NA MODA, AGORA NOS AÇORES, A XENOFOBIA

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Xenofobia é crime!
Já começo a ficar doente com os comentários e posts que leio nesta rede social e que roçam as raias da xenofobia. Portanto, estamos perante um crime.
Para quem não sabe (ou não quer saber), tal como racismo, xenofobia é crime!
A Lei 9459, de 13 de maio de 1997 refere que serão punidos os crimes “resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.
Ou seja, é precisamente o que está a acontecer nos Açores relativamente aos turistas continentais. Os ataques são constantes e odiosos nesta rede social. De tal forma que ferem a alma.
As pessoas estão, constantemente, a escrever: “fechem os aeroportos”; “fiquem em casa continentais”; “não precisamos de turistas do continente”. E esta é a parte mais suave, porque pelo meio surgem ataques linguísticos tão desagradáveis que nem me atrevo a repetir.
Dito isto, vamos tentar esclarecer o que já todos sabem, embora prefiram “tapar o sol com a peneira” do que enfrentar a verdade:
Quem tece esse tipo de comentário xenófobo, lamentável a todos os níveis, desconhece que, no caso concreto de São Miguel, a transmissão local do vírus teve origem num(a) residente que se deslocou de férias à ilha. O primeiro teste deu negativo, mas o segundo, realizado seis dias depois de cá estar, deu positivo. Entretanto, entre festas, restaurantes e bares, a pessoa em questão foi deixando o rasto do vírus (são algumas dezenas de pessoas que conhecem bem a história e podem (deviam) denunciar.
Uns vão dizer: e a proteção de dados?
Estamos perante um caso grave de saúde pública. Um caso de irresponsabilidade e falta de respeito para com o próximo.
Mesmo que a autoridade de saúde, depois do primeiro teste ter dado negativo, diga que quem fez o teste pode regressar à sua vida normal, o facto é que há um segundo teste ao sexto dia de permanência. Sendo assim, dita a consciência que a pessoa que aguarda o teste seja consciente, o que no caso em apreço não aconteceu.
Aliás, verificou-se precisamente o oposto e foi do convívio aqui e ali, com dezenas de pessoas à mistura, que resultou a presente cadeia de transmissão local do vírus.
Omaior problema da transmissão local do maldito vírus tem a ver com muitos dos locais que não cumprem as regras, como o uso de máscara, desinfeção constante das mãos, distanciamento social.
Por isso, e pela nossa saúde mental, façam o favor deixar de culpar os outros pelo que se passa nesta ilha.
Os Açores não podem fechar portas ao mundo só porque existe o novo coronavírus. Até porque, não tenhamos dúvidas de que este é mais um vírus que veio para ficar.
Não há economia que aguente mais um isolamento. Muito menos uma economia tão frágil como a nossa.
Nos últimos anos, e por mais que muitos não concordem (estão no seu direito, como estou no meu), passaram a depender do turismo praticamente todos os setores de atividade nesta região.
Fechar novamente os Açores ao mundo é condenar as nossas ilhas à mais pura das misérias.
Basta olhar à nossa volta e ver quantas famílias passaram a depender da ajuda alheia para poderem ter comida na mesa.
O encerramento de vários negócios e o consequente desemprego (em outubro, ficaremos a saber a verdade dos números) levou muitas famílias à pobreza. A tal pobreza envergonhada que não é contabilizada, como é a outra dos que recebem os apoios sociais e que continuam por aí como se não estivéssemos perante um dos mais graves problemas com que a humanidade se confronta.
Continuando como estamos, só me resta acrescentar: se não morrermos da doença, garantidamente vamos morrer da cura.
Lubélia Duarte
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