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A Estátua Equestre da Ilha do Corvo

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Fernando A. Pimentel added a newphoto.

A Estátua Equestre da Ilha do Corvo.
Já passava de meados do século quinze, quando os marinheiros portugueses, que iam rumo a ocidente à procura de mais terras, depararam, por fim, com um pequeno ilhéu negro, no meio do mar. Era a mais pequena ilha dos Açores que encontravam e, aproximando-se pelo lado do noroeste, viram, inesperadamente, no cume de um penhasco, que parecia servir de marco aos navegantes, o vulto de um homem grande de pedra, montado num cavalo sem sela.
Era uma estátua profética, construída não se sabe por quem, e representava um homem, coberto com uma espécie de manto, com a cabeça descoberta. As faces do rosto e outras partes estavam sumidas, cavadas e quase gastas do muito tempo que ali tinha estado. Sobre as crinas do cavalo, que tinha uma perna dobrada a outra levantada, estava colocada a mão esquerda do homem, enquanto que o braço direito estava estendido e com os dedos da mão encolhidos. Só o indicador continuava aberto e apontava para o poente ou noroeste, para as regiões onde o sol se oculta, a grande terra dos bacalhaus, as Indias de Castela ou o Brasil, terras que ainda não tinham sido descobertas.
A estátua assentava sobre uma laje também de pedra, na qual estavam escritas algumas palavras, que, embora muito gastas da antiguidade e do rocio do mar, ainda deixavam ler: “Jesus, avante!”. Era uma incitação aos descobridores portugueses para que avançassem e expandissem a fé cristã para o ocidente. Os nossos marinheiros seguiram o conselho, viajaram para ocidente e descobriram muitas terras onde semearam a fé em Jesus.
Hoje a estátua já não se encontra lá porque, no tempo de D. Manuel, veio do reino um homem, mandado pelo rei, para a apear e levar. Descuidando-se, a estátua quebrou-se em pedaços, dos quais alguns foram levados ao rei. Mas ainda, na parte noroeste da ilha, encontramos o promontório onde se levantou a estátua equestre e, mais abaixo, o marco que deu o primeiro nome à ilha — ilha do Marco.
A esta estátua se devem as descobertas para o ocidente, porque, com aquele dedo apontado, anunciou a existência de outros mundos e bastou que os navegadores compreendessem e interpretassem essa escultura em pedra para avançarem em direcção às Américas.

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leia mais sobre este tema no livro ChrónicAçores uma circum-navegalção de Chrys Chrystello ou aqui https://blog.lusofonias.net/?p=87433

HISTÓRIA 1950’S o meu fato de banho unipeça masculino Póvoa de Varzim 1957

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A Eucísia foi também berço de muitas criadas ou de servir à mesa (ou empregadas domésticas como hoje se tem de dizer para se ser politicamente correto) em casa dos meus avós ou na nossa, com nomes exóticos tais como Delmira e Delmina. Que lá na terrinha já havia uma América e uma Argentina que ainda eram nossas parentes. Vinham tomar conta da minha irmã ou servir à mesa em casa dos meus avós.

Eram jovens, muitas vezes acabadas de fazer a 3ª classe de instrução primária, tímidas, encavacadas pelo bulício citadino, que se sentiam sempre como um peixe fora de água e que mal podiam, asinha regressavam à terra natal. Nem uma só quis ficar no Porto, essa cidade das pontes com mil luzes e atrações. Por volta dos quinze ou dezasseis anos regressavam para ajudarem a família e buscarem noivo.

A DELMIRA 1957

recuperei estas fotos do meu arquivo e que ilustram um artigo sobre tempos idos… ler aqui a crónica 58.3 de set 2008Crónica058.3 eucisia in ChronicAçores uma circum-navegação vol. 1

esqueci o celular…

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a este respeito extraio do meu livro ChrónicAçores vol 2 o textoseguinte
100.3. CONVERSAS DO ALÉM

Há tempos fiquei menente[1] quando me disseram que um falecido, na vizinha Lombinha da Maia, pedira para ser enterrado com o seu inseparável telemóvel.

O homem sem pitafe[2] algum viera da Amerca[3], ali da antiga Calafona[4], e queria estar contactável mesmo para lá do grande túnel luminoso.

Qual não foi o meu espanto, num alpardusco[5] de camarça[6], ao transitar pelo cemitério já encerrado a visitas, e ver três pessoas do lado de fora das grades do cemitério falando com alguém e usando os seus telemóveis ou celulares bem encostados ao ouvido. Uma delas, tinha uma mão nas grades e na outra segurava o aparelho.

Não tinha tarelo[7] nenhum. Não querendo ser lambeta[8], interroguei-me “Estaria a falar com o falecido, que nascera empelicado[9]?” Será que o finado atendeu do lado de lá dentro do seu caixão de mogno envolto na “Stars and Stripes” à prova de leiva[10] ou continuaria na sua eterna Madorna[11]? Teria acendido um palhito[12]para ver quem lhe ligava?

De que falariam? Que mexericos trocavam? Lamentar-se-iam da falta que lhes fazia ou estariam a queixar-se da carestia de vida? Que palavras trocariam que não tivessem já comunicado? Que faltara dizer?

Estariam a queixar-se da sorte caipora[13] dos herdeiros ou a culpá-los pela caltraçada[14] criada pelo inexistente testamento? Teriam sido vizinhos de ao pé da porta[15]? Falariam do gado alfeiro[16] sem touro de cobrição?

Talvez dum derriço duma filha numa constante arredouça[17], às fiúzes[18] do namorado da cidade? Eu ia ficar a nove[19] mas tratando-se de gente rural podia augurar que os vaqueiros se preocupassem mais com subsídios e vacas.

Não devem escalar grandes cumes culturais ou espirituais. Pressuponho ser esse o jaez da conversação. Não creio que pedissem aconselhamento para as eleições legislativas dali a seis semanas nem tampouco lamentassem a falta delas.

Quem sabe que lastimavam? Falariam, talvez, de mordomos, impérios e festas que isso, sim, seria assunto da maior relevância local, que o melhor da festa é esperar por ela, mas mais apropriado para se discutir à mesa, sem ninguém a atramoçar[20], com uns calzins[21] de abafado[22] até se ficar meio piteiro[23].

Uma pessoa interroga-se sobre a possibilidade de duração infinita das baterias do aparelho no esquife.

Seria a solução para tantos escritores e outros que se separam dos leitores sem tempo de dizerem um último adeus, escreverem a última frase de um livro, acenarem com um novo projeto ou retificarem qualquer coisinha.

Seria a forma inédita de poderem continuar a comunicar com aqueles que ficam facilmente órfãos de autores que os acompanharam nesta digressão terrena.

Admiro-me que as companhias de telecomunicação não tenham inventado uma bateria de longa duração que não precise de ser carregada debaixo de terra e permita acesso ilimitado, a troco de uma conveniente taxa vitalícia, aos que os deixaram já no meio duma amizade, dum amor, duma relação, duma paixão.

Seria, decerto, um êxito comercial se viesse com a possibilidade de personalização do aparelho. Quem sabe o que se evitaria de dores incompletas, de saudades por mitigar, de conversas inacabadas? Novos planos poderiam surgir em operadoras de telemóveis.

Um tema a merecer estudos futuros…[24]

[1] Menente, espantado, estupefacto (São Miguel)

[2] Pitafe, defeito, atribuído quer a pessoas, quer a objetos. Nódoa na reputação.

[3] Amerca, corruptela de América, ou Nova Inglaterra por oposição ao outro grande polo de emigração, a Califórnia

[4] Calafona, Califórnia, na estropiação dos emigrantes de antigamente

[5] Alpardusco, o mesmo que alpardo, crepúsculo, lusco-fusco (São Miguel)

[6] Camarça, tempo húmido (São Miguel)

[7] Tarelo, juízo, tino (São Miguel)

[8] Lambeta, intrometido (São Jorge)

[9] Empelicado diz-se de pessoa afortunada, usado na frase nascer empelicado (Terceira)

[10] Leiva, designação dada a formações de musgo de várias espécies Sphagnum, abundante na parte alta das ilhas. No Corvo é o musgo, nas Flores musgão, no Faial tufos. Nome da urze, Calluna vulgaris, usada em S. Miguel na preparação do solo das estufas dos ananases.

[11] Madorna, sono leve, sonolência, torpor

[12] Palhito, o mesmo que fósforo (Terceira)

[13] Caipora, de qualidade inferior, reles. Sorte caipora: que pouca sorte, sorte maldita (São Miguel)

[14] Caltraçada, confusão, mixórdia, trapalhada

[15] Vizinho do pé da porta, o mesmo que vizinho do portal da porta, que mora nas redondezas de uma casa (vizinho de ao pé da porta em São Miguel)

[16] Alfeiro, gado bovino que não dá leite, por exemplo de uma vaca que não apanhou boi, e que, por isso, não dá leite. Gado alfeiro sem touro de cobrição (in Cristóvão de Aguiar)

[17] Arredouça, confusão, desordem

[18] Fiúzes (São Miguel) ou às fiúzas de, à custa de, viver à custa de outrem (Terceira)

[19] Ficar a nove, não entender nada do que ouviu.

[20] Atramoçar, aborrecer, interferir com, maçar (in Cristóvão de Aguiar) (São Miguel)

[21] Calzins, pequeno copo, geralmente destinado a beber aguardente ou bebidas finas

[22] Abafado, O vinho abafado é um vinho tradicional dos Açores, constituindo uma tradição na costa norte de São Miguel, onde a abundância de pomares e a produção frutícola excedentária é frequentemente aproveitada para a feitura de licores, vinhos abafados e compotas. No caso dos vinhos abafados, trata-se de um género vinícola com elevado teor alcoólico cuja fermentação é interrompida através da adição de aguardente ou álcool, permanecendo mais ou menos doce (uma vez que o açúcar natural da uva não se transformou em álcool). Transformação licorosa do típico vinho de cheiro micaelense. O abafado é considerado o vinho do Porto dos Açores, em resultado de um processo de laboração que dispensa o recurso a corantes ou conservantes. (São Miguel)

[23] Piteiro, aquele que bebe muito (Terceira, Flores)

[24] (texto revisto por e dedicado ao Dr. J. M. Soares de Barcelos, autor de Dicionário dos Falares dos Açores (ed. Almedina 2008), por me fazer sentir menos estrangeiro

A HERANÇA PORTUGUESA DO URUGUAI E A AUSTRÁLIA

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Fonte: Colonia del Sacramento: um pedaço português no Uruguai

leia mais sobre este tema na 4ª edição de CRÓNICAS AUSTRAIS CAP 8 PG 200+

https://blog.lusofonias.net/?page_id=58622

TAMBÉM EM https://www.lusofonias.net/arquivos/429/OBRAS-DO-AUTOR/1007/CRONICAS-AUSTRAIS-1978-1998-4%C2%AA-ed-2015.pdf

na 3ª edição de crónicas austrais em
https://meocloud.pt/link/0f0a8471-d488-48d7-9889-65fcedbb0359/CR%C3%93NICAS%20AUSTRAIS%201978-1998%203%C2%AAed%20livro.pdf/
também em 4ª edição aqui https://www.lusofonias.net/textos.html#

 

 

leia sobre o tema

ssunto:Fwd: PORTUNHOL / O PORTUGUÊS URUGUAIO
Data:Mon, 2 Jul 2018 18:39:55 +0100
De:Francisco Nuno Ramos <observatoriolp@gmail.com>

 

 

Francisco Nuno Ramos
Telemóvel: 00 351 963230466
OLP