O São Martinho passou sem que o seu verão nos tenha brindado com a acalmia e o sol intenso que nos levava à praia.
O clima, está a mudar, embora as noites estejam fresquinhas…
A cimeira do clima no Egito, foi mais uma pedrada no charco pois mobilizou a juventude contra a insensibilidade e inoperância dos grandes países poluidores que, sem vergonha, gastam palavras de honra e adiam compromissos que podem conduzir a humanidade numa via sem retorno.
Entre nós, à distância em que nos encontramos do Canal do Suez, nem se ouviu falar da redução do consumo dos combustíveis fósseis.
Dá a impressão que vivemos num paraíso ambiental em que está tudo feito… enquanto as águas da maior hidrópole do mundo – as Furnas – continuam a correr calmamente para o mar, sem qualquer aproveitamento nem sanitário nem industrial…enquanto os ventos sopram livremente, com maior e menor intensidade, sem que deles se tire qualquer proveito…enquanto a energia das ondas, por vezes alterosas, se agitam contra as rochas e de vez em quando invadem as ilhas e derrubam acessos ao mar…
Todas estas forças da natureza que se podiam aproveitar em energia renovável e limpa, gerando riqueza, tudo passa ao largo da corrente ambiental ou é-nos indiferente.
Dificilmente nos mobilizamos para construir o nosso próprio destino, mas somos lestos em apontar o dedo aos estranhos, escondendo as nossas incapacidades.
Na política essa tem sido a estratégia utilizada para justificar o nosso atraso.
Reivindicamos da República mais competências autonómicas, como se as que nos foram outorgadas inviabilizem uma governação competente.
Reivindicamos apoios financeiros do Estado para cobrir alegados prejuízos da mobilidade no tráfego aéreo com Lisboa, mas desbaratamos elevados recursos em projetos megalómanos, sem comprovada rendibilidade, que deveriam ser esteio de progresso consistente, com garantias de futuro económico para as jovens gerações.
A insularidade e a ultraperiferia – bem precioso -, é um risco, pois pode confinar a mentalidade das pessoa a um horizonte curto e por vezes fechado, à abertura e universalidade de um “Rio Atlântico”, entre dois continentes onde constantemente nascem novas ideias, projetos e realizações, em prol do desenvolvimento.
Por tudo isto não podemos ficar para trás, presos à mediocridade, à pequenez, às lutas paroquiais, a estratégias partidárias inconsequentes que só destroem a confiança dos açorianos nas legítimas instituições autonómicas regionais e locais.
Os açorianos esperam das instituições autonómicas mais e melhores projetos e realizações, mais e melhores condições de vida, mais e melhor empenho, competência e responsabilidade de todos os agentes políticos.
A democracia para ser credível, deve recrutar os melhores, para tomarem as melhores decisões. Não amigos nem apaniguados.
Os Açorianos merecem-no para bem de todos nós.