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D VIOLANTE DO CANTO

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Jornal da Praia

21 hrs

JP | EFEMÉRIDE

Há exatos 435 anos, a 17 de agosto de 1583, D. Violante do Canto, ilustre Dama terceirense, embarcou rumo a Madrid por ordem de Filipe II. D. Violante fora uma defensora de D. António Prior do Crato.
D. Violante do Canto nasceu em Angra, em agosto de 1556. Era filha de João da Silva do Canto e de D. Isabel Correia. Foi entregue com um ano de idade ao cuidado de Simoa Monteira, que lhe deu uma formação adequada à sua condição social, que passou também pelo ensino da escrita e da leitura. Ainda jovem e solteira, em 1577, com a morte do pai, tornou-se herdeira de uma grande fortuna e do vínculo instituído por seu avô paterno, Pero Anes do Canto, o primeiro Provedor das Armadas dos Açores. Assim, D. Violante era descendente de uma família fundamental nos primórdios do povoamento insular.
Pero Anes do Canto nasceu em Guimarães, por volta de 1472/73. A tradição afirma que era descendente de Eduardo de Inglaterra, o Príncipe Negro. Em 1510, casou com Joana de Abarca, filha de Margarida Álvares Merens e Pero de Abarca, sobrinha de Maria de Abarca ou Corte Real, mulher de João Vaz Corte Real, 1º capitão-donatário de Angra. Este casamento, que durou apenas catorze meses, deixou descendência, António Pires do Canto, segundo Provedor das Armadas das ilhas. Em 1517, Pero Anes do Canto casou-se com Violante da Silva, filha de Duarte Galvão, cronista-mor do reino e de D. Catarina de Meneses e Vasconcelos, o qual durou apenas 23 meses. Deste casamento nasceu João da Silva do Canto, o pai de D. Violante do Canto.
Pero Anes do Canto deve ter vindo para a Terceira por volta de 1505, primeiro como escrivão do Mestrado de Cristo e do visitador Vasco Afonso. Passou pelo Norte de África, sendo então agraciado como cavaleiro fidalgo da Casa Régia. Iniciou então um processo de construção patrimonial nos Açores que o levou, em 1546, a ser considerado como o mais o poderoso fidalgo dos Açores. Nomeado Provedor das Fortificações, Pero Anes do Canto foi o responsável pelo início da construção da linha de Fortes da Terceira, posteriormente reforçada, e que foi essencial à defesa da ilha durante os séculos seguintes. Combateu ainda piratas e corsários nos mares dos Açores e, por tudo isso, foi nomeado o primeiro Provedor das Armadas e Naus da Índia em todas as ilhas dos Açores. A partir de então, Pero Anes do Canto enfrentaria dificuldades devido à falta de recursos da Coroa nas ilhas, mas não desistindo dos seus objetivos. Pero Anes do Canto morreu em 1556. O seu primogénito, filho do primeiro casamento, António Pires do Canto, tornou-se o segundo Provedor das Armadas. Já João da Silva Canto, que nascera a 10 de março de 1518, prestou serviços à Coroa em Ceuta, entre os anos de 1546 e 1548, pelos quais recebeu a comenda da Ordem de Cristo da igreja de Coja.
João da Silva Canto, quando regressou à Terceira, exerceu as funções de capitão-mor das Armadas nas ilhas, de provedor da fazenda e também das fortificações, chegou a substituir temporariamente o irmão como Provedor das Armadas, cargo que ocupou novamente aquando da morte de António Pires do Canto e por menoridade do sobrinho, Pedro de Castro do Canto. João da Silva do Canto casou-se com D. Isabel Correia, acumulando uma imensa fortuna, com bens móveis e imóveis, espalhados pela Terceira, S. Jorge, Faial e Pico. Da esposa herdou algumas terras em S. Miguel. Além disso, contribuiu para o bem da comunidade e das instituições da época, intervindo no processo de construção da nova Sé de Angra e foi também fundador, doador benemérito e provedor da Misericórdia. João da Silva do Canto cedeu as casas e a igreja onde se fundou o Colégio dos Jesuítas e foi devido à sua ação que se iniciou a construção do cais do Porto das Pipas.
D. Violante do Canto herdou uma grande fortuna em 1577 e quando, em 1580, o Cardeal D. Henrique morreu, D. António foi aclamado Rei, vindo para a Terceira, D. Violante apoiou-o financeiramente, sendo uma das mais importantes incentivadoras à causa do Prior do Crato, sustentado as tropas anglo-francesas estacionadas na ilha. Durante três anos os terceirenses se bateram como defensores da independência de Portugal. Em 1583, a Terceira foi subjugada pelos espanhóis e D. Violante, por ordem de Filipe II partiu a 17 de agosto de 1583 com D. Álvaro de Bazan, rumo a Madrid. À hora do embarque, D. Violante dirigiu-se para o lugar da Prainha, acompanhada por duas damas, cinco aias e vinte e um criados entre outros escudeiros, sendo ali esperada pelas principais autoridades de Angra, num estrado alcatifado e construído de propósito para o embarque. Ao pôr D. Violante o pé na escada do navio ouviu-se uma salva dada pela nau, acompanhada por todos os navios da armada.
Em Espanha, D. Violante foi encerrada em dois mosteiros, em Cadiz e Jaem e posteriormente obrigada a casar a 1 de abril de 1585 com Simão de Sousa de Távora, voltando a Portugal. Morreu em Lisboa, a 17 de novembro de 1599. Os seus bens vinculados foram herdados por Manuel do Canto de Castro, neto de António Pires do Canto, irmão de seu pai, assim nasceu, segundo as crónicas, a Caza maior das ilhas. Os restantes bens foram entregues à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e a várias outras instituições pias.
Atualmente a sua casa em Angra do Heroísmo, na rua da Sé, é a sede do Sport Clube do Lusitânia. A Provedoria das Armadas, Solar dos Remédios, hoje alberga as Secretarias Regionais da Saúde e da Solidariedade Social.
Francisco Miguel Nogueira

um país que não honra a história irá desaparecer com ela

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Eva Rebocho shared a post.
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Yesterday at 8:14 AM

ó ê

Giraldo Geraldes, mais conhecido como o Homem sem pavor, foi umas das personagens mais importantes da nossa história e na luta contra os mouros (se hoje temos Évora e o Algarve em parte foi graças a ele).
Seja a história lendária ou não, o que é certo é que existe uma praça com o seu nome em Évora, a existência das muralhas do seu forte e ainda uma estátua que o representa.
Como portuguesa tenho vergonha da falta de orgulho que há por parte do povo português e dos nossos governantes na nossa História. Sim, porque mudar a sua estátua da praça da junta de freguesia de Valverde para o meio do mato, em terreno de caça, sem indicações, não mostra mais nada para além da vergonha e da vontade em esconder a História e o que dela advém. Andei uma hora em pleno mato e zona de caça à procura da dita estátua que por coincidência também ninguém da aldeia conhecia. Mal tratada partida e abandonada, é assim que os portugueses tratam o seu passado!! A nossa história não foi só feita de padres e igrejas como nos querem fazer crer!

(A primeira foto era onde se encontrava a estátua inicialmente, a segunda foi onde eu a encontrei. As outras é do caminho que se tem de percorrer a pé até se dar com o local)

pode ser que assim ela volte ao seu local original e possa ser vista por todos!!!

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Na China, mil anos atrás, as mulheres já jogavam futebol | Esportes | EL PAÍS Brasil

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Várias pinturas do século XII mostram quatro mulheres que dão chutes em uma bola colorida. Em 2004, a FIFA concluiu oficialmente que o país asiático é o berço do futebol

Source: Na China, mil anos atrás, as mulheres já jogavam futebol | Esportes | EL PAÍS Brasil

 

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recuperação de templo portugues na Birmânia

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Carlos Fino shared a post.

Os Fernandes da cristandade birmanesa

Feliz por saber que a arquidiocese de Rangum e o Departamento de Arqueologia do Ministério da Cultura de Myanmar iniciaram há semanas as tão pedidas obras de conservação da igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Portugueses. O templo, construído no início do século XVII, foi abandonado no século XVIII por ocasião da chegada à Birmânia dos Barnabitas de Milão e dos missionários franceses, sendo lentamente tragado pela natureza e mais recentemente invadido por uma empresa de petróleos.

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IGREJA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DOS PORTUGUESES

Miguel Castelo Branco

Os Fernandes da cristandade birmanesa

Feliz por saber que a arquidiocese de Rangum e o Departamento de Arqueologia do Ministério da Cultura de Myanmar iniciaram há semanas as tão pedidas obras de conservação da igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Portugueses. O templo, construído no início do século XVII, foi abandonado no século XVIII por ocasião da chegada à Birmânia dos Barnabitas de Milão e dos missionários franceses, sendo lentamente tragado pela natureza e mais recentemente invadido por uma empresa de petróleos.

leia sobre a presença portuguesa no Oriente

SABIA QUE HOUVE ESCRAVOS AÇORIANOS NO BRASIL?

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Necessidade, ao que nos levaste !

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História desconhecida de Portugal: os escravos açorianos no Brasil

 

É um dos episódios mais negros da história de Portugal. Fugindo da miséria, atraídos por falsas promessas, muitos açorianos acabaram escravizados no Brasil.

 

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“Todos nós sabemos que está saindo uma imensidade de cidadãos portugueses para o Brasil; que vão ali ser vendidos, e ser escravos dos brasileiros, substituindo o lugar dos negros; e então ao passo que todas as nações da Europa estão empenhadas em evitar o tráfico da escravatura negra, parece-me que mais direito temos de tratar de evitar o tráfico da escravatura branca; da escravatura de cidadãos portugueses”. Em discurso às Cortes portuguesas, em 1840, o deputado Sá Nogueira expressava a preocupação pública com um pernicioso fenómeno que atingia particularmente as ilhas açorianas: a emigração ilegal de milhares de colonos com destino ao Império do Brasil.
Açores
Açores
Desde pelo menos o século XVII, o arquipélago dos Açores – composto por nove ilhas situadas no oceano Atlântico norte – fornecia colonos para o povoamento de algumas regiões do território brasileiro, como Santa Catarina e o Rio Grande do Sul. Se esta emigração inicial era dirigida e organizada pela Coroa, ao longo do século XIX, especialmente após a independência do Brasil, tornou-se uma emigração livre e espontânea, ou seja, os açorianos partiam em busca de melhores condições de vida.
Açores
Açores
Nos Açores, a miséria dos camponeses e dos pescadores era avultada, empurrando milhares de indivíduos para outras paragens. As dificuldades tornavam-se ainda mais agudas com as graves catástrofes naturais que atingiam as ilhas, como terremotos e temporais, seguidas de crises de subsistência. Além disso, muitos jovens compartilhavam de uma visceral aversão ao cumprimento do serviço militar.
Açores
Açores
Ao fugir ilegalmente – sem passaporte e à mercê de intermediários, os “engajadores” – os açorianos acabavam por deparar-se com novas formas de miséria, de dependência e de exploração. As viagens, nos veleiros, eram muito longas e penosas, sobretudo para os passageiros clandestinos. Estes amontoavam-se ao relento, fustigados pelas intempéries ou pelo sol escaldante, ou aglomeravam-se em pequenos espaços imundos nos porões, sem arejamento ou condições de higiene. Durante dois meses ou mais, sofriam a falta de alimentos e de água potável – o que, tudo somado, motivava doenças graves, por vezes fatais.
Ilha Terceira, Açores
Ilha Terceira, Açores
Iam presos a um contrato que, sendo lucrativo para os intermediários, representava uma autêntica armadilha para os emigrantes. Os fazendeiros pagavam o preço da viagem adiantado, e este era convertido numa dívida (muitas vezes inflacionada) a ser descontada do futuro ordenado dos colonos. Na prática, eles se tornavam propriedade dos fazendeiros e, em sua maioria, nunca mais regressavam à terra natal, sujeitando-se a desumanas condições de vida e de trabalho – chegando a não ter outra remuneração além da comida. Salvo raras excepções, eram analfabetos e, por isso, enganados mais facilmente: não sabiam contar, não conheciam a moeda e acabavam por ficar vinculados ao patrão durante longos anos, ou mesmo por toda a vida.
Açores
Açores
Quando se tratava de grupos numerosos, com cem ou mais passageiros ilegais, as partidas efectuavam-se na calada da noite, propícia também à prática do contrabando. Se os grupos eram pequenos, embarcavam de madrugada. A geografia insular facilitava: escolhiam-se baías, enseadas, rochedos isolados, de acesso difícil e sem qualquer tipo de iluminação, para partir em pequenas embarcações pesqueiras cujos mestres lucravam com isto. Os navios, com capitães que acobertavam o tráfico, velejavam perto das ilhas, recebendo os emigrantes em alto mar. Autoridades e a imprensa denunciavam o uso de enormes fogueiras nas montanhas para sinalizar à tripulação dos veleiros a partida de mais uma embarcação carregada de emigrantes clandestinos. Houve ainda notícias sobre jovens que iam a bordo de navios legais despedir-se de familiares e que acabavam por se esconder, partindo sem documentos ou bagagem.
Açores - Javier Garcia
Açores – Javier Garcia
Não é possível contabilizar o número de pessoas que se arriscavam na emigração ilegal, mas apenas entre 1855 e 1859 o cônsul português no Rio de Janeiro detectou a entrada de 1.203 passageiros clandestinos contra 452 legais, todos oriundos dos Açores. A cidade era a porta de entrada da maioria dos açorianos. Alguns ficavam na cidade ou nos arredores, muitos outros iam para fazendas no interior. Em menor número, seguiam para São Paulo e Santos, e ainda menos para Bahia e Pernambuco. A proibição do tráfico negreiro, em 1850, aumentara a necessidade de mão de obra no Brasil. Era imperativo angariar imigrantes que garantissem a exploração da terra e o incremento económico do país. Ainda que nem todas as autoridades tivessem má intenção, na realidade deixavam ocorrer inúmeras ilegalidades, chegando a ponto de permitir que os recém-chegados não fossem obrigados a comparecer nos respectivos consulados.
Foto: Rick Wilhelmsen
Foto: Rick Wilhelmsen
O fenómeno da emigração ilegal, associado ao grave esvaziamento demográfico do território português, tornou-se tema central de debates parlamentares e de editoriais e artigos da imprensa, acentuando um discurso dramático que enfatizava as “desgraças” a que se sujeitavam os emigrantes, mas que tendia a ignorar as verdadeiras razões daqueles que procuravam partir. “Os moços robustos e válidos empregam-se no serviço de carroças e vacarias, e nestas a maior parte deles são açorianos. Vivem quase sempre na imundice, dormem em cortiços, sem ar nem luz, e aí as doenças, as epidemias e as mortes”, relatava uma carta recebida do Rio de Janeiro, publicada, em 1876, no periódico açoriano O Picoense.
Açores
Açores
A expressão “escravatura branca” surgiu provavelmente na década de 1830 – ao que parece usada, pela primeira vez, pelo secretário de Estado José Maria Campelo – visando designar o tráfico de emigrantes, em especial do norte de Portugal e das ilhas da Madeira e dos Açores. A emigração clandestina era alvo de críticas e gerava indignação, mas havia poucos meios para combatê-la. Nem as autoridades portuguesas atuavam com eficácia para reprimi-la, nem as autoridades brasileiras se empenhavam em combater os abusos dos senhores sobre a mão de obra imigrante, que vinha substituir os escravos devido às restrições impostas ao tráfico negreiro.
Lagoa das Sete Cidades - Açores
Lagoa das Sete Cidades – Açores
Apesar do alarmismo exacerbado de certa imprensa local, a preocupação de muitos jornalistas açorianos era a de denunciar os navios que se envolviam no “tráfico de gente branca” – como o célebre patacho Arrogante, que em 1854 suscitou intensos debates parlamentares – e os horrores sofridos pelos emigrantes clandestinos, de modo a desmotivar os que ficavam nas ilhas destas perigosas aventuras. A imagem do brasileiro de “torna-viagem”, ou seja, do retornado emigrante enriquecido, era tida como prejudicial, pois estimularia novas fugas. Estes, na realidade, eram uma minoria que não espelhava a sorte dos açorianos no Brasil.
Açores
Açores
Por tudo isso, e não obstante as dificuldades reconhecidas pela imprensa, fazia-se necessária uma imediata actuação por parte das autoridades de forma a combater ou a mitigar os flagelos decorrentes da emigração clandestina. Sugeria-se a promulgação de leis, a fiscalização das embarcações, o controle sobre a hierarquia das autoridades, acções de sensibilização e de propaganda, conforme já faziam alguns jornais. O combate à emigração clandestina e à “escravatura branca” tornava-se um verdadeiro desígnio nacional português.
Angra do Heroísmo
Angra do Heroísmo
Apesar dos sucessivos governos promulgarem abundante legislação nas décadas de 1840, 1850 e 1860, visando controlar e reprimir o fenómeno, muitas das medidas não foram eficazes. As pessoas continuaram a contornar as leis, partindo sem se apresentarem às autoridades para requerer passaporte, o que no meio insular não era difícil. O desejo de uma vida mais próspera as impedia de se acautelarem contra as falsas promessas dos engajadores, que se beneficiavam da negligência das autoridades. A falta de meios para uma fiscalização eficaz e a longa distância entre Portugal, os Açores e o Brasil agravavam ainda mais os já complexos factores que levavam à emigração clandestina.
Parque Terra Nostra
Parque Terra Nostra
Ainda no final do século XIX, a emigração clandestina e as práticas fraudulentas a ela associada continuavam a preocupar as autoridades portuguesas, ainda que a expressão “escravatura branca” fosse menos utilizada. Embora muitos governantes e deputados defendessem que a emigração portuguesa devia ser canalizada para as colónias de África, os açorianos continuavam a rumar para outras paragens, como o Brasil, o Havaí e os Estados Unidos.
Susana Serpa Silva é professora da Universidade dos Açores e coordenadora do livro Um Passaporte para a Terra Prometida (Cepese / Fronteira do Caos Editores, 2011).

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amor noutras épocas… e suicídio de 13 garbosos pretendentes, por ela rejeitados

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Célia Manuela Soares Machado shared a post.

QUANDO ACHAREM, SENHORAS,
que não estão no vosso melhor, pensai na princesa Qajar da Pérsia, responsável pelo suicídio de 13 garbosos pretendentes, por ela rejeitados. Animai-vos, pois.

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Rodrigo Guedes de Carvalho

QUANDO ACHAREM, SENHORAS,
que não estão no vosso melhor, pensai na princesa Qajar da Pérsia, responsável pelo suicídio de 13 garbosos pretendentes, por ela rejeitados. Animai-vos, pois.

A HERANÇA PORTUGUESA DO URUGUAI E A AUSTRÁLIA

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Fonte: Colonia del Sacramento: um pedaço português no Uruguai

leia mais sobre este tema na 4ª edição de CRÓNICAS AUSTRAIS CAP 8 PG 200+

https://blog.lusofonias.net/?page_id=58622

TAMBÉM EM https://www.lusofonias.net/arquivos/429/OBRAS-DO-AUTOR/1007/CRONICAS-AUSTRAIS-1978-1998-4%C2%AA-ed-2015.pdf

na 3ª edição de crónicas austrais em
https://meocloud.pt/link/0f0a8471-d488-48d7-9889-65fcedbb0359/CR%C3%93NICAS%20AUSTRAIS%201978-1998%203%C2%AAed%20livro.pdf/
também em 4ª edição aqui https://www.lusofonias.net/textos.html#

 

 

leia sobre o tema

ssunto:Fwd: PORTUNHOL / O PORTUGUÊS URUGUAIO
Data:Mon, 2 Jul 2018 18:39:55 +0100
De:Francisco Nuno Ramos <observatoriolp@gmail.com>

 

 

Francisco Nuno Ramos
Telemóvel: 00 351 963230466
OLP

 

Uma visão da ocupação portuguesa e descolonização de Timor-Leste, por Fernando Augusto de Figueiredo

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Uma visão da ocupação portuguesa e descolonização de Timor-Leste, por Fernando Augusto de Figueiredo

A monografia histórica de Fernando Augusto de Figueiredo, “Timor-Leste – A presença portuguesa desde a reocupação à invasão indonésia (1945 – 1975)”, aborda o relacionamento difícil de Portugal com a Indonésia e a Austrália até 1975, num contexto internacional de contestação à presença portuguesa nas colónias. Macau é palco, em Junho de 1975, de uma cimeira entre Portugal e alguns dos partidos timorenses, onde não se inclui a Fretilin. No encontro foi delineado o calendário da descolonização, processo interrompido com a invasão pela Indonésia, em Dezembro de 1975.

Catedral de Díli em ruínas –1945. / Fotografia cedida por Maria do Patrocínio Faustino

Cláudia Aranda

“Timor-Leste – A presença portuguesa desde a reocupação à invasão indonésia (1945 – 1975)”, dá continuidade à tese de doutoramento de Fernando Augusto de Figueiredo intitulada “Timor: Presença Portuguesa (1769 – 1945)”, publicada em 2011, “explorando fontes ainda pouco ou nada conhecidas, de arquivos portugueses e estrangeiros, nomeadamente, os ‘The National Archives of Australia’ e ‘The National Archives’, no Reino Unido”, explicou o autor ao PONTO FINAL. Fernando Augusto de Figueiredo, investigador do Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa e do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (CLEPUL), lançou a monografia histórica no passado 10 de Junho, no Auditório da Feira do Livro de Lisboa.

Moisés Silva Fernandes, co-director do Instituto Confúcio da Universidade de Lisboa, descreveu esta obra, com mais de 600 páginas, como um trabalho académico “de grande vulto, que vem alterar os debates que se fazem em torno da questão do Timor português e de Timor-Leste, o seu enquadramento na política colonial portuguesa e o seu processo de descolonização que foi interrompido pela Indonésia com a invasão de 7 de Dezembro de 1975”.

A obra permite “reviver os anos do Interregno entre as duas invasões de Timor-Leste: a invasão japonesa e a invasão indonésia”, escreve no prefácio o bispo Ximenes Belo, Nobel da Paz de 1996, que resignou à diocese de Díli em 2002, exilando-se em Portugal. No entender de Ximenes Belo, “foram trinta anos de esforços de reconstrução e de desenvolvimento. Foi pena que a distância imensa que separava aquela antiga colónia da ‘Mãe-Pátria’ e o atraso cultural dos indígenas timorenses constituíssem um ‘senão’ para uma autêntica presença portuguesa”. O Nobel da Paz culpa a “impreparação e imaturidade política dos intervenientes do processo revolucionário do pós-25 de Abril de 1974”, tanto em Timor, como em Portugal, que fizeram “estancar o processo do desenvolvimento e lançou os timorenses no caos e na guerra civil”. Mas enaltece “os laços históricos, culturais e religiosos, expressos na língua portuguesa e na religião cristã”.

A ocupação japonesa prolongou-se de 1942 a 1945, deixando “70 mil mortos e destruição de infra-estruturas e recursos agrícolas”. A década de 1960 “foi um período de progressiva consolidação da presença portuguesa no território”. Mas, a nível político e social, “havia deficiências na administração e nos serviços”, destaca Ximenes Belo. Por isso, em 1959, “um grupo de timorenses, atiçados por uma dúzia de soldados indonésios infiltrados em Oe-Cusse e, depois, autorizados a residir em Baucau e Viqueque, levou até ao excesso as suas reivindicações”, descreve Ximenes Belo. Essas reivindicações resultaram na morte de timorenses, incêndios de casas em algumas aldeias de Watolari e Watocarbau, e no desterro dos implicados da revolta de 1959, para Angola e Portugal. Em consequência disso, o Governo de Lisboa e de Díli “delinearam planos de fomento e de crescimento”, processos abordados no livro de Fernando Augusto de Figueiredo, refere Ximenes Belo.

De Timor, telefonar para a metrópole, só em 1973

Fernando Augusto de Figueiredo referiu que esta obra, de 1945 e 1975, vai desde a reocupação portuguesa, “passando por um difícil e periclitante relacionamento com a Indonésia e a Austrália”, até à invasão e ocupação indonésia, considerando sempre a situação internacional de contestação – nomeadamente dos Estados Unidos da América (EUA) e Grã-Bretanha – à presença portuguesa, com Portugal a defender a sua posição de excepção”, explica o autor.

A obra aborda a administração portuguesa, “que vai evoluindo até uma autonomia restrita, integracionista, mas continuando a respeitar alguma especificidade das estruturas tradicionais indígenas”, diz Fernando Augusto de Figueiredo. A economia, que era assente, sobretudo, numa agricultura de subsistência, tendo no café o principal e quase único produto de exportação; uma indústria rudimentar e um comércio muito dependente dos territórios vizinhos. “As tentativas de exploração de petróleo não vieram a concretizar-se com sucesso, ficando o assunto da delimitação da zona de exploração com a Austrália ainda em aberto”, explica o autor.

As finanças caracterizaram-se por um grande desequilíbrio entre receitas e despesas, só compensadas com o auxílio da então metrópole e com empréstimos de outras províncias ultramarinas. Os transportes e comunicações eram muito deficientes, dependentes das companhias marítimas estrangeiras e dos transportes aéreos australianos. “Telefonar para a metrópole só se tornou possível em 1973”, destaca Fernando Augusto de Figueiredo.

No ensino, a presença portuguesa terminou com baixas taxas de alfabetismo. Na apresentação da obra em Lisboa, Moisés Silva Fernandes destacou o acordo relativo aos Açores, que foi “a moeda de troca que António de Oliveira Salazar usou perante os EUA e a Grã-Bretanha para impedir que a Austrália tomasse o Timor português, como era sua vontade. Como o autor afirma ‘[d]e facto, a ‘libertação’ de Timor apresentava-se ao ‘Estado Novo’ como um desígnio nacional, dentro da concepção imperial que o regime defendia e propalava”.

Macau de fora dos processos de descolonização

A integração colonial portuguesa passou a estar, a partir de 1960, sob os olhares da Organização das Nações Unidas (ONU). “Efectivamente, o governo português estava a desrespeitar o que a ONU propunha, que era o processo de descolonização e independência. Neste contexto, lembra Moisés Silva Fernandes, “o processo de reunificação de Macau à China Continental era um dado adquirido, após a Grande Revolução Cultural Proletária, entre 1966 e 1968, que deixou completamente humilhados o governador e a administração portuguesa”. Em 1971 a República Popular da China acedeu à ONU e no ano a seguir “fez com que a Assembleia-Geral retirasse Hong Kong e Macau da lista de territórios a descolonizar”.

Os “acontecimentos de 1959” em Timor são de nível interno e não recebem internacionalmente qualquer visibilidade, porque os dois regimes, o português e o indonésio, criaram de facto um “muro de silêncio”. Os timorenses vão ficar, contudo, com a memória destes trágicos incidentes. No início da década de 1970, começam a organizar-se vários movimentos de proto-independência, quase todos de origem católica, e são estes que vão marcar os partidos políticos após o 25 de Abril de 1974.

A PIDE/DGS surgiu após os “acontecimentos de 1959”, para manter sob vigilância os poucos que regressaram de Angola e Moçambique para o Timor português, e que foram absolvidos dos “acontecimentos de 1959”. A PIDE, refere Fernando Augusto de Figueiredo, estava atenta, também, às deslocações desde Díli de jovens chineses que iam continuar os seus estudos, entrando alguns “na China Popular” por Macau ou Hong Kong, recebendo educação em “escolas comunistas especializadas”, com a intenção de virem depois a ser “doutrinadores dos seus compatriotas”. Como precaução, não era autorizado o regresso aos estudantes que tivessem ido para a China continental comunista, mesmo com a família a residir em Timor. Com o desencadear da Revolução Cultural na China, a PIDE aperta a vigilância.

Mais tarde, Macau vai ser o palco de negociações entre Portugal e os partidos políticos de Timor. Em Macau, estiveram presentes a UDT, a APODETI, o KOTA e o PT. Não compareceu a FRETILIN, que desejava ser reconhecida como único representante do povo timorense e manifestando o seu interesse em negociar directamente com Portugal, mas em Timor ou Camberra, não em Macau.

Na Cimeira de Macau, a 26 de Junho de 1975, ficou delineado o calendário de descolonização e o estatuto especial para o período de transição, proporcionando-se à população escolher apenas entre a independência e a integração na Indonésia, uma vez que a soberania portuguesa deveria terminar em Outubro de 1978. Em 7 de Dezembro de 1975, com o aval dos Estados Unidos da América, a Indonésia desencadeou a fase militar da Operasi Komodo (Crocodilo Gigante), em curso desde Outubro de 1974, e invadiu Timor por terra, mar e ar, bombardeando a cidade de Díli e tomando-a com tropas pára-quedistas, “iniciando assim uma ocupação violenta, que encontrou uma resposta com que não contavam”, refere o autor.