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estamos tramados e entregues às parcas

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QUEM TECE O NOSSO DESTINO

As Moiras (Parcas, na mitologia romana) são três irmãs, da mitologia grega, que determinam o destino dos seres humanos. Uma faz o fio, a outra tece e a terceira, corta. Elas utilizam a Roda da Fortuna: alguns fios são privilegiados, outros, não. Não são nem boas nem más, apenas fazem o seu trabalho. Uma vez tecido o destino de cada um, nem os deuses têm o poder de o alterar.

A nossa sorte é decidida por deusas caprichosas, que giram a Roda da Fortuna, tecem a sorte das nossas vidas e escrevem no Livro do Destino…

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Afonso Chaves. O homem que fez dos Açores um laboratório da ciência mundial

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Afonso Chaves. O homem que fez dos Açores um laboratório da ciência mundial

Foi um destacado cientista do final do século XIX e início do século XX. Reconhecido internacionalmente, foi pioneiro nas áreas da meteorologia, sismologia, vulcanismo e oceanografıa e contribuiu para outras áreas, como a biologia e a fotografıa

Logo na entrada da casa de João Luís Cogumbreiro, um velho retrato do trisavô está cuidadosamente emoldurado na parede. Apesar de nunca o ter conhecido, a figura do “avô Chaves” esteve sempre presente: quer lá em casa, quer ao longo da vida. João Luís é o mais novo de seis irmãos e coube-lhe a responsabilidade de cuidar do legado do coronel Francisco Afonso Chaves (1857-1926), um dos mais destacados cientistas portugueses do final do século XIX e início do século XX. Quando fala do trisavô, não consegue disfarçar o entusiasmo. “É fácil estar apaixonado pela figura, fez coisas lindíssimas e hoje em dia vivemos numa geração sem heróis”, diz, de sorriso aberto e com a voz preenchida de orgulho.
Pela longa mesa de madeira está criteriosamente espalhado um manancial de artigos. Entre livros e dossiers, a diversidade temática da informação revela a variedade de áreas que Afonso Chaves tocou: a meteorologia, a sismologia, o magnetismo terrestre, a oceanografia, a história natural, a biologia e a fotografia — só para enumerar a disciplinas mais presentes. Alguns objectos eram do próprio Afonso Chaves. Caso da agenda pessoal, que servia para todo o tipo de anotações, como as compras de mercearia e os pagamentos aos funcionários. Ou a tina, uma caixinha aberta em vidro, que suportava os banhos químicos das lâminas de vidro para a revelação de fotografias.
João Luís, que saiu por instantes da sala, volta, trazendo na mão um estojo que transporta como se fosse um tesouro. Antes de o abrir, avisa: “Isto é fantástico.” Lá de dentro, retira meticulosamente as condecorações da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada e da Ordem de Saint-Charles (do principado do Mónaco), atribuídas ao coronel Chaves.
A colecção está, porém, mais pequena desde 2013, quando as cartas foram doadas à Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada. Uma forma de “zelar pela conservação” e “facilitar os conteúdos” aos interessados, nota João Luís Cogumbreiro, que, com a mulher, Iva Matos, bibliotecária, catalogaram e transcreveram dezenas de cartas antes da doação.
No acervo de seis mil cartas, há correspondência trocada com algumas das figuras de maior destaque daquela altura: Jules Richard (primeiro director do Museu Oceanográfico do Mónaco), Charles Richet (Nobel da Medicina de 1913), Frijdov Nansen (Nobel da Paz de 1922), irmãos Lumière (precursores do cinema), Francisco Lacerda (músico português), Hintze-Ribeiro, ministro do reino de então, e claro, Alberto I do Mónaco, o príncipe cientista, com quem Chaves desenvolveu uma amizade que lhe iria abrir as portas da ciência mundial.
Para lá da família, provavelmente ninguém conhece tão bem o espólio como Conceição Tavares. Para esta investigadora do CHAM — Centro de Humanidades, das universidades Nova de Lisboa e dos Açores, os contactos com algumas das maiores figuras da altura são fundamentais para perceber o “maior legado” do cientista falecido há 94 anos. “A integração dos Açores no mapa científico internacional, sem dúvida, ao nível da meteorologia, da sismologia e oceanografia, sobretudo”, frisa, quando questionada sobre o maior legado de Chaves e aprofundando, em seguida, a credibilidade internacional de que o cientista gozava: “Era um interlocutor credível, fiável, responsável, reconhecido pelas redes internacionais que procuravam penetrar no Atlântico nas diferentes especialidades.” Entre essas especialidades, parece consensual entre os investigadores que a meteorologia é a mais evidente. Para perceber o cientista Afonso Chaves, é necessário perceber a história da meteorologia nos Açores.

Um centro meteorológico

A telegrafia sem fios chegou aos Açores em 1893, depois de meio século de avanços e recuos. A operação só viria a avançar devido ao ultimato inglês e ao resfriamento das relações entre Portugal e Reino Unido. “Os Açores eram uma reserva do império britânico em termos práticos”, explica Conceição Tavares, referindo que a ligação entre o continente europeu e um arquipélago estrategicamente localizado no meio do Atlântico depreendia um potencial enorme que os ingleses não queriam ver aproveitado pelas nações concorrentes.
Afonso Chaves percebeu a oportunidade e, quando soube que o telégrafo ia mesmo avançar, não esteve com meias medidas: escreveu a Brito Capelo, director do Observatório Meteorológico do Infante D. Luiz, em Lisboa, a pedir autorização para chefiar o Observatório de Ponta Delgada. Chaves assumiu as rédeas de um observatório “praticamente ao abandono” e modernizou-o, através de donativos da elite local, desafiada a contribuir para colocar os Açores no mapa da meteorologia mundial.
Para o sucesso desse desafio, a colaboração do príncipe Alberto I do Mónaco foi decisiva. “Tudo isso ia chegando aos ouvidos do príncipe através de cartas. Afonso Chaves pôs o posto apto a responder às solicitações a que ele sabia que ia responder”, explica a investigadora. Seis anos antes, Alberto tinha conhecido o jovem cientista Afonso Chaves, aquando da segunda expedição das famosas campanhas oceanográficas que realizou. O príncipe foi visitar o museu da cidade de Ponta Delgada e registou em diário o quão impressionado ficou com as competências demonstradas pelo então assistente do director do museu. Oito anos depois, e após vária correspondência trocada com a equipa científica do Mónaco, Afonso Chaves recebeu a primeira carta do príncipe — e logo com uma proposta ambiciosa. Alberto queria montar um serviço internacional de meteorologia nos Açores e queria que Chaves o liderasse.
A ideia de um Serviço Meteorológico Internacional no meio do Atlântico entusiasmou o mundo e França e Alemanha disponibilizaram-se de imediato a financiá-lo. Afonso Chaves correu a Europa para conhecer todos os observatórios meteorológicos europeus, mas o projecto acabou por não avançar. Mais uma vez, devido à pressão britânica, a que o rei D. Carlos foi sensível. “Havia um problema de correlação de forças internacionais sobre o Atlântico, que era o objecto da atenção e da cobiça internacional”, vinca Conceição Tavares.
O projecto perdeu o cariz internacional e foi ajustado à dimensão nacional, mas nem por isso perdeu importância. A “dinâmica internacional” tinha sido criada e Alberto do Mónaco firmou-se com um “porta-voz mundial” do Serviço Meteorológico dos Açores, finalmente criado em 1901. Além disso, os dados do Atlântico eram “fundamentais” para a previsão do tempo. Com tudo isso, Conceição Tavares não tem dúvidas: “O Serviço Meteorológico dos Açores tornou-se o interlocutor internacional da meteorologia em Portugal.” Com Afonso Chaves na liderança.

O pioneirismo

Para o meteorologista Diamantino Henriques, a criação deste serviço é mesmo a “grande marca” de Afonso Chaves na história da ciência nacional. Até porque, destaca, foi o primeiro serviço meteorológico num país até então apenas composto por observatórios. A diferença não é só semântica: “A meteorologia estava dispersa pelas Forças Armadas, a academia, os serviços agrários, por uma série de instituições e não havia um serviço meteorológico autónomo.” Afonso Chaves, que irá liderar o Serviço Meteorológico dos Açores até ao final da vida, criou postos nas Flores e Faial e estações de observação no Pico.
Entre os muitos trabalhos de Chaves, Diamantino Henriques destaca a de finição da hora oficial, os anuários climatológicos “muito bem feitos”, mesmo para a visão actual, e a criação de um sistema de pré-aviso de ondas. A criação desse sistema foi incentivada pelo Governo francês, que pediu a colaboração de Chaves para a previsão das tempestades sofridas em Marrocos. “Ajudou a construir a estrutura da meteorologia e tinha uma visão da meteorologia muito parecida com a que temos hoje”, resume o meteorologista, dando como exemplo a intenção de criar uma estação meteorológica na montanha do Pico. Foi “pioneiro da ciência meteorológica em Portugal e até mesmo no mundo”.
O seu pioneirismo estende-se a outras áreas. “Foi um pioneiro na sismologia e vulcanologia dos Açores, diria até do Atlântico Norte”, aponta Victor Hugo Forjaz, professor catedrático de Vulcanologia, destacando a criação do primeiro posto sismográfico do país em São Miguel em 1902 e a primeira lista de erupções submarinas dos Açores, dando o exemplo da erupção de 1720 do banco D. João de Castro. “Foi ele quem descobriu essa grande erupção, que tem um historial muito interessante porque era a décima ilha dos Açores.”
Correndo-se o risco de a expressão “pioneiro” se banalizar, há outra área em que Afonso Chaves foi precursor: a da fotografia científica em Portugal, que serviu de extensão aos trabalhos de divulgação de centenas de espécies. “A fotografia servia uma função essencialmente de divulgação de registos de observação, o que, até então, era limitado ao desenho”, diz Conceição Tavares. O espólio de sete mil fotografias esteve remetido ao esquecimento durante décadas no Museu Carlos Machado até 2007, quando Victor dos Reis decidiu trazê-las para exposição — de que resultou no catálogo A Imagem Paradoxal: Francisco Afonso Chaves (1857-1926).
Nesta redescoberta de parte do legado de Afonso Chaves, além da vertente científica, para Conceição Tavares ficou evidente a “sensibilidade artística” e o “domínio das técnicas fotográficas”, como a estereoscopia.
Entre tantas áreas de em que teve projecção nacional e internacional, João Paulo Constância lembra a importância local de Afonso Chaves, sobretudo na museologia e na vida do Museu Carlos Machado, de que foi o segundo director durante 25 anos. O conservador da colecção de história natural daquele museu assinala que Afonso Chaves foi decisivo para assegurar a sobrevivência numa altura crítica da instituição, tendo também contribuindo para a colecção de história natural. “Através de exemplares ou publicações, foi uma figura essencial na história do museu.”

O legado

O busto de Afonso Chaves na entrada da delegação do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) nos Açores antecipa a designação de Observatório Afonso Chaves para a sede do IPMA na região. Além do observatório, a sua memória procura ser preservada pela Sociedade Afonso Chaves, fundada em 1932, seis anos após a morte do patrono. Desde então, a sociedade publica a revista Açoreana, que procura “reflectir sobre os Açores”, como explica o actual presidente António Frias Martins, professor catedrático de Biologia. “Tem uma missão dupla de investigação e divulgação da ciência e da ciência dos Açores”, diz, referindo que a sociedade também gere o único Centro de Ciência Viva nos Açores.
Apesar dos exemplos, a família do coronel Chaves acredita que a figura está “um pouco esquecida” e “merecia mais destaque”, por exemplo, nos “guias turísticos da região”. “Acho que não tem o reconhecimento devido”, diz João Luís Cogumbreiro: “As informações que chegam de fora são mais fortes do que as de dentro e, quando é assim, não estamos a cumprir o nosso dever perante o legado.” Conceição Tavares partilha da opinião. Se o legado científico está “bem tratado”, a figura é apenas recordada “num círculo muito restrito” de pessoas, diz. “Continuamos a fazer óptima meteorologia e óptima geofísica, mas a pessoa que pôs os Açores no mapa internacional destas questões está um bocadinho esquecida.”
É indesmentível o contributo de Afonso Chaves na história moderna da ciência portuguesa. Fez de todo o arquipélago objecto de trabalho: percorria todas as ilhas regularmente e, além de viver em São Miguel, passava longos períodos nas Flores e no Faial. A abrangência dos estudos pode ser resumida numa grande categoria: os fenómenos naturais da geografia dos Açores. “O fenómeno de sermos ilhasmar numa perspectiva científica”, descreve João Luís Cogumbreiro, o descendente, para quem ainda falta responder a uma “questão importante” sobre o seu trisavô: qual o maior contributo deixado por Afonso Chaves? “Era um homem muito focado no que hoje em dia se chama ‘ambiente e sustentabilidade’. Estava muito à frente, focado na ideia de que o que temos é para preservar e temos de saber o que temos para o conseguir preservar.” Encarou a ciência como uma “forma de servir as pessoas”.

(Rui Pedro Paiva – Edição Público Porto)

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Mark Twain esteve nos Açores e descreveu habitantes como “fósseis” e “aldrabões” e A história dos EUA contada por meio dos pratos favoritos de Mark Twain | DiarioEsportes.com

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É sempre Dia dos Namorados em Sissinghurst, o jardim que uniu um casal em que ninguém acreditava | Icon Design | EL PAÍS Brasil

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Uma história de respeito, liberdade, poliamor e a importância de um projeto comum

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A IGNORÂNCIA MATA MAIS QUE A PESTE

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https://blog.lusofonias.net/wp-content/uploads/2020/06/CRÓNICA-342.-A-IGNORÂNCIA-MATA-MAIS-QUE-A-PESTE.pdf

CRÓNICA 342. A IGNORÂNCIA MATA MAIS QUE A PESTE 12.6.20

 

esta e anteriores crónicas em https://www.lusofonias.net/mais/as-ana-chronicas-acorianas.html

ABATER ESTÁTUAS DE ESCLAVAGISTAS E OUTROS É TAREFA FÁCIL, ELAS ESTÃO MUDAS E QUEDAS E NEM ESBOÇAM SEQUER OPOSIÇÃO.- mais difícil é apagar os atos de todos os esclavagistas ao longo dos séculos. Além de que, normalmente, os apeadores de estátuas são pessoas de elevado grau de ignorância, mandatados por um qualquer populista. Começam por estátuas, depois queimam livros, e exorcizam ideias, e quando menos se dá conta já um fascismo nazi se instalou.

É bem mais fácil apear estátuas que ideias. Ao destruir ou deitar abaixo uma estátua podemos estar a destruir um símbolo, mas os atos e consequências mantêm-se inalterados. Como estes vândalos são mais ignorantes que um primata, devem começar pelo século XX e destruir as estátuas de todos os grandes esclavagistas do povo HITLER, ESTALINE, LENINE, MAO, e mais umas dezenas deles por todo o mundo. Depois devem passar ao século XIX e fazer o mesmo, por aí atrás a todos os Impérios, pois nenhum império sobrevive sem escravos e são os escravos que fazem grandes s impérios. Os impérios africanos antes dos ocidentais terem lá chegado, eram mercados de venda de escravos, que encontraram um fértil mercado quando os ocidentais lá pareceram. Os corsários berberes aprisionavam cativos nas ilhas dos Acores para os venderem como escravos, devemos assim obliterar todos os berberes? Retrocedendo chegaremos ao Antigo Egito, depois da destruição de Constantinopla, da Biblioteca de Alexandria (que tem de ser destruída uma segunda vez), vamos destruindo ao Corão, a Bíblia, todos os livros sagrados de todas as religiões, todos os vestígios de escravatura até aos Sumérios e babilónios, aos Denisovan, Neandertal e seus antepassados. Aí sim, estará a obra completa e podemos voltar a ser símios, pois tanto quanto se sabe os símios nunca praticaram a escravatura. Completado o círculo recomecem a civilização de novo como símios, que a vossa capacidade intelectual é bem inferior à deles. A História serve para nos ensinar, não está aí para ser condenada. Condenar a História não irá resolver nada. Não se apaga o passado, e ao tentar apagar o passado não se corrige o presente, cada ato aconteceu numa determinada época fruto da mentalidade e das normas sociais de cada época. Tudo o que fazemos hoje, e é considerado aceitável e normal, implicava uma ida à fogueira da Inquisição ou ao cadafalso da Maria Antonieta. Ou à pira da Joana D’Arc, ou ao canibalismo das tribos ancestrais.

Esta ignorância que ora nos rodeia com estátuas apeadas vai matar muito mais que o Covid, a peste, ou qualquer outra praga bíblica e com esta fórmula de politicamente correto que tentam implantar não vai sobrar ninguém.

Chrys Chrystello, Jornalista, Membro Honorário Vitalício 297713 [Australian Journalists’ Association MEAA]

Diário dos Açores (desde 2018) Diário de Trás-os-Montes (desde 2005) e Tribuna das Ilhas (desde 2019)

o massacre de la lys

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Batalha travada em 9 de A bril de 1918, durante a Primeira Guerra Mundial , entre as forças da Alemanha e do Império…

O SOLDADO AÇORIANO EM LA LYS

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O Soldado Açoriano em La LYS… 102 anos depois:
“[…] A batalha decorreu numa planície pantanosa banhada pelo Rio Lys e seus afluentes. As forças portuguesas assumiram a disposição de um trapézio, cuja face voltada para o inimigo se estendia por 11 km, e dispuseram-se em três linhas de defesa. Este foi um dos mais sangrentos confrontos em que esteve envolvido o Corpo Expedicionário Português, que aqui teve as seguintes baixas: 1341 mortos, 4626 feridos, 1932 desaparecidos e 7440 prisioneiros. […]”, in Infopédia.
Apesar dos Açores não terem enviado Batalhões para o Norte de Europa e África (ficamos entregues a nós próprios), contribuímos para o esforço de Guerra ao integrar os batalhões continentais. Destaco o Capitão de Infantaria António de Sousa Coelho, oriundo de Angra do Heroísmo. O seu percurso mostra o ecletismo destes filhos da 1.ª Classe Açoriana: embarcou em Lisboa a 26 de dezembro de 1916 com o 3BAT do RI 5 embora a sua unidade territorial fosse o Regimento de Infantaria n.º 29 (Braga).
Entre dezembro de 1916 e fevereiro de 1917, tirou o curso de Morteiros Ligeiros de Trincheira na Escola do 1.º Exército inglês e foi nomeado instrutor da Escola de Morteiros (baterias) em 6ABR17. Nomeado comandante da 3.ª Bateria de Morteiros Ligeiros a 30MAI17; Capitão a 2FEV18, sendo colocado no Estado Maior da Arma; nomeado definitivamente comandante da mesma bateria em 10MAR18. Seguiu para Portugal a 6MAR19 no transporte “Helenus”. Tomou parte na Batalha de La Lys.
Imagem: Soldado desconhecido da Fajão de Cima, I Guerra Mundial.

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1939 açores e a crise da guerra

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A propósito de crise económica, presente e futura, alguns excertos dos dias imediatamente a seguir à invasão da Polónia a 1 de setembro de 1939… nos Açores! Para quem estava atento às repercussões internacionais desde janeiro de 2020… nada de novo na História. Apenas a falta de planeamento…
“[…] Em Lajes do Pico, estes cortes já se verificavam desde dois de setembro de 1939, desistindo-se de obras planeadas desde 1937. Nem verba existia para se cumprir com os trâmites legais. Aguardava-se a chegada de dez moios de milho pelo vapor “Carvalho Araújo”, enviados pela Comissão Reguladora dos Cereais no Arquipélago, pelo que a prioridade era o combate à fome. (…) A treze de setembro de 1939, solidarizando-se com a paralisação da indústria do ananás em São Miguel e do turismo na vizinha Madeira, a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo previa que à semelhança de outras crises, migrassem à ilha um grande número de desempregados em demanda de trabalho (…). Em meados de setembro de 1939, o médico do primeiro partido do Nordeste, ilha de São Miguel, retomou tardiamente as suas funções, desculpando-se por não conseguir transporte devido ao estado de guerra. Editais sobre a sementeira da batata demonstram que este estrangulamento às importações era também internacional: a CM de Santa Cruz da Graciosa pediria a lista de preços à Estação Agrária de Angra do Heroísmo “(…) visto não ser possível importa-la do estrangeiro devido ao estado de guerra. […]” in REZENDES, S., “Receios, privações e miséria num ambiente de prevenção armada: ecos da II Guerra Mundial nos Açores”, Caleidoscópio, 2019. Imagem: Idem.

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a china e os chineses em 1930

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A CHINA E OS CHINESES VISTOS POR UM PORTUGUÊS

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Miguel Castelo Branco

Os chineses vistos por um português

“Tendo visitado a China em 1930, António Lopes publicou no Diário da Manhã, Diário de Lisboa, Novidades e Voz de Macau uma série de reportagens sobre o Império do Meio. Texto de claro pendor sinófilo e declarada admiração pelo marechal Chiang Kai Schek, publicado no ano do início da guerra entre a China e o Japão (1937), exalta as qualidades da civilização chinesa e contém impressões sobre Macau, Hong Kong e Cantão”, Miguel CB – Os Portugueses e o Oriente: Sião-China-Japão (1840-1940). Lisboa: BN, 2004.

1. Ordeiros e trabalhadores
“São simpáticos os chineses. E entre todos os tipos humanos conhecidos eles são, sem dúvida nenhuma, dos mais merecedores da nossa consideração. Porque são ordeiros, trabalhadores, hábeis, empreendedores, bons chefes de família, económicos e respeitadores das leis e dos contratos. Nem todos os povos possuem tais e tantas qualidades”.

2. Preconceitos e estereótipos
“Geralmente, quando se fala dos chineses, vem logo à superfície a pirataria e a corrupção – as piores coisas que se encontram na China – mas raras vezes se lembram as boas qualidades, como se na Europa não existissem ladrões e assassinos, e os bandidos da Calábria; e como se na América não andassem à solta milhares de gangsters e um bom razoável número de Lampiões”.

3. Gente honrada
“São honrados os chineses, e homens de palavra, apesar de a pirataria e a corrupção darem por vezes a impressão do contrário. A maior prova dessa honradez está na maneira, única em todo o mundo, como os bancos chineses trabalham com os seus clientes, proporcionando-lhes toda a qualidade de operações bancárias, mesmo empréstimos, sem qualquer documentação, e apenas sob palavra [de honra]”.

4. O lugar de Portugal
“Convém acentuar aqui que Portugal não aparece envolvido em nenhum dos graves conflitos com a China nem em nenhum dos grandes negócios que animam a acção dos estrangeiros (…). Tanto no seu próprio interesse, como no interesse da China e do mundo, Portugal deve retomar o seu lugar de outrora, movimentando e criando riqueza, mas, como sempre, sem atentar contra os interesses chineses e sem criar ódios que os outros [britânicos, americanos, etc] têm criado com os seus exageros e as suas violências”.