Categoria: Politica Politicos

  • Quase 50 anos depois, um dos 23 militares do Agrupamento de Cavalaria de Bobonaro revisitou Timor

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    Reféns no Paraíso, na RTP 1, dia 23 /04
    Quase 50 anos depois, um dos 23 militares do Agrupamento de Cavalaria de Bobonaro revisitou Timor com uma equipa da RTP
  • SANTA MARIA E OS BURACOS

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    É difícil falar de Santa Maria sem tropeçar — literalmente — nas estradas.
    Hoje, circular pela ilha é um exercício de paciência. Já não estamos no domínio da mera degradação. Estamos no domínio do absurdo — um absurdo rachado e esburacado com notável consistência. Não é apenas falta de manutenção. É sinal de prioridades mal definidas.
    As estradas de Santa Maria tornaram-se numa metáfora trágica: estão lá, são indispensáveis, mas seriam evitáveis — se houvesse alternativa, que não há — e são ignoradas na prática pelos seus responsáveis. Buracos? Há. Marcas rodoviárias? Às vezes. Asfalto? Aparece quando calha, para tapar mal um ou outro buraco, com uma previsibilidade quase poética — só não é bela.
    As vias da ilha — regionais ou municipais, pouco importa quando se sente o impacto no volante — são um exemplo perfeito de como, às vezes, todos têm um bocadinho de culpa e ninguém tem solução. Intervenções surgem, mais ou menos discretas, com o objetivo claro de passar a ideia de que algo está a ser feito, mas o problema de fundo, esse, persiste. O que falta não é um jogo de responsabilidades, mas uma visão mais ampla, que considere as estradas da ilha como um todo.
    Santa Maria quer afirmar-se como destino turístico. E tem quase tudo para isso. O que não tem, curiosamente, são estradas à altura dessas ambições. Ou melhor: tem — mas mais parecem uma prova eliminatória do que um acesso. Promover a ilha nestas condições é como abrir um hotel de cinco estrelas cujo caminho obriga os hóspedes a passar por um campo de obstáculos.
    Queremos turismo? Queremos. Temos tudo para isso: uma ilha fantástica e gente que sabe acolher. Mas esquecemo-nos do essencial — o acesso. Não se promove uma experiência positiva quando o percurso para explorar os encantos da ilha é um teste à suspensão do carro e à paciência de quem nos visita.
    É difícil levar a sério uma estratégia que esquece o básico. Porque, por muito que se fale de investimento e de futuro, há uma verdade simples: ninguém volta ao sítio onde quase partiu o eixo da frente.
    E mais do que uma questão de mobilidade, é uma questão de dignidade. As estradas não servem só para circular — servem para ligar, dinamizar, integrar. Quando se deixa uma ilha entregue a buracos e promessas, o que se diz, mesmo sem palavras, é que há prioridades mais importantes do que as pessoas que cá vivem.
    Chega uma altura em que já não se esperam milagres — apenas que o caminho para casa seja menos acidentado do que o rumo político que o deixou assim. No fundo, todos queremos o mesmo: chegar ao destino sem perder a suspensão… nem a esperança.
    Talvez haja quem se identifique com os buracos no caminho… e, se tiver sorte, consiga ultrapassá-los! Outros não.
    May be an image of grass and road
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