Categoria: china HK (Hong Kong) + Asia

  • no ocidente não há esta liberdade individual

    Views: 0

    May be an image of road

    Na China, quando alguém se recusa a assinar os papéis para que a sua casa seja demolida, arrisca-se a ficar a morar no meio de uma autoestrada.
    Photograph: China Daily/Reuters
  • China prepara retaliação contra Portugal por causa da Huawei

    Views: 0

    A China está disposta a usar a sua influência em algumas das maiores empresas portuguesas para pressionar Portugal

    Source: China prepara retaliação contra Portugal por causa da Huawei

  • Ponte Wanqingsha é concluída com sucesso

    Views: 0

    A ponte principal de travessia marítima Wanqingsha, parte do projeto de via expressa Nansha-Zhongsha

    Source: Ponte Wanqingsha é concluída com sucesso

  • STANLEY HO, A ÚLTIMA ENTREVISTA

    Views: 0

    “Um espectáculo nunca é de um homem só”.
    Uma das últimas entrevistas concedidas por Stanley Ho foi publicada no primeiro número da revista Macau Closer – publicação do grupo do jornal PONTO FINAL – em Fevereiro de 2007.
    Na altura, Stanley Ho Hung-sun, então com 85 anos, enfrentava um dos maiores desafios da sua vida: a concorrência implacável daqueles que não muito tempo antes haviam transformado uma porção de deserto na capital mundial do jogo.
    Algo que parecia não preocupar muito o empresário.
    Obter uma entrevista com Stanley Ho pouco antes de ter adoecido irremediavelmente, em 2009, não era fácil.
    O patrão da SJM mantinha ainda uma agenda diária de compromissos tão preenchida que até a maioria dos jovens teria dificuldades em cumpri-la.
    Por outro lado, do ponto de vista dos administradores da empresa existiam questões demasiado delicadas para ele abordar nesta era da liberalização global, sujeita a uma supervisão rigorosa da parte das bolsas de valores, por haver um equilíbrio delicado entre várias fontes de poder e até disputas familiares sérias o suficiente para poder arruinar investimentos multimilionários.
    Quando falámos com ele no seu escritório situado no 39º andar do Shun Tak Center, em Hong Kong, sabíamos com antecedência que tópicos como a então recente demissão e prisão do ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas de Macau, Ao Man Long, e a longa batalha judiciária com a irmã Winnie eram assuntos excluídos deste encontro.
    Outros havia também controversos e de grande actualidade, no entanto.
    Como a transferência que então se defendia da Escola Portuguesa para o Porto Interior, em terreno próximo do Templo de A-Má; a pressão de Washington sobre a Coreia do Norte que punha em causa investimentos de Stanley Ho; ou ainda a alegada lentidão dos novos operadores americanos no cumprimento das suas promessas de investimento.
    Eis a reprodução dessa entrevista, realizada no dia 18 de Janeiro de 2007, a escassos dias da inauguração do Grand Lisboa, por enquanto o maior investimento do grupo na era da liberalização.
    – Qual o papel que o Grand Lisboa desempenhará dentro do seu grupo de empresas e entre outros hotéis-casino de Macau?
    Acredito que o novo Hotel Lisboa será o melhor complexo hotel-casino de Macau.
    Deverá dar uma boa imagem de Macau e, de facto, alguns jornais chineses dizem que, após a sua conclusão, deverá tornar-se num dos marcos de Macau.
    – O que acontecerá ao antigo Hotel Lisboa? Muitas pessoas já o consideram pequeno, velho e fora de moda…
    Sejamos honestos, ainda acredito que o Hotel Lisboa tem um grande design.
    Acho que o arquitecto, que era meu familiar, fez um óptimo trabalho.
    Por isso, acredito que o Hotel Lisboa deverá permanecer pelo menos por mais 25 anos.
    – Por que razão considera que o Grand Lisboa se vai tornar num marco em si mesmo? Tem algo novo para oferecer?
    Como pode ver, a aparência da torre do hotel assemelha-lhe à de uma flor de lótus, um símbolo que aparece na bandeira de Macau.
    Tem esse simbolismo.
    (O casino) Possui um pé direito muito mais alto, o que melhora a atmosfera e a forma como se desfruta o jogo.
    – Entretenimento incluído? Isto é, novos espaços de entretenimento foram prometidos há alguns anos, principalmente pelos seus concorrentes americanos, mas até agora nada realmente aconteceu nessa área.
    Bem, eles fizeram muitas promessas que ainda estão por cumprir.
    No meu caso, quando prometi trazer mais prosperidade a Macau, em 1962, muitas pessoas disseram:
    ‘Stanley Ho é o maior mentiroso do mundo, está a prometer a lua, nada do que promete é verdade’.
    Cedo, muitos perceberam que as minhas promessas eram para cumprir.
    – Que outras promessas os operadores de casinos americanas não cumpriram?
    É muito simples.
    Trouxeram imensas caixas de documentos, prometeram milhares de quartos de hotel e muitas novas instalações turísticas.
    Em vez disso, o Sands abriu com apenas 40 a 50 quartos.
    – Mas agora têm milhares a serem finalizados no Cotai.
    Sim, agora.
    Mas quanto tempo depois?
    Só depois de ganharem muito dinheiro!
    Prometeram também parques temáticos, salas de convenções, que estão ainda por acontecer!
    – A concorrência está a ser justa ou não?
    Deixe-me colocar a questão desta maneira: somos a única concessionária de jogo que tem as suas raízes em Macau.
    Sendo uma empresa local, todo o dinheiro que ganhamos, investimos em Macau.
    Já os americanos, quando ganham dinheiro, mandam-no de volta.
    Esta é a grande diferença.
    Construímos o aeroporto, a ponte e muitas outras infraestruturas que estão ao serviço de Macau.
    Os americanos ganham muito dinheiro e vai tudo parar a Las Vegas.
    – Quando foi a sua primeira viagem a Las Vegas? E o que acha da chamada capital mundial do jogo?
    Raramente vou a Las Vegas, é muito longe e não gosto de viagens longas.
    Estive lá três vezes em toda a minha vida, sendo a primeira há 15 anos.
    Mas mantenho-me a par do seu desenvolvimento.
    Tenho que lhes dar algum crédito: transformaram um deserto numa cidade com inúmeros hotéis e salas de espectáculos.
    Mas não acredito que Las Vegas possa ultrapassar Macau.
    E explico porquê: a indústria do jogo de Macau tem uma história muito mais antiga do que Las Vegas.
    Macau é a grande referência do jogo na região e assim permanecerá.
    Não podíamos estar melhor localizados.
    Estamos ao lado do Continente Chinês, de onde se projecta agora uma maior abertura para Macau, que mantém a sua condição de único lugar em toda a China onde o jogo é legal.
    Por isso, não há nada que possamos fazer de errado.
    Os americanos prometeram trazer muitos turistas de países estrangeiros.
    Trouxeram zero!
    Tudo o que estamos a receber agora são os turistas com vistos individuais que vêm da China.
    Voltando à questão de ser ou não justo, basta olhar para a nova rede de ligações aos casinos, que passa primeiro pelos casinos americanos e onde o Grand Lisboa é a última paragem.
    Foi muito injusto por parte das Obras Públicas.
    – Depois de algum tempo a enfrentar a concorrência de Sheldon Adelson e Steve Wynn, dois gigantes da indústria do jogo, qual deles lhe parece ser o rival mais forte?
    Quem é mais forte não é da minha conta, porque para mim a SJM será sempre a mais forte.
    – A Escola Portuguesa ainda é um vizinho indesejado do Grand Lisboa. Como é que a sua mudança para outro local poderia ser resolvida sem atrasos significativos?
    A escola deveria ter sido demolida e eu ter autorização para a reconstruir noutro lugar.
    Serviços públicos uns atrás de outros, bem como alguns deputados, tentaram por diversos meios impedir-me de o fazer, o que é outra injustiça.
    O Governo de Macau concordou com as nossas ideias, mas depois vieram as críticas, até com os democratas a falarem do feng shui.
    Mas o que é o feng shui?
    Feng shui não significa nada para mim, em toda a minha vida nunca acreditei em feng shui.
    – No entanto, todos os projectos da STDM, incluindo o Grand Lisboa, são submetidos a uma análise cuidadosa por mestres do feng shui.
    Não, os projectos da STDM não são submetidos a uma análise cuidadosa dos mestres do feng shui.
    – Não tem nenhuma superstição?
    Não, e dou um exemplo.
    Nos jogos de azar, especialmente entre os chineses, a cor vermelha significa que a banca perde.
    Nos meus casinos, a cor vermelha está em todo o lado.
    Qual é o problema?
    Para mim, isso não significa nada.
    E para os jogadores também não acho que isso tenha significado.
    Eles estão a recorrer a todo o tipo de desculpas; a do templo [de A-Má], por exemplo, é um absurdo.
    A primeira caravela portuguesa que chegou a Macau, em 1555, refugiou-se de um tufão nesse local.
    Havia uma história que dizia que Macau recebeu esse nome porque as crianças que moravam lá, surpreendidas com a chegada dos navios portugueses, começaram a gritar para as suas mães ‘Ma Cao’, ‘Ma Cao’, porque pensavam que esses estranhos eram ‘cães gigantes’.
    – Faria sentido, na sua opinião, que a Escola Portuguesa se mudasse para o local onde os portugueses desembarcaram pela primeira vez?
    Não haveria absolutamente nada de errado se a Escola Portuguesa estivesse situada perto do Templo de A-Má.
    Seria até simbólico, na minha opinião.
    E outra coisa: a Escola Portuguesa nunca deveria estar perto de um casino.
    Em todo o mundo, as escolas jamais ficam nas imediações de casinos.
    – A liberalização do jogo trouxe desenvolvimento económico, mas também alguns grandes problemas para as pequenas e médias empresas e para os inquilinos, devido a mudanças drásticas no mercado laboral e no mercado imobiliário. Alguma ideia sobre o que poderia ser feito?
    A rápida expansão de um negócio traz alguns problemas para a economia e para a sociedade.
    Contamos com o Governo da RAEM para resolver esses problemas, ou pelo menos para reduzir os efeitos adversos.
    – O desenvolvimento também está a mudar o perfil de Macau. O Farol da Guia, por exemplo, poderá vir a ficar escondido por alguns arranha-céus. Não tem receio que tudo isto possa prejudicar o charme e o património de Macau?
    Sempre foi uma contradição, querer o desenvolvimento de uma cidade e, ao mesmo tempo, manter a sua bela herança patrimonial.
    Em Macau, acho que se tem até agora conseguido encontrar um equilíbrio entre os dois.
    – Sente alguma nostalgia da velha Macau?
    Lembro-me particularmente dos velhos tempos em que comecei a minha actividade aqui.
    É para mim um grande orgulho ter feito Macau passar de uma vila de pescadores para uma cidade moderna.
    As memórias são boas, mas, ao mesmo tempo, espero também unir esforços com a população na construção de uma nova Macau.
    – A STDM está entre os accionistas do Aeroporto Internacional de Macau, que está a passar por um plano muito ambicioso de expansão. Agora que deixou de ser um monopólio, ainda faz sentido que a sua empresa invista no aeroporto?
    Ainda não vendi (a participação no aeroporto) porque não há compradores.
    Pode indicar-me um comprador?
    – Mas irá acompanhar o Governo nos grandes investimentos que serão necessários?
    Vou olhar primeiro para o que fazem os americanos, antes de tomar uma decisão.
    Estarão dispostos a entrar ao meu lado?
    Vamos ver.
    – A sua política de internacionalização parece ter Singapura como alvo mais recente…
    Não, não estou interessado em Singapura, nem um pouco!
    Singapura nunca chegará perto do que é Macau, tem muitas restrições e, como disse, Macau tem uma excelente localização.
    – Foram publicadas notícias sobre os planos da SJM de adquirir 10% do futuro casino da Genting Highlands, em Singapura.
    Não são verdadeiras, de forma alguma.
    – Qual é exactamente a ideia da parceria que está a ser construída com a Genting?
    Tenho algumas acções na Star Cruises e sou apenas um investidor comum da empresa, sem qualquer peso em termos de gestão.
    – Um tanto surpreendentemente, os seus investimentos no exterior chegaram a levá-lo ao Irão, durante o regime de Xá Reza Pahlavi.
    Abri lá uma pista de corridas de cavalos com grande sucesso; todas as noites estava cheia de iranianos.
    Infelizmente, com a chegada do novo Ayatollah houve mudanças na política do governo que inviabilizaram o projecto.
    – Quando a Revolução Cultural estava a causar um forte impacto em Macau, em princípios de 1967, não parecia muito inquietado com a instabilidade. Até apresentou então ao Governo português, em Lisboa, um plano para construir uma pista de corridas aqui em Macau. Porquê?
    Propus a construção de uma pista de corridas de cavalos no Porto Exterior com a esperança de trazer mais turistas para Macau.
    Mas a economia de Macau recuperou muito rapidamente após a (perda de intensidade da) Revolução Cultural na China, e então a proposta caiu.
    Macau tem realmente muito potencial para o desenvolvimento.
    E não importa se vivemos tempos de crise ou de estabilidade, não importa que existam mudanças no meio envolvente, a minha confiança em Macau nunca muda.
    – Sente-se preocupado com a actual crise nuclear no Irão e também na Coreia do Norte, onde ainda tem alguns investimentos?
    Na verdade, penso que os americanos têm revelado uma ultra sensibilidade.
    Não acredito que irá acontecer algo de muito mau em Teerão, na Coreia do Norte ou em qualquer outro lugar.
    Acredito que em todo o mundo se percebe que, depois de se fazer uso de bombas nucleares, o impacto trará consequências para todos.
    Acho que ninguém, incluindo Teerão e a Coreia do Norte, irá recorrer a armas nucleares.
    – Anunciou um dia que estava pronto a transportar Saddam Hussein para o exílio na Coreia do Norte, como forma de evitar uma invasão dos EUA. Não foi ouvido. O que acha agora dessa iniciativa, após a execução de Saddam e de todo o derramamento de sangue no Iraque?
    Sinto-me muito triste.
    E temo que, se os americanos, como já anunciaram, enviarem mais 25 mil soldados para o Iraque, o derramamento de sangue irá continuar.
    A minha proposta não foi aceite, então não havia mais nada que eu pudesse fazer.
    Não sou um político, só queria ajudar.
    – As negociações com a Coreia do Norte pararam por causa do dinheiro congelado nas contas do Banco Delta Asia, aqui em Macau. O que pensa sobre isso?
    Bem, ainda está para se ver, mas espero que desta vez os americanos concordem com alguns compromissos.
    Afinal, a Coreia do Norte é um país muito pobre, o seu povo ainda sofre de fome e tudo o que realmente quer é apoio.
    Se os americanos concordarem em ajudá-los, basta isso.
    Acredito que os americanos deveriam aceitar.
    – Já conheceu Kim Jong-il?
    Não.
    – Como está o seu casino em Pyongyang? Tem lucros?
    Ainda está a funcionar.
    Não está a dar muito dinheiro, mas a ideia era permitir que a Coreia do Norte se tornasse mais amiga do Ocidente.
    E eu tenho autorização a 100% de Washington.
    Fui muito cauteloso nisto.
    Consultei o então cônsul-geral dos EUA em Hong Kong, que teve a gentileza de enviar o meu pedido para Washington:
    ‘Vamos dar-lhes uma oportunidade?’, ‘devo abrir o casino ou não?’.
    Três semanas depois, a resposta chegou de Washington e o cônsul-geral disse-me: ‘Stanley Ho, pode prosseguir’.
    E também recebi luz verde do Governo de Macau.
    – Eram os tempos do Presidente Clinton, com quem esteve uma vez na Casa Branca. Depois veio George W. Bush e a sua retórica do Eixo do Mal. Presumo que as coisas tenham mudado muito.
    Não, sou mais amigo do pai, Bush sénior.
    Mas o presidente George W. Bush também tem sido muito gentil comigo, costuma enviar-me cartões de Natal.
    – Quem o influenciou mais na sua vida?
    O que me tem vindo a influenciar mais não é o ser humano, é o conhecimento, tal como muitas vezes lembro aos meus filhos:
    ‘O conhecimento é que é o teu companheiro de vida, não a riqueza’.
    – Qual será o seu principal legado?
    Vou deixar que a população de Macau decida.
    – Como imagina a vida sem Stanley Ho?
    A vida sem mim?
    É claro que a empresa continuará, e tenho certeza que, dada a nossa base sólida, irá crescer com força.
    Um espectáculo é composto de vários elencos, seja no palco ou nos bastidores.
    Um espectáculo nunca é de um homem só.
    – Tem alguém a escrever a sua biografia?
    Ainda não, ainda tenho tempo.
    Acho que vou viver por mais 5 ou 10 anos.
    Ricardo Pinto.
    Jornal Ponto Final, 27 de Maio de 2020.
    May be an image of 1 person and text that says "CLOSER hroug als. salely wl Macau the Legal hehopes Conea gu ME, Myself and the Americans Stanley Ho believes he's still the toughest guy in town"
    All reactions:

    7

    Like

    Comment
    Share

  • HONG KONG CLUB LUSITANO

    Views: 0

    Club Lusitano. O ponto de encontro português em Hong Kong.
    Fundado há 157 anos o Club Lusitano é um dos clubes sociais mais antigos daquele território.
    O seu atual presidente, Patrick Rozario, explica a sua importância na manutenção de uma identidade ao mesmo tempo portuguesa e asiática.
    Música cantada em português a sair das colunas, pastéis de bacalhau, muitos, servidos com vinhos do Dão ou do Alentejo a acompanhar as conversas, em várias línguas, às mesas ou ao balcão.
    Tudo isto acontece no dia a dia de cinco andares de um edifício no centro de Hong Kong, no Club Lusitano, o local de encontro e socialização de descendentes portugueses.
    É um dos mais antigos clubes sociais de Hong Kong e tem como objetivo perpetuar a identidade cultural portuguesa.
    É isso que nos explica Patrick Rozario, o lusodescendente presidente do Lusitano.
    Em conversa com o DN, via Zoom, sublinha a importância do clube fundado a 17 de dezembro de 1866 – dois anos depois da fundação do Diário de Notícias.
    A história do clube começou quando os ingleses estabeleceram um porto em Hong Kong – maior e mais profundo do que o existente em Macau – e com os principais negócios daquela região do Oriente a sediarem-se por ali.
    Isso levou a que muitas das pessoas de Macau, que falavam várias línguas, desde cantonês, português, ao patoá macaense (crioulo de Macau) inglês e francês, fossem para Hong Kong em busca de mais oportunidades.
    “De mercadores, a advogados, de médicos a professores vieram para Hong Kong.
    E com eles trouxeram as suas famílias”, explica Patrick Rozado.
    Levou então pouco tempo a que se iniciasse a construção de escolas e igrejas católicas e, daí, um pequeno passo até à criação de um clube para a socialização dessa comunidade de portugueses e lusodescendentes.
    “Há 150 anos a sociedade era muito segregada: apesar de trabalharem todos no porto, no final do dia cada um ia ter com as suas gentes com as suas nacionalidades.
    Na altura não havia muita diversão, mas com a criação do Club Lusitano passou a existir um salão de baile, restaurante e até teatro”, acrescenta.
    Com o passar dos anos a população cresceu, isso fez com que os membros do clube fossem “não só pessoas vindas de Macau, mas também vindas de Portugal”.
    E apesar de as mulheres não poderem ser membros – tal só aconteceu a partir de 2002 – podiam, bem como os filhos dos sócios, frequentar o clube em diferentes ocasiões, como almoços ou eventos especiais .
    “Lembro-me de, em criança, celebrarem casamentos no clube”, recorda Patrick Rozario.
    Centro de refugiados
    A Segunda Guerra Mundial veio alterar em muito a vida de Hong Kong e o clube tornou-se, também, uma espécie de centro de acolhimento.
    “Como Portugal foi um país neutro durante a guerra, os japoneses, quando invadiram Hong Kong, permitiram que o Club Lusitano continuasse a funcionar quase como base de refugiados”, relembra o presidente.
    Depois desse período mais conturbado, a vida do clube regressou, aos poucos, à normalidade e desde então a maior alteração foi ter-se tornando um clube luso-asiático.
    Aliás, o próprio Patrick Rozario, que tem nacionalidade portuguesa, é luso-asiático de 10.ª geração.
    “Atualmente, temos menos membros e não há tantos portugueses em Hong Kong, temos expats portugueses e alguns membros chineses – com nacionalidade portuguesa -, brasileiros, africanos e também judeus, que descendem dos sefarditas.
    Mas ainda somos um clube étnico e temos de o manter assim, português.”
    No total são hoje 600 membros dos quais 200 vivem fora do território, os chamados “membros absentes” que na maioria vivem nos Estados Unidos e que, de vez em quando, regressam a Hong Kong.
    Na longa história do Club Lusitano, e entre vários membros ilustres do clube, Patrick Rozario destaca o papel do comendador Arnaldo de Oliveira Sales (1920-2020) que foi presidente durante 41 anos.
    Foi durante os seus sucessivos mandatos que, em março de 1991, o clube recebeu a Ordem do Infante Dom Henrique pelos serviços prestados à cultura portuguesa.
    Já o atual presidente está no cargo desde 2015.
    Patrick Rozario é filho de pais macaenses.
    Da mãe herdou o apelido Lemos e do pai o nome Rozario.
    “Apesar de ter, também, nacionalidade inglesa, vejo-me como macaense e português.
    Nasci e fui criado em Hong Kong, mas o meu pai enviou-me para o Canadá para estudar.
    Depois regressei a Hong Kong para voltar ao Canadá e aos Estados Unidos, e regressei em definitivo nos Anos 1990″.
    Rozario tem sido eleito anualmente para o cargo por um comité de nove membros e divide o seu tempo entre a vida do clube e a sua profissão como senior partner de uma empresa de contabilidade.
    O ponto de encontro
    “Para ser membro do clube é necessário ter nacionalidade portuguesa ou comprovar que se tem linhagem portuguesa e ser proposto por dois membros da direção com direito de voto”, frisa Patrick Rozario.
    A atividade do clube é, sobretudo, social e de ponto de encontro em torno da comida. mas não só: há muitos eventos culturais que vão desde a leitura de livros em português, noites de fados ou, como há poucas semanas, a receção (e atuação) de uma tuna da Universidade de Coimbra.
    “O nosso propósito continua a de sermos um clube social português e com herança portuguesa, o que conseguimos, sobretudo, através das atividades culturais e da gastronomia.
    Contudo, a maior dificuldade é a língua, porque, vivendo num ambiente tão internacional, é difícil comunicar em português”, explica-nos Rozario, na conversa feita em inglês.
    A imagem de Portugal na Ásia, especialmente em Hong Kong, é positiva, sublinha.
    “É visto como um país mais relaxado, os portugueses são mais amistosos e têm uma imagem muito positiva.
    Mesmo comparado com outros europeus”.
    A concluir a conversa Patrick Rozario não se imiscui de mandar um recado (ou dica?) a quem está em Portugal:
    “Há muita gente que gosta dos produtos portugueses, mas os portugueses não são bons a promover e vender o que é seu.”
    Cinco pisos de uma casa portuguesa com vinho e pão sobre a mesa
    Portugal é um dos países que mais vive em torno da mesa.
    E é isso que também acontece no Club Lusitano de Hong Kong.
    Além do social, é sobretudo um local onde comida portuguesa faz a ligação emocional com o território que está a milhares de quilómetros de distância.
    E cabe ao português Fábio Pombo, chef executivo do Club, a preservação, e afirmação, dessa identidade à mesa de um dos clubes sociais mais antigo do Oriente.
    No cargo há dois anos, Pombo é responsável por toda a comida (e também bebida) que é servida nos diferentes locais onde se pode petiscar e desgustar — o Club Lusitano ocupa cinco andares de um edifício no centro de Hong Kong.
    Em conversa telefónica — depois de acertados os fusos horários –, o chef conta que num desses pisos está uma típica pastelaria portuguesa “com montra de bolos, folhados, sanduíches e, claro, café português”.
    Noutro piso há um bar, onde passa rádio portuguesa e é abastecido por uma das melhores garrafeiras nacionais lusas fora de Portugal, acrescenta.
    “Apesar de ser um bar muito internacional, e ter todo o tipo de cocktails, whiskeys e gins, tem um grande foco na oferta de produtos portugueses”.
    Mas não se pense que se bebe, apenas, no… bar.
    Por lá é possível comer pratos que dizem muito aos portugueses: sardinhas, arroz de pato, bacalhau com natas, arroz de polvo, de marisco, e pastéis de bacalhau – este é um dos produtos mais pedidos.
    “Fazemos milhares de pastéis de bacalhau por mês”, revela o chef.
    O Lusitano tem ainda um restaurante de alta cozinha – e que obriga a um dress code específico.
    Por lá, há comida de fusão, onde o chef combina o que é tradicional português com comida de origem africana, brasileira e da vizinha Macau.
    Há ainda um último andar, no edifício, reservado para conferências e eventos dos associados.
    No dia da conversa, o chef português, contou que estava a preparar uma festa de reforma de um associado.
    Um evento para 200 pessoas onde seriam distribuídos canapés de sardinha e, claro, muitos pastéis de bacalhau.
    A tantos quilómetros de distância de Portugal, é em Macau que Fábio Pombo vai buscar a matéria prima.
    “Tenho por cá muitos parceiros que fornecem produtos, como bacalhau, carne de vitela barrosã e sardinhas.
    E, por norma, uma vez por ano importamos um contentor inteiro de produtos vindos de Portugal.”
    May be an image of 1 person
    All reactions:

    Vicente Domingos Pereira Coutinho and 16 others

    1 share
    Like

    Comment
    Share
  • Club Lusitano. O ponto de encontro português em Hong Kong

    Views: 0

    Fundado há 157 anos o Club Lusitano é um dos clubes sociais mais antigos daquele território. O seu atual presidente, Patrick Rozario, explica a sua importância na manutenção de uma identidade ao mesmo tempo portuguesa e asiática.

    Source: Club Lusitano. O ponto de encontro português em Hong Kong