Categoria: Historia religião teologia filosofia

  • A história do país esquecido que existiu entre Portugal e Espanha durante 700 anos

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    Durante mais de 700 anos, o Couto Misto deu que falar pelos seus privilégios, pelo seu governo democrático e por ser um refúgio para criminosos.

    Source: A história do país esquecido que existiu entre Portugal e Espanha durante 700 anos

  • mais atual que nunca 1966 Saramago a J R Miguéis

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    O ambiente literário português visto por Saramago, em 1966.
    Mudou alguma coisa?
    «Deixe lá os nossos intelectuais: tirante morder, o mais que fazem, o futuro julgará, e esta porca sociedade do elogio mútuo ou este permanente ajuste de contas de gangs rivais, não merecem mais do que desprezo. Neste triste país, o sage é o homem calado que não quer conhecer ninguém nem quer que o conheçam. Há dias fui ao jantar da entrega do prémio à Isabel da Nóbrega: é de morrer. Tanta impostura, tanta falsidade, tanto esforço para parecer mais inteligente do que o vizinho, e sobretudo mais célebre. E tudo isto sob a capa da modéstia jesuítica, uma capa cheia de buracos de orgulho e inveja. E esta gente é a nata, e esta gente conduz, orienta, dá entrevistas, pontifica, tem opiniões acerca de tudo e de coisa nenhuma. E todos, seja qual for a cor da epiderme, têm um lema- «Hors de l’église (notre église) pas de salut!» E com medo de não nos salvarmos, lá vamos para a sombra do campanário que mais sólido parece, mas sempre com o olho no campanário do vizinho não vá acontecer que a salvação não esteja afinal onde a supúnhamos. Há excepções, claro, há gente digna, sem dúvida, mas a balbúrdia não deixa que as suas vozes se oiçam, e quando através da confusão, do burburinho, se ouve uma voz honesta, responsável, logo a irmandade se faz, logo os campanários afinam os rebates – e enquanto o intruso não se cala, justos céus, é ver quem mais bate.»
    Carta de 20 de Março de 1966 para José Rodrigues Miguéis
  • Pedro Homem de Mello

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    Pedro Homem de Mello
    Pedro da Cunha Pimentel Homem de Mello nasceu no Porto a 6 de setembro de 1904, foi um poeta e professor português.
    Foi distinguido com o Prémio Antero de Quental (1940) e o Prémio Nacional de Poesia (1973). A sua obra poética encontra-se compilada em Poesias Escolhidas (1983). Foi ainda um estudioso do folclore nacional, tendo escrito A Poesia na Dança e nos Cantares do Povo Português (1941) e Danças de Portugal.
    Faleceu no Porto a 5 de março de 1984.
    Povo
    Povo que lavas no rio,
    Que vais às feiras e à tenda,
    Que talhas com teu machado
    As tábuas do meu caixão,
    Pode haver quem te defenda,
    Quem turve o teu ar sadio,
    Quem compre o teu chão sagrado,
    Mas a tua vida, não!
    Meu cravo branco na orelha!
    Minha camélia vermelha!
    Meu verde manjericão!
    Ó natureza vadia!
    Vejo uma fotografia…
    Mas a tua vida, não!
    Fui ter à mesa redonda,
    Bebendo em malga que esconda
    O beijo, de mão em mão…
    Água pura, fruto agreste,
    Fora o vinho que me deste,
    Mas a tua vida, não!
    Procissões de praia e monte,
    Areais, píncaros, passos
    Atrás dos quais os meus vão!
    Que é dos cântaros da fonte?
    Guardo o jeito desses braços…
    Mas a tua vida, não!
    Aromas de urze e de lama!
    Dormi com eles na cama…
    Tive a mesma condição.
    Bruxas e lobas, estrelas!
    Tive o dom de conhecê-las…
    Mas a tua vida, não!
    Subi às frias montanhas,
    Pelas veredas estranhas
    Onde os meus olhos estão.
    Rasguei certo corpo ao meio…
    Vi certa curva em teu seio…
    Mas a tua vida, não!
    Só tu! Só tu és verdade!
    Quando o remorso me invade
    E me leva à confissão…
    Povo! Povo! eu te pertenço.
    Deste-me alturas de incenso,
    Mas a tua vida, não!
    Povo que lavas no rio,
    Que vais às feiras e à tenda,
    Que talhas com teu machado,
    As tábuas do meu caixão,
    Pode haver quem te defenda,
    Quem turve o teu ar sadio,
    Quem compre o teu chão sagrado,
    Mas a tua vida, não!
    Pedro Homem de Mello, in “Miserere”
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  • o golpe pinochet foi há 50 anos

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    Excelente dossiê elaborado por Pedro Caldeira Rodrigues (Lusa) sobre os 50 anos do golpe militar no Chile que pôs termo a três anos do Governo de Unidade Popular dirigido pelo socialista Salvador Allende, com uma prormenorizada cronologia sobre os principais acontecimentos entre a sua tomada de posse em 4 de novembro de 1970 até à designada “pinochetada” de 11 de setembro de 1973, e suas consequências. E, é bom não esquecer, com o apoio empenhadíssimo dos EUA.
    Baseado em “A 50 años de la ignominia”, um trabalho divulgado pelo diário “La Jornada”, da Cidade do México.
    …………………………………………………………………………………..
    «Chile, Chile, solidariedade!», ecoava-se nesses tempos em muitas cidades do mundo.
    Do Governo de Unidade Popular ao golpe militar de Pinochet e suas consequências (1970/1975)
    1970
    Setembro
    4 – Salvador Allende é eleito Presidente. Maioria relativa do candidato da Unidade Popular (UP) com 36% dos votos face a uma direita dividida (35,8% para Jorge Alessandri do conservador Partido Nacional (PN) e 27,9% para Radomiro Tomic do Partido Democrata Cristão (PDC).
    A UP foi anunciada em 1969 na sequência de um documento elaborado pelo Partido Socialista do Chile (PSC) e pelo Partido Comunista do Chile (PCC), incluirá em 1970 o social-liberal Partido Radical (PR) e as formações de esquerda Movimento de Ação Popular Unitário (MAPU), Partido de Esquerda Radical (PIR), Ação Popular Independente (API) e em 1971 a Esquerda Cidadã (IC, socialistas cristãos).
    15 – O Presidente dos EUA Richard Nixon ordena à CIA para evitar a investidura do novo Presidente do Chile.
    Outubro
    22 – Terceira tentativa de rapto, com apoio logístico da CIA, e assassinato no local do chefe de estado-maior das Forças Armadas do Chile, general René Schneider, um “legalista” que recusou impedir a tomada de posse de Allende.
    24 – O Congresso ratifica a eleição de Allende após negociações da UP com o PDC sobre as “garantias democráticas”.
    Novembro
    4 – Salvador Allende sucede a Eduardo Frei (PDC) como Presidente da República e lidera um Governo da UP com a missão de encaminhar o país para o socialismo no respeito pelas instituições em vigor. O Executivo integra quatro socialistas, três comunistas, um do MAPU, três do PR e da API, entre outros.
    12 – O Chile estabelece relações diplomáticas com Cuba.
    Dezembro
    Primeiras expropriações das grandes propriedades, num prosseguimento e intensificação da reforma agrária iniciada pelo ex-presidente Eduardo Frei. Nacionalizações de empresas estrangeiras (com indemnização) e controlo pelo Estado dos grandes setores da economia.
    31 – Amnistia para os militantes detidos do Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR, comunista e guevarista).
    1971
    Primeiro semestre
    O bloqueio dos preços, controlo da inflação, relançamento a produção pelo crédito às pequenas e médias empresas tornam o primeiro ano o Governo da UP num período de euforia. O PIB aumenta (8,3%), a par da produção industrial e do consumo, o desemprego recua. Duplicação os salários mais baixos, mobilizações populares em todo o país (movimento de expropriação por iniciativa dos camponeses que se antecipam à reforma agrária, ocupação de fábricas têxteis no sul, entre outras ações).
    Janeiro
    Início das relações diplomáticas com a China.
    Março
    4 – A UP garante 50,86% dos votos nas eleições municipais.
    Junho
    8 – Edmundo Pérez Zujovic, antigo vice-presidente e ministro democrata-cristão é assassinado por um grupo de extrema-esquerda, Vanguardia Organizada del Pueblo. O assassinato é condenado por todos os partidos políticos; o PDC exige ao Governo o desarmamento dos grupos extremistas.
    11- Legislação sobre a nacionalização das minas de cobre, um recurso decisivo do país, e de diversos bancos. Previstas indemnizações para os proprietários norte-americanos das minas.
    Julho
    Sabotagem económica da direita. Redução em 50% do preço do cobre. Primeiros sinais de penúrias alimentares e outras.
    11 – Nacionalização das minas de cobre, principal recurso do país, após a instauração do monopólio do Estado sobre a sua comercialização.
    Agosto
    13 – Os Estados Unidos cortam diversas linhas de crédito.
    16 – 50.000 pessoas manifestam-se em Santiago no funeral de um dirigente do MIR.
    11 – O Governo reverte a decisão e anuncia que as empresas norte-americanas de exploração de cobre não serão indemnizadas devido aos “lucros excessivos” que garantiram. Os Estados Unidos ameaçam suspender a ajuda económica ao Chile e adotam medidas para asfixiar a economia chilena.
    Outubro
    21 – O poeta e diplomata chileno Pablo Neruda é galardoado com o Nobel da Literatura.
    Novembro
    10 – Visita oficial de Fidel Castro, que se prolonga até 04 de dezembro, fortemente criticada pelos partidos de direita.
    Dezembro
    Oposição de direita endurece a contestação às políticas da UP, mas ainda no âmbito do quadro institucional. Crescente hostilidade política e ideológica de setores a população que se opõem ao Governo, com a adesão das designadas classes médias. As ações vão ser progressivamente conduzidas à margem de qualquer legalidade.
    1 e 2 – Primeira manifestação dos “tachos vazios” (‘Cacerolazo’) organizada pela direita e enquadradas pelo movimento de extrema-direita Patria y Libertad, financiado inicialmente pela CIA. As mulheres dos bairros mais privilegiados protestam contra a penúria alimentar e a presença de Fidel Castro no país. A manifestação é severamente reprimida.
    Após incidentes violentos entre grupos de extrema-direita e extrema-esquerda, é decretado o estado de emergência na capital.
    9 – Suspensão da convertibilidade da moeda e das operações de divisas. A dívida externa ultrapassa os três mil milhões de dólares.
    22 – O Congresso adota uma reforma constitucional que prevê as medidas de nacionalizações que deverão ser votadas no Parlamento. Em caso de oposição, o Presidente pode convocar um referendo.
    24 – O PDC inicia uma acusação no Parlamento contra o ministro do Interior José Tohá, para obter a sua destituição.
    1972
    Primeiro semestre
    Augusto Pinochet designado em janeiro chefe de estado-maior do Exército. Face à mobilização das forças das direitas e por receio de enfraquecimento da base social da UP, o Partido Comunista do Chile (PCC), liderado por Luis Corvalán, lança a palavra de ordem “estabilizar para avançar”.
    Março
    21– O jornalista norte-americano J. Anderson revela que a multinacional International Telephone & Telegraph (ITT) e a CIA conspiram contra o Governo de Unidade Popular.
    Abril
    4- Resolução da direção da indústria e do comércio sobre a criação das Juntas de Abastecimiento y Control de Precios (JAP), efetivos comités populares.
    11 – Manifestação da direita em Santiago junta 200.000 pessoas, de novo enquadradas pelas milícias do Patria y Libertad. Vão surgindo outros grupos fascizantes.
    18 – A UP responde e mobiliza 400.000 pessoas no mesmo local, mas está dividida: à linha reformista e legalista opõe-se uma linha contestatária, dirigia pelo MIR e grupos de extrema-esquerda. O Partido Socialista, seu principal componente, também está agitado por várias correntes. Em maio, a linha de Salvador Allende impõe-se à mais radical de Carlos Altamirano, secretário-geral do partido.
    Junho
    A UP inicia negociações com a Democracia Cristã sobre a delimitação dos três setores da economia (privado, misto e nacionalizado).
    29 – O PDC rompe as negociações.
    Julho
    Resposta da esquerda do PS e da esquerda radical, em particular do MIR, sob o lema “Avançar sem transigir”. Multiplica-se o apoio às experiências de duplo poder. Nas províncias do sul do Chile, onde predominam os indígenas Mapuches, são ocupadas as grandes propriedades, geridas por comités de camponeses federados regionalmente. Reunião das assembleias populares em Concepción (centro do país) com representação de todas as organizações da UP, à exceção do PCC. O MIR participa.
    25 – 500.000 pessoas manifestam-se em Santiago para “esmagar o fascismo”.
    Agosto
    21 e 22 – Início de uma greve de comerciantes com manifestações de rua.
    Outubro
    Polarização política: ofensiva da direita com a multiplicação dos atos de agressão, sabotagem, e uma greve geral dos pequenos patrões do transporte rodoviário, comerciantes e parte das profissões liberais.
    A crise de outubro origina em resposta uma mobilização sem precedentes dos trabalhadores sob a forma de organizações de democracia operária: ocupações de empresas, formação de grupos unitários de autodefesa. Os trabalhadores controlam as juntas para o abastecimento e controlo dos preços (JAP). Coordenação entre as empresas ocupadas numa mesma zona industrial (cordões industriais) e formação de organizações populares de bairros (comandos comunais).
    10 – Greve geral ilimitada convocada pela Confederação nacional dos transportes, apoiada pelo PDC. O objetivo da oposição consiste em desorganizar a produção e a distribuição. A greve generaliza-se e conduz a violentos confrontos. O movimento revela-se um fracasso, mas o conflito bloqueia o país.
    30 – A oposição desencadeia um processo acusatório constitucional contra quatro ministros.
    Novembro
    3 – Num “gesto de apaziguamento”, a UP admite no Governo três generais e dirigentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT). O general Carlos Prats, comandante em chefe das Forças Armadas, assume a pasta do Interior.
    6 – Fim da greve dos transportes.
    1973
    Primeiro semestre
    Agravam-se as fraturas à esquerda durante a campanha eleitoral para as legislativas de 04 de março, entre os defensores de um diálogo com a oposição ou o reforço das nacionalizações das fábricas ocupadas e a planificação da distribuição.
    Março
    04 – A Confederação da Democracia, coligação da oposição liderada pelo PN e PDC vence as eleições (54,18%), elege 87 dos 150 deputados mas falha a maioria de dois terços que lhe permitiria demitir o Presidente. Apesar do recuo face às municipais a UP garante 63 lugares (43,28%).
    28 – Os militares abandonam do Governo.
    Maio
    Greve dos funcionários e quadros (engenheiros) nas minas de cobre de El Teniente, apoiada pela direita, agrava a crise política.
    Junho
    20 – O Senado destitui dois ministros.
    21 – Greve geral após um apelo da UP contra a reação e o fascismo. 600.000 manifestam-se em Santiago do Chile, a capital.
    27 – Tentativa de assassinato do general Carlos Prats, militar constitucionalista e legalista. Proclamação do estado de emergência devido ao clima e violência no país.
    29 – Sublevação do regimento de blindados nº 2 em Santiago. Tentativa de golpe de Estado (‘Tanquetazo’). Uma coluna de tanques ataca o palácio presidencial de La Moneda mas é reprimida pelo general Prats e as forças armadas legalistas. Allende pede aos trabalhadores para se defenderem “com o que têm”. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) apela à ocupação das fábricas. Os combates prolongam-se por três horas. Allende pede ao Parlamento poderes extraordinários, que lhe são negados.
    Julho
    3 – Fim da greve em El Teniente, com elevadas perdas económicas.
    16 – Patria y Libertad anuncia a decisão de entrar na clandestinidade para derrubar o Governo de Allende.
    25 – Num cenário de grave crise económica, nova greve dos camionistas, seguida por uma paralisação dos taxistas. Entre 1971 e 1973 a inflação dispara de 22% para 600%.
    27 – Assassinato pelo Patria y Libertad do capitão Arturo Araya, chefe da Casa militar de Salvador Allende. No mesmo dia, nova greve dos camionistas financiada pela CIA e que paralisa o país.
    Agosto
    Diálogo UP-PDC para pôr termo à crise. Os democratas-cristãos colocam condições muito severas. Multiplicação dos atentados do grupo paramilitar fascista Pátria e Liberdade: destruição de linhas de alta tensão e de reservas de água potável, assassinato de quadros da UP e de militantes de esquerda, assalto e saque de sedes partidárias.
    9 – Novo Governo com os comandantes dos três ramos as Forças Armadas.
    18-27 – Os generais demitem-se do Governo. Multiplicação dos atentados de extrema-direita, rusgas militares a fábricas, sedes partidárias, sindicatos, em busca de armas e em conformidade com uma lei votada pelo Parlamento. Marinheiros que tinham alertado sobre preparativos de um golpe são presos e torturados.
    22 – O Parlamento vota uma moção de censura contra o Governo pela sua gestão das greves dos camionistas.
    23 – Demissão do general Prats de ministro do Interior e de comandante em chefe das Forças Armadas, considerado a principal referência dos “constitucionalistas” no campo militar. É substituído pelo general Augusto Pinochet Ugarte. Queda do Governo que Allende tinha designado como “o gabinete da última hipótese”.
    28 – Novo Governo com quatro militares.
    Setembro
    4/5 – 700.000 pessoas desfilam em Santiago pelo terceiro aniversário da UP.
    5 – Manifestação de mulheres pela demissão de Allende.
    7 – Allende procura renovar o diálogo com o PDC. Para tentar ultrapassar o impasse político, Allende prepara para 11 de setembro um referendo sobre a reforma constitucional.
    8 – Reunião secreta de todos os partidos da UP e do MIR, em torno da integração do PDC no Governo sob as suas condições (regresso da ordem), provoca um aceso debate e posições divergentes, com Allende a tentar uma conciliação. A decisão final deveria ser tomada em 11 de setembro.
    10 – Allende apela a um referendo.
    11 – Golpe de estado militar. Às primeiras horas do dia, a Marinha investe sobre a cidade de Valparaíso, onde na véspera decorreram os preparativos do golpe. O general Pinochet lança o assalto a Santiago.
    Allende recusa negociar com os militares e morre em La Moneda, cercada e bombardeada pela aviação, mas antes consegue emitir uma mensagem via rádio: “Não vou renunciar. Pagarei com a minha vida a lealdade do povo. Serão estas as minhas últimas palavras e tenho a certeza que o meu sacrifício não será em vão. Tenho a certeza que, pelo menos, darei uma lição moral que castigará a infâmia, a cobardia e a traição”.
    Uma junta militar dirigida pelos chefes dos quatro ramos exerce o poder supremo. Proclama o fim do Governo e exige a rendição dos principais dirigentes da UP. Dissolve o Congresso nacional e assume o poder legislativo. É declarado o “estado de guerra interna” e instaurado o recolher obrigatório. A liberdade de imprensa é suprimida e instaurada a censura.
    Pinochet assume a chefia a junta após eliminar alguns oficiais em desacordo. Desencadeada uma sangrenta repressão em todo o país e instaurado um regime ultraliberal na área económica. Os números oficiais da repressão chilena apontam para 3.197 vítimas de desaparecimentos ou execuções e 28.461 vítimas de tortura. Diversos historiadores e organizações de direitos humanos referem-se de 200.000 a 300.000 pessoas presas e torturadas.
    12 – Abertura do Estádio Nacional em Santiago como centro de detenção em massa. Cerca de 7.000 pessoas são detidas, muitas serão torturadas e mortas.
    13 – Neste dia e seguintes a Constituição é suspensa, os partidos políticos são declarados ilegais e os seus bens confiscados, os sindicatos suprimidos, os registos eleitorais destruídos.
    15 – O cantor e compositor Victor Jara, detido em 11 de setembro e detido no Estádio Nacional, é torturado durante quatro dias, dedos partidos e língua cortada, antes de ser executado.
    Nas semanas que se seguem ao golpe, são abertos centros de detenção locais por todo o país (Vila Grimaldi e Colonia Dignidad). A repressão abate-se de forma sistemática sobre dirigentes, membros e simpatizantes dos partidos e sindicatos de esquerda que tinham participado ou apoiado o Governo de Unidade Popular. A UP não está preparada para enfrentar o golpe, apenas alguns cordões (bairros populares) se batem até ao fim. A oposição ao novo regime é esmagada.
    23 – Morte de Pablo Neruda em Santiago, com as recentes investigações a indicar que foi envenenado. O seu funeral, com presença de forças militares, foi a primeira manifestação de protesto contra o terror instalado.
    Outubro
    O general Sérgio Arrelano Stark efetua uma ronda pelos campos militares e impõe uma série e execuções sumárias, no que ficou designado de “caravana da morte”.
    Novembro
    9 – A VI esquadra dos Estados Unidos é vista nas costas do Chile.
    1974
    Junho
    1 – Criação oficial da Dirección de Inteligencia Nacional (Direção Nacional de Informação, DINA), a polícia política da ditadura. Sob o pretexto de manter a segurança no país, tem por objetivo a eliminação dos militantes de esquerda, e de toda a oposição em geral. Administra centros de detenção e de tortura clandestinos. O seu chefe, Manuel Contreras Sepúlveda, é colocado diretamente sob as ordens do general Pinochet. Entre 1974 e 1977, a DINA fará reinar o terror sobre a sociedade chilena.
    Junho
    20 – Por decreto, Pinochet torna-se “Chefe supremo da nação”.
    Setembro
    30 – O general Prats e sua mulher são assassinados em Buenos Aires por agentes da DINA.
    Outubro
    5 – Miguel Enríquez, fundador e dirigente do MIR, na clandestinidade desde o 11 de setembro de 1973, é morto durante uma operação da DINA num bairro pobre de Santiago.
    Dezembro
    17 – Pinochet designa-se a si próprio chefe de Estado, concentrando todo o poder executivo, enquanto a junta detém o poder legislativo.
    Em termos de liberalismo económico, as conceções da junta são inspiradas pelos “Chicago boys”, um grupo e economistas formados na universidade de Chicago sob influência das teorias neoclássicas de Friedrich von Hayek e Milton Friedman. A política económica baseia-se no conceito de que o Estado deve perder inteiramente a função preponderante que tinha assumido, com as atividades económicas a serem reguladas pelo mercado. Em pouco anos a economia do Chile será profundamente restruturada.
    1975
    25 de Novembro
    Início da Operación Cóndor (Operação Condor), sistema generalizado de repressão e de terror que passa a ser aplicado no cone sul da América Latina e que reagrupará seis ditaduras militares: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai. Os seus objetivos consistem na recolha de informações sobre as organizações “esquerdistas”, erradicação das ideias e influência comunistas e eliminação dos opositores políticos. Os Estados Unidos fornecem ajuda técnica e financeira à rede, pelo menos até 1978. No Chile a DINA envolve-se diretamente na Operação Condor e será responsável por numerosos desaparecimentos, assassinatos ou tentativa de assassinato de opositores.
    ……………………………………………………………………………………………
    La Jornada - A 50 años de la ignominia
    JORNADA.COM.MX
    La Jornada – A 50 años de la ignominia
    La Jornada – A 50 años de la ignominia
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    Artur Arêde

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    José Mário Costa

    Vale a pena (re)ver-se esta reportagem de António Louçã sobre o Golpe de Estado de 1973 no Chile, que derrubou Salvador Allende e colocou no poder Augusto Pinochet, emitida na RTP1, em 24/03/200.
    ARQUIVOS.RTP.PT
    1973 – Golpe Pinochet

    1973 – Golpe Pinochet

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  • RETIROS E EXORCISMOS ILEGAIS

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    A Diocese de Leiria-Fátima divulgou uma nota informativa sobre os retiros de «Cura e Libertação» propostos por um alegado seminarista, Francisco Marques (foto), e por Salvatore Micalef, que se intitula exorcista do Vaticano.
    O documento, enviado à Agência ECCLESIA, esclarece que “o jovem Francisco Marques não é seminarista em nenhum seminário, nem de Portugal nem da diocese de Roma” e que “as fotografias em que aparece ao lado Papa, além de antigas, resultam de encontros acidentais com o Santo Padre, em audiências gerais, e não podem servir para credibilizar uma atividade que não está em comunhão com a Igreja”.
    Em relação a Salvatore Micalef, “tendo sido ordenado padre e bispo sem o mandato do Santo Padre, não está em comunhão com a Sé Apostólica”, lê-se no comunicado.
    A Diocese de Leiria-Fátima esclarece ainda que “nada tem a ver com a organização destes encontros, dos quais nunca teve conhecimento oficial” e que são realizados mensalmente num hotel em Fátima.
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    Jorge Máximo Heitor

    Programa surrealista de um “retiro” anunciado para o hotel Centenário, em Fátima: Sábado 23 Setembro
    09:00h Oração e Louvor.
    -Apresentação do Livro Exorcizando o Demónio.(Sr. Bispo).
    -Proveniência dos problemas espirituais e como obter a libertação. Demonologia. (Francisco).
    12:30h Intervalo de Almoço
    14:00h Adoração Eucarística com oração de cura e libertação. Imposição de mãos a todos os participantes.
    Eucaristia
    Sorteio de presentes
    Benção de água, sal, azeite, objetos religiosos
    21:00h – 23:00h Adoração Eucarística com atendimento pessoal do Sr. Bispo e do Francisco.
    Domingo 24 Setembro
    09:00h Oração e Louvor
    -Testemunho de um Bispo Exorcista. (Sr. Bispo).
    -Incompatibilidade das terapias New Age com o Cristianismo. (Francisco).
    Eucaristia
    12:30h Intervalo de Almoço
    14:00h Benção da água, sal, azeite, objetos religiosos
    Sorteio de presentes
    Adoração Eucarística com oração de cura e libertação. Efusão do Espírito Santo com imposição de mãos a todos os participantes.

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  • o ex-padre octogenário acusado de crimes de burla qualificada, usurpação de funções, violação agravada e coação sexual,

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    MP acusa ex-padre de Murça dos crimes de de violação e usurpação de funções
    Murça, Vila Real, 08 set 2023 (Lusa) – O Ministério Público (MP) acusa um ex-padre octogenário de Murça, distrito de Vila Real, da prática dos crimes de burla qualificada, usurpação de funções, violação agravada e coação sexual, foi hoje divulgado.
    O despacho, divulgado no sítio ‘online’ da Procuradoria-Geral Regional do Porto (PGRP), refere que o MP de Vila Real deduziu acusação contra um arguido imputando-lhe, em concurso real, a prática de um crime de burla qualificada, de um crime de usurpação de funções na forma continuada, de um crime de violação agravada e de um crime de coação sexual.
    O Ministério Público considera como indiciado que o octogenário, após ter sido expulso como sacerdote da Igreja Católica, desde meados de 1979 e até 24 dezembro de 2021, continuou a apresentar-se e a vestir, quer no seu dia-a-dia quer nas consultas que dava, como “padre” e como “padre exorcista” pertencente à Igreja Católica.
    “Com efeito, no âmbito da sua atividade de padre exorcista o arguido recebia clientes que acreditavam que o arguido era padre e dos quais recebia contrapartidas financeiras”, refere ainda o despacho.
    O MP considera “suficientemente indicado” que o arguido, no âmbito da atividade de exorcista, aconselhamento e orientação espiritual, recebeu, no mês de dezembro de 2021, no consultório da sua habitação, localizada no concelho de Murça, duas vítimas que ali se deslocaram acreditando que arguido era padre da Igreja católica.
    Numa dessas consultas, a acusação diz que o antigo padre se terá aproveitado da situação de “especial vulnerabilidade” de uma das mulheres, em consequência de uma depressão que sofria e do estado emocional e psicológico em que se encontrava.
    “E após a colocar num estado, como que de inconsciência, retirando-lhe desse modo toda a capacidade de reação, contra a sua vontade e sem o seu consentimento, o arguido praticou com vítima atos sexuais”, acrescenta o MP.
    Relativamente à outra mulher, e numa ocasião diferente no mesmo mês de dezembro, o arguido, de acordo com a acusação, “constrangeu-a a suportar contactos forçados no seu corpo”.
    O Ministério Público requereu ainda a declaração de perda a favor do Estado da quantia de 660 euros relativamente à vantagem patrimonial obtida pelo arguido.
    O despacho data de 18 de julho e foi divulgado hoje.
    O antigo padre foi detido a 24 de dezembro de 2021 pela Polícia Judiciária pelo crime de violação de uma mulher de 47 anos e, depois de presente a tribunal, ficou em prisão preventiva, tendo sido libertado em abril de 2022.
    PLI // MSP
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  • 1847 «Étude historique et géographique sur l’archipel des Açores»

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    Charles Pigeard (1818-1885) foi oficial da marinha francesa. Chegou a «Lieutenant de vaisseau» em 1846, capitaine de frégate em 1855 e a capitaine de vaisseau em 1861. Enter 1863 e 1864 foi adido militar na Embaixada França em Londres. Foi cavaleiro (1844), oficial (1857) e comandante (1866) da Légion d’Honneur. Foi autor de «diversos trabalhos hidrográficos e de numerosas publicações sobre a marinha e as colónias». Ver https://bit.ly/3P7fZe9.
    Em 1879 publica o segundo tomo de uma compilação de trabalhos seus intitulada «Mélanges» e que inclui, entre eles, o «Étude historique et géographique sur l’archipel des Açores», elaborado originalmente em 1847, pequena obra bem feita e que revela bem a admiração com que ficou pelos Açores e pelos açorianos.
    Transcrição (quase) completa:
    «Troisième Partie
    Étude historique & Géographique sur l’Archipel des Açores (1847)
    Appelé à passer plusieurs mois aux îles Açores, en 1846 et 1847, nous avons consacré nos loisirs à réunir, par l’intermédiaire de quelques personnes obligeantes, les documents les plus récents sur l’histoire et sur la géographie de cet archipel. Excepté les ouvrages de Cordeiro et de Gaspar Fructuoso, publiés tous deux au XVIIe siècle, nous n’avions pour nous aider dans ce travail, d’autres documents écrits que des fragments incomplets et contradictoires, qu’il eut été imprudent de consulter aveuglément, parce qu’ils portaient tous un caractère plus ou moins frappant d’ignorance ou de partialité. Nous avons, pour cette raison, tenu à n’employer, comme bases de cette étude, que des renseignements soigneusement contrôlés, aimant mieux la restreindre à de moindres proportions, en restant exact, que de l’étendre aux dépens de la vérité.
    I – Exposé général
    Les neuf îles de Sainte-Marie, Saint-Michel, Tercère, Saint-Georges, Gracieuse, le Pic, Payai, Flores et Corvo, qui composent l’archipel des Açores, sont comprises entre les 37° et 40° degrés de latitude septentrionale, et les 27° et 33° degrés de longitude occidentale; elles doivent probablement leur nom au grand nombre d’oiseaux du nom d’açor (autour), que les premiers navigateurs rencontrèrent sur leurs rivages, à l’époque de la découverte, et que l’on y aperçoit encore aujourd’hui. Leur formation a donné lieu à tant de controverses parmi les géologues, qu’il ne nous appartient guère de hasarder des idées personnelles à ce sujet. Nous nous bornerons à consigner ici les quelques traditions courantes, en laissant aux hommes spéciaux le soin d’adopter, en dernière analyse, l’opinion qui mérite la préférence. Selon quelques auteurs modernes, les Açores seraient les débris de la fameuse île Atlantide, à laquelle Aristote, Strabon, Platon, Diodore de Sicile, etc., assignaient les dimensions d’un continent dans une antiquité reculée, et qu’ils disaient avoir été submergée dans une grande convulsion du globe. Ces assertions, bien qu’admissibles à quelques égards, rencontrent aujourd’hui peu de croyance et sont, à tort ou à raison, reléguées par le plus grand nombre, dans le domaine des rêveries.
    Hadson, Patrin, Leibnitz et quelques autres pensent qu’elles sont les cimes de montagnes primitives de la terre, dont la chaîne aurait uni les Cordillères du nouveau monde aux Alpes de l’ancien. Les raisons invoquées à l’appui de cette opinion par le docte Gaspard Fructuoso, dont les travaux sont recommandables à tant d’autres titres, ne se discutent pas. Il prétend que si les Açores n’avaient pas dans le principe été liées au continent de l’Europe, elles seraient forcément aujourd’hui suspendues entre l’air et l’eau, et ne pourraient s’y maintenir; il ajoute, à l’appui de ce système, qu’en faisant route de l’archipel au Portugal, les navigateurs vont toujours reconnaître la roche de Cintra (1), parce que chaque partie tend naturellement vers son tout. Nous ne nous arrêterons pas à réfuter de semblables arguments ; il faut les mettre au rang de celui de Galilée, expliquant l’ascension de l’eau dans un corps de pompe par l’horreur que la nature a du vide.
    (1) Roche de Cintra, sur la côte de Portugal.
    Cook, Swedenbourg et Goulard pensent, avec plus d’apparence de raison, que les Açores sont le produit de convulsions volcaniques sous-marines. Depuis leur découverte, en effet, des îlots s’y sont élevés spontanément à diverses époques, pour disparaître plus ou moins longtemps après ; des cratères s’y sont formés et éteints, d’autres sont encore en ignition sur quelques montagnes; partout, en un mot, le géologue y rencontre les traces d’une grande activité volcanique. Il faut ajouter, cependant, que cette théorie est démentie, sur quelques points de l’archipel, par la présence de la pierre calcaire.
    Nous ne pousserons pas plus loin l’énumération des systèmes édifiés à ce sujet. Tous laissent quelque chose à désirer, comme on le voit, et comme on s’en convaincra davantage dans la suite de cette notice.
    La découverte des Açores paraît remonter au commencement du XVe siècle. Selon le Père Cordeiro, l’infant don Pedro de Portugal rapporta, en 1428, d’un voyage qu’il fit dans les divers Etats de l’Europe, une carte sur laquelle se trouvaient indiqués les contours connus du globe, et entre autres points remarquables, le détroit de Magellan, le cap de Bonne-Espérance, les côtes d’Afrique et des terres vagues dans l’ouest. C’était, on le sait, dès le XIIIe siècle, une croyance populaire qu’il existait à l’occident de l’Europe une grande région que les géographes, sans pouvoir en indiquer la forme, ni les dimensions, nommaient Antilia. Les esprits, avides de merveilleux, rêvaient avec ténacité la découverte de cette terre imaginaire, qu’ils se représentaient abondante en toute sorte de richesses, et, par leur persistance dans une heureuse erreur, contribuaieint à hâter la connaissance de la vérité.
    Quoi qu’il en soit, vers 1431, sous le règne de Jean Ier, l’infant don Henrique, ce prince auquel le Portugal a du ses plus brillantes découvertes, équipa un navire et donna pour unique instruction à un gentilhomme de sa cour l’ordre de se diriger vers l’ouest jusqu’à la rencontre de la terre. Gonçalo Velho Cabrai — c’était son nom — atteignit en peu de jours les îlots les Fourmis, rochers arides situés à 20 milles dans le N.-N.-E. de l’île Sainte-Marie, dont il n’eut pas connaissance, et, sans pousser plus loin son voyage, il retourna en Portugal, fort inquiet de l’accueil que lui ferait don Henrique.
    Celui-ci, loin de se rebuter, vit dans ce premier résultat une nouvelle présomption en faveur de ses idées ; et Gonçalo, expédié de nouveau, découvrit cette fois la grande île qui fut nommée Sainte-Marie. Elle était inhabitée et dépourvue de ports; mais le sol en paraissait d’excellente qualité, des ruisseaux la sillonnaient en tous sens, et le climat y était délicieux. Gonçalo en fut nommé capitaine donataire, et s’occupa aussitôt de pourvoir à sa population. Bon nombre de ses parents et amis, appartenant presque tous aux conseils du roi, raccompagnèrent, et bientôt l’ile fut en bonne voie de prospérité.
    […]
    II – Divisions géographique & politique
    L’archipel des Açores compte environ 110 lieues de l’est à l’ouest, et 50 du nord au sud ; il forme trois départements :
    Celui de Ponta-Delgada, qui comprend:
    – Saint-Michel
    – et Ste-Marie.
    Celui d’Angra:
    – Tercère,
    – Saint-George
    – et Gracieuse.
    Celui de Fayal:
    – Fayal,
    – Le Pic,
    – Flores
    – et Corvo.
    Sa position sous les plus belles latitudes de la zone européenne, lui donne un climat doux, sain et agréable. Les grandes brises de l’Océan septentrional y tempèrent la chaleur des jours d’été, et de hautes montagnes y offrent toutes les expositions favorables à une grande variété de cultures. Si l’on excepte les sommets de l’île du Pic qui restent couverts de neige pendant quatre mois de l’année, jamais l’hiver ne fait ici sentir ses rigueurs, et les autres saisons y sont toujours délicieuses.
    De la mer, l’aspect général est tour à tour sauvage, gai et grandiose : des rochers gigantesques profilent sur le ciel bleu leurs cimes déchiquetées, qui couronnent des montagnes verdoyantes ; sur le littoral s’étalent des villes et des villages aux maisons blanches et riantes ; de toutes parts, des églises et d’anciens couvents poussent vers le ciel leurs clochetons gracieux ; çà et là une cascade bondit au flanc d’un promontoire sombre, et vient mêler son écume à celle de la lame qui gronde sourdement dans un dédale de roches noires, aux pointes acérées et dangereuses.
    Pour le promeneur, le panorama n’est pas moins pittoresque et imposant : ici, il parcourt une vallée ombreuse, au fond de laquelle serpente un ruisseau d’eau vive, dont les chutes animent des moulins, tandis que les collines qui l’encaissent sont peuplées de bestiaux et couvertes de céréales ou d’orangers; là, il suit un chemin rocailleux et perfide qui longe une falaise escarpée, au-dessus de laquelle pendent de gros rochers gris, prêts à se détacher et à emporter tout dans leur chute, tandis qu’à ses pieds la mer rugit et paraît vouloir se frayer un passage dans des cavernes mystérieuses.
    Partout le paysage pénètre le voyageur d’un secret sentiment d’admiration et de crainte, en déployant tour à tour à ses yeux les tableaux sublimes, gais ou mélancoliques que la nature se plaît à répandre dans ses œuvres de prédilection.
    Pourquoi la nature, si prodigue à tant d’égards envers les Açores, leur a-t-elle refusé de bons ports, et a-t-elle rendu leurs approches si dangereuses? Il n’y a point dans l’Océan Atlantique de parages plus admirablement situés pour servir de lieu de relâche aux marins, après de longues et périlleuses navigations, quand souvent les vivres leur manquent ou qu’ils ont essuyé des avaries ; et s’ils pouvaient y trouver un refuge sûr et commode, combien de sinistres seraient épargnés à l’humanité !
    Quand nous parlerons de chaque île en particulier, nous reviendrons sur cette question qui intéresse au plus haut degré toutes les nations maritimes, à une époque où l’on voit des ports artificiels parfaitement abrités se créer comme par enchantement sur les côtes les plus dangereuses.
    Le temps n’est plus où des éruptions volcaniques venaient fréquemment modifier la configuration de ces îles ; celles qui ont encore lieu de loin en loin ne causent que peu ou point de dommages, et depuis l’année 1775, un seul tremblement de terre a occasionné quelques désastres dans l’île de Tercère. Toutefois ces convulsions, jointes à l’apparition momentanée de petits îlots, dont nous aurons l’occasion de parler, aident à expliquer le phénomène que l’on constate ici comme sur plusieurs autres points du globe, tels que la Suède, le Chili : nous voulons parler de l’abaissement apparent du niveau de la mer qui tient, on le sait, à un mouvement imperceptible de soulèvement de la croûte terrestre.
    On a découvert dans les montagnes plusieurs sources d’eau thermales et divers minéraux utiles; mais rien n’a confirmé jusqu’ici l’opinion émise par quelques voyageurs qu’on y trouvait de l’or et des diamants.
    Le sol, qui est généralement d’une grande fertilité, est formé d’une argile ferrugineuse recouverte tantôt de terre végétale, tantôt de scories et de cendres volcaniques. Docile à toutes les cultures, il demande bien peu de travaux pour récompenser largement le laboureur de ses peines, et en tout temps ses productions furent dues à ses qualités plutôt qu’à l’art. L’agriculture est florissante à St-Michel, à Gracieuse et à Fayal; les autres îles cultivent particulièrement la vigne qui exige ici peu de soins. On trouve dans diverses parties de l’archipel la plupart des végétaux de la zone torride à côté de ceux de la zone tempérée; quelques-uns de ces derniers acquièrent même des qualités inconnues dans ceux de l’Europe. Les plantes médicinales abondent partout, et les forêts fournissent d’excellents bois pour les constructions, notamment le cèdre.
    On cultivait encore sur une grande échelle aux Açores, il y a quelques années, une plante nommée pastel, dont la feuille réduite en poudre, après avoir été séchée au soleil, donnait une belle teinture bleue. Cette industrie est aujourd’hui abandonnée à cause de l’impossibilité de la faire entrer en concurrence sur les marchés avec celle de l’indigo ; il en est de même de la culture de la canne à sucre et du tabac, dont les produits, inférieurs à ceux d’Amérique, ne trouvent pas de débouchés.
    Le gros bétail prospère dans toutes les îles, et les habitants, même les moins aisés, comptent une ou deux vaches dans leur étable et quelques porcs dans leur cour. La chair de ce dernier animal est de bonne qualité, et constitue, avec les légumes secs et la pomme de terre, la principale nourriture des gens pauvres. Les chèvres sont assez rares, malgré la nature accidentée du terrain qui semblerait devoir favoriser leur multiplication, et la race chevaline n’a pas atteint le degré de prospérité que semblent promettre les nombreux pâturages qu’elle rencontre à chaque pas. La cause en doit probablement être attribuée au mauvais état des chemins et aux avantages que présente le gros bétail pour la culture des terres et pour certains travaux de force.
    Tous les menus gibiers sont abondants, notamment la caille, la bécasse, le ramier et le lapin de garenne.
    Il est, en somme, peu de lieux civilisés où la vie ordinaire soit moins dispendieuse et meilleure que dans la plupart de ces îles, tant y sont grandes les facilités de faire pulluler les végétaux et les animaux les plus utiles à l’homme.
    Nous ne saurions assigner un chiffre exact à la population des Açores, à cause du peu de soin qu’on apporte aux recensements. On nous a assuré qu’on ne s’éloignait guère de la vérité en l’estimant entre 200 et 210 mille habitants.
    Les hommes sont, à peu d’exception près, de taille moyenne, maigres et élancés ; leurs traits sont réguliers et profondément accentués; leur teint est brun, quelquefois animé de teintes vermeilles sur les joues, ils sont intelligents, sociables et hospitaliers. Les femmes sont généralement jolies; quelques-unes même fort belles ; elles ont malheureusement, surtout dans les classes inférieures, peu de soins de leur toilette, et perdent ainsi la plupart de leurs avantages.
    On rencontre encore, notamment dans les grandes îles, bon nombre de descendants de l’ancienne noblesse qui a fourni à l’archipel ses premiers colons : ils passent pour être très-infatués de leur origine, sans faire toujours ce qu’ils devraient pour s’en montrer dignes.
    La classe moyenne est laborieuse, sobre et peu soucieuse en général de ses intérêts politiques, excepté cependant celle de Saint-Michel, qui, plus nombreuse et plus rapprochée du pouvoir, prend une part active et quelquefois énergique aux agitations de la métropole.
    Chaque année, un grand nombre de navires baleiniers américains fréquentent l’archipel pour y prendre des rafraîchissements, qui sont abondants et à bon marché, et pour recruter des matelots parmi les pécheurs, tous excellents marins. Les jeunes gens pauvres s’embarquent volontiers, et, après avoir couru le monde pendant cinq ou six années, reviennent au foyer paternel, avec le fruit de leurs économies, aider leurs parents âgés ou se créer à eux-mêmes une famille. Ces habitudes de migration sont la conséquence naturelle du bas prix de la main-d’œuvre, qui met, aux Açores, le pauvre dans l’impossibilité presque absolue d’arriver jamais, par son travail, à être au-dessus du besoin; elles sont aussi occasionnées par la crainte du recrutement militaire. Si elles enlèvent quelques bras à la terre, elles ont le bon côté de répandre un peu de bien-être dans les classes nécessiteuses.
    Le paysan seul a conservé son costume national, qui consiste en une veste de grosse étoffe de laine fabriquée dans le pays, un pantalon semblable ou de grosse toile, suivant la saison, et une sorte de bonnet en drap, muni d’appendices latéraux qui se déploient pour garantir le cou de la pluie ; la main est armée d’un gros bâton de quatre pieds, qui aide la marche dans les chemins escarpés.
    Le costume des femmes ne présente rien de particulier, si ce n’est un vaste manteau en drap bleu ou noir qui descend jusqu’à terre et les fait ressembler de loin à des capucins.
    La langue universelle des Açores est le portugais, que les gens aisés parlent assez purement, mais qu’il est difficile à un étranger de comprendre dans la bouche de ceux du peuple.
    La religion, à l’exclusion de toute autre, est la catholique; elle a pour chef spirituel un évêque qui résidait autrefois à Tercère, et dont le siège est actuellement à Saint-Michel, bien que le chapitre n’ait pas cessé de rester dans la première de ces deux îles. Avant la loi du 17 mai 1832, qui supprima les couvents, il n’y avait île, si petite qu’elle fût, qui n’en comptât deux ou trois; ils étaient pour la plupart occupés par des moines franciscains, et par des jésuites (avant 1755). C’étaient en général des repaires de débauche, de fanatisme et d’ignorance. Nous passerons sous silence les faits scandaleux relatifs à cette époque; mais nous devons à la vérité de dire que la majeure partie des prêtres aujourd’hui répandus dans l’archipel donne un coupable exemple de dissolution, en vivant presque publiquement en concubinage.
    Le gouvernement est exercé par trois gouverneurs civils ou préfets, indépendants les uns des autres, qui siègent aux chefs-lieux des trois départements, et qui sont nommés par la couronne. Chaque ville a, de plus, un administrateur du Conseil, sorte de maire, qui relève du gouverneur civil du département, et, chaque paroisse, un délégué qui relève de l’administrateur de la ville voisine. Le Conseil est une municipalité, choisie parmi les habitants notables pour éclairer les décisions de l’autorité.
    Les préfets ont à leur disposition une petite force militaire, commandée par un général, qui réside à Saint-Michel et qui a sous ses ordres deux commandants de subdivision chargés, dans les autres départements, de pourvoir à la garnison des divers points fortifiés. Le chiffre total des troupes n’excède pas mille hommes, tant d’infanterie que d’artillerie. Cette petite force suffit à occuper les principaux points militaires et à maintenir l’ordre ; elle n’aurait besoin, en cas de guerre, que d’être triplée pour assurer la garde des points importants de l’archipel, que des écueils nombreux mettent presque partout à l’abri d’un coup de main.
    Au temps des capitaines généraux, chaque île avait sa milice nationale, composée de citoyens et commandée par des officiers du gouvernement ; mais, en 1832, cette institution fit place à celle de la garde nationale, qui est promptement tombée en désuétude. Il en est des fortifications comme de la garde nationale : leur longue inutilité les a fait négliger, et, sur beaucoup de points, elles sont dans un état pitoyable; les affûts pourris ou brisés, et les pièces gisent sans surveillance sur la terre, exposés à toutes les intempéries.
    La marine portugaise n’a pas un seul bâtiment aux Açores, pas même une chaloupe pontée ; aussi n’est-il pas rare de voir, pendant l’hiver, toute communication interrompue, durant 2 et 3 mois, entre certaines îles et le chef-lieu de leur département.
    La justice réside entre les mains de neuf juges de première instance répartis dans les principales villes de l’archipel. Chacun d’eux prononce en dernier ressort sur les causes d’une importance ordinaire, et soumet ses décisions à une junte supérieure qui siège à Saint-Michel, pour toutes les causes d’un ordre élevé.
    L’instruction est dans de mauvaises conditions : trois cours publics de philosophie et de rhétorique et deux collèges servent à répandre l’instruction parmi la jeunesse aisée des îles. Ces établissements manquent des éléments nécessaires à de bonnes études, et le plus souvent c’est en Europe que les enfants sont envoyés, quand leurs parents tiennent à ce qu’ils soient à la hauteur des connaissances actuelles. Il y a, dans les villes de quelque importance, des écoles gratuites où l’on enseigne à lire et à écrire, ainsi que les éléments du latin; mais les maîtres qui les dirigent sont si peu surveillés et rétribués, qu’ils ne prennent aucune peine pour former des élèves, et l’on peut avancer, d’après les supputations les plus modérées, qu’il y a au plus un enfant sur 30 sachant lire et écrire.
    Les arts utiles n’ont fait aux Açores que bien peu de progrès. Une manufacture de draps, établie à Saint-Michel, a quelque temps rivalisé par ses produits avec celles du continent; elle est aujourd’hui abandonnée, et les seules étoffes qui se fabriquent dans les îles sont des tissus grossiers de laine, quelques toiles de lin ouvragées qui ne sont pas sans mérite, et des couvertures de coton communes. Tel est, avec la fabrication du vin, de l’eau-de-vie, de la grosse poterie et du fromage, le fond de l’industrie manufacturière. Le commerce principal avec l’extérieur consiste dans l’exportation des oranges, qui sont délicieuses, des vins, des légumes secs et des céréales. Les îles font de plus, entre elles, un petit commerce de cabotage, pour échanger ceux de leurs produits qui ne peuvent être exportés : ce sont les étoffes de laine, les tuiles, la poterie commune, la chaux, etc. Le commerce des vins a beaucoup diminué et ne s’élève guère à plus de la moitié de ce qu’il était il y a quarante ans. La cause en est due à l’augmentation du prix de la main-d’œuvre et de celui des terres, et au long état de paix qui a permis aux autres vins de l’Europe d’entrer en concurrence. L’eau-de-vie aussi était autrefois un article important de commerce ; mais elle ne s’exporte plus aujourd’hui qu’en petite quantité, comme le vin.
    Le Portugal et l’Angleterre sont les deux pays qui entretiennent le plus de relations avec les Açores : le premier absorbe presque toutes ses céréales, le second y envoie chaque année 200 navires prendre des oranges. Ce mouvement considérable a fait réunir dans plusieurs ports des moyens efficaces de réparation et de ravitaillement. Angra et Horta sont notamment pourvus de bois de mâtures, de cordages et de tout ce qui est nécessaire aux navires dans leurs relâches. Le dernier se recommande particulièrement, ainsi que nous le verrons plus loin, par les ressources nombreuses qu’il présente aux navigateurs.
    Le revenu total des îles s’élève à un peu plus de 2 millions; il est fourni par les droits de douane et de timbre, par les taxes sur le sel, le tabac, etc., et par la dîme. La dîme, composée de la dixième partie des récoltes de blé, vin, oranges, etc., est ordinairement affermée à l’enchère, dans chaque ile, pour un certain nombre d’années.
    Les appointements de tous les employés, sans distinction, sont payés sur ces revenus et le trésor de la métropole reçoit l’excédant, qui varie de 4 à 500,000 francs.
    On s’étonne, avec quelque raison, qu’une population de 200,000 âmes procure d’aussi faibles revenus à l’Etat. Cette situation, qui ne date pas de plus de 20 années, reconnaît pour causes principales l’incurie du gouvernement et le commerce interlope considérable qui se fait sur les cotes au préjudice de la douane.
    III Résumé Historique
    Ainsi que nous l’avons dit en commençant, la première des Açores fut découverte en 1432 par Gonçalo Velho Cabrai; la reconnaissance complète de l’archipel ne s’acheva qu’en 1460. Toutes furent trouvées couvertes d’une riche végétation, mais sans aucun être vivant autre que des oiseaux. Leur sol était tellement encombré d’arbres, qu’il était impossible de pénétrer à l’intérieur, et de nombreux cours d’eau les arrosaient. Ouvertes à l’ambition de l’Europe, à une époque où ses divers Etats étaient en proie à la guerre, ces terres nouvelles donnaient à leurs possesseurs des espérances qui se réalisèrent effectivement en peu d’années. Les progrès de la population y furent dès l’origine considérables; de diverses parties de l’Europe on y voyait accourir des émigrants qu’attirait la réputation de fertilité du sol, et en moins d’un siècle elles fournissaient déjà des habitants aux autres possessions portugaises du nouveau monde. Elles furent divisées d’abord en sept capitaineries, héréditaires dans quelques familles de haute noblesse. Les donataires percevaient le dixième de tous les produits, et réunissaient les pouvoirs militaire, civil et judiciaire. C’était la féodalité moins ses rigueurs; car l’histoire constate que la bonne harmonie des premiers habitants, la candeur de leurs coutumes, l’intégrité qui présidait à l’administration de la justice, les grands avantages qu’on tirait de l’agriculture et du commerce, alors entièrement libre, invitaient beaucoup de gens à abandonner leur pays inquiet et tourmenté, pour chercher cette nouvelle patrie si productive et si pacifique.
    Ce ne fut qu’après bien des années que le gouvernement annula les privilèges qu’il avait octroyés aux Açores, et les réunit à la couronne.
    Bien que l’histoire de ces îles n’offre point les scènes sanglantes et désastreuses qui signalèrent la conquête d’une grande partie du nouveau monde, elle n’en a pas moins eu aussi ses phases malheureuses. Il se passa bien longtemps avant qu’un prince sincèrement ami de ses peuples s’occupât d’elles. On ne se rappelait guère leur existence que pour les accabler de prohibitions injustes; mais ce fut surtout en 1580, quand la couronne de Portugal passa sur la tête des rois d’Espagne, qu’elles eurent à souffrir, par suite de la résistance énergique qu’elles opposèrent à Philippe II pendant près de trois années. Le roi portugais, vaincu, se réfugia alors à Angra, capitale de Tercère, où il établit sa cour, et sut si bien se concilier l’esprit des populations, qu’en peu de temps elles formaient une armée aguerrie, avec laquelle il repoussa successivement les deux expéditions dirigées d’Espagne contre lui. En 1583, cependant, accablé par des forces très-supérieures, il se vit obligé d’abandonner Angra et de fuir vers la France, en laissant l’archipel au pouvoir de ses ennemis.
    Sous la domination des Espagnols, plus tyrannique que celle des Portugais, les Açores ne laissèrent pas cependant de prospérer : de magnifiques fortifications garantirent les points vulnérables des attaques extérieures et rendirent la plupart des ports inexpugnables; des établissements publics, des églises, des couvents, des casernes s’élevèrent de toutes parts; des chemins furent pratiqués; il est, en un mot, peu de travaux considérables de ces temps reculés qui ne soient le témoignage des efforts que fit l’Espagne pour donner du lustre à sa conquête.
    Lors de l’avénement de don Joao de Bragance au trône du Portugal, l’archipel eut encore une lutte violente à soutenir, pour secouer le joug de l’Espagne, qui occupait toutes les places importantes. Durant deux années, ses enfants combattirent avec un indomptable courage, et ils finirent par faire capituler leurs ennemis. Le roi reconnut cette haute preuve d’attachement, en donnant place, sur le premier banc des Cortès, au député de l’archipel; mais, soit ignorance, soit maladresse, celui-ci ne crut pouvoir utiliser mieux son crédit, qu’en faisant supprimer aux Açores les représentants de l’autorité centrale. Privées dès lors d’un lien direct avec la mère-patrie, exploitées sans mesure par les municipalités, elles virent tarir une à une les sources de leurs richesses, et furent accablées de charges tellement lourdes, que l’excédant de leurs céréales ne put même être envoyé en Portugal.
    Ce fut sur ces entrefaites qu’arriva au pouvoir le célèbre marquis de Pombal, ce ministre qui, pendant une longue période d’années, sut si bien faire respecter son pays par toutes les nations, et lui rendit l’éclat dont il avait brillé dans ses meilleurs jours. Un des premiers actes de son ministère fut d’envoyer aux Açores un délégué du pouvoir royal, investi du titre de capitaine général, et de les ériger en province du Royaume. Une succession non interrompue de ministres mit malheureusement fin à ce retour de faveur, et elles retombèrent dans la catégorie des colonies.
    Angra, depuis cette époque, est restée la capitale de l’archipel et le lieu de résidence de tous les grands pouvoirs.
    La guerre du Portugal avec la France, en 1807, ne s’étendit pas aux Açores, et, débarrassées d’une foule d’entraves commerciales que leur avait imposées jusque-là la métropole, livrées à elles-mêmes, elles virent tous leurs produits augmenter de valeur, et leurs vins, très-recherchés par l’Angleterre, atteindre des prix élevés. Bien qu’exposées alors de temps à autres aux dévastations des corsaires, et malgré la perte de quelques navires richement chargés, cette époque leur procura une prospérité qu’elles ne connaîtront probablement plus.
    Le changement de résidence de la cour de Lisbonne à Rio-Janeiro, tout en apportant aux Açores quelques avantages, entraîna aussi pour elles des maux sérieux : les impôts devinrent plus durs, les recrutements plus arbitraires, et divers actes du gouvernement prirent un caractère attentatoire à la propriété comme à la liberté des citoyens.
    Les choses se trouvaient dans cet état quand, en 1821, le poste de capitaine général fut confié au général Stockler, homme d’un grand savoir et d’antécédents distingués, mais d’une humeur capricieuse et hautaine. Il n’y eut de toutes parts, sous son gouvernement, qu’un cri pour déplorer le despotisme militaire sous lequel on était accablé. Ponta-Delgada, capitale de l’île Saint-Michel, la plus riche et la plus populeuse du groupe, se souleva la première contre ce régime d’oppression. Elle déposa le délégué du capitaine général, qui résidait dans son sein, et se donna un gouvernement provisoire. Bientôt Stockler lui-même fut déposé à Angra, et toutes les villes, successivement, imitèrent l’exemple de Ponta-Delgada et d’Angra.
    Depuis cette époque, l’archipel, divisé en trois départements, dont chacun est administré par un gouverneur civil ou préfet, comme nous l’avons dit ailleurs, envoie aux Cortès huit députés : trois pour le département de Ponta-Delgada, trois pour celui d’Angra et deux pour celui de Fayal. Chacune des îles, suivant le chiffre de sa population, figure au collège électoral de son département pour un certain nombre d’électeurs choisis parmi les notables.
    L’histoire des Açores, à partir de 1821, se lie essentiellement, quant aux événements politiques, à celle de la mère-patrie. En 1828, après la révolution d’Oporto, à la suite de laquelle don Miguel, régent du royaume, usurpa la couronne, quelques milliers de Portugais se réfugièrent à Plymouth, et vinrent de là à Tercère, d’où, sous la conduite du comte de Villa-Florès, ils conquirent les autres îles à la cause de don Pedro.
    Depuis lors, l’archipel a pris une part fort tiède aux dissensions qui ont agité la métropole, et il lui est fréquemment arrivé de témoigner sur ce point une complète indifférence. Toutefois, il est à remarquer que le département de Ponta-Delgada a généralement marché en tète des idées libérales, tandis que celui d’Angra restait fidèlement le défenseur de la royauté, et que le département d’Horta s’abstenait de toute démonstration.
    IV Tableaux de la Population & du Commerce
    Topographie de l’Archipel
    Les deux tableaux qui suivent présentent, l’un, les chiffres des populations absolue et relative de chaque île; l’autre, l’ensemble du commerce d’importation et d’exportation de l’archipel. Nous ne pouvons les donner comme rigoureusement exacts, bien qu’ils nous aient coûté quelque peine à dresser, à cause du peu de concordance des documents dont nous disposions; mais on ne s’éloignera guère de la vérité en les adoptant.
    1er Tableau. — Population.
    2e Tableau. — Commerce.
    Nous avons maintenant à entrer dans quelques détails sur chacun des trois départements dans lesquels se divise l’archipel, et qui empruntent respectivement leurs noms aux villes où résident les préfets : Ponta-Delgada, Angra et Horta.
    Département de Ponta-Delgada.
    Le département de Ponta-Delgada comprend les deux îles de Saint-Michel et de Sainte-Marie; c’est le moins étendu des trois, mais en même temps le mieux cultivé et le plus riche ; son revenu s’élève à un million de francs, dont une portion va au département d’Angra, pour l’aider à subvenir à ses dépenses, et près de 300,000 fr. au trésor de Lisbonne.
    L’île de Saint-Michel, située à environ 250 lieues dans l’ouest du Portugal, fut découverte le 8 mai 1444, jour de la Saint- Michel. Elle a 12 lieues de longueur, et 70,000 habitants répartis dans une grande ville, Ponta-Delgada; cinq petites, Ribeira-Grande, Villa-Franca, Alagoa, Aguadepau, Nordeste; et 21 bourgades, plus ou moins considérables.
    L’intérieur de l’île est accidenté de montagnes peu élevées ; le climat y est sain, quoique un peu humide, comme celui de tout l’archipel ; le sol, d’une grande fertilité, emprunte un aspect agréable à la grande variété des cultures. Les bestiaux de toute espèce sont abondants, particulièrement les ânes, qui servent au transport des fruits et des marchandises, et rendent presque tous les services que l’on demande ailleurs aux bœufs. Le bon état des chemins et la supériorité du mouvement commercial, n’ont pas peu contribué, dans le département do Ponta-Delgada, à la multiplication de cette race, qui pourrait également prospérer dans les autres îles, et dont la nature patiente s’adapte parfaitement à ce sol tourmenté.
    St-Michel est, de toutes les Açores, celle dont les annales offrent le plus d’exemples de convulsions volcaniques. L’éruption qui eut lieu en 1444, dans l’intervalle du second au troisième voyage de Gonçalo, fut surtout terrible et changea si complètement l’aspect de l’île, que ce navigateur la reconnut à peine à son retour. Cette catastrophe détermina à Sette-Cidades un affaissement considérable de terrain, où se formèrent deux grands lacs et de vastes plaines qui attirent l’attention du voyageur. L’éruption de Villa-Franca, en 1522, qui eut également des suites désastreuses, rasa la ville et en prolongea l’emplacement à grande distance dans la mer, en engloutissant près de 4,000 personnes. Diverses autres éruptions, plus ou moins dévastatrices, eurent lieu dans les années 1563 et 1652, et enfin celles de 1719 et de 1811 furent suivies de l’apparition de quelques îlots qui s’engloutirent peu de temps après.
    On rencontre à Saint-Michel des sources d’eaux thermales salutaires contre les maladies de la peau. Les plus renommées sont celles de la vallée das Furnas, dont on raconte des effets merveilleux et qui sont sulfurées-acidules.
    Malgré les avantages attachés à sa position, et malgré l’industrie de ses habitants, il est douteux que cette île atteigne jamais le degré de prospérité qui lui semble assigné, à cause du peu de sécurité qu’offrent ses ports. Il arrive fréquemment aux navires qui se présentent pendant l’hiver sur son littoral, pour prendre des chargements d’oranges, d’être forcés, avant de compléter leur fret, de gagner le large, par suite des mauvais temps. Durant cet éloignement obligatoire, la portion de chargement embarquée s’avarie aussi bien que celle restée à terre, et il en résulte des pertes considérables pour l’acheteur comme pour le vendeur.
    Il y a trois siècles, qu’à plusieurs reprises, le gouvernement a été supplié de créer un port à Saint-Michel, et chaque fois il a repoussé, ou éludé les demandes qui lui étaient faites. En 1819, les habitants ont offert de contribuer pour un tiers à la construction d’un bassin, et même de le construire entièrement à leurs frais, sous condition de percevoir un droit; mais toutes leurs démarches sont restées sans résultats. Enfin, en 1842, le gouvernement s’est décidé à entreprendre quelques travaux pour améliorer une petite darse située à Ponta- Delgada, et qui peut recevoir une dizaine de navires ; mais ce n’est point là un abri sûr, et, dans la mauvaise saison, les bâtiments sont constamment en danger de dérader ou de se jeter à la côte, à moins que l’état du temps ne permette de leur porter des secours en ancres, chaloupes, amarres, etc.
    Les récoltes de maïs, de légumes secs et de céréales, s’élèvent, à Saint-Michel, à 25,000 muids, dont on exporte environ le tiers, et à plus de 100,000 caisses d’oranges qui prennent, chaque année, la route de l’Angleterre. Ainsi qu’il a été dit ailleurs, on cultivait autrefois à Saint-Michel, la canne à sucre, le pastel et le tabac; mais ces industries sont aujourd’hui abandonnées.
    Ponta-Delgada, la capitale de l’île, qui fut fondée en 1499, s’étend le long de la côte S. de Saint-Michel sur un terrain peu accidenté et dans une grande baie mal fermée. La supériorité de ses ressources lui a valu d’être la résidence de l’évêque, de la junte suprême de justice et du commandant militaire de tout l’archipel, qui, dans le principe, résidaient toujours à Angra. Plusieurs édifices, parmi lesquels on remarque la douane, l’hôpital de la Miséricorde, d’anciens couvents et quelques belles églises décorent cette ville. Ses établissements littéraires consistent en une bibliothèque publique récemment ouverte, en une chaire de philosophie et de rhétorique, et en quelques écoles primaires. Trois forts la défendent du côté de la mer et en rendent, avec les rochers qui hérissent le rivage, l’approche difficile. C’est à Ponta-Delgada que se fait le principal commerce, tant d’importation que d’exportation, des Açores, et que les autres îles s’alimentent de produits étrangers. Les faubourgs abondent en villas élégantes qui appartiennent aux riches négociants de la localité, et de vastes bouquets d’orangers donnent en toute saison à la campagne des environs un aspect vert et riant. La population de Ponta-Delgada, estimée à 10,000 âmes, est laborieuse, remuante et jalouse de sa supériorité numérique.
    Ribeira-Grande, ville de 8,000 âmes, est située dans une jolie plaine, sur la côte N. de l’île et presque au milieu de sa longueur. Une rivière qui la traverse et se jette à la mer lui a donné son nom : c’est là qu’était sur l’archipel des Açores. autrefois la fabrique do draps dont il a été question au commencement de cette notice. On y remarque quelques jolies maisons et une belle église. Son port est principalement défendu par des récifs et par un petit fort en mauvais état.
    Villa-Franca, la plus ancienne ville dos Açores, celle qui a eu tant à souffrir de l’éruption de 1852, s’élève à quatre lieues dans l’E. de Ponta-Delgada. Son port, complètement ouvert depuis l’E. jusqu’au S.-O., est cependant un des moins mauvais de l’île, et se prêterait plus aisément peut-être que celui de la capitale, à des travaux hydrauliques. Elle compte 4,000 habitants.
    Alagoa, bâtie entre Villa-Franca et Ponta-Delgada, ne mérite aucune mention spéciale, non plus que Nordeste ni Aguadepau. Parmi les vingt et une bourgades qui complètent la population de Saint-Michel, on cite Rabo do peixe, avec 4,000 habitants; Mosteiros, dont le port est assez bon; Valle-das-Furnas, renommé par ses eaux minérales et situé sur l’emplacement d’un cratère aujourd’hui éteint; enfin Setto-Citades, dont il a été dit quelques mots précédemment.
    Le nombre des navires qui fréquentent Saint-Michel, varie annuellement de 300 à 350 : l’Angleterre entre pour 130 ou 150 dans ce chiffre, les Açores et le Portugal pour à peu près autant, et les autres nations pour le reste. L’île de Sainte-Marie, la plus E. de l’archipel, est à 14 lieues environ dans le S.-S.-E. de Saint-Michel : ce fut la première découverte et habitée; elle a trois lieues de l’E. à l’O., et son rivage est bordé presque sans interruption de rochers dangereux. Plus qu’aucune autre, cette île présente des témoignages à l’appui de l’opinion qui rattache tout ou partie de l’archipel des Açores à un ancien continent : on n’y trouve pas de trace d’action volcanique, et la pierre calcaire s’y rencontre en certaine quantité. La principale industrie de sa population, qui n’excède pas 7,500 habitants, consiste dans la culture des céréales et des légumes, dont plus de 300 muids s’exportent sur Lisbonne et sur Madère, dans la confection des tuiles et de la grosse poterie, dont elle approvisionne tout l’archipel, et dans la fabrication de la chaux. On a, depuis quelques années, essayé d’y naturaliser l’oranger, qui a parfaitement réussi, et qui donnera probablement, avant longtemps, son contingent au commerce de l’île. Les descendants de Gonçalo Velho Cabrai furent successivement, après lui, donataires de Sainte-Marie, jusqu’à l’époque où le duc de Bragança, en montant sur le tronc de Portugal, arracha cette île à son possesseur, Joao Soares d’Albergaria, en châtiment de son dévouement à lu cause de l’Espagne. Depuis cette époque, sa prospérité a considérablement diminué, et il est douteux qu’elle redevienne jamais ce qu’elle a été. On compte à Sainte-Marie une petite ville, Porto, et trois bourgades.
    Porto, le premier point habité des Açores, est une ville de 2,000 habitants, qui n’offre rien de particulier. Bâtie dans le S.-O. de l’ile, sur le versant d’une colline qui vient finir à la mer, elle n’a qu’un mauvais port ouvert aux vents d’O. et mal défendu. Santo-Spirito, Santa-Barbara, San-Pedro sont les trois bourgades principales, dont dépendent quelques paroisses sans importance.
    L’écueil des Fourmis, sentinelle avancée des Açores, est un groupe de rochers insignifiants, bons seulement à abriter de loin en loin une barque de pécheur. Toutefois, ils conservent cet intérêt historique que ce furent les premières terres aperçues par Gonçalo Velho Cabrai, lorsqu’il partit en découverte, en 1431.
    Département d’Angra.
    Le département d’Angra comprend les îles Tercère, Saint-George et Gracieuse. La totalité de sa population s’élève à 72,000 âmes; ses revenus sont de 5 à 600,000 francs, qui ne peuvent suffire, comme nous l’avons déjà dit, à couvrir ses dépenses.
    L’île de Tercère, située par 29° 33′ de longitude O. et 38° 44′ de latitude N., doit son nom à son rang de découverte, qui fut le troisième. Son sol est fertile, mais moins bien cultivé que celui des autres îles, et ne produit pas autant qu’autrefois. On compte à Tercère 39,000 habitants, parmi lesquels bon nombre de familles nobles descendant des premiers colons qui peuplèrent l’archipel. Cette circonstance, due à la présence constante dans l’île du délégué de la couronne, l’a tenue fermement attachée à la royauté, et nous avons vu, dans les considérations générales qui commencent cette notice, avec quelle fidélité et quel brillant courage elle combattit pour le trône. On peut lui reprocher de s’être trop souvent isolée du reste do l’archipel, quand il s’agissait d’en soutenir les intérêts généraux; mais cette attitude était, nous le répétons, due à l’influence exercée par les grands pouvoirs qui y résidaient, plus qu’à l’opinion des habitants.
    On trouve dans cette île plus de luxe et moins d’industrie que dans les autres Açores. Le commerce y est peu considérable, et l’importation, supérieure à l’exportation, se limite à 6,000 muids de céréales et 24,000 caisses d’oranges. Le vin qu’on y fabrique ne suffit pas à la consommation de ses habitants, qui, chaque année, en demandent une certaine quantité à Graciosa et à Fayal. Le voisinage des villes est embelli par de jolies maisons de plaisance, mais nulle part la campagne n’offre l’aspect animé qui frappe à Saint-Michel.
    La population de Tercèro se répartit dans une grande ville, Angra, deux petites, Praya et Sao-Sebastiao, et quinze bourgades.
    Angra, avec 12,000 habitants, est située sur la côte S. de l’île, au fond d’une baie assez bien protégée de la mer, depuis le S. jusqu’à l’E., et où peuvent s’abriter contre certains vents de nombreux navires. Le port est pourvu de tout ce qui est nécessaire aux navigateurs en relâche, et deviendrait aisément sûr moyennant quelques constructions qui le fermeraient au S.-E., seule direction d’où la mer soit réellement à craindre. C’était autrefois le point de relâche des flottes portugaises revenant de l’Asie, de l’Afrique et de l’Amérique.
    Les belles fortifications qui défendent Angra et qui se développent sur le mont Brasil, le grand nombre de ses églises et de ses édifices publics lui donnent un caractère sévère et grandiose, dont la disposition des lieux ne permet malheureusement pas de jouir du large. C’est la ville la plus considérable de l’archipel, après Ponta-Delgada.
    Praya, bâtie près de la pointe E. de l’île, sur une plage de sable, compte 3,000 habitants; elle fut entièrement détruite, en 1842, par un tremblement de terre et réédifiée comme par enchantement, grâce aux efforts du gouverneur civil, Silvestre Ribeira. Il y avait autrefois, dans son voisinage, de riches salines, aujourd’hui abandonnées.
    Sao-Sebastiao, petite ville de 1,200 habitants, était, il y a un demi-siècle, le centre d’un commerce assez considérable de tabac et de pastel.
    Les bourgades les plus considérables sont Villa-Nova et Santa-Barbara.
    L’île de Saint-George, située à 9 lieues dans l’O. de Tercère, a la forme d’une langue de terre étroite, et s’étend du N.-O. au S.-E. sur une longueur de 9 lieues. Elle est bordée de rochers élevés, taillés à pic, qui la défendent contre toute attaque et en rendent l’approche dangereuse pour les bâtiments. Sa position centrale dans l’archipel la désignerait, de préférence à Tercère, pour le siège du gouvernement.
    Des volcans ont détruit une grande partie du terrain cultivable de Saint-George. L’éruption de 1580, en particulier, la couvrit dans presque toute son étendue d’un déluge de scories et de ponces, et changea en pierres ses belles campagnes; celle de 1808, moins désastreuse, ne laissa pas d’y causer aussi de grands ravages. Malgré sa déchéance, elle fournit encore un élément important au commerce général des Açores, notamment d’excellentes céréales, de bons fruits, de l’eau-de-vie, du vin qui passe, avec celui du Pic, pour le meilleur de l’archipel, des étoffes de lin et de laine, et des fromages de bonne qualité.
    Découverte la quatrième, le jour anniversaire du martyre de Saint-George, elle fut, dès cette époque, annexée à la capitainerie d’Angra, et n’eut jamais, comme les autres Açores, l’avantage de posséder son donataire dans son sein. Sa population, d’environ 22,000 habitants, est répartie dans les petites villes de Vellas, Calheta et Topo, et dans sept bourgades.
    Vellas est bâtie en amphithéâtre sur les flancs d’une montagne, auprès d’une grande baie, à 2 lieues au S.-E. de la pointe O. et compte 4,500 habitants. Son port, assez bien défendu par l’art du côté de la mer, mais ouvert aux vents de S.-E., qui y entrent avec violence par l’étroit canal formé entre Saint-George et le Pic, est abrité des autres vents par le voisinage meme de cette dernière île et de Fayal. On trouve, auprès de la pointe E., une petite crique avec un quai, où un certain nombre de navires de fort tonnage peuvent accoster.
    Calheta, avec 2,000 habitants, s’élève dans une plaine limitée d’un côté par la mer et de l’autre par de hautes montagnes. Son anse étroite n’est fréquentée que par des embarcations.
    Lopo, au S.-E. de l’île, fut le premier point de Saint-George habité; sa population est de 2,800 âmes.
    Les principales bourgades sont Norte-Grande, Ribeira-Secca et Urzelina, où l’on cultive des raisins excellents.
    L’ile de Gracieuse, à 10 lieues au N.-O. de Tercère et à 7 au N.-N.-E. de Saint-George, peut avoir 4 lieues d’étendue du N.-O. au S.-E. Les rivages en sont bas, mais l’intérieur est accidenté et montagneux. Ses principales productions sont l’orge, qui réussit mieux que dans les autres îles, et le vin qui, quoique de qualité inférieure, fournit une eau-de-vie estimée. Découverte la cinquième, par des pécheurs de Tercère, en 1451, elle fut, comme les autres Açores, l’apanage de quelques familles nobles, jusqu’en 1650, époque où elle fut réunie à la couronne.
    Des corsaires algériens ont, à plusieurs reprises, ravagé son littoral, mais elle n’a jamais traversé les vicissitudes dont ses voisines furent le théâtre.
    On estime la population de Gracieuse à 11,500 habitants, répartis dans les deux petites villes de Santa-Cruz et de Praya, et dans deux bourgades.
    Santa-Cruz compte 3,000 âmes et Praya 2,000. Le nom et un chiffre sont tout ce que l’on peut mentionner de ces localités, qui n’offrent rien de particulier.
    Département d’Horta.
    Ce département qui emprunte, comme les autres, son nom à sa capitale, comprend les quatre îles de Fayal, le Pic, Flores et Corvo. Sa population est de 74,000 âmes, et ses revenus de 500,000 francs, dont une petite partie revient au Trésor de l’Etat.
    L’île de Fayal, qui compte 27,000 âmes, est aujourd’hui la plus intéressante des Açores. Son port, Horta, l’un des moins mauvais de l’archipel, est fréquenté par beaucoup de navires étrangers qui y trouvent de nombreuses ressources. On y construit d’excellentes embarcations et de petits navires; de jolis meubles sortent de ses ateliers; l’agriculture y est aussi florissante que dans les belles provinces de Portugal; enfin, ses habitants ont contracté, par leur frottement fréquent avec les étrangers, des coutumes et des goûts qui font de Payai une île à part, et qui n’ont pas peu contribué à la prospérité dont elle jouit. Séparée par un étroit canal de l’île du Pic, où se récolte la presque totalité des vins do l’archipel, et qui est dépourvue do ports, Fayal est devenue l’entrepôt naturel de sa voisine. La plus grande partie do son commerce se fait avec Hambourg, les Etats-Unis, l’Angleterre et les autres Açores, dans les proportions suivantes de navires :
    Angleterre: 35
    Açores: 86
    Hambourg, etc.: 40
    A ces 161 navires, il faut ajouter près do 200 baleiniers américains qui viennent annuellement se ravitailler à Horta, et qui y laissent tous une plus ou moins grande quantité de marchandises.
    D’après le père Cordeiro, Fayal fut découverte en 1453 par des pêcheurs do l’île Saint-George; la famille de George d’Hurta en fut donataire jusqu’en 1G92.
    Une éruption, qui eut lieu en 1672 et qui enleva à l’île des terres précieuses, est la seule dont on ait le souvenir.
    On compte à Fayal une ville, Horta, et neuf bourgades.
    Horta s’étale en amphithéâtre au fond d’une vaste haie de sable, qui offre le meilleur mouillage des Açores. Protégée contre presque tous les vents par la terre et par le voisinage de l’ile du Pic, cette baie est cependant ouverte à celui du S.-E., qui y occasionne une grosse mer et y cause souvent des dommages. Quelques brise-lames en auraient bientôt fait un port excellent, où les navigateurs rencontreraient à la fois un abri sûr et de nombreux approvisionnements. Tel qu’il est aujourd’hui, le port d’Horta se recommande à l’attention particulière des marins par les ressources variées qu’il présente : des corps-morts, récemment établis par une compagnie anglaise, leur assurent des ancrages passables ; ils y trouvent de bons ouvriers, des bois, des rechanges et toutes sortes do rafraîchissements; enfin, le passage mensuel d’un bateau à vapeur transatlantique garantit leur correspondance.
    Bien qu’une des plus intéressantes des Açores et méritant à juste titre toute l’attention du gouvernement, la ville d’Horta est à peine défendue contre une attaque extérieure. Son aspect, du large, est celui d’une grande ville. On y remarque de jolies églises, de vastes casernes et des maisons de campagne d’un excellent goût. Sa population est de 8,000 habitants.
    Flamengos, Cedros et Castello-Branco sont les trois bourgades les plus importantes de l’île.
    En terminant ces quelques lignes sur Fayal, nous devons parler d’une baie de sable peu fréquentée, située à très-petite distance au sud de celle d’Horta, dont elle n’est séparée que par un isthme de 150 pas environ, et nommée Porto-Pim. Ce mouillage pourrait être rendu excellent et parfaitement sûr à peu de frais ; une roche qui s’élève à l’entrée servirait de base aux travaux nécessaires pour le fermer et le mettre à l’abri de la houle du sud, la seule qui y soit à craindre.
    L’île du Pic est située tout à côté et dans le S.-E. de celle de Fayal; elle s’étend vers l’E.-S.-E. sur une longueur d’environ 8 lieues et sur une largeur variable de 2 à 3. Son littoral, hérissé de hautes roches volcaniques, est complètement dépourvu de ports. Une chaîne de montagnes, dans la partie ouest de laquelle on remarque un pic fort élevé qui a donné son nom à l’île, la divise dans sa longueur. Le sommet de ce pic, couvert de neige pendant quatre mois de l’année, se termine par un vaste cratère complètement éteint, qui a plus de 120 mètres de largeur sur 30 de profondeur.
    La grande élévation de cette montagne permet de la voir de fort loin quand le ciel est clair, et d’apprécier, par l’état des nuages accumulés au sommet, la nature du temps à venir.
    Les traces d’éruption volcanique sont nombreuses dans l’île du Pic, et toutes ses parties sont autant de monuments d’un travail sous-marin. Aussi le sol en est-il généralement pierreux et particulièrement propre à la culture de la vigne, excepté dans la partie E., où l’on a naturalisé avec succès les produits d’Europe. La récolte annuelle peut s’estimer à 2,000 muids de céréales et à 20,000 pipes de vin généralement bon. Toutefois, hâtons-nous d’ajouter que des brouillards fréquents rendent cette évaluation sujette à de nombreuses variations.
    Les habitants de l’île du Pic ont la réputation d’être, entre tous ceux des Açores, les plus adonnés au travail, et ses pécheurs, obligés de braver une côte presque toujours dangereuse, sont d’intrépides marins, qui fournissent annuellement une portion notable du contingent que les îles apportent à la pêche de la baleine à bord des navires américains.
    On fabrique au Pic une grande quantité d’étoffes communes de lin et de laine, et si une manufacture régulière de draps avait à s’établir dans l’archipel, la bonne qualité de la laine qui se récolte dans cette île devrait lui valoir la préférence. Ainsi que nous l’avons dit, presque tout son commerce se fait par le port d’Horta.
    Découverte en même temps que l’île de Payai, celle du Pic a eu dans l’origine le même donataire, et a passé comme elle entre les mains de la couronne en 1692. Son histoire n’offre rien qui ne se rattache essentielement à celle de sa voisine, dont on doit la considérer comme partie intégrante. Les 33,000 habitants du Pic sont répartis dans trois petites villes : Lages, Magdalena, Sao-Roque, et dans quatorze bourgades.
    Lages est située au sud de File, dans une plaine limitée au nord par des rochers; sa population est de 3,000 âmes.
    Madalena fait face à Horta, dont elle n’est éloignée que de 4 milles. Son voisinage produit d’excellent vin.
    Sao-Roque n’a rien de remarquable.
    Punta da Piedade et Santo-Antonio sont les deux bourgades les plus considérables.
    L’île de Flores, la plus occidentale de l’archipel, a 3 lieues d’étendue du nord au sud et 2 de l’est à l’ouest. On y rencontre partout des vestiges de volcans, des cônes de soulèvement, de la lave, des pierres poreuses, etc. Son littoral est bordé de falaises escarpées et de roches menaçantes, qui le rendent presque inabordable. L’intérieur est très-accidenté, montagneux, et n’a pas, en général, l’aspect riant des autres Açores; le climat y est aussi plus froid et plus humide, et, malgré les habitudes laborieuses de sa population, on n’y constate pas autant d’aisance. L’isolement de Flores du reste de l’archipel et sa rare fréquentation par les étrangers, sont les principales causes de cette infériorité. Ses productions consistent en céréales, pommes de terre et ignames. Ce dernier légume, dont un grand nombre de cours d’eau favorise le développement, constitue le fond de la nourriture des classes inférieures. On trouve, à l’intérieur, de bons bois de construction, particulièrement le cèdre, qui a, on le sait, la propriété de résister indéfiniment à l’action de l’humidité. Il n’est pas rare de rencontrer, à de grandes profondeurs sous terre, des troncs de cet arbre dont l’écorce est entièrement brûlée, tandis que le bois est dans un parfait état de conservation, autre indice d’anciennes convulsions volcaniques dans cette île.
    Flores exporte aux îles voisines des bestiaux, un peu de grain et de viande salée, des tuiles, quelques bois, des étoffes de laine communes, réputées de bonne qualité, et une grande quantité de couvertures assez appréciées. Reléguée avec Corvo à 6O lieues du centre de l’archipel et à 35 du chef-lieu de son département, elle n’a que de rares communications avec le reste des Açores et encore moins avec l’Europe. Ses habitants, dont le gouvernement métropolitain a toujours semblé ignorer l’existence, sont, entre tous ceux de l’archipel, recommandables par la simplicité de leurs mœurs, leur cordialité et les dispositions naturelles qu’ils montrent pour les travaux de l’intelligence. La situation même de leur île les a constamment tenus étrangers aux discordes de la métropole, et n’a pas peu contribué à conserver parmi eux ce caractère loyal et hospitalier qui est leur plus précieuse qualité.
    La population de Flores, estimée à 12,800 habitants, est répartie dans deux petites villes, Santa-Cruz et Lagens, dans quatre bourgades et quelques petits villages.
    Santa-Cruz, la capitale, est bâtie auprès de la mer, sur un plateau d’environ 25 mètres d’élévation, sorte de pâté de lave recouvert successivement de cendres, de matières végétales et animales, et qui est aujourd’hui d’une grande fertilité. L’ancrage, mal abrité et dépourvu de fortifications, n’est guère fréquenté que par des baleiniers, qui viennent y prendre des rafraîchissements, et par quelques navires rentrant de l’Inde ou de l’Amérique en Europe. Cette île est, en effet, celle de toutes les Açores que les navigateurs peuvent le plus facilement atteindre sans se déranger de leur route, quand ils effectuent leur retour. Quelques travaux peu dispendieux suffiraient pour y créer, au milieu des rochers qui avoisinent Santa-Cruz, un abri capable de recevoir une dizaine de navires, et Flores, selon toute probabilité, en acquerrait une importance notable en peu d’années. Population : 2,O00 âmes.
    Lagens est bâtie dans le S.-E. de l’île ; c’est une très-petite ville, que fréquentent aussi les baleiniers.
    Les deux bourgades les plus importantes sont Punta-Delgada et Lazazinha [Fajãzinha].
    La petite île de Corvo, située à 3 lieues dans le N.-N.-E. de Flores, peut avoir 3 milles du N. au S. et 2 de l’E. à l’O. Tout son littoral est bordé de falaises abruptes d’une hauteur prodigieuse. Le sol en est montagneux et fertile. On remarque au sommet un lac dont il a été question au commencement de cette notice et qui occupe la place d’un ancien cratère. L’ile n’a que depuis 20 ans cessé d’être la proie d’un donataire, qui y percevait des impôts onéreux. Elle dépend aujourd’hui de Flores, sous les rapports administratif, judiciaire et religieux. Quoique bien rapprochés l’un de l’autre, il n’est pas rare de voir, dans la saison d’hiver, ces points rester un et deux mois sans pouvoir communiquer entre eux, à cause des mauvais temps qui règnent alors constamment dans ces parages.
    La population de Corvo, estimée à 800 habitants, a, plus encore que celle de sa voisine, conservé une simplicité de mœurs dignes des premiers âges de la découverte. Elle est laborieuse, sobre, parfaitement unie, complètement indifférente aux jouissances du luxe européen, et vit heureuse, ne formant, pour ainsi dire, qu’une seule famille dont le curé est le père.
    Résumé
    Comme on le voit par les quelques pages qui précèdent, l’archipel des Açores, si intéressant pour le voyageur et le géographe, ne l’est pas moins pour l’économiste.
    Le climat en est sain et tempéré; la population laborieuse, sobre et profondément honnête.
    Toutes les cultures susceptibles de donner la richesse y réussissent parfaitement.
    Comme lieu de relâche, il présente aux nations maritimes des avantages incomparables de position, et il ne lui manque, pour atteindre à une grande prospérité, que quelques bons ports.
    On ne saurait, quand on a vu de près et étudié ce point privilégié du globe, s’empêcher de former des vœux pour que ces avantages lui soient bientôt assurés.
    C.P. (1847).»
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  • 1954 Le Isole Azzorre»

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    In December 1954, an article written by Antonio Fiorillo, from the Istituto di Cultura Italiana in Portogallo, titled «Le Isole Azzorre» was published in the Magazine «l’Universo».
    About Antonio Fiorillo, I managed to find out that he wrote a good set of other articles about Portugal in the same «Universo» («Alentejo, il granaio del Portogallo», «La Costa do sol and le hilline di Sintra», «Lisbon, città dai molteplici aspetti» and «Aspetti geo-economici della regione del Douro», at least), in addition to having translated it. The Italian book «The Wool and the Snow» by Ferreira de Castro, with the title «Uomini Come Noi».
    This article in particular, «Le Isole Azzorre», is particularly valid for the interest of some photographs (presumably of the author himself), although it has one or the other paragraphs also of some interest:
    «The folkloristic interest of the Azores islands is entrusted with very original aspects, mainly with regard to the costumes worn by the population and as far as music is concerned. The « charamba », the « pesinho », the « sapateia », the « saudade », are all typical forms of blue melodies that have in the violin and the accordion, the instruments most suitable to make the motives that characterize them sweet, accurate, and meaningful.
    And what about the « hood », the « manto » and the « carapuço » which are such complements of a simple and solemn dressing room together, essential and well shaped, even when it seems excessive? The «coat», for example, consists of a long skirt, whose width reaches six meters, and a «hair». It is divided into five parts and the hair is made so that the wearer, tying it in the front, can completely hide their face so that everything can be seen and no one can see it in the face.
    Another important and characteristic aspect of the environment of the Azores Islands is given by whale hunting that would be called monopoly of the Arctic regions. Whale hunting is not limited to a period; it takes place at every time of the year and is practiced through numerous rowing boats that almost wouldn’t find themselves suitable for a festival. The reporting man scrutches the sea horizon to manage to catch such. Boats are waiting on the waves of sea. From above a height, water jet that reveals the large ocean mammal. So hoist a red flag and light a bonfire: the boats launch towards the prey. It hits with precision and firmness and the reason is obvious. The boat from which the fatal harp was launched will be for long, scary minutes in the wake of the monster that reacts with violence and anger against the enemy. It’s on occasions like these that the Azores show their great modesty towards the sea, as they are maneuvering with experience in not so calm waters and mostly moved by the spasmodic contractions of the injured whale. A moment of inattention, an untimely or wrong maneuver and death is certain.
    Whale fishing is a resource for islanders that would otherwise lack a considerable amount of profit. A whale, with its several meters long (some twenty-five meters long have been caught), with its mountain of fat and meat is a guarantee of work and trade; something that pays off in the wear of a long wait, of a gigantic struggle, of a triumphant passionate adventure. »
    «Even in Terceira the most interesting attraction is given by natural beauties. It would be said that where nature was more violent, once you placed the uncontrollable force erupting from her breast, beauty, abundance of life, bright splendor of colors were expanded at full hands.
    It is a statement this is valid for all the Azores and those who visit them can only be puzzled by this statement. And this will last until the day when these islands left from the sea, mysterious and rich with superb landscapes, will return to the sea that will close indifferent on them cancelling and destroying everything, as maybe happened in centuries for who knows how many regions, one day fragments of works and life. »

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    Isabel Pinheiro Magalhaes, Judy Rodrigues and 8 others

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