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Mulheres num bazar!
Fotografia de Ramos Horta – Edição do M.N.F – Timor

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Mulheres num bazar!
Fotografia de Ramos Horta – Edição do M.N.F – Timor
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Tenho actualmente 82 anos e fui para Timor como alferes em 1959. Tinha então 22 anos feitos a bordo do Índia, navio irmão do Timor da Companhia Nacional de Navegação. Em Dili havia um batalhão comandado por um major e esse batalhão tinha companhias destacadas em várias zonas de Timor. Toda a tropa era de naturais e só os quadros eram metropolitanos. Dado ter havido uma sublevação em Dezembro de 1958, cujos cabecilhas foram identificados e presos, Salazar enviou para Dili uma Companhia de metropolitanos que estava na Índia. Foram para lá à paisana, de avião, e com passaportes falsos. Essa companhia era constituída por pessoal de Setúbal e foi comandada por um capitão, Sarmento, que já tinha estado em Timor como alferes. Só com o efectivo dessa companhia duplicou a população branca em Dili. Casas de alvenaria eram raras e até o QG era de paredes de palapa rebocada. Só depois da chegada dessa companhia, “A Destacada” é que a MM começou a enviar víveres para Timor. Chegavam todos os 6 meses no Timor ou no Índia. O correio ou era via aérea e o do barco era semanal através das “malas”, navios pequenos holandeses que continuaram a cruzar aquelas paragens. O comandante militar era um tenente-coronel e o chefe do Estado Maior um capitão. Saí de Timor em 1961 e só nesse ano começaram os preparativos para a construção do porto. Até aí os navios eram presos ao embondeiro na praia e o cais apenas umas pranchas de madeira em cima de bidons. Praticamente fui inaugurar a messe militar do bairro do farol e comigo foram os primeiros oficiais de artilharia e o primeiro médico militar. A única estrada asfaltada (com jorra) era a marginal e carros só havia dois, o do Governador e um Subaru ou coisa parecida (muito pequeno) de um capitão que o tinha mandado vir de Singapura. O resto eram todos jeeps e Land Rover. Foi nesse Timor que vivi dois anos e adorei apesar do infortúnio de ter partido uma perna que me deu água pela barba. Pelo que vejo e leio aqui, o vosso Timor já é muito avançado para aquele onde permaneci. Mas o meu era mais romântico.
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ANTIGO EGITO – 2
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Uma Lulik Timur. Casa sagrada do Oriente.
Cabeças de rebeldes expostas em Manatuto numa foto de 1913, durante as Guerras do Manufai 1911-1913. Fotografia do Museu de História Natural da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.
Nota: Fotografia oculta por imposição do Facebook. Se pretender ver com responsabilidade clique em “mostrar foto”.
Uma Lulik Timur.
Casa sagrada do Oriente.
Cabeças de rebeldes expostas em Manatuto numa foto de 1913.
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CONTINUANDO…
Há a tendência para, quando alguém está a passar por maus momentos, em vez de o animarem, tentarem reerguê-lo, procuram inventar e pô-lo mais para baixo. Ou, pelo contrário, quando uma pessoa está desfrutando de numa boa situação, a inveja suplantar tudo o que será razoável e até serem inventados episódios, que não são mais que mentiras e acabam por evoluir em disparatados boatos, crescendo sempre com mais hipotéticos pormenores. E Díli era fértil em ‘estórias’, que não eram da carochinha e atacavam, sem respeito nem pudor, a respeitabilidade de gente honesta.
Do mesmo modo, alguém que não mostrou competência para resolver determinada situação, tem que arranjar subterfúgios e pormenores, a fim de dissimular e camuflar a sua incapacidade. Ou que quis ocultar pormenores de algum deslize, fazer com que outrem venha a ‘pagar as favas’.
Um dos boatos mais conhecidos, e que hoje já é uma lenda, foi o desaparecimento do navio ‘O Arbirú’, afundado por uma ‘tromba marítima’, no Mar das Flores, e que não sei porque motivo (julgo que, talvez, por uma questão de seguros), o governador e a PIDE/DGS, de conluio, não permitiram que o chefe dos Serviços Metereológicos falasse com o único sobrevivente da tragédia, o Paulo do Rosário, assim como criaram uma incrível anedota, ou que teria sido um ataque da FRELIMO (porquê?) ou de piratas javaneses ou de contrabando de armas. Não atinjo qual seria a intenção do Governador, mas parece-me entender a posição do inspector da polícia, querendo mostrar serviço, que não aparecia, tal como fizera com o anterior governador, levando-o a cometer vários erros crassos, envolvendo a alfândega, com ‘estórias’ de contrabando de armas, quando, repetidamente informávamos que a alfândega abria todos os caixotes, e seria impossível que alguém fosse tão estúpido que pretendesse passar armas por ali, quando tinha um litoral imenso sem qualquer fiscalização. Mas o boato cresceu, com gente que viu o navio em Hong-Kong e em Díli, outros viram passageiras do navio em Bali… e até o Paulo do Rosário ter vindo até Lisboa, a fim de ser interrogado.
Desculpem-me, desviei-me do meu assunto habitual, ao verificar que, ao querer aproximar-me, tanto quanto possível da verdade, ela poderá estar longe do que se passou. Já me disseram que, o que eu tenho escrito, vale zero, porque tudo já teria sido estipulado, em 1960, pelos EUA, a Austrália e a Indonésia. No que eu não acredito, tal como “a guerra do Ultramar” ter tido início em Timor, em 1959, com a revolta em Viqueque/Uato Lari/Uato Carbau, com fim à independência, porque, tendo conhecimento de quase tudo o que se passou, porque convivia diariamente com os oficiais milicianos, e sabia perfeitamente que, naqueles tempos, os timorenses não sonhavam com independência e, somente alguns, industriados pelos militares indonésios que haviam pedido refúgio em Oé-Cusse, se atreveram a tentar revoltar-se com vista à integração na Indonésia, com a ‘ajuda’ do então cônsul indonésio em Díli — o Sr. Nazwar Jacub Sutan. E, tanto assim aconteceu que, enquanto que, em Díli, a 3 de Junho, se iniciaram, com grande alvoroço e estrondo, as prisões de supostos implicados, somente naquela região oriental, a 7 daquele mês, os refugiados indonésios deram início à revolta.Foi enviada para Baucau, uma pequena força, constituída pelo tenente Ferreira, o furriel Pires e nove praças timorenses, os quais, juntamente como administrador Artur Marques Ramos, que conseguira, milagrosamente, sair de Viqueque com a família, para lá voltaram, por estrada, com mais timorenses, europeus e chineses, com algumas armas e munições. No entanto, devido ao pouco conhecimento do que se passava naquela região, foi enviado para lá, no dia 9, mais um certo número de militares comandados pelo cap. Manuel João Fajardo, que passado alguns dias, nada adiantava e se lamentava de que já havia dois ou três dias que não tomava banho. Entretanto, vários arraiais fiéis tinham sido levantados mas como o impasse em Viqueque continuava, foi enviado o cap. Barreiros, o qual, entendeu que não substituía o colega e apenas o coadjuvava. E logo mandou atacar Uato Lari a ferro e fogo, embora alguém o tivesse tentado impedir de resolver aquela ‘guerra’ de maneira tão drástica, implorando-lhe que houvesse fé, porque deveria haver ainda gente viva. Em uma semana tudo se resolveu rapidamente, de tal modo que, a 20 daquele mês, uma ‘Companhia Destacada’ aéro -transportada de Goa para Baucau, em aeronave pilotada por Solano de Almeida, que já estivera em Timor, — e em que, muitos deles, eram meus conterrâneos — ficam verdadeiramente decepcionados, por, em vão, indagarem… “onde está a guerra” ?
Amanhã continuarei com a matéria anterior, pois hoje despistei.-me, ao ler que o presidente da Fretilin, Xavier do Amaral proclamava, à plebe, sua ouvinte, que abriria o Tata-Mai-Lau e de lá jorraria imenso ouro, assim como encomendara uma máquina de fazer notas, e já ninguém teria que trabalhar.
No entanto, no seu manual político, a Fretilin chamava a atenção para o “RACISMO”, quando o seu presidente Xavier, em entrevista ao ‘Diário de Notícias’, declarava que ele é que era “puro” e os Carrascalões eram mestiços e o Xanana era misto de misto; que o partido protegia a agricultura porque eram um país de camponeses e o povo timorense tinha fome de tudo, quantitativa e qualificativa, e o regime colonial só protegia a agricultura de exportação, —embora saibamos que muitos patrões, quando queriam dar da sua comida aos seus empregados, eles preferiam o seu milho, arroz ou mandioca —, não percebendo que as exportações, principalmente do café, eram necessárias, para poder haver importações. O presidente Xavier do Amaral não deve ter percebido bem, quando eu lhe contei que, enquanto eu estive ausente em Portugal, tinham importado cerveja estrangeira, com base num decreto que dizia, mais ou menos o seguinte: “que em casos graves de carestia de alimentos para a população, poderia ser importado, livre de direitos, quantidades determinadas do mesmo, num prazo fixo, depois de ouvido o Conselho do Governo.” Penso que não era a cerveja que faria parte da alimentação da maior parte dos timorenses.
E, como me já me adiantei mais do que pensava, fico por aqui.
MAS… haverá mais, assim eu tenha saúde.
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Mangualdense, José Luiz Costa Sousa, Comandante da Polícia Civil da ONU em Timor, à data deste evento e Kay Rala Xanana Gusmão Corriam os anos 2000 e 2001, os acasos da minha vida profissional colocaram-me então em Timor Leste, na função de Comandante da Polícia Internacional da ONU, no âmbito da missão UNTAET, que ali […]
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A 5 de Abril de 1946, Oscar Freire de Vasconcelos Ruas, encarregado do governo, determina após aprovação do Ministro das Colónias, que a capital de Timor seja transferida para Cutulau.
Esta transferência pretendia solucionar a necessidade de resolução dos problemas de saúde que caracterizavam Dili, reconhecidamente insalubre e a situação de ruína em que ficara a cidade depois da ocupação nipónica, para uma região de melhor clima onde se pudesse construir de raiz uma nova capital.
A mudança de localização da capital nunca se viria a realizar, por se terem de imediato mobilizado os recursos e meios para a recuperação das infra-estruturas existentes em Dili, deixando sem sentido a proposta de edificação de uma Nova Dili, remetendo assim este projecto para o esquecimento.
Esta é a segunda tentativa de reconhecimento do local a que se referiam.
Na lista de locais com este nome surgia próxima a Díli a aldeia de Cutulau no vizinho Municipio de Liquiçá, Posto Administrativo de Bazartete.
Em verdade viria a perceber que Nova Dili estava projectada para esta outra Cutulau, mais proxima a Díli, no Posto Administrativo de Laulara, Aileu.
Ruy Cinatti, a Cutulau se referiria na sua obra poética (Para uma corografia emotiva de Timor, 1946-1972)
Cototalu – cidade,
toda a cumeada.
Cidade sonhada
que nunca existiu.
Cotolau – ó ermo
de eucaliptos pretos
de ramadas altas
e crepes de líquenes!
Cotolau – a pedra
da inauguração,
encontrei-a eu,
coberta de musgo.
Cotolau – ó sonho,
por quem estás de luto?
Podem indicar-me
onde é Nova Díli?
Cotolau – deserto.
Fui a Cotolau
e trouxe de lá
braçadas de lírios!
“Nova Díli, o grande sonho do governador Óscar Ruas (1946-50) que nela via a futura cidade residencial, não passou de um sonho assaz custoso em dinheiro e esforço. O fitogeógrafo E. Meijer-Drees, dos Serviços Florestais holandeses, depois indonésios, dizia-me, opondo-se, de certo modo, aos desejos do governador, que, de facto, não se morreria de malária, como em Díli, senão de pneumonia, ou de acidentes de viação. O sítio, por lindo que o seja, não tem condições urbanísticas, por se reduzir quase que exclusivamente a uma faxa e cumeada desprovida de água, e com a base das nuvens baixas descendo a níveis inferiores na época das chuvas. Daí, as pneumonias – clima frio e húmido, que os liquenes denunciam, e também ventoso – e os acidentes de viação – declives muito pronunciados, quase abruptos mesmo, imersos em nevoeiro durante, pelo menos, quatro meses por ano, embora com abertas matutinas.”
(Paisagens Timorenses com vultos, Ruiy Cinatti, Relógio D’Água, 1996)