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Dronde fica o 25 de abril por f madruga

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Onde fica o 25 de Abril?
Esperei, comodamente sentado, usufruindo daquela coisa de “setreeming”, que umas vezes falha e outras vezes funciona, comodamente sentado, dizia eu, para assistir à Sessão Extraordinária da Assembleia Municipal de Mogadouro comemorativa dos 49 anos do 25 de Abril. Presidente da Assembleiao, nem uma referência a saudações enviadas à Assembleia e ao 25 de Abril.
Espetáculo cultural da véspera, fotos das ações desenvolvidas nas escolas, 25 morteiradas, redes sociais do Município e da Assembleia, ficaram se pelo anúncio da sessão. Uma saudação do Município ao 25 de Abril (cuidado Casimiro…)?!
Cadeiras vazias na plateia, perguntei o porquê?
Sim, que estavam vazias, porque faltaram muitos eleitos, presidentes de Junta e eleitos Municipais.
Sendo o 25 de Abril o mais importante acontecimento do século XX e XXI, que nos deu a Liberdade e a Democracia ao fim de décadas de Ditadura fascista, fruto da luta dos portugueses e dos militares de Abril, permitem se os senhores eleitos faltarem à Sessão Comemorativa dos 49 anos do 25 de Abril?
Pergunto eu, já que quem de direito ficou calado:
– não sabiam da sessão?
– são contra o 25 de Abril?
– estavam doentes ou deslocados em trabalho?
– que esforço fizeram nas suas freguesias para garantirem o êxito das comemorações?
– não sabiam do almoço?
– era um protesto, por não receberem senha de presença?
– não deviam cada um por si, um pedido de desculpas públicas?
– não mereceriam os faltosos, umas palavras públicas do senhor Presidente da Assembleia Municipal e dos líderes parlamentares do PSD e PS?
É por estas e por outras que depois se queixam do divórcio entre eleitos e eleitores!
Sendo o Poder Local Democrático uma emanação do 25 de Abril, consagrado na Constituição da República Portuguesa, onde fica a vossa avenida da Liberdade e a vossa rua 25 de Abril?
Se ficam calados, são cúmplices por este desrespeito ao 25 de Abril!
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os 4 esquecidos que morreram no 25 de abril sem desfrutar da liberdade

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In memoriam Fernando Giestera, José Harteley, José Guilherme Arruda e Fernando Luís dos Reis
May be a black-and-white image of 7 people and street

POSTAL DO DIA
Morreram no dia 25 de Abril de 1974 e eu aplaudo-os
1.
49 anos saíram para a rua quatro jovens que não chegaram a saber o que era a liberdade.
Talvez aquele dia fosse mesmo o dia, os sinais eram bons, os militares estavam na rua e gritavam-se palavras de ordem.
Palavras de liberdade.
Palavras contra a guerra colonial.
Palavras contra a censura e a favor da liberdade de imprensa.
Palavras contra a PIDE e a tortura.
Palavras a favor da libertação dos presos políticos.
2.
Faz hoje 49 anos que o dia não se completou para qualquer um dos quatro.
Estiveram em vários pontos da cidade de Lisboa. E confluíram para a Rua António Maria Cardoso, sede da PIDE. Corria o rumor de que os torturadores estavam a tentar fugir, a rádio tinha noticiado que uma multidão de gente gritava “não passarão”.
3.
Foram para lá.
Centenas de pessoas na rua viram uma janela abrir-se e ouviram uma rajada de disparos.
Alguns corpos caíram, muita gente correu para se proteger e houve pânico e desgoverno.
Quatro não se levantaram.
Morreram no dia 25 de Abril de 1974.
Nenhum deles pôde sequer saborear o seu primeiro jantar em liberdade.
4.
Fernando Giesteira tinha 17 anos e era um vivaço. Chegara de Montalegre e em miúdo adorava os bailaricos em Chaves e correr até ao alto da Nevosa. Tinha boa pinta e fora para Lisboa puxado uns anos antes por um familiar. Trabalhava como empregado de mesa na Cova da Onça, boîte frequentada por artistas, malta da bola e Polícia Judiciária. Saíra do trabalho e fora para a rua sem passar pela Pensão Flor, no Areeiro, o quarto onde vivia. Já arranjara um cravo vermelho e prendera-o certamente à camisa a cheirar ao fumo da noite.
José Harteley Barneto era o mais velho. Tinha 38 anos, quatro filhos e uma vida estável. Escriturário no Grémio Nacional dos Industriais de Confeitaria, morava na Flamenga, perto de Loures, e nascera em Vendas Novas. O pai ou a mãe eram ingleses e ele estava entusiasmado e sentia que tudo passara novamente a ser possível, mesmo o impossível.
Já José Guilherme Arruda tinha 20 anos. Viera há pouco tempo dos Açores, era excelente aluno e matriculara-se no segundo ano de Filosofia. Morava na Avenida Casal Ribeiro, perto do Saldanha, no centro de Lisboa. José Guilherme não tinha como esconder o sorriso, afinal estava a viver a história e a revolução que só conhecia na teoria.
Fernando Luís dos Reis tinha 23 anos. Era o único dos quatro que nascera em Lisboa e também o único militar. O seu batalhão era de Penamacor, mas ele estava de férias. Também por isso saiu à rua e dirigiu-se ao lugar onde talvez mais precisassem dele. Casara-se há pouco tempo e tinha planos de ser pai.
5.
Nenhum deles conheceu a liberdade.
Por esses dias, milhares de pessoas seguiram os seus funerais.
Milhares se despediram nos últimos dias de abril de 1974.
Mas ninguém os recordou hoje.
Pelo menos que eu tenha notado, ninguém deles falou.
Ninguém se lembrou dos quatro para quem a liberdade foi, até ao último segundo da sua curta vida, a esperança em estado bruto.
Ninguém se lembrou de quatro rapazes que, se fossem vivos, estariam certamente no único lugar possível, o lugar dos que acreditam que a ditadura e o fascismo têm de ser combatidos.
LO

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A quem atribuir a paternidade do 25 de abril em Portugal

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Fórum _

“Pedro Mascarenhas” :
Enviada: segunda, 24 abr, 2023 às 7:

A quem atribuir a paternidade do 25 de abril em Portugal

As raízes do “coup d’etat”! Foi uma sublevação espontânea ou um ato forçado por alguém? A propósito do golpe de estado militar ocorrido em Portugal no dia 25 de abril de 1974, e que agora completa 49 anos, alguns historiadores e comentadores políticos creem que a ideia começou a ser germinado no dia 19 de dezembro de 1961 na Índia, quando as forças militares portuguesas se renderam gerando um profundo mal-estar entre os oficiais de todos os ramos. Foi a primeira pedra do dominó colonial a tombar e a primeira longínqua causa do golpe. As outras quatro cairiam mais tarde: Moçambique, Angola, Guiné-Bissau e Portugal.

Os subterfúgios que o regime ditatorial utilizou no pomposamente chamado “estado da Índia portuguesa” prejudicaram a reputação dos militares, ou seja, a redução dos efetivos; a qualidade de armamento, já em si obsoleto; as ordens expressas de Salazar para não se renderem, impondo-lhes um sacrifício inútil ; a demora em repatriá-los após a detenção; o modo humilhante como os soldados foram recebidos no Cais da Rocha Conde de Óbidos em Lisboa, sob a ameaça das armas, como se não bastasse a humilhação da derrota; o desembarque do general Vassalo e Silva ( o governador-geral que optou pela bandeira branca da rendição incondicional ) no aeroporto de Lisboa no dia 16 de Maio de 1962, num terminal com as luzes apagadas; a teimosia em não dialogar com os políticos indianos para salvar as aparências; todos estes equívocos arruinaram o prestígio dos militares.

Os oficiais mais lúcidos que passaram pela Academia Militar tomaram consciência de que foram tratados como objetos, como peças de xadrez manipulados por um único jogador chamado Salazar, embora por vezes, a certos ministros, como Adriano Moreira (colónias) ou Franco Nogueira (negócios estrangeiros) fosse permitido executar um ou outro lance fortuito.

Seguiu-se depois a segunda causa (e, desta vez fatal), isto é, a guerra em África, longa de 14 anos (1961/75) e muito desgastante. Enquanto Washington enfrentava um Vietname, os olhos vesgos de Lisboa recaíam, simultaneamente, sobre três Vietnames.

A estratégia em geral e as táticas nos pormenores, no denso manto da floresta tropical, delineadas pelos movimentos de libertação e principalmente pela FRELIMO (Moçambique) e PAIGC (Guiné e Cabo Verde) foram precisas, cirúrgicas, avassaladoras, ardilosas, obrigando as tropas portuguesas a desdobrarem-se em trabalhos complexos, extenuantes, improdutivos, traiçoeiros e sem tréguas. O guerrilheiro africano voluntarioso estava na sua terra, no seu elemento, sabia onde estava e o que fazia, trazia consigo a força da raiva contra o racismo, a injustiça e a exploração. Era considerado de raça inferior pelo colono. É verdade que sofreu grandes baixas, sobretudo entre a população civil nativa, por falta de material bélico pesado da sua parte. Por seu lado, o português fardado e compulsivo suava no calor tórrido, ardia de febres altas na selva dos mosquitos, vomitava nas savanas acidentadas, martirizava-se afetado pelo sofrimento psicológico e estava altamente desmotivado. E, sobretudo, derramava sangue em território alheio. Longe da sua terra, naquela colónia do frango à cafreal ou piri-piri, à hora das refeições na cantina do quartel perante o “mais uma vez o feijão com feijão”, sonhava com o bacalhau e o cozido à portuguesa. Os ouvidos à noite sem luar captavam longínquas batucadas assustadoras ao mesmo tempo que almejava o rock do Elvis Presley, os viras do Minho e fados ainda que tristes.

Estava a defender o quê, …colónias, em pleno século XX? Tudo isso e muito mais levou-o à frustração e insatisfação total.

Estimava-se em 8.000 mortes, mas Pedro Marquês de Sousa, tenente-coronel do Exército, o investigador e também professor na Academia Militar depois de muito trabalho de pesquisa chegou a números bem mais pesados: morreram quase 10.500 militares e ficaram feridos mais de 30.000. Essas informações estão compiladas no livro “Os Números da Guerra de África”

Em resumo: A derrota na Índia, a grande maré imparável da guerrilha africana, as tempestades anticolonialistas nos fóruns internacionais, o ataque dos brancos extremistas à messe dos oficiais na cidade da Beira (Moçambique), os primeiros rebentamentos nos quartéis na dita metrópole, a proclamação da independência da Guiné em Madina de Boé em 1973, e, finalmente, a publicação de Portugal e o Futuro, o livro de Spínola, foram os fatores que, entre outros, catapultaram a tropa para o “agora ou nunca”. Para um observador imparcial quem mais lutou durante 14 anos contra a ditadura salazarista foram os nacionalistas africanos e os capitães do abril só apareceram na fase final tirando proveito do esforço alheio. Não afirmava Salazar que Portugal de todas as cores ia do Minho a Timor? Pois bem, os «portugueses morenos» revoltaram-se em 1961 e lutaram até 1974. E nesse último ano, os «portugueses claros» mostraram-se na capital do império com os blindados chaimite e o resto é história.

Se os oprimidos tivessem ficado de braços cruzados em atitude pacífica, apáticos, mudos como as pedras, se não fosse a guerra colonial, Portugal (ditadura) a “última pedra de dominó ” não teria caído. Samora Machel, o guerrilheiro, que viria a ser o primeiro Presidente da República Popular de Moçambique num comício no centro de Moçambique disse: – “Nunca lutamos contra o povo português, a nossa luta foi contra o colonialismo português. Camaradas! Nós, também, libertamos o povo de Portugal.”

A guerrilha africana, é o pai da democracia em Portugal. O movimento dos capitães portugueses, o padrasto.

Tinha toda a razão o imaginário Velho do Restelo que no momento da partida do Tejo da armada de Vasco da Gama censurou o comandante, perguntando-lhe “A que novos desastres determinas /De levar estes reinos e esta gente / Que perigos, que mortes lhe destinas” (Camões). Na verdade, os portugueses, estariam a desguarnecer a sua própria casa, perseguindo, lá longe, uma quimera.

Pedro Mascarenhas

24/04/2023
Os Números da Guerra de África, Pedro Marquês de Sousa – Livro – Bertrand