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caboclo, ameríndio brasileiro

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A ascendência ameríndia dos Brasileiros
O termo “Caboclo” vem da palavra tupi kari’boka , que significa “derivado do branco”. Seu significado primário é mestiço , “uma pessoa de ascendência parte ameríndia e parte européia”. Mas também pode ser usado para se referir a qualquer indígena brasileiro que seja assimilado a cultura portuguesa.
Na América do Sul, mameluco (mais comumente conhecido como “caboclo”) é, também, o termo usado para identificar pessoas mestiças. Nos século XVII e século XVIII, mameluco referia-se a bandos organizados por colonizadores (mesclados ou não) caçadores de escravos. Mamelucos eram, em sua maioria, exploradores que vagueavam pelo interior da América do Sul desde o Atlântico até às encostas dos Andes, e do rio Paraguai até ao rio Orinoco fazendo incursões nas áreas indígenas em busca de metais preciosos.
Os caboclos formam o mais numeroso grupo populacional da Região Norte do Brasil (Amazônia) e de alguns estados da Região Nordeste do Brasil (Rio Grande do Norte, Piauí, Maranhão, Alagoas, Ceará e Paraíba).
Contudo, a quantificação do número de pessoas consideradas caboclas no Brasil é tarefa difícil, pois, segundo os métodos usados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em seus recenseamentos, os caboclos entram na contagem dos 44,2% de pessoas consideradas pardas no Brasil, grupo que também inclui mulatos, cafuzos e várias outras combinações da mistura de negros ou índios com outras raças, como negro e oriental, índio e oriental, negro, índio e branco, negro, índio e oriental etc.
Segundo Câmara Cascudo, em 1755 o Rei D. José I de Portugal proibiu seus vassalos de chamarem seus filhos mestiços (de pais brancos com mães indígenas) assim ou de “nome semelhante que fosse injurioso”, demonstrando desde então a conotação negativa que “caboclo” carregava. Cascudo também diz que no século XVIII a palavra já era usada como um sinônimo oficial de indígena.
Gilberto Freyre, em Casa-Grande & Senzala, considerou o elemento indígena como importante formador da identidade social brasileira, principalmente nos primeiros séculos de contato com os europeus, atribuindo um papel essencial às “cunhãs”, as mulheres nativas:
“Para a formidável tarefa de colonizar uma extensão como o Brasil, teve Portugal de valer-se no século XVI do resto de homens que lhe deixara a aventura da Índia. E não seria com esse sobejo de gente, quase toda miúda, em grande parte plebeia, além do mais, moçárabe, isto é, com a consciência de raça ainda mais fraca que nos portugueses fidalgos ou nos do norte, que se estabeleceria na América um domínio português exclusivamente branco ou rigorosamente europeu. A transigência com o elemento nativo se impunha à política colonial portuguesa: as circunstâncias facilitaram-na. A luxúria dos indivíduos, soltos sem família, no meio da indiada nua, vinha servir a poderosas razões do Estado no sentido de rápido povoamento mestiço da nova terra. E o certo é que sobre a mulher gentia fundou-se e desenvolveu-se através dos séculos XVI e XVII o grosso da sociedade colonial, em um largo e profundo mestiçamento, que a interferência dos padres da Companhia de Jesus salvou de resolver-se todo em libertinagem para em grande parte regularizar-se em casamento cristão”
Segundo as contagens oficiais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), menos de 0,5% da população brasileira é formada por indígenas. Os mais de 240 povos somam só 896.917 pessoas, segundo o último Censo, de 2010. Dessas, três em cada nove vivem em cidades, e o restante, em áreas rurais
De acordo com Fernanda Saloum de Neves Manta, 33% dos brasileiros brancos, da classe média, descendem de uma ancestral indígena pela linhagem materna. Nenhum deles descende de índios pela linhagem paterna. Isso confirma que o homem indígena deixou poucos descendentes no Brasil, enquanto a mulher indígena foi importante na formação da população brasileira: Outra pesquisa informou que os brasileiros, brancos, pardos ou negros, apresentam um grau uniforme de ancestralidade indígena, normalmente abaixo dos 20%. Existe, contudo, discrepância regional. Enquanto que na amostra de Manaus, capital no Amazonas, 37,8% da ancestralidade da população é indígena, em Santa Catarina é de apenas 8,9%
Fonte: Adams, C., Murrieta, R., & Neves, WA (2006). Sociedades caboclas amazônicas: modernidade e invisibilidade. /Revisiting the Genetic Ancestry of Brazilians Using Autosomal AIM-Indels.
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António Morais Vieira

Obrigado por este texto, muito cultural.
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Floripa 350: como o Sol e a Lua estão presentes nas obras de Franklin Cascaes | ND Mais

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Historiador do Núcleo de Estudos Açorianos da Universidade Federal de Santa Catarina, Francisco do Vale Pereira, fala da relação de Franklin Cascaes com o Sol, a Lua e as belezas de Florianópolis

Source: Floripa 350: como o Sol e a Lua estão presentes nas obras de Franklin Cascaes | ND Mais

Brasileiros vão ter “estatuto de igualdade” digital e poder tratar do documento ‘online’ – Observatório da Língua Portuguesa

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Constituído em Junho de 2008, o OLP – Observatório da Língua Portuguesa é uma associação sem fins lucrativos que tem por objectivos contribuir para: o conhecimento e divulgação do estatuto e projecção no Mundo da Língua Portuguesa; o estabelecimento de redes de parcerias visando a afirmação, defesa e promoção da Língua Portuguesa; a formulação de políticas e decisões que concorram relevantemente para a afirmação da Língua Portuguesa como língua estratégica de comunicação internacional.

Source: Brasileiros vão ter “estatuto de igualdade” digital e poder tratar do documento ‘online’ – Observatório da Língua Portuguesa

DONA CHICA DA SILVA

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História da famosa D. Chica da Silva (1732-1796)
“Escrava brasileira alforriada ficou famosa pelo poder exercido no arraial do Tijuco, hoje a cidade mineira de Diamantina. Manteve uma relação de concubinato com o Contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira.
Francisca da Silva nasceu no Arraial do Tijuco, atual cidade de Diamantina, Minas Gerais, na época em que o Brasil tornou-se o grande produtor de diamantes.
Filha do português, capitão das ordenanças, Antônio Caetano de Sá e da africana Maria da Costa, foi escrava de um proprietário de lavras, o sargento-mor Manoel Pires Sardinha, com quem teve um filho chamado Simão Pires Sardinha, alforriado pelo pai, recebeu os seus bens em testamento.
Alforria e Luxo
Com 22 anos, Chica da Silva foi comprada pelo rico desembargador João Fernandes de Oliveira, contratador de diamantes, que chegou ao Arraial do Tijuco, em 1753.
Depois de alforriada, passou a viver com o contratador, mesmo sem matrimônio oficial. Chica da Silva passou a ser chamada oficialmente Francisca da Silva de Oliveira. O casal teve 13 filhos e todos receberam o sobrenome do pai , excelente educação e instrução.
Chica da Silva, mulata, frívola, prepotente, impôs-se de tal forma, que o rico português atendia a todos os seus caprichos. O maior deles, como não conhecia o mar, pediu ao marido para construir um açude, onde lançou um navio com velas, mastros, igual às grandes embarcações.
Chica da Silva vivia numa magnífica casa, construída nas encostas da serra de São Francisco, onde promovia bailes e representações.
Era dona de vários escravos que cuidavam das tarefas domésticas da sua casa. Só ia à Igreja ricamente vestida e coberta de joias, seguida por doze acompanhantes. Consta que muitas pessoas se curvavam à sua passagem e lhe beijavam as mãos.
Fim da União
João Fernandes de Oliveira foi acusado de contrabandear diamantes, chegou a ser preso e perdeu parte dos seus bens. Mesmo assim, possuía uma das maiores fortunas do Império Português.
A união do casal que durava 15 anos, foi interrompida em 1770, quando João Fernandes retornou a Portugal, depois da morte do seu pai a fim de resolver as questões de herança familiar, levando com ele os quatro filhos homens que teve com Chica da Silva. Adquiriram educação superior e alcançaram cargos importantes na administração do reino.
Chica da Silva ficou no Brasil com as filhas e a posse das propriedades do marido, o que lhe permitiu continuar vivendo no luxo.As suas filhas estudaram artes domésticas e música.
Mesmo sem viver com João Fernandes pelo resto da sua vida, Chica da Silva conseguiu distinção social e respeito na sociedade aristocrata e elitista de Minas Gerais, no século XVIII.
Chica da Silva convivia com a elite branca local. No seu testamento, doou parte dos seus bens às irmandades religiosas do Carmo e de São Francisco, que eram exclusivas de brancos, e às das Mercês, exclusivas dos mestiços e a do Rosário dos Pretos, que eram reservadas aos negros.
Chica da Silva faleceu em Serro Frio, Minas Gerais, no dia 15 de fevereiro de 1796. Foi sepultada na irmandade religiosa de São Francisco de Assis, exclusiva dos brancos.”
Mestre Peroba
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