Categoria: Historia religião teologia filosofia

  • livros envenenados

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    Curiosidades :Livros proibidos e envenenados nos mosteiros medievais
    “É o caso do “Apocalipse do Lorvão” (século XII) cujo pigmento amarelo é feito de suco venenoso, ainda hoje activo. As páginas de outras obras da mesma época estão tingidas com arsénico nas margens, que para quem as desfolhasse levando os lábios à boca significaria sentença de morte. Só os monges cronistas e o geral do mosteiro sabiam desse segredo mortífero. Era uma maneira de “policiar” o saber resguardando-o de eventuais surtidas de leigos e profanos. Esta tradição de envenenar as páginas dos livros mosteirais durou desde meados do século VIII até praticamente ao século XV em toda a Europa, onde Portugal não foi excepção (Lorvão, Coimbra, Alcobaça, etc.).”
    V.M.A.
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  • esculturas religiosas libertinas em espanha e portugal

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    Joao Paulo Esperanca shared a memory.

    «Enormes falos, mulheres exibindo o sexo, masturbações e casais em atos eróticos surgem em muitos monumentos cristãos da Idade Média, tanto em Espanha como em Portugal. Não há consenso sobre a intenção da Igreja por trás destas figurações.
    Mulher que exibe o sexo, capitel do presbitério na Colegiata de San Pedro de Cervatos (Cantábria).
    Como interpretar as figuras eróticas e obscenas nos monumentos católicos de estilo românico? “Há tantas interpretações como pessoas nesta sala”, respondeu uma historiadora de arte num encontro em Palência, Espanha. Em Portugal há pelo menos 90 “figuras luxuriosas” deste período, segundo um estudo de Joaquim Luís Costa publicado no site Medievalista, do Instituto de Estudos Medievais da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade de Lisboa.
    O relato do que foi dito no curso sobre Arte e Sexualidade nos Séculos do Românico, que decorreu no mosteiro de Santa Maria la Real de Aguilar de Campo, no fim de semana passado, surgiu na edição de hoje do El Pais, acompanhado de uma galeria de fotos. Como não existem documentos de então que expliquem a razão de ser de tais esculturas, o debate fica em aberto.
    É na Cantábria, na Colegiata de San Pedro de Cervatos, que se localiza o caso mais conhecido e numeroso de esculturas eróticas em monumentos católicos em Espanha. Há mais exemplos noutras regiões do país, como foi relatado. As tentativas de explicação incluem a hipótese de estas figuras representarem “aquilo que não se deve fazer”. Mas o diretor do centro de estudos da Fundación Santa María la Real refuta essa ideia: “Seria o mesmo que dar revistas pornográficas a um adolescente para lhe dizer ‘olha para isto, que é mau’.”
    Era “uma representação da vida quotidiana”, defende outro professor, enquanto outros perguntam: “Seria um incitamento a procriar, numa fase de grande mortalidade infantil?”
    Homem exibindo o falo, Colegiata de San Martín de Elines (Cantábria).
    José Luis Hernandez Garrido, da Universidade de Zamora, sugere: “Talvez as usassem como antídoto ao mal, uma espécie de para-raios contra o maligno.” Descarta a possibilidade de se tratar de travessuras dos canteiros: “Eram artesãos humildes, não tinham grande poder de decisão nos temas decorativos que vinham do bispo ou do senhor que pagava a obra.”
    Alicia Miguélez, professora da Universidade de Lisboa, onde é subdiretora do Centro de Estudos Medievais, foi uma das intervenientes no curso. Explicou: “Os artistas tinham modelos que copiavam e adaptavam. Eram oficinas itinerantes nas quais normalmente havia um mestre e vários aprendizes que se iam deslocando conforme as encomendas que recebiam.”
    Segundo a historiadora Paloma Moral de Calatrava, da Universidade de Murcia, a Igreja teve de encarar o facto de as freiras e os monges serem entes sexuais. As religiosas que sofriam de “sufocação uterina” devido à abstinência sexual eram autorizadas a masturbar-se ou mesmo a usar um “consolador primitivo”, que devia ser “delicado, feito de salitre, cera e agrião”. Para os homens não havia esta escapatória: “Não pode ministrar o sacramento da Eucaristia alguém que mancha as mãos com sémen, considerado impuro”, segundo a reforma gregoriana do século XII.
    A arte obscena do românico em Portugal
    Joaquim Luís Costa, do Centro de Estudos do Românico e do Território, de Lousada, publicou em 2014 no Medievalista um estudo pormenorizado sobre “Luxúria e iconografia na escultura românica portuguesa”, onde identifica 90 exemplos no território português. Este especialista constata que a maior parte se encontra a norte do Mondego, e especifica: “Devemos reconhecer que a maioria das figurações objeto do presente levantamento foram encontradas na região minhota, levando-nos a concordar com Manuel Luís Real quando refere que nesta região portuguesa existe uma tendência para representar homens e mulheres em atitude libertina.”
    As sereias constituem um terço destas figurações, e o exemplo mais evidente é o do Mosteiro de Travanca (Amarante), “pela diversidade que apresenta sobre as sereias-peixe, com feições femininas, masculinas, de cauda simples ou dupla e aprisionadas a outros seres”.
    E acrescenta: “Figurações de mulheres e homens surgem com relativa frequência. No entanto, a sexualidade explícita não é visível na larga maioria dos casos, sendo uma prática contida. A maioria das representações eróticas são-no através dos significados simbólicos e não da representação plástica dos órgãos sexuais propriamente dita.”
    Ainda assim, nem a Sé de Lisboa escapa a esta coleção, com uma imagem da Prostituta da Babilónia num capitel do portal principal. Homens exibicionistas ou a esconder o sexo, mulheres exibicionista ou a parir, casais ou mesmo falos estão identificados em igrejas, sobretudo no norte do país.»

     

    O sagrado também é obsceno nas igrejas medievais

     

     

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    Rute Siranda

    Acho que os escultores, totalmente anónimos, queriam mesmo gozar com o poder instituído….

     

     

  • José Carlos Malato: “A religião e os religiosos deram cabo da minha vida”

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    “Deus queira que esta Jornada não dê lugar a um novo vale de lágrimas”.

    Source: José Carlos Malato: “A religião e os religiosos deram cabo da minha vida”

  • OS PORTUGUESES NO EXTREMO ORIENTE

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    A propósito da dissertação de mestrado de Rita Bernardes de Carvalho na École Pratique des Hautes Études, de Paris.

    Source: OS PORTUGUESES NO EXTREMO ORIENTE

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    UM BISPO SURPREENDENTE

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    BISPO SUBIU AO PICO

  • evangelhos apócrifos

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    No próximo dia 31 de Julho, encontrarão nas livrarias do Brasil a nova edição dos Evangelhos Apócrifos. O que são estes textos?
    Em primeiro lugar: não confundamos os evangelhos apócrifos cristãos com os textos judaicos do Antigo Testamento chamados «apócrifos» na tradição protestante (os tais que existem na Bíblia católica, mas não na protestante).
    Permitam-me também esclarecer que «apócrifo» não significa «falso» nem «herético». Até porque alguns dos evangelhos contidos nesta nova edição (Evangelho de Tiago, Evangelho de Pseudo-Mateus, Evangelho de Nicodemos e outros) não se desviam da doutrina ortodoxa.
    «Apócrifo» significa «escondido». São textos que, por várias razões, tiveram uma existência escondida. Uns porque, apesar de ortodoxos, foram escritos em época demasiado tardia para poderem entrar no Novo Testamento (é o caso dos evangelhos de Tiago e de Nicodemos – mas também da Narrativa de José de Arimateia, ou da História de José, o Carpinteiro). Outros porque – apesar de antigos e provavelmente da mesma época dos evangelhos canónicos de Mateus, Marcos, Lucas e João – continham aspectos heterodoxos, susceptíveis de ofender a ortodoxia. É o caso dos evangelhos belíssimos de Tomé e de Maria Madalena. Na escala máxima do surpreendente está o fragmento das Grandes Questões de Maria Madalena: trata-se de um parágrafo, apenas; mas é, sem sombra de dúvida, o texto mais chocante alguma vez escrito sobre Jesus Cristo.
    Há uma questão que não podemos perder de vista: antes da despenalização do cristianismo no século IV, havia grupos cristãos de pensamento muito diverso. Todos tinham, no entanto, este denominador comum: a dedicação total a Jesus. O modo como eles entendiam a figura de Cristo – na sua qualidade de pessoa humana e divina, na sua qualidade de Filho de Deus – podia variar; mas a mensagem de Amor que Jesus veio trazer era aquilo que ligava o pensamento de todos estes grupos.
    No entanto, assim que o cristianismo foi despenalizado e o grupo cristão mais próximo do imperador em Roma recebeu a protecção política para perseguir os outros grupos, assistiu-se ao espectáculo tristíssimo de cristãos (até aí perseguidos por pagãos) a perseguir outros cristãos.
    Houve textos (muitos!) que não ficaram a salvo deste programa de censura. Numa carta escrita por altura da Páscoa de 367 e enviada aos cristãos do Egipto, o bispo de Alexandria (chamava-se Atanásio) listou os 27 livros cristãos cuja leitura era permitida: essa lista era constituída pelos 27 livros que compõem o Novo Testamento (de resto, a carta de Atanásio é a primeira explicitação do cânone do Novo Testamento). E Atanásio deixa claro que os cristãos estavam proibidos de ler evangelhos «escondidos»: isto é, apócrifos. Atanásio não refere esses evangelhos individualmente; mas podemos partir do princípio de que seriam aqueles cuja autoria era atribuída a figuras como Tomé, Pedro, Filipe e Maria Madalena.
    Estes textos ficaram desaparecidos durante séculos. Os de Pedro e de Maria Madalena só foram redescobertos no século XIX (mas o de Maria Madalena só foi publicado pela primeira vez em 1955). Os evangelhos de Tomé e de Filipe permaneceram desaparecidos até 1945; foram publicados pela primeira vez em 1959.
    A reacção a estes textos por parte dos ortodoxos católicos do século XX foi de os desvalorizar, com o argumento de que são «tardios» e de que, seja como for, são «heréticos».
    A questão é que não sabemos se alguns (pelo menos) dos apócrifos são tão tardios assim.
    Há estudiosos da história do cristianismo para quem os evangelhos de Pedro e de Tomé são contemporâneos dos evangelhos canónicos (Mateus, Marcos, Lucas, João). Por outro lado, ninguém consegue determinar ao certo a data dos evangelhos canónicos: serão do século I? Do século II? É impossível termos a certeza.
    Quanto ao Evangelho de Maria Madalena, há um consenso entre os estudiosos de que foi escrito no século II. A atribuição a uma mulher é curiosa, mas não sabemos se a podemos tomar à letra. Provavelmente, o texto foi atribuído a Maria Madalena com motivos semelhantes aos que justificaram a atribuição a Paulo de epístolas como Efésios e Colossenses (textos cuja autoria paulina é posta em dúvida já desde o século XIX).
    O que importa, de facto, nos fragmentos que nos chegaram do Evangelho de Maria Madalena é perceber a importância dada a uma mulher, pessoa a quem Jesus confia a sua doutrina. Percebemos também o incómodo que isso causa, no texto, aos discípulos homens. Incómodo que volta sempre à tona ainda hoje, entre católicos, quando se aborda o tema da ordenação de mulheres.
    O primeiro nome da religião fundada em nome de Jesus não foi cristianismo, mas sim «Caminho».
    Isso vê-se nos Actos dos Apóstolos, livro do Novo Testamento que também nos mostra como (logo na primeira geração de cristãos) houve divergências no modo de entender esse Caminho. Vê-se o mesmo na epistolografia de Paulo, onde percebemos quão ao rubro estava a polémica entre os diferentes cristianismos. O cristianismo nasceu e cresceu na diversidade e no debate de ideias. Porém: graças ao imperador Constantino no século IV, um grupo específico de cristãos pôde arrogar-se o lugar da certeza. E obteve do imperador os meios políticos para suprimir a heterodoxia.
    Que alguns textos destes cristianismos alternativos tenham chegado até nós – após quase 1500 anos de ocultação – constitui, à sua maneira, uma espécie de milagre.
    Pois estes textos ainda têm coisas importantíssimas para nos dizer. Levantam questões que ainda hoje preocupam os cristãos. Qual é o lugar da mulher na igreja? O sexo heterossexual sem finalidade procriativa é permissível aos cristãos? É possível conciliar cristianismo com homossexualidade?
    Interessarmo-nos por estes textos não significa que os estejamos a colocar acima dos insubstituíveis (e inultrapassáveis) evangelhos canónicos. Tomé, Filipe, Maria Madalena e Pedro não substituem Mateus, Marcos, Lucas e João. São – isso sim – um complemento valioso. São um eco da diversidade original do cristianismo primitivo. E, por isso, são textos cuja leitura vos proponho como urgente.
    May be an image of 1 person and text that says "EVANGELHOS APÓCRIFOS Gregos e latinos EDIÇÃO BILÍNGUE TRADUZIDA E COMENTADA POR FREDERICO LOURENÇO OMPANHIA DAS LETRAS"

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