* HDES: Serviço de Urgência não urgente *
Não me vou alongar na degradação avançada das instalações do Hospital Do Divino Espírito Santo, não só porque são conhecidas, mas pelas promessas de obras que tardam.
Contudo, o serviço de urgência não pode ser levado como outros departamentos do hospital (com exceção dos cuidados paliativos que é excepcional)., sendo que neste momento até a morgue parece-me mais bem organizada.
Comecemos pela estrutura criada em tempos de covid onde existe uma pré-triagem no exterior do hospital obrigado o doente e acompanhante a atravessar consecutivamente p local de passagem e descarga de doentes das ambulâncias e com funcionários que, talvez pelas condições em que estão, não têm o profissionalismo e competência que se espera na triagem de uma urgência. Não culpo estes profissionais, apenas a inexistência de controle de qualidade superior.
Foi criado um segundo bloco no parque de estacionamento que, além de visivelmente inacabado, tem apenas um auxiliar incapaz de prestar informações que não seja “deve aguardar”, onde posteriormente somos encaminhados para um médico a trabalhar literalmente dentro de um contentor.
Procedimentos que tardaram em surgir no início da pandemia e agora parecem estar para ficar quando já não fazem qualquer sentido, prejudicando o paciente e o modus operandi daquele serviço.
Na sala de espera tradicional temos um coluna com certamente mais de um década com um ruído que só não incomoda o auxiliar la presente nas pequenas sestas que o mesmo toma.
De noite tudo piora. Quando chegamos somos recebidos por pequenos grupos de auxiliares e enfermeiros a fumar num canto junto à entrada da urgência e todos os seguintes procedimentos acompanham esta falta de noção do que deverá ser um serviço de urgência.
Serviços que apenas reabrem às 6 da manhã obrigando o paciente a horas de espera para ser avaliado e uma inércia em agir a menos que o paciente chegue quase entre a vida e a morte.
Quem lá está, certamente angustiado e em sofrimento, sente-se num atendimento de que urgente nada tem.
Infelizmente conheço vários serviços de urgência em diferentes pontos do país, todos eles com falhas mas nada que assemelhe a isto.
A Direção está tão preocupada em lançar estatísticas dos tempos de espera para consultas e cirurgias que acaba por se esquecer que um serviço de urgência deve ser a capa do profissionalismo, pró-atividade e capacidade de resposta de um hospital.
Vamos todos inevitavelmente precisar daquele serviço e tenho esperança que não seja preciso essa necessidade e angústia para exigirmos mais e melhor.