Categoria: Historia religião teologia filosofia

  • o legado viking na PÓVIA DE VARZIM

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    O legado mais fascinante deixado pelos vikings em Portugal foi, sem dúvida, a Póvoa de Varzim.

    Os vikings eram guerreiros-marinheiros da Escandinávia que entre o final do século VIII e o século XI pilharam, invadiram e colonizaram as costas da Escandinávia, Europa continental e ilhas Britânicas. Embora sejam conhecidos principalmente como um povo de terror e destruição, eles também fundaram povoados e fizeram comércio pacificamente.

    É o caso da Póvoa de Varzim.

    As siglas poveiras

    Desde há muito que estas siglas fascinam cientistas sociais. As siglas poveiras ou marcas poveiras são uma forma de “proto-escrita primitiva”, tratando-se de um sistema de comunicação visual simples usado na Póvoa de Varzim durante séculos, nas classes piscatórias, outrora a vasta maioria da população.

    Para se escrever usava-se uma navalha e eram escritas sobre madeira, mas também poderiam ser pintadas, por exemplo, em barcos ou em barracos de praia.

     

    Conhecidas como a “escrita poveira”,não formavam um alfabeto, funcionavam como os hieróglifos. Era usada porque muitos pescadores desconheciam o alfabeto latino, tendo as runas assim bastante utilidade. Por exemplo, eram usadas pelos vendedores no seu livro de contabilidade, sendo lidas e reconhecidas como reconhecemos um nome escrito em alfabeto latino. Os valores em dinheiro eram simbolizados por rodelas ou riscos designando vinténs e tostões, respetivamente.

    Elas terão entrado em uso na Póvoa de Varzim devido à colonização viking entre os séculos IX e X, permanecido na comunidade devido à proteção cultural por parte da população. Se compararmos com as bomärken (literalmente marcas de casa) dinamarquesas a semelhança é espetacular:

     

    Herança da marca

    As siglas são brasões de famílias hereditários, transmitidos por herança de pais para filhos, carregadas de simbolismo, onde só os herdeiros as podem usar.

    As siglas eram passadas do pai para o filho mais novo, aos outros filhos eram dadas a mesma sigla mas com traços, chamados de “pique”. Assim, o filho mais velho tem um pique, o segundo dois, e por aí em diante, até ao filho mais novo que não teria nenhum pique, herdando assim o mesmo símbolo que o seu pai.

     

    Na tradição poveira, que ainda perdura, o herdeiro da família é o filho mais novo, tal como na antiga Bretanha e Dinamarca. O filho mais novo é o herdeiro dado que é esperado que tome conta dos seus pais quando estes se tornassem idosos.

    Siglas e religião

    Locais úteis para o estudo das siglas são os templos religiosos localizados não só na cidade e no seu concelho, mas também por todo o noroeste peninsular, em especial no Minho mas também na Galiza (muitos galegos emigraram para a Póvoa).

    Os poveiros, ao longo de gerações, costumavam gravar nas portas das capelas perto de areais ou montes a sua marca como documento de passagem, como se pode verificar, por exemplo, no monte da Santa Trega (Santa Tecla) junto a A Guarda, Espanha. A marca serviria para como que os poveiros que mais tarde a vissem, que passou por ali ou para trazer boa ventura a si mesmos pelo santo que fora venerar.

     

    Originalmente a inscrição estava na porta da capela de Santa Trega. Mas, para ser protegida de danificações, foi levada para o Museu do Povo Galego em Santiago de Compostela. Esta é uma lápide comemorativa, de 28/08/1991.

    Mas há muitas mais pelo Minho fora. Desde Santo Tirso, no Mosteiro de São Bento, a Guimarães e a Esposende. Se estiver curioso, veja aqui: Siglas Poveiras.

    No concelho poveiro propriamente dito, e fora de igrejas ou capelas, estas siglas podem ainda ser encontradas na calçada portuguesa, em placas toponímicas, em barcos piscatórios, bordados tradicionais, em restaurantes, hotéis ou mesmo nas soleiras de casas.

     

     

    O escritor é natural da Póvoa.

     

     

     

     

     

     

    E, a favorita de todas:

     

    É linda não é? Nem sei como esta casa não aparece nas brochuras turísticas.

     

     

    A vinda dos barcos, 1891.

    É o barco típico da Póvoa. Ter-se-á desenvolvido a partir do dracar viking, sem a popa e a ré pronunciadas, e com a adição da vela mediterrânica.

    A lancha poveira outrora familiar nas praias da Póvoa e que chegou até a ser usada no início do século XX no Rio de Janeiro desapareceu praticamente na década de 1950, restando apenas uma embarcação. Barcos que derivam dos barcos poveiros podem ser encontrados da Galiza a Moçambique.

     

     

    Etnia

     

    Representação de um pescador poveiro, 1868.

    Os poveiros, especialmente os do Bairro Sul como qualquer habitante da zona lhe dirá, são uma unidade etnocultural.

    Devido à endogamia recente (até primeira metade do século XX) e um sistema de castas próprio, a comunidade piscatória da Póvoa de Varzim manteve particularidades étnicas. Pescadores poveiros, apoiados pelas teorias científicas do século XIX, acreditavam até que faziam parte de uma raça separada dos restantes portugueses: a Raça Poveira. Este termo é hoje usado mais no sentido de garra, entusiasmo mas é daqui que origina.

    E, os pescadores não estavam completamente errados.

    Dados antropológicos e culturais indicam a colonização de pescadores nórdicos durante o período de repovoamento da costa. Desde o século XIX, devido às diferenças étnicas visíveis em relação às populações circundantes, levantaram-se origens diferentes para a origem da população: suevos, prussianos, teutões (povo originário da Jutlândia – atual Alemanha e Dinamarca), normandos e até mesmo fenícios. No livro RacesofEurope (1939), os poveiros foram consideradas ligeiramente mais loiros do que a média europeia, possuindo grandes rostos de origem desconhecida e queixos robustos.

    Numa pesquisa publicada no jornal O Poveiro (1908), o antropólogo Fonseca Cardoso ressalvou o facto de um elemento antropológico, especialmente o nariz aquilino, ser possivelmente de origem semita-fenícia. Considerou que os poveiros eram o resultado de uma mistura de fenícios, teutões, e, principalmente, normandos.

    Ramalho Ortigão quando escreveu sobre a Póvoa no livro As Praias de Portugal (1876), afirmou que o que lhe capturou mais curiosidade foram os pescadores, uma “raça” especial no litoral português; completamente diferente do tipo mediterrâneo típico de Ovar e Olhão. De acordo com ele, o poveiro é do tipo “saxónico”: “é ruivo, de olhos claros, largos ombros, peito atlético, pernas e braços hercúleos, as feições arredondadas e duras.”

    Pescadores poveiros idosos, finais do século XIX inícios do século XX.

    Polineuropatia amiloidótica familiar ou paramiloidose

    Vou traduzir para que todos percebam: é a conhecidíssima doença do pezinho. Esta é talvez a questão mais interessante, destes pontos todos.

    Muitos portugueses não sabem isto mas, além da doença do pezinho ter sido descoberta na Póvoa de Varzim em 1939, é aqui que tem a maior concentração a nível mundial: 70% dos casos, 1400 doentes. Além de ser extremamente rara, é extremamente localizada.

    A alta prevalência da paramiloidose na região da Póvoa de Varzim sugere que a mutação genética original pudesse ter ocorrido há muitos séculos atrás. A partir daqui espalhou-se para outras cidades dentro e fora de Portugal, Brasil incluído, devido a relações comerciais marítimas e aos descobrimentos portugueses, sendo encontrada, em Portugal, em Esposende, Barcelos, Braga, Lisboa e na colónia poveira de Unhais da Serra. A doença teria seguido a viagem dos pescadores ao longo da costa entre Viana do Castelo e Figueira da Foz.

    Além disso, regista-se a uma presença de renome no norte da Suécia em Pita, Skellefteå e Umeå, onde 1.5% da população é portadora do gene mutado (2.2% na Póvoa). Há outras populações em todo o mundo com a doença, onde terá surgido de forma independente das populações portuguesa e sueca, cujos doentes têm o Haplotipo I. Estamos a falar do Chipre, Japão, França, Itália e Reino Unido.

    No entanto, devido ao seu número reduzido, e o facto de ser no norte da Suécia e na zona da Póvoa de Varzim que adquire maior expressão, a hipótese que a doença possa estar relacionada com a colonização viking na zona da Póvoa de Varzim durante a Idade Média é a mais forte. Corino Andrade, neurologista que descobriu a doença, aponta que os grandes números verificados na Póvoa foram exacerbados pela elevada endogamia lá presente, até há relativamente pouco tempo.

     

    Um esquema sueco sobre a doença dos pezinhos. É assim chamada devido aos primeiros sintomas se manifestarem nos membros inferiores, afetando a capacidade motora.

    Manifesta-se normalmente por volta dos 20/40 anos (pode, no entanto, surgir em idades mais tardias) e apresenta uma evolução rápida, conduzindo o paciente à morte – a sobrevivência de um doente com esta patologia é, em média, de cerca de 10 anos

     

     

     

    —– Fim de mensagem reenviada —–

     

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  • 1647 O BLOQUEIO A NAGASÁQUI

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    O bloqueio de Nagasáqui (1647)
    Quando, em 1580, Portugal ficou sob o domínio de Filipe II de Espanha, o conflito com outras potências europeias tornou-se inevitável.
    De entre os referidos conflitos destaca-se o que teve lugar com a Holanda, que devido à situação conturbada que tinha com Espanha viu a rota comercial das especiarias com Lisboa embargada. Como resposta, este estado atacou as possessões portuguesas no oriente, de onde resultaram as perdas de Malaca, Ceilão, Cochim e Nagasáqui.
    Foram tais acontecimentos que, conjuntamente, com a crescente perda de direitos dos portugueses perante o governo espanhol, conduziram à revolta de 1640 e à restauração da independência.
    Nesta sequência, Portugal ficou numa situação de conflito intensa, na qual combatia, no continente, contra os espanhóis e, nas colónias, contra os holandeses. No que se refere a estes últimos confrontos, os mesmos persistiram devido às ações das companhias comercias, de que é exemplo a VOC e, aos constantes ataques nos territórios ultramarinos, não obstante os esforços diplomáticos para estabelecer a paz com Amesterdão.
    Neste contexto, e ainda durante o período da restauração, D. João IV tenta restabelecer as relações comerciais com o Japão, enviando uma embaixada de dois galeões, o Santo André e o Santo António de Aveiro, liderada por Gonçalo de Serqueira de Sousa.
    Durante a viagem os referidos navios foram obrigados a atracar em Goa para reabastecimento e o vice-rei Filipe de Mascarenhas cedeu o Galeão São João, que havia sido acabado de construir, para a missão, considerando que o seu porte permitiria causar uma impressão superior a que seria obtida pelo Santo André.
    No Japão, os Tokugawa tinham ascendido ao poder e a sua intolerância face ao cristianismo tinha conduzido ao massacre de inúmeros missionários portugueses e espanhóis e ao fomentar de uma boa relação comercial com os holandeses.
    A 26 de Julho de 1647, a embaixada portuguesa chega aos arredores do porto de Nagasáqui onde foi abordada por um navio japonês que indagou de onde eram os navios e qual o se objectivo, ao que lhe foi respondido que se tratava de um embaixador do rei de Portugal que pretendia reatar a amizade antiga entre os dois países.
    Os navios portugueses receberam permissão de entrada no porto, contudo em face da incerteza quanto à recepção pelo imperador, o embaixador português optou por não atracar.
    No dia seguinte, os japoneses retornam ao contacto da embaixada portuguesa com vista a perceber qual o ponto de situação da restauração da independência, tendo recebido a informação solicitada, sem, contudo, darem a perceber se os portugueses seriam recebidos pelo imperador.
    Na manhã seguinte, o episódio repetiu-se, desta feita com uma insistência por parte dos japoneses para que os portugueses acedessem a atracar no porto.
    Num gesto de boa fé, o embaixador português acedeu ao pedido, tendo entrado no porto de Nagasáqui.
    Mais uma vez, os japoneses insistiram na obtenção de informações acerca da restauração e das verdadeiras razões que haviam motivado o envio de uma embaixada, pelo monarca português.
    De igual modo, perguntaram se este tinha conhecimento das execuções de missionários portugueses que tinham acontecido antes da chegada dos navios àquele porto.
    Nesta interação os japoneses solicitaram, ainda, que a carta que havia sido dirigida pelo monarca português ao imperador lhes fosse entregue, solicitação, à qual, o embaixador não acedeu, mantendo-se o impasse.
    Posteriormente os japoneses pediram que os galeões portugueses retirassem a sua artilharia para terra à semelhança do que era o costume seguido pelas embarcações estrangeiras naquele porto.
    Neste cenário, e tendo o embaixador português percebido a verdadeira intenção subjacente ao pedido, e sem hostilidade, respondeu apenas que tal pedido não fazia sentido no caso de embarcações de guerra. Não obstante tal resposta, o mencionado pedido foi repetido mais duas vezes sempre com a mesma resposta.
    Ao mesmo tempo, eram visíveis movimentações militares de tanto os japoneses e holandeses com o objectivo de apreender a embaixada portuguesa no porto e atacá-la.
    Perante isto, a tripulação portuguesa sugeriu ao embaixador que rompesse as fortificações que os japoneses contruíam à volta do porto e retornasse a Portugal, contudo este recusou afirmando que apenas retornaria após obter uma resposta do imperador.
    Esta atitude de persistência parece ter causado nos japoneses um misto de temor e admiração pois apesar de a embaixada portuguesa não cumprir o objectivo principal foi deixada partir, pelo imperador, devido à sua firmeza e resposta correta às sucessivas armadilhas nipónicas.
    Disto reza assim a história que mais uma vez Portugal esteva à altura de um grande desafio mesmo que este não se tratasse de um combate tradicional.
    Imagem: Detalhe da obra “ Barbarians from the south” de Kano Naizen (1570-1616), que representa uma embarcação portuguesa.
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    Quando pensamos em pirâmides, vêm-nos à mente as de Gizé. No entanto, a maior do mundo está escondida dentro de uma colina no México.

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