TEMOS A SEMANA DO MAR QUE QUEREMOS? Não vivo cá permanentemente, mas quem me conhece, sabe que na primeira oportunidade para viajar, o bilhete aéreo tem como destino o Faial. Esta ligação umbilical não se perdeu e a preocupação e atenção com aquilo que por cá vai acontecendo é constante, embora silenciosa, na maioria das vezes. Desta vez, opto por escrever, talvez com a ilusão de contribuir para uma reflexão útil. Terminada mais uma edição da Semana do Mar, festa maior da Ilha Azul, como faialense que anda “cá e lá”, mas que nesta semana costumar estar cá, é com regozijo que vejo por aqui, e não só, inúmeras opiniões e pedidos de discussão franca sobre o formato e conteúdo destas festas que caracterizam a nossa terra e as suas gentes. Enquanto filho desta terra, que ilusoriamente procura nestas festas um regresso às raízes, há várias questões que me assolam de há uns anos para cá e para as quais não tenho solução, mas que aqui deixo, quiçá em busca de respostas satisfatórias. 1 – O modelo atual que confina a Semana do Mar (neste caso, da terra) à Avenida Machado Serpa e ao Parque da Alagoa é assim tão benéfico para a mesma? 2 – A afluência às tascas e restaurantes não gera um caos de tal ordem, que afasta várias pessoas que tinham intenção de se aproximar das mesmas, mas que desistem devido à maior confusão? 3 – O acesso às casas de banho por pessoas com mobilidade reduzida é feito sem constrangimentos? 4 – Como se pode querer uma feira do livro com qualidade, quando a mesma fica no meio de uma cidade sem festa e praticamente às escuras, já que a iluminação da Avenida 25 de Abril, praticamente desapareceu? 5 – A Avenida não deveria ser o epicentro das festividades em terra, e sempre aberta ao mar? 6 – Não há festa sem barulho. Mas será este o ponto mais importante da discussão? Ou isto torna-se o centro, porque muitos faialenses deixaram de se identificar com a festa nos moldes em que esta tem sido feita? 7 – O que levará tantos faialenses a dizer que “a Semana do Mar é sempre a mesma coisa e já não traz novidade”? Não ouvimos isto da boca de um terceirense quando fala das Sanjoaninas, por sinal, as maiores do nosso arquipélago. Não se podendo comparar o espírito da festa, podemos comparar o envolvimento da população nas mesmas. 8 – O desfile que tem acontecido no último dia não é pobre? Por vezes, não se torna repetitivo nas temáticas, nos conteúdos, nas pessoas? É um momento de promoção do que cada freguesia tem de melhor, ou é um momento para cada autarca local sobressair nas entrevistas? 9 – Se temos o maior festival náutico do país, o mesmo não devia ser valorizado e promovido, apelando à participação de todos os faialenses? Quantas provas acontecem sem qualquer pessoa a assistir? Não existirá pouca divulgação? Não seria mais interessante para todos uma participação massiva na água e em terra? 10 – Se o Clube Naval da Horta tiver mais apoios não poderá realizar um trabalho de maior proximidade com a população em geral, contribuindo para um maior envolvimento de todos naquele que é o cerne da festa? 11 – Os prémios das várias competições náuticas não deviam ser entregues no epicentro da festa terrestre, como várias pessoas defendem há anos? 12 – Quem é a comissão responsável pelas festas, que, segundo o Sr. Presidente da Câmara, envolve a autarquia e outras instituições? 13 – A Semana do Mar não devia ter um coordenador ou presidente de festas que constituísse uma equipa que pensasse e trouxesse as festividades à luz do dia, onde a Câmara Municipal teria lugar e o orçamento era antecipadamente definido? 14 – Porque não se abrem inscrições para voluntários receberem formação, com o intuito de apoiarem a logística terrestre e náutica, de acordo com a missão específica a desempenhar e de preferência, de acordo com as áreas de interesse de cada um? 15 – Não será útil a autarquia marcar encontros onde possa escutar livremente todos os faialenses que se queiram fazer ouvir, promovendo-se um debate sério e civilizado com o intuito de toda a gente se sentir ligada à semana maior vivida nesta terra?