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candidato do abdica

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O salvador da Praia
Li a entrevista dada ao DI no dia 9.8 por Francisco Lima, candidato do Chega à Câmara Municipal da Praia da Vitória.
Retive as palavras finais, que me impressionaram deveras. Disse o candidato: “Abdiquei do cargo de deputado nacional e estou disposto a abdicar do de deputado regional para salvar a Praia”.
A forte impressão que tais palavras me causaram tem origem desde logo na forma. Abdicar é um verbo fortíssimo. Tão potente que reis e papas meditaram profundamente antes de tomar tão dura decisão. A proclamação de Francisco Lima é de tal forma dramática que mereceria a formação de um cordão humano, ligando a Santa do Facho à Maria Vieira. Os praienses de mãos dadas, de hoje até outubro, rezando pela sua salvação. Sim, porque salvar é outro verbo impactante, sendo a promessa do candidato a única luz nesta escuridão que tudo cobre, mesmo de dia, nesta terra de Nemésio.
Mas, deixando de lado o pretensiosismo manifesto da tirada, preocupa-me mais a substância. Analisemos, então.
Longe vão os tempos em que éramos tão poucos e os lugares tão pequenos que seria ridículo votarmos. Os cidadãos reuniam-se e designavam de mão no ar quem neles mandaria durante certo período. Chamava-se democracia direta.
Só que as sociedades cresceram, dispersaram-se, passou a ser impossível reunir toda a gente para decidir. Nasceu então a democracia representativa, em que os cidadãos votam naqueles que acham poder representá-los da melhor maneira.
E esse voto devia ser sagrado. Quem, candidatando-se a certo cargo, a ele renuncia, trai a confiança daqueles que nele votaram. E, na minha opinião, não deveria poder voltar a ser candidato fosse ao que fosse. Com uma excepção: quando certo partido ganha as eleições e vê alguns dos seus eleitos saírem para o governo, sendo substituídos pelos que se lhes seguem na lista. Mantêm-se os primeiros no serviço público, apenas noutras funções.
Ora Francisco Lima candidatou-se ao cargo de deputado regional, foi eleito e desempenha tal função. Depois, candidatou-se à Assembleia da República, foi igualmente eleito, mas renunciou ao cargo. E agora candidata-se à Câmara Municipal da Praia da Vitória, já anunciando a “disposição” de “abdicar” da função de deputado regional para “salvar a Praia”.
Por outras palavras: Francisco Lima traiu a confiança dos cidadãos que nele votaram para deputado na Assembleia da República e prepara-se para trair a confiança dos cidadãos que nele votaram para deputado na Assembleia Legislativa Regional dos Açores.
Imaginemos um procurador. Alguém da nossa confiança, a quem conferimos o mandato de nos representar, de gerir o nosso património. De repente, sem sermos sequer consultados, quanto mais darmos consentimento, o procurador a quem confiáramos os nossos bens “abdica” do cargo e faz-se substituir por alguém que nem conhecemos e que não escolhemos.
Como nos sentiríamos? Traídos, claro está. Ainda mais quando um político que se candidata é um procurador com uma função tão nobre como é cuidar dos interesses colectivos.
Sei bem como seria ingrato para Francisco Lima substituir na Assembleia da República um ladrão de malas. Seria um estigma que o marcaria logo desde o início do mandato. Prefiro, no entanto, acreditar que “abdicou” do cargo de deputado nacional pela falta de quadros capazes do Chega na Região. Mas essa falta de quadros vai-se manter depois da autárquicas. Por isso, nada me garante que Francisco Lima não voltaria a “abdicar”, mesmo que fosse para “salvar a Praia”…
Não gosto de sebastianismos. Nunca gostei. Mas, sendo a Recta da Achada o único lugar da Praia onde se concentram grandes massas de nevoeiro, que se fique por lá o candidato, fazendo-se rei da Serra do Cume ao qual se elevou, e já podendo, agora monarca, abdicar à vontade…
(publicada hoje no Diário Insular)

sou inapto mas como este, infelizmente , não

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【A CAUSA DAS COISAS】
A DIFICIL VIDA DE UM INAPTO EM PORTUGAL
Se a memória me não falha, cruzei-me com a criatura uma meia dúzia de vezes, em Lisboa, residia ele numa belíssima mansão no Campo Grande próximo da Rotunda de Entre Campos, e era então, ainda casado com a Paula Teixeira da Cruz.
Estou a falar de Paulo Teixeira Pinto, de quem deixei de ouvir falar faz tempo, desde a sua ultima entrevista em 2017 tinha então 57 anos. Considerado inapto para trabalhar, desde os 47 anos, por uma Junta Médica da Segurança Social, essas famigeradas Juntas que de profissional e rigor deixam muito a desejar, para não sugerir mesmo mediocridade tendenciosa nas decisões que tomam, aufere até final da vida, uma pensão anual equivalente a €500 mil euros.
Todavia, é:
– Dono do grupo editorial Babel.
– Presidente da Direção da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros,
– Presidente do Conselho Fiscal do Novafórum e da Sociedade Central de Cervejas e Bebidas,
– Vice-presidente da Assembleia-Geral do TagusPark,
– Membro do Conselho Geral do GRUPO LENA,
– Consultor jurídico, na Abreu Advogados,
– Membro do Conselho de Orientação Estratégica da Universidade Católica Portuguesa e dos Conselhos Consultivos da Universidade de Lisboa e do Plano Tecnológico.
É muito difícil a vida de um inapto, em Portugal!
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