Categoria: Historia religião teologia filosofia

  • justificação moral para o egoísmo

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    20 Years Ago on July 6th, 2002 – the brilliant economist and thinker John Kenneth Galbraith, gave an interview in which he said this perfect bit:
    “The modern conservative is engaged in one of man’s oldest exercises in moral philosophy; that is, the search for a superior moral justification for selfishness.”May be an image of 1 person
  • MIRADOURO DA ponta do escalvado

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    Tinha escrito, a pedido da minha prima Manuela Pereira, o artigo que se segue e tentei a sua publicação no “Açoriano Oriental”. Honestamente, não sei se alguma vez o mesmo foi publicado. A pedido dela, vou publicá-lo aqui para o tornar acessível a todos quantos tenham curiosidade em saber quem era Manuel Correia dos Reis, entre eles os meus irmãos Lou Cruz, Marta Melo, Natalia Houle, Leonor Melo e Manuel Reis.
    Aqui vai ele:
    O Miradouro da Ponta do Escalvado
    Nos limites Oeste da Ilha de S. Miguel existe um miradouro muito singular que se tornou uma autêntica atração turística: o Miradouro da Ponta do Escalvado. Dali vê-se a Ponta da Ferraria, os Ilhéus dos Mosteiros, a Lomba Grande, a Lomba da Fonte e a localidade da Várzea, nos contrafortes do Vulcão das Sete Cidades, freguesia dos Ginetes, concelho de Ponta Delgada. O lugar, rodeado de pastagens, localiza-se a elevada altitude e tem como principal atividade económica a agricultura.
    Este miradoiro foi, em tempos, propriedade do meu avô Manuel Correia dos Reis que o cedeu, de oferta, à Junta de Freguesia dos Ginetes. Em todas as pastagens à volta ele tinha muitas vacas. Era um grande e bom agricultor que merecia o respeito de todos os seus trabalhadores e vizinhos.
    Manuel Correia dos Reis, casado com Emília da Glória Pavão e pai de Manuel, João, José, Maria Ascensão e de meu pai Gil de Almeida Correia dos Reis, acabou por adquirir duas casas em Ponta Delgada. Uma delas – que nunca cheguei a identificar – foi vendida aos Cogumbreiros, e a outra, para onde se mudou para ter um melhor acesso ao Hospital, ficava na Rua Teófilo Braga, com frente para a Rua da Alegria. Para isso desfez-se de três moios de terra. (Um moio é igual a 60 alqueires e um alqueire é igual a 1393 metros quadrados). Aí veio a falecer em 1947, um ano antes de eu nascer.
    Meu tio José, que faleceu em Santa Maria onde era barbeiro, contou-me uma vez que um dos empregados do meu avô lhe pedira dinheiro emprestado para custear a viagem de emigração para o Novo Mundo. Ter-lhe-á deixado como penhor alguns poucos terrenos que tinha. Meu avô cultivou-os e registou os proveitos auferidos. O que se sabe é que o pagamento do empréstimo nunca ocorreu. Meu avô continuou a amanhar as terras até que o amigo regressou a S. Miguel. A emigração não tinha resultado…. Estava na miséria e pensava que já tinha perdido todas as terras que penhorara a favor de meu avô. Vinha só pedir-lhe a esmola de um emprego! Para sua surpresa e alento, meu avô devolveu-lhe as terras. E ainda algum do dinheiro que sobrara da exploração delas, depois de se fazer pagar do dinheiro emprestado.
    Minha avó Emília da Glória Pavão Reis, esposa do meu avô, era uma mulher de armas. Tinha uma costela alemã. Numa obra de Carlos Melo Bento há uma referência aos Pavões de S. Miguel como descendentes de famílias alemãs. Eu tive algumas dúvidas sobre minha avó mas perguntei à minha prima Manuela, que vive nos Estados Unidos há mais de meio século, que confirmou essa informação.
    Minha avó tinha jeito para tudo. Na minha casa do aeroporto havia uma mobília de quarto de jantar que foi feita por ela. Só o soube tardiamente, numa altura em que todo o recheio dessa minha casa já tinha sido vendido, aquando da emigração da minha família, por falecimento do meu pai, em 1968. Era uma excelente eletricista, quando grande parte das pessoas nem sequer tinham acesso a esse bem nas suas casas. E também tinha uma padaria, que ficava situada no canto em frente da Rua da Alegria. Faleceu em 1958, tinha eu apenas dez anos. Mas tenho ideias da minha avó Emília quando ia a S. Miguel, embora não sejam as melhores: eu tinha medo dela! Tinha um ar austero, embora fosse uma avó exemplar para a minha prima Manuela, a quem levava muitas vezes a dar um passeio e a um banho no mar, ali próximo, na costa de Santa Clara.
    Vem isto tudo a propósito do Miradouro da Ponta do Escalvado. Depois de todas as diligências feitas pela minha prima junto das entidades oficiais, no sentido de ser colocada uma placa no Miradouro do Escalvado onde constasse o nome do doador Manuel Correia dos Reis, finalmente esse pedido surtiu efeito e, ao fim destes anos todos, após cerca de três quartos de século, a justiça fez-se e a placa já lá está afixada. Para isso, contou com a ajuda de uma amiga que vive em S. Miguel, que usando o conhecimento que tem com as entidades oficiais, conseguiu desbloquear o assunto.
    Incansável, a minha prima Manuela, já nonagenária e que vive nos Estados Unidos, resolveu vir de propósito a S. Miguel e juntar alguns familiares, entre netos, bisnetos e trinetos do doador Manuel Correia dos Reis, para tirar uma fotografia junto à placa do Miradouro, para memória futura.
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  • para liquidaR UM POVO

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    “Para liquidar os povos, começa-se por lhes tirar a memória. Destroem-se seus livros, sua cultura, sua história. E uma outra pessoa lhes escreve outros livros, lhes dá outra cultura e lhes inventa uma outra História.”
    – Milan Kundera. O Livro do Riso e do Esquecimento, 1978.
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  • O primeiro mapa de Portugal

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    O primeiro mapa de Portugal

    Ando a navegar pela Internet fora e vejo um mapa de Portugal que me deixa de boca aberta. Nunca tinha visto o país assim…

    Marco Neves

    Jul 18

    LER NA APP

    Lembro que estão abertas as inscrições para o Curso de Revisão de Português. Fecham no dia 21. Muito obrigado!

    O mundo para cima ou para baixo

    Há coisas que são como são há tanto tempo que parece ser impossível imaginá-las de outra maneira. Por cá, o sinal de STOP, por exemplo, tem uma peculiar forma octogonal e uma palavra inglesa no centro. Podia ser outra palavra ou outra forma? Sim, claro. Mas hoje já parece natural que seja assim — e não me parece razoável mudar o sinal agora (seria, aliás, bastante perigoso).

    Enfim, que os sinais de trânsito são convenções é bastante claro. Aliás, conduzimos pela direita, mas há muitos países que decidiram conduzir à esquerda. Houve até países que mudaram a certa altura. Dois exemplos? A Suécia, nos anos 60 — e Portugal, nos anos 20 (sim, já conduzimos pela esquerda).

    Talvez um pouco menos óbvia seja a ideia de que os relógios também são uma convenção, divididos como estão em doze partes, com o 12 lá em cima. Ainda há uns tempos escrevi sobre a curiosa história dos relógios que têm o 12 cá em baixo

    Mas há mais convenções que, de tão usadas, já nos parecem naturais. Por exemplo, escrevemos da esquerda para a direita, mas poderíamos escrever da direita para a esquerda — como, aliás, fazem os árabes. Nem os livros têm uma direcção natural: a lombada está à esquerda nos livros em português, mas os livros japoneses têm a lombada do outro lado…

    Tudo isto só para chegar à própria orientação do mundo: o Pólo Norte está lá em cima — mas poderia estar lá em baixo…

    Todos temos na cabeça, de forma muito bem martelada, que o Norte fica em cima e o Sul fica em baixo. Ninguém diz que vai para baixo quando viaja de Lisboa para o Porto. Já dizer que vamos para cima quando viajamos do Algarve para Lisboa parece bem natural…

    É difícil imaginar que o mundo fosse doutra maneira. Os australianos vivem lá em baixo, nós vivemos cá em cima.

    E, no entanto, a Terra e todo o Sistema Solar estão a navegar pelo espaço sem que haja um tecto ou um chão… Uma das primeiras fotos do nosso planeta, tirada por astronautas em 1972, costuma aparecer na direcção “certa”, mas no original tinha o Sul por cima:

    A fotografia, tal como aparece em revistas e livros, está com o Sul por baixo. Porquê? Para que ninguém estranhe…

    Um continente exótico

    Há tempos, li um livro — A History of the World in Twelve Maps — em que o autor (Jerry Brotton) afirmava ser difícil perceber por que razão o Norte acabou por ficar, de forma praticamente definitiva, na parte de cima dos mapas. Afinal, não é um facto universal.

    Note-se, por exemplo, onde está a Europa na Tabula Rogeriana, mapa de al-Idrisi, cartógrafo muçulmano que viveu em Palermo e nasceu em Ceuta:

    Uma das surpresas deste mapa é reparar como a Itália está deitada… Pois, curiosamente, se formos até ao Google Earth e virarmos a Europa ao contrário, também acabamos com uma Itália estranhamente deitada. É apenas um exemplo de como o mesmo mapa virado ao contrário tem um sabor muito diferente. Como quando repetimos uma palavra conhecida muitas vezes, o mapa começa a estranhar-nos, a parecer o resultado do trabalho de um escritor de fantasia…

    Não sei se acontece com todos, mas ao olhar para este continente de pernas para o ar, começo a imaginar outras histórias, outras aventuras… As habituais associações que fazemos ao Norte e ao Sul começam, devagar, a cair. São terras exóticas, estas…

    Não que o continente que temos não seja interessante por si. Tem, aliás, uma História demasiado interessante — e que assim promete continuar por muitos e bons séculos.

    O nosso país deitado

    Bem, olhemos para aquele país ali virado para o canto superior direito… Com o Google Earth, podemos virar o país ao contrário a nosso bel-prazer. Ficamos com o Minho cá em baixo e o Algarve lá bem em cima, onde as águas são mais quentes e, se subirmos mais um pouco, vamos parar, não à Galiza, mas a Marrocos:

    Não sei bem porquê, mas olhar para o mapa assim leva-me a notar certas características do país: Lisboa parece-me mais distante do Minho do que pensava; ali, a meio, aquela reentrância espanhola no corpo do nosso país surge um pouco menos natural, mais recortada…

    É um absurdo? Não faz sentido? Estamos habituados a imaginar um país que foi criado de cima para baixo, um país em que o mar está à esquerda. O contorno do país é, hoje, um dos símbolos nacionais. Mas, no fundo, podíamos ter acabado com uma imagem diferente. Afinal, os nossos primeiros mapas punham o Algarve nem em cima nem em baixo: ficava à esquerda!

    Aqui está a Carta de Portugal de Fernando Álvaro Seco, na versão editada no Theatrum Orbis Terrarum de Abraham Ortelius, em Antuérpia, no ano de 1570 (houve uma versão do mesmo mapa publicada uma década antes):

    Já foi há muito tempo? Pois, já no século XIX, ainda apanhamos Portugal assim deitado — mas desta vez de barriga para baixo:

    Foi este estranhíssimo mapa que me levou a escrever esta crónica…

    A verdade é que, se olharmos para o mapa do nosso país, de pernas para baixo, a fazer o pino, deitado ou na direcção habitual — o contorno é-nos tão confortável como a cama da infância. Conhecemos bem este mapa e desenhamo-lo com o dedo, a sorrir.

    E com esta conversa toda, fiquei com uma vontade irreprimível de viajar. É o que dá olhar para mapas.

    Obrigado por ler a página Certas Palavras.

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  • Arquimínio Rodrigues da Costa, último bispo português de Macau

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    No passado dia 8 de julho, assinalou-se o centenário do nascimento do último bispo português de Macau, D. Arquimínio Rodrigues da Costa (1924 – 2016), uma figura incontornável da Igreja Católica e da diáspora portuguesa. Natural da freguesia de São Mateus, no concelho de Madalena, na Ilha do Pico, o insigne açoriano partiu para Macau, antiga colónia portuguesa desde 1557 até 1999, […]

    Source: Arquimínio Rodrigues da Costa, último bispo português de Macau

  • Insignes Açorianos (194)

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    O Açoriano Oriental, fundado a 18 de Abril de 1835, é um título de referência no panorama da imprensa regional portuguesa em geral e açoriana em particular. Pautando desde sempre pelo rigor da sua informação, o Açoriano Oriental é um jornal de qualidade que pratica um jornalismo de proximidade que coloca como protagonista o interesse dos leitores. É também um importante difusor de publicidade nos Açores, em particular na ilha de São Miguel, a maior e mais populosa ilha do arquipélago O Açoriano Oriental integra a Global Media Group, um dos maiores grupos de media em Portugal, com presença nos sectores da imprensa, rádio e televisão, para além de gerir um diverso conjunto de participações em empresas com actividade na área da publicidade, comunicação multimédia, produção de conteúdos e design.

    Source: Insignes Açorianos (194)

  • PANDORA, O MITO

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    O mito da Caixa de Pandora
    Nietzsche lembra que no fundo da caixa havia um resíduo de esperança, o que é um presente envenenado. A humanidade aguenta a fome, o ódio, a dor, a pobreza, a inveja e a guerra, mas como há um resíduo de esperança tudo tolera pois acalenta a ideia que tempos melhores virão. Sempre achei esta ideia o espírito da revolução, rejeitar a esperança, descartar a sua força de inibição. Mas julgo agora que a compreensão deste mito é algo manco. Vejam lá que os deuses guardavam os males numa caixa e pregaram uma partida à humanidade. Há qualquer coisa que está a escapar. Como é habitual nestas narrativas, um elemento que nos escapa, uma lacuna de ignorância pode arrasar a nossa compreensão, como na teoria do caos, que uma ligeira e suave circunstância inicial tanto pode terminar num tornado ou no bater de asas de uma borboleta. E eu admito que tenho esperança.
    Imagem – Caixa de Pandora
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