uma idêntica obsessão messiânica por salvar a Humanidade.
    Musk quer enviar a Humanidade para Marte,
    Bezos sonha mais alto: despachá-la para gigantescas colónias flutuan­tes,
    onde se reproduziriam tal e qual as condições de vida no planeta Terra,
    com um clima de “Primavera no Havai” e todas as necessidades humanas suprimidas
    – “não precisaremos mais da Terra”, declarou ele.
    Entretanto, e porque vai envelhecendo, como todos nós,
    o exibicionista Jeff Bezos aposta agora também na descoberta do elixir da juventude,
    através de uma empresa de investigação onde trabalham vários prémios Nobel
    e que promete em breve mais 50 anos de vida a quem puder pagá-los.
    (Mais longe ainda vão os donos da Google, Sergey Brin e Larry Page, que nos intervalos em que não estão ocupados também em fugir ao Fisco dedicam todas as atenções à Calico, uma startup cujo objectivo é “matar a morte”. Ou seja, a imortalidade.)
    Estamos então no domínio daquilo a que chamam o “trans-humanismo” ou “o homem aumentado”,
    uma tentação comum a todos estes visionários.
    Elon Musk, um diagnosticado com Asperger,
    é talvez o mais avançado na matéria, com a sua Neurolink,
    que apenas espera luz verde da DFA para começar os implantes cerebrais em seres humanos,
    com vista a produzir o “homem cyborg”
    – capaz, entre outras coisas, de dialogar com o computador e produzir a sua própria nuvem de memórias.
    E, embora se declare desconfiado da IA,
    investe no seu desenvolvimento através de uma empresa própria.
    Concessionário de quase todo o programa espacial da NASA,
    dono de metade dos satélites de comunicações em órbita,
    da Neurolink, do Twitter-X,
    líder na produção de automóveis eléctricos não chineses
    e agora membro livre da Administração Trump,
    Elon Musk, que em tempos declarou que “as únicas leis que respeitarei são as da física”, é o homem mais poderoso e mais perigoso à face da Terra.
    Tal como organizámos, ou deixámos que organizassem, as nossas vidas,
    dependemos dele para quase tudo,
    e ele tem a sua própria agenda política,
    tomando-se por um misto de Mahdi e Mussolini,
    numa espécie de fascismo futurista, em que a tecnologia substitui os exércitos convencionais.
    Aqueles três homens, ali sentados em lugar de honra na posse de Donald Trump,
    juntos, detêm mais poder real que toda a União Europeia e que metade da Humanidade.
    Quer queiramos quer não, tal como está o presente, o nosso futuro estará nas mãos deles.
    E ninguém os elege e a ninguém prestam contas.
    Ou decidimos fazer-lhes frente agora
    – individual e colectivamente, e através dos nossos líderes ou por nós próprios
    ou então tudo o resto com que nos ocupamos e preocupamos tornar-se-á ridículo em breve.
    Nota: Na pesquisa para este texto, para além das fontes correntes e da informação pessoalmente armazenada, serviu-me muitíssimo de fonte acrescida o livro “Mais Poderosos do que os Estados”, da jornalista francesa Christine Kerdellant, recentemente editado entre nós pelas Edições 70.
    Recomendo a sua leitura a todos aqueles que ainda privilegiam a informação sobre a ignorância e querem perceber em que mundo vivemos.”
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