Categoria: Historia religião teologia filosofia

  • O SOLDADO AÇORIANO EM LA LYS

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    O Soldado Açoriano em La LYS… 102 anos depois:
    “[…] A batalha decorreu numa planície pantanosa banhada pelo Rio Lys e seus afluentes. As forças portuguesas assumiram a disposição de um trapézio, cuja face voltada para o inimigo se estendia por 11 km, e dispuseram-se em três linhas de defesa. Este foi um dos mais sangrentos confrontos em que esteve envolvido o Corpo Expedicionário Português, que aqui teve as seguintes baixas: 1341 mortos, 4626 feridos, 1932 desaparecidos e 7440 prisioneiros. […]”, in Infopédia.
    Apesar dos Açores não terem enviado Batalhões para o Norte de Europa e África (ficamos entregues a nós próprios), contribuímos para o esforço de Guerra ao integrar os batalhões continentais. Destaco o Capitão de Infantaria António de Sousa Coelho, oriundo de Angra do Heroísmo. O seu percurso mostra o ecletismo destes filhos da 1.ª Classe Açoriana: embarcou em Lisboa a 26 de dezembro de 1916 com o 3BAT do RI 5 embora a sua unidade territorial fosse o Regimento de Infantaria n.º 29 (Braga).
    Entre dezembro de 1916 e fevereiro de 1917, tirou o curso de Morteiros Ligeiros de Trincheira na Escola do 1.º Exército inglês e foi nomeado instrutor da Escola de Morteiros (baterias) em 6ABR17. Nomeado comandante da 3.ª Bateria de Morteiros Ligeiros a 30MAI17; Capitão a 2FEV18, sendo colocado no Estado Maior da Arma; nomeado definitivamente comandante da mesma bateria em 10MAR18. Seguiu para Portugal a 6MAR19 no transporte “Helenus”. Tomou parte na Batalha de La Lys.
    Imagem: Soldado desconhecido da Fajão de Cima, I Guerra Mundial.

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  • 1939 açores e a crise da guerra

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    A propósito de crise económica, presente e futura, alguns excertos dos dias imediatamente a seguir à invasão da Polónia a 1 de setembro de 1939… nos Açores! Para quem estava atento às repercussões internacionais desde janeiro de 2020… nada de novo na História. Apenas a falta de planeamento…
    “[…] Em Lajes do Pico, estes cortes já se verificavam desde dois de setembro de 1939, desistindo-se de obras planeadas desde 1937. Nem verba existia para se cumprir com os trâmites legais. Aguardava-se a chegada de dez moios de milho pelo vapor “Carvalho Araújo”, enviados pela Comissão Reguladora dos Cereais no Arquipélago, pelo que a prioridade era o combate à fome. (…) A treze de setembro de 1939, solidarizando-se com a paralisação da indústria do ananás em São Miguel e do turismo na vizinha Madeira, a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo previa que à semelhança de outras crises, migrassem à ilha um grande número de desempregados em demanda de trabalho (…). Em meados de setembro de 1939, o médico do primeiro partido do Nordeste, ilha de São Miguel, retomou tardiamente as suas funções, desculpando-se por não conseguir transporte devido ao estado de guerra. Editais sobre a sementeira da batata demonstram que este estrangulamento às importações era também internacional: a CM de Santa Cruz da Graciosa pediria a lista de preços à Estação Agrária de Angra do Heroísmo “(…) visto não ser possível importa-la do estrangeiro devido ao estado de guerra. […]” in REZENDES, S., “Receios, privações e miséria num ambiente de prevenção armada: ecos da II Guerra Mundial nos Açores”, Caleidoscópio, 2019. Imagem: Idem.

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  • Estrategizando | Breve sintese do golpe militar fascista no Brasil de 1964

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    O Brasil comemora neste 31 de março, o 56° aniversario do golpe de Estado contra o presidente João Goulart, perpetrado pelos  militares e

    Source: Estrategizando | Breve sintese do golpe militar fascista no Brasil de 1964

  • a china e os chineses em 1930

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    A CHINA E OS CHINESES VISTOS POR UM PORTUGUÊS

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    Miguel Castelo Branco

    Os chineses vistos por um português

    “Tendo visitado a China em 1930, António Lopes publicou no Diário da Manhã, Diário de Lisboa, Novidades e Voz de Macau uma série de reportagens sobre o Império do Meio. Texto de claro pendor sinófilo e declarada admiração pelo marechal Chiang Kai Schek, publicado no ano do início da guerra entre a China e o Japão (1937), exalta as qualidades da civilização chinesa e contém impressões sobre Macau, Hong Kong e Cantão”, Miguel CB – Os Portugueses e o Oriente: Sião-China-Japão (1840-1940). Lisboa: BN, 2004.

    1. Ordeiros e trabalhadores
    “São simpáticos os chineses. E entre todos os tipos humanos conhecidos eles são, sem dúvida nenhuma, dos mais merecedores da nossa consideração. Porque são ordeiros, trabalhadores, hábeis, empreendedores, bons chefes de família, económicos e respeitadores das leis e dos contratos. Nem todos os povos possuem tais e tantas qualidades”.

    2. Preconceitos e estereótipos
    “Geralmente, quando se fala dos chineses, vem logo à superfície a pirataria e a corrupção – as piores coisas que se encontram na China – mas raras vezes se lembram as boas qualidades, como se na Europa não existissem ladrões e assassinos, e os bandidos da Calábria; e como se na América não andassem à solta milhares de gangsters e um bom razoável número de Lampiões”.

    3. Gente honrada
    “São honrados os chineses, e homens de palavra, apesar de a pirataria e a corrupção darem por vezes a impressão do contrário. A maior prova dessa honradez está na maneira, única em todo o mundo, como os bancos chineses trabalham com os seus clientes, proporcionando-lhes toda a qualidade de operações bancárias, mesmo empréstimos, sem qualquer documentação, e apenas sob palavra [de honra]”.

    4. O lugar de Portugal
    “Convém acentuar aqui que Portugal não aparece envolvido em nenhum dos graves conflitos com a China nem em nenhum dos grandes negócios que animam a acção dos estrangeiros (…). Tanto no seu próprio interesse, como no interesse da China e do mundo, Portugal deve retomar o seu lugar de outrora, movimentando e criando riqueza, mas, como sempre, sem atentar contra os interesses chineses e sem criar ódios que os outros [britânicos, americanos, etc] têm criado com os seus exageros e as suas violências”.

  • para a história de timor

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    São factos que fazem parte da História de Timor.

    CONTINUANDO…

    Parece provável que o primeiro porto, na ilha de Timor, a lograr as atenções dos Dominicanos, terá sido Mena —que era, àquela data, a sede de um dos mais poderosos reinos, fonte do melhor sândalo e quem controlava a exportação do mesmo. Situado na parte central norte da ilha (Lifau— Oé-Cusse), e onde, por volta de 1590, um tal Frei Belchior da Luz, terá desembarcado, terá sido bem recebido pelo rei (ou rajá) local, e ali terá permanecido cerca de seis meses e construído uma igreja — a primeira, naquela zona. Embora ele não se tenha convertido, ofereceu, ainda assim, uma filha à fé cristã. No entanto, por volta de 1616, dar-se-ia o início da evangelização, ainda muito mais acentuada em 1630, com a chegada de alguns missionários, provenientes de Larantuca (Solor tinha passado, é certo que temporariamente, em 1613, para as mãos holandesas). Ter-se-á devido a Frei Cristovão Rangel o estabelecimento definitivo dos dominicanos, o qual, em 1633, fixou morada no reino do Silabão, no extremo noroeste da província dos Belos. Larantuca era o Porto das Flores centro da governação portuguesa, se bem que nunca se soubesse, ao certo, quem ali governava, de tal modo proliferavam os candidatos à chefia da Capitania, especialmente com a implantação no lugar de dois aventureiros euro-asiáticos, os ‘topasse’ António d’Hornay e Mateus da Costa.
    Contudo, mesmo assim, só alguns anos mais tarde (a partir de Junho de 1641), Mena passou a ser inteiramente cristã, quando um frade dominicano, vigário-geral de Solor — António de São Jacinto — correu em seu socorro, com 70 soldados, devido a uma invasão muçulmana, proveniente de Makassar, nas Celebes. Incursão essa que foi frustrada, não obstante a enormidade dos meios que o invasor possuía, quer em navios (cerca de 150 barcos, à vela, denominados ‘parais’) e em homens (à volta de 7.000), e ainda terem tentado levantar os nativos contra os portugueses, tentativa frustrada, sem sucesso. Conquanto tivesse havido bastante destruição, e o rei tivesse sido morto, a viúva assumira-se como rainha, fugira para o interior, mas o padre dominicano conseguiu contactá-la, conquistar a sua confiança e, tendo ela, ao acabar por regressar ao seu reino, se ter convertido, e o seu povo seguiu-lhe o exemplo.
    Diz-se, não haver qualquer dúvida, que a evangelização deste frade, marca o estabelecimento definitivo da Igreja em Timor. Para além disso, os reinos, ao abraçarem a fé cristã, juravam também lealdade à Coroa de Portugal.
    É também hipótese que, por esta altura, os portugueses começaram a referir-se a Timor como “Ilha de Santa Cruz — nome que não deve ter pegado, como tantos outros que, posteriormente, os portugueses baptizaram várias localidades.
    Porém, em 1642 —no mesmo ano em que caiu Malaca, tomada pelos holandeses, que havia cerca de nove anos a sitiavam —, deve ter sido pela vitória dos portugueses, comandados por Francisco Fernandes (capitão-mor das ilhas atrás referidas, ‘topasse ou topaz’, natural de Solor), sobre o reino de Wehale (ou Uai-Hali), situado na costa sul (onde vivia o imperador dos Belos — então rebelados), numa operação que pode ser considerada como “o primeiro acto da conquista armada de Timor “, o que levou, não só à conversão de numerosos régulos e do seu povo —pois a notícia, da derrota do poderoso potentado dos Belos, espalhou-se rapidamente —como, igualmente, à destruição daquela, até então, entidade política, praticamente unida, quer por relações familiares quer por amplas alianças, de tal modo que quase se poderia considerar um Estado.

    CONTINUAREI…

  • “Quero debate para anular a narrativa oficial dos Açores virgens antes dos portugueses” – Açoriano Oriental

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    Antonieta Costa Investigadora do CITCEM da Universidade do Porto e coautora do livro “A Marca Invisível” fala-nos da investigação que tem desenvolvido na ilha Terceira e da sua tese de que os Açores têm uma história, ainda por contar, anterior à presença portuguesa.

    Source: “Quero debate para anular a narrativa oficial dos Açores virgens antes dos portugueses” – Açoriano Oriental

  • figuras de Macau antigo

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    Lourenço Pereira Marques.

    Lourenço Maria Pereira Marques [1852-1911] é uma figura enigmática na história contemporânea de Macau, mercê da sua trajectória deliberadamente obscura e também estrangeirada.

    Proveniente de uma influente e poderosa família de Macau, Lourenço Marques e os seus nove irmãos nasceram na propriedade onde está a Gruta de Camões, na colina do Patane.

    Como nota insólita, refira-se que todos os dez irmãos faleceram solteiros.

    Os pais, comendador Lourenço Caetano Marques e Maria Ana Josefa Pereira, privaram com a elite intelectual do seu tempo, com Francisco Rondina, o professor régio José Baptista Miranda e Lima ou Montalto de Jesus.

    Amantes da música e da literatura, falavam várias línguas (inglês, alemão, francês e italiano), eram católicos devotos e grandes beneméritos.

    O comendador Lourenço Caetano Marques presidiu ao Leal Senado e foi da sua iniciativa a construção do Monumento da Vitória em 1871, símbolo da espectacular vitória contra os invasores holandeses.

    O filho, Lourenço Pereira Marques estudou no Seminário de S. José de Macau e completou a sua formação em Lisboa, no Colégio de Campolide, uma escola dos jesuítas para as elites onde o ensino das ciências era muito valorizado.

    Ingressa na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, transferindo-se depois para a Universidade de Dublin, graduando-se em 1877 no ‘College of Physicians and Surgeons’ e em 1881 no ‘Royal College of Physicians in Ireland’.

    Fez estágios em hospitais, em Londres e em Paris.

    Em Dublin, foi médico assistente no ‘Mater Misericordiae Hospital’, que continua no mesmo sítio, Eccles Street, famoso na literatura por ser a casa de Leopold Bloom, do Ulisses de James Joyce.

    Devo esta preciosa informação à cortesia de Ronan Kelly, bibliotecário do Royal College of Surgeons in Ireland.

    Adquire a nacionalidade britânica, provavelmente adere à maçonaria e regressa a Macau.

    Como as dificuldades com o reconhecimento das suas habilitações académicas pareciam eternizar-se, decide rumar a Hong Kong, onde será um médico cirurgião bem sucedido e prestigiado, instalando-se no Rednaxela Terrace, a zona predilecta dos portugueses.

    Trabalhou nos hospitais civis da colónia inglesa e dirigiu o Lock Hospital, uma instituição especial, misto de leprosaria e de internamento para militares com doenças venéreas e infecto-contagiosas.

    Foi ainda o médico-chefe da Penitenciária Victoria Gaol e nos navios-prisão do antigo sistema prisional do império colonial britânico.

    Em 1880 publica um ensaio na ‘China Review’ sobre “Louis de Camoens”, marcando a sua posição no âmbito das comemorações do tricentenário da morte do grande épico, que Teófilo Braga liderava em Lisboa.

    Nesse mesmo ano participa na ruidosa polémica teológico-científica sobre o darwinismo que mobilizou as elites portuguesas de Macau e de Hong Kong, publicando a “Defeza do Darwinismo”, onde apresenta as suas ideias:

    “Sustentando a evolução, não é meu desejo ofender os virtuosos missionários católicos desta Colónia e o seu respeitável e digno chefe de quem entretenho subidas considerações. A evolução é a minha filosofia”.

    Dois anos volvidos, em 1882, publica em Hong Kong um grande ensaio, “A Validade do Darwinismo”, dizendo, “esta obra é uma tese de ciência natural”, pedindo à comunidade “uma completa liberdade de discussão e imparcialidade”.

    Um pedido razoável e justo, convenhamos.

    Estas duas obras garantem-lhe um lugar na história do pensamento filosófico português de Macau.

    Nas investigações contemporâneas sobre Hong Kong, sobretudo na história da medicina e na história das ideias políticas emergentes nos circuitos internacionais regionais, muitas conexões vão ter ao nome do cirurgião português de Macau, “Dr. Lorenzo Pereyra Marquez”.

    Foi professor no Hong Kong College of Medicine, em 1891/1892, onde o seu aluno mais conhecido foi Sun Iat Sen, o futuro presidente da República da China.

    Lourenço Pereira Marques torna-se amigo de José Rizal, médico oftalmologista e revolucionário filipino.

    A amizade entre os dois era estreita, tendo José Rizal visitado Macau talvez por sua sugestão.

    Este entregou a Lourenço Pereira Marques duas cartas, escritas em 1892, que só poderiam ser divulgadas e publicadas depois da sua morte.

    Após o fuzilamento de José Rizal, pelas tropas coloniais espanholas, em 1896, Lourenço Pereira Marques cumpriu a sua promessa.

    Essas cartas são consideradas como o testamento político de José Rizal.

    No catálogo da biblioteca de Lourenço Pereira Marques encontramos um livro de José Rizal, “Au Pays des Moines”, provavelmente oferecido e autografado.

    O relacionamento entre estas três personalidades, Sun Iat Sen, José Rizal e Lourenço Pereira Marques, carece de aprofundamento e de uma hermenêutica que valorize os contrastes culturais e a solidariedade política, independentemente da presumível base maçónica comum.

    Lourenço Pereira Marques decide aposentar-se e regressa a Macau, continuando a exercer medicina graciosamente.

    A comunidade portuguesa de Hong Kong mobiliza-se para prestar uma sentida homenagem ao compatriota ilustre.

    Óscar Baptista escreve a Marcha-Polka “Pereira Marques” para piano, integrando o repertório da Sociedade Philarmónica Portuguesa de Hong Kong.

    O Clube Lusitano de Hong Kong organiza uma sessão memorável em homenagem a Lourenço Pereira Marques.

    O emérito historiador de Macau, Monsenhor Manuel Teixeira, acrescenta outra informação valiosa: “Em 2 de Agosto de 1896, por ocasião da sua retirada de Hong Kong, os seus amigos fretaram o vapor ‘Honam’ e acompanharam-no até Macau com uma banda de música, oferecendo-lhe nessa altura uma mensagem num álbum de 73 folhas em pergaminho e com 950 assinaturas”.

    Em 1899 faz uma enorme e generosa oferta de peças etnográficas sobre Macau e a China à Sociedade de Geografia de Lisboa que decide criar a “Sala Lourenço Marques”.

    O governador Eduardo Marques, pela Portaria Nº 231, de 4 de Novembro de 1910, decide criar uma comissão para pensar a criação do Museu Luís de Camões e entre os vogais nomeados encontram-se Camilo Pessanha, Lourenço Pereira Marques, Eduardo Cyrillo Lourenço e Carlos da Rocha Assumpção.

    Lourenço Pereira Marques era comendador da Ordem de Cristo e Oficial da Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.

    Faleceu precocemente com 59 anos, no dia 5 de Março de 1911.

    A prestigiada publicação inglesa, “The British Medical Journal” fez-lhe um grande elogio fúnebre, terminando deste modo: “Dr. Pereira Marques had a high ideal of his profession, and throughout his life showed the most self-sacrificing devotion to duty”.

    Dois meses antes da sua morte fez o testamento onde entre outras providências, faz a doação da sua grande e valiosa biblioteca ao Clube de Macau.

    Esta biblioteca é o retrato perfeito de um erudito discreto e sensível, actualizado com as tendências científicas e com as controvérsias filosóficas e estéticas do seu tempo.

    Para além do respeito e do reconhecimento que este gesto de filantropia e generosidade nos merece, há duas observações que se impõem fazer.

    Em primeiro lugar, ele próprio em 1882 dizia que “é de facto deplorável a falta de uma biblioteca pública em Macau”.

    Em 1911 a biblioteca pública estava sedeada no Liceu de Macau.

    Porquê a opção pelo Clube de Macau?

    Talvez a memória das velhas amizades possa explicar alguma coisa.

    Em segundo lugar, o “Catálogo da Biblioteca do Dr. Lourenço Pereira Marques”, organizado por Joaquim Francisco Xavier Gomes, foi impresso na Tipografia Mercantil de N. T. Fernandes & Filhos, em Macau, no ano de 1924, provavelmente a expensas do Clube de Macau.

    Ao longo das suas 180 páginas, o catálogo divide a biblioteca em 12 secções, onde se arrumam os 4 739 volumes, dois terços dos quais nas línguas francesa e inglesa, privilegiando as áreas científica, filosófica, política e literária.

    Encontramos aí as obras completas de Stuart Mill e de Charles Darwin, o que por si só nos revela o seu posicionamento filosófico.

    Mas também há obras de outros filósofos como, por exemplo, Spencer, Humboldt, Comte, Aristóteles, Feuerbach, Hobbes, Descartes, Rousseau, Renan, Hegel, Maquiavel, Littré, Bakounine, Proudhon, Ruskin ou Huxley.

    Apreciava igualmente Guerra Junqueiro, Bulhão Pato, Sampaio Bruno, Camões, Camilo Castelo Branco, Zola, Dante, Balzac, Dostoiewski, Loti, Vitor Hugo, Yeats, Alexandre Herculano ou Mark Twain.

    O “Historic Macao” de Montalto de Jesus, “O Andaço do Porto” de José Gomes da Silva, o “Guilherme Tell” de Manuel da Silva Mendes ou “Pio IX perante a revolução”, de Francisco Rondina também lá estão.

    Lamenta-se que Lourenço Pereira Marques nada mais tenha escrito do que as publicações anteriormente mencionadas.

    Esta biblioteca sumiu misteriosamente, e é talvez o maior roubo cultural cometido em Macau nos primeiros tempos da república.

    O Catálogo foi publicado treze anos depois da morte do benemérito.

    A Biblioteca desapareceu antes ou depois da publicação do Catálogo em 1924?

    Porque é que o Catálogo não foi publicado em 1911, o ano da doação?

    E que posição tomou a direcção do Clube de Macau?

    O seu nome está na toponímia de Macau e no jazigo de família, no Cemitério de S. Miguel Arcanjo, existe uma estátua sua em tamanho natural.

    António Aresta.
    Jornal Tribuna de Macau, 24 de Julho de 2019.
    https://jtm.com.mo/opiniao/lourenco-pereira-marques/

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  • ANGOLA AS MULHERES DE SAVIMBI

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    ENVOLVERAM-SE COM ELE E ELE AS MATOU!

    Por: Sousa Jamba

    A UNITA, na pessoa do seu presidente, Jonas Malheiro Savimbi (JMS), demonstrou com uma estrutura de poder, marcada por nuances tradicionais e por querelas palacianas, pôde colocar a mulher nas situações mais extremas e caricatas. Para a questão em análise, não se trata de um conflito entre a instituição da família tradicional, assente na poligamia, e a moderna, que postula pela família monogâmica com os valores a si adstritos. Trata-se do uso, do abuso e da coisificação da mulher, em consequência de um poder autocrático que por vezes, e não foram poucas, mostrou ter perdido o controlo da situação.

    As mulheres de Jonas Malheiro Savimbi dividem-se em aquelas que mais amou – e assumiu como “primeira-dama”, mas que também, por razões que se desconhecem mais odiou -, as amantes, que teve filhos com algumas delas, e outras, fruto de relações fortuitas, cujo segredos elas guardam a sete chaves.

    A primeira mulher com a qual JMS teve uma relação aparentemente normal, foi Estela Maungo, (uma sul-africana, pouco falada e quase desconhecida) de cuja relação nasceram Nanike Sakaita (actualmente a viver em Acra com o marido Ganês), Helena Ndumbu Sakaita (que vive em Ile-de-France) e Rosa Chikumbu Malheiro (que reside nos Estados Unidos da América). Destas filhas, a destacar apenas Nanike pelo desentendimento com o pai por discordar do seu relacionamento com Sandra Kalufele.

    Vinona Savimbi foi a primeira mulher assumida por JMS como primeira-dama, sobretudo na véspera da independência e nos anos que se seguiram. Mulher discreta, pouco ou quase nada reza sobe ela.

    O que Vinona Savimbi não previu, na altura, foi o fim que a esperava assim como a utilização, pelo MPLA, dos seus filhos contra o pai. Vinona teve três filhos com JMS, dois dos quais se tornaram famosos pelo facto de o MPLA os ter utilizado para justificar, aos olhos do país e do mundo, a “necessária eliminação física de Jonas Savimbi”. Estes filhos são Araújo Domingos Sakaita, que foi coagido a ir a Luanda, em 1999, a partir de Lomé Togo (vive em Luanda e padece de perturbações mentais) e Anacleto Kajita Ululi Sakaita (vive actualmente em Luanda) que, em 2000, apenas com quinze anos foi obrigado pela Segurança do MPLA (Serviços de Inteligência Externa) a seguir as pegadas do irmão a partir de Abijan. Muito associado aos filhos de Vinona está um outro filho de JMS, Eloi Sassandaly Sakaita.

    Não se sabe ao certo quais foram as divergências entre Vinona e Jonas Malheiro Savimbi embora se suspeite de este ter estado por detrás da sua morte em 1984. As opiniões dividem-se entre os que afirmam que ela se suicidou, os que dizem ter morrido num incêndio que devastou a sua cubata e os que dizem que, acusada de feitiçaria, sucumbira na queima das bruxas, sobre liderança de Savimbi. Talvez chateado com os feitos do pai, Araújo Sakaita havia dito a TPA naltura que “sem Savimbi não haverá guerra em Angola” ou seja a morte do pai era necessária.

    Muito antes da morte de Vinona, já haviam surgido no seio da UNITA alguns sinais de lutas pelo poder, algo legítimo e normal em qualquer organização política não fosse o facto de estas terem tido, pelo meio, problemas de mulheres. Foi o que sucedeu em 1981 quando, pela primeira vez, se falou duma intentona para destituir Jonas Savimbi, cujos cabecilhas eram Valdemar Pires Chindondo, Ornelas Sangumba e Samuel Chiwale. Os contornos dessa acusação viriam, no entanto, a ser questionados pelo facto de, logo após o assassinato de Valdemar Pires Chindondo, a sua esposa Alda Juliana Paulo Sachiambo “Aninhas” e o filho passarem a fazer parte do clã Savimbi. Foi também sintomático o facto de Aninhas ter sido eleita como Presidente da Organização Feminina da UNITA (Lima) em 1984 ano em que morreu Vinona Savimbi.

    Em paralelo com estes acontecimentos, Jonas Malheiro Savimbi afeiçoava-se a uma outra mulher, cujo desfecho foi o mais trágico de sempre e marcou, pela negativa, a história da UNITA e beliscou, como nunca, a sua imagem. E não é de descurar a hipótese de a recusa de JMS a um exílio dourado, também esteja condicionada aos acontecimentos que andaram à volta desta mulher. De nome Ana Paulino, natural de Kachiungo, província do Huambo, era uma jovem elegante, linda e inteligente que através de uma bolsa patrocinada pelos serviços secretos franceses, tirou, em Paris, um curso de Secretariado. Ana era noiva de Tito Chingunji.

    De regresso a Jamba, Jonas Savimbi viria a arrebatá-la da forma mais insensata, desafiadora e altiva. Ao arrepio dos tormentos de Tito Chingunji, JMS converteu Ana Paulino na primeira-dama com a qual passou a ser vista nas capitais da América e da Europa.

    Da relação entre Jonas Savimbi e Ana Paulino nascerem cinco filhos que vivem quase todos na França. Um deles é Dório de Rolão Preto Sakatu Sakaita, com o qual Savimbi nutria uma grande devoção e confidenciou, via satélite, na véspera da sua morte.

    Se Jonas Malheiro Savimbi não teve problemas políticos com os filhos nascidos desta relação, o mesmo não sucedeu com as suas cunhadas, sobrinhas de Ana Paulino Savimbi.

    A primeira foi Raquel Matos, que, aquando da ida de Ana Paulino (tia), à França, Savimbi amigou-se com ela e, mais tarde libertou-a, enviando-a para Londres a fim de fazer um curso superior. Raquel Matos é, nada mais nada menos que Romy, a esposa de Tito Chingunji, que acabaria por morrer com ele, nos anos 90. Pelo sim e pelo não, as peripécias à volta dos familiares de Ana Paulino não terminaram por aí. Savimbi matou o Casal.

    Depois da relação com Raquel Matos, JMS estabelece uma nova relação com outra sobrinha de Ana Paulino, Navimibi Matos, com a qual teve uma filha, Celita Navimibi Sakaita. Navimbi Matos acabaria por morrer em 1981, queimada viva, num dia em que Savimbi dizia que ficaria na história da UNITA como o “Setembro Vermelho”, mas que condicionou sobremaneira a imagem da própria UNITA, ou seja, a queima das bruxas.

    Como não há duas sem três, Jonas Savimbi viria, numa fase em que a idade, o cansaço da guerra, e as frustrações o afectavam, sobretudo as suas faculdades mentais, a atirar-se a uma outra sobrinha de Ana Paulino Savimbi, Sandra Kalufelo (com a qual teve um filho, Muangai), na altura, uma simples adolescente. O mais caricato foi que Jonas Savimbi, algo impensável no passado, chegou a atribuir a Sandra alguns poderes financeiros e mesmo militares. E seria esta Sandra que mais tarde, ao criar uma série de intrigas, acabaria por influenciá-lo na morte da tia, Ana Paulino Savimbi. Recorde-se que esta foi enterrada viva numa toca de animais, logo depois da perda do Bailundo e do Andulo, por JMS também recear que viesse a ser capturada pelas tropas das FAA.

    Outras mulheres não menos importantes para Jonas Malheiro Savimbi foram: Catarina Massanga (Mãe Catarina) que vive actualmente em Luanda no Projecto Nova Vida. De etnia Chokwe, e natural do Moxico, granjeia até ao momento um grande respeito por parte dos membros dessa organização política que a consideram uma mulher de grande dignidade. Catarina Massanga teve um filho com Jonas Savimbi, Rafael Massanga Sakaita Savimbi, nomeado este ano 2013 secretário nacional para a Mobilização Urbana do partido do Galo negro é visto por alguns como uma promessa para a futura liderança política da UNITA.

    Outra mulher é Valentina Seke, provavelmente a menos falada, mas que ficou conhecida por ter estado com Jonas Savimbi no dia da sua morte, ter sido ferida e vista na Televisão subnutrida e aos prantos aquando do funeral do marido.

    Outras mulheres de Jonas Savimbi:

    ESPOSAS:

    a) Catarina Natcheya, é a viúva mais velha de Jonas Savimbi e tem relações de parentesco (irmã) com Toya Chivukuvuku;

    b)Cândida Gato, também irmã de Toya Chivukuvuku, foi esposa de Beto Gato, irmão de Lukamba, que teve de se refugiar nos Estados Unidos da América ao notar a aproximação de JMS à sua esposa. Tem uma filha com Jonas Savimbi e, mesmo depois da morte de Beto Gato, ainda continua a viver nos Estados Unidos da América;

    c) Teresa, a “escurinha”;

    d) Alzira (mestiça de Calulo);

    AMANTES:

    a) Domingas Pedro (irmã do general Kalias Pedro, vive actualmente em Portugal onde está casada com um S. Tomense);

    b) Olinda Kulanda, ex-locutora da Worgan, morreu no Bailundo em 1998, envolta num grande misticismo;

    c) Etelvina Vasconcelos (reside actualmente na Suíça depois de passar pela Costa do Marfim, na qualidade de estudante);

    d) Lúcia Wandy Lutukuta (foi militar da UNITA);

    e) Mizinha Chipongue, trabalhou no protocolo da presidência;

    f) Chica; foi oficial da Brinde com a patente de Major;

    g) Elsa Matias (uma jovem da Jamba);

    h) Kwayela Moreira (mestiça, estudante na Jamba);

    i) Maria Ekulika (funcionária do protocolo, apareceu morta de modo estranho);

    j) Joana (foi morta por ter transmitido a JMS uma doença sexualmente transmissível;

    l) Eunice Sapassa, acusada de feitiçaria, foi morta no processo “Setembro Vermelho” ou “Queima das Bruxas”;

    m) Tina Brito, uma mestiça para quem JMS tinha uma afeição muito grande, mas que acabou por ser morta por fuzilamento por se ter recusado em provocar um aborto. Note-se que JMS não queria filhos mestiços;

    n) Gina Kassanje, morta por ciúmes;

    o) Cândida (morta por ter enviado uma carta de amor interceptada pela Brinde; o) Sessa Puna, ex-esposa de Miguel Nzau Puna. Acabaria por ser morta por ter servido de intermediária entre Cândida e o referido amante,

    p) Aurora (acabaria por ser abandonada depois de ter sobrevivido por na altura, não passar de uma adolescente e ser demasiado bela, a uma acusação de feitiçaria, vive agora em Luanda;

    q) Edna Álvaro (amigou-se com Savimbi, logo após as eleições de 1992 e viveu com JMS no Bailundo e Andulo, do qual teve um filho).

    (Este texto tem 17 anos)
    Autor: Sousa Jamba