Categoria: ChronicAçores

  • e a Ibéria aqui tão perto POR CHRYS C

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    2003 – 2023

    501. e a Ibéria aqui tão perto 18.6.2023

    Desde que o SMO (serviço militar obrigatório) me arrancou em setº 1973, a contragosto do rincão natal ibérico (mas ainda não-europeu) rumo aos orientes exóticos, que tenho noções contraditórias sobre o mesmo. Se é certo que regressei da Australásia em definitivo em abril 1996, nunca mais olhei para Portugal ibérico da mesma maneira. Há duas imagens que se sobrepõem, a dos afetos anteriores a 1973 e a da realidade atual, de desenvolvimento do betão, de autoestradas, vias rápidas, sem vias férreas, do crescimento desenfreado urbano, da mudança de valores, paradigmas alienígenas, e dou por mim a querer preservar a visão antiga embora saiba que esses tempos não voltarão na sua simplicidade e lhaneza.

    Ora foi isto que, mais uma vez, sucedeu há dias quando decidimos ir passar o 10 de junho ao norte peninsular, mais especificamente à minha mátria Bragança (mais desertificada, mais prédios abandonados e a cair, algumas novas construções). Comecei por estrear a autoestrada A4, cujo malfadado tunel do Marão tanta canseira e atraso na sua construção teve, mas que facilita (e de que maneira) as deslocações para essa ilhota isolada que o nordeste transmontano foi durante nove séculos e meio. Gostei da obra, da paisagem e da rapidez, mas passada Vila Real o movimento começou a reduzir-se (sábado, hora de almoço) tal como em tempos idos até chegar a Bragança onde vivi de 2002 a 2005, antes de me açorianizar.

    Era uma visita para matar saudades desse distrito mátria onde passei as férias desde os 2 aos 17 anos, comer uma posta mirandesa no obrigatório restaurante Poças que frequento desde a década de 1960 (e era a base dos colóquios da lusofonia até 2010), onde encontrei o pessoal do costume, que tiveram a gentileza de me reconhecer mal entrei ( não ia lá desde 2010). `a espera o inefável amigo de tantas horas, Dr Eleutério M Alves, ex-diretor da Cultura da Câmara Municipal de Bragança e provedor da Santa Casa da Misericórdia no meu tempo e atualmente vice-presidente da Direção da CNIS (Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade). Com ele tagarelamos longamente, tendo recebido livros, revistas e a gentileza de nos ofertar (aos seis) o almoço em que se celebrava o aniversário da filha mais velha. Gentileza que recusei veementemente mas a idosa dona do Poças não permitiu que eu pagasse. Assim, rememoramos cenas de há duas décadas, as tropelias do meu mais novo (hoje com 27) quando frequentava a escola primária da Santa Casa. Um ato genuíno de amizade que espero retribuir quando visitar, de novo, a ilha de São Miguel lá mais para o fim de ano. A isto chamo amizade solidária. Conhecidos em Bragança tenho muitos mas amigos como este não. A visita relâmpago deu ainda para ver a velha casa no nº 19 da Rua Direita onde a minha mãe morou desde 1932 a 1939, e onde primos vários residiram enquanto faziam o Liceu em Bragança, lá continua mas agora acoplada à antiga Sinagoga no nº 23 e como nova repartição de Finanças (nº 29). Tive ainda tempo de ir espreitar o saudoso apartamento de soberbas vista para o castelo e “presépio” de São Sebastião nas Varandas do Sabor, Avenida do Sabor. Vim revigorado de memórias e de saudades, consciente de que esta poderá ter sido a minha última incursão ali e que terei de preservar na memória todos os instantes e imagens desta visita, dado que contamos ficar nesta nova pátria açoriana até que o crematório nos consuma…se antes os senhores da guerra não resolverem acabar com este planeta.

    Chrys Chrystello, Jornalista, Membro Honorário Vitalício nº 297713 [Australian Journalists’ Association – MEEA]

    drchryschrystello@journalist.com,

    Diário dos Açores (desde 2018)/ Diário de Trás-os-Montes (2005)/ Tribuna das Ilhas (2019)/ Jornal LusoPress, Québec, Canadá (2020)/ Jornal do Pico (2021)

     

     

     

    2005-2023

  • 6 de junho dia da autonomia dos Açores

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    500. 6 de junho dia da autonomia dos Açores 18.6.2022

    Um novo tipo de feudalismo e de escravatura perpetua o fosso entre os que “têm” e os que não têm a alforria. A massificação da cultura “dita popular” versus a redução abrupta dos orçamentos culturais (artes em geral, teatro, literatura, etc.) quer perpetuar o mínimo denominador comum de iliteracia. Um povo iletrado não pode ser livre nem preserva a sua autonomia, antes permanece subjugado e submisso aos que o espezinham.

    Se não fosse a bandeira azul com estrelas que se vê no aeroporto e o uso do Euro como moeda ninguém pensaria que estamos na Europa e não é pelos dois mil quilómetros que nos separam da terra firme, mas pela diferença de paradigmas de vida, pelo seu ritmo cadenciado, pelas ondas e marés e não pelos ditames da burocracia. A identidade insular é bem distinta da portuguesa e da europeia e para se cumprir falta apenas a vivência de uma autonomia plena que cortasse as amarras. Pertence o arquipélago à Europa por mera e fortuita coincidência geopolítica, mas a alma destas ilhas está equidistante de Américas e Europa. Ainda vou acabar por me naturalizar açoriano!

    Aqui nos Açores tudo continua na modorra habitual sem que as pessoas se apercebam da crise, embora a citem no quotidiano linguajar, e há sempre um Santo Cristo a quem rezar, uma romaria anual para fazer, e umas oferendas em nome disto ou daquilo. Mesmo assim, os mesmos que vão ao Santo Cristo e compungidos cantam orações nas romarias são os que, ao domingo, ficam à porta das igrejas ou vão para a taberna passar o tempo do santo sacrifício da missa. Atavismos de séculos que o medo dos tremores e dos vulcões nos últimos quinhentos anos perpetuaram no ADN destas gentes, acostumadas a aceitarem todos os fados como desígnio divino. Nada fazem para mudarem o que podem e aceitam tudo aquilo que não podem mudar, mas ao contrário dos Alcoólicos Anónimos não sabem a diferença. Pelo contrário, dão seguimento ao bom ditado de Salazar “dar a beber vinho é alimentar um milhão de portugueses” …e se batem na mulher e filhos não é por causa do álcool, mas por herança genética.

    Curiosa terra em que nada parece passar-se centrada nas nove ilhas diferentes e separadas como sempre estiveram, por bairrismos ancestrais. Aqui viveram muitos revolucionários e grande parte da história de Portugal passou por aqui ou aconteceu aqui (embora quase ninguém o saiba), desde a oposição ao reino dos Filipes às guerras liberais e ao 25 de abril tudo se passou aqui, mas hoje com esta pretensa autonomia não vislumbro homens capazes de libertarem Portugal que tem a (injusta) fama de brandos costumes e a prática de muitas aleivosias, alevantes populares, revoltas e revoluções, apaga-se lentamente da lista das civilizações tal como os Maias, Astecas e tantas outras que um dia dominavam grandes partes do universo habitado e conhecido … … e eu aqui sem nada poder fazer a não ser cronicar esta morte há muito anunciada.

    Adoro este país em que vivo, não só pelo sol abundante, que na maior parte dos anos nos chega de borla, como pela riqueza das suas paisagens variadas de norte a sul, e pelo mar adentro até aos arquipélagos da Madeira e Açores. No entanto há pequeninas coisas que podiam ser melhoradas, uma delas é a IMPUNIDADE, ninguém é condenado (e se for é com pena suspensa, que as cadeias estão cheias e a abarrotar e não convém meter lá gente fina que teve um deslize ou outro, mesmo que seja de uns milhões.)

    No entanto, o povo demonstra uma total incapacidade, insensibilidade e inépcia de mobilização para o roubo descarado feito pelo governo na saúde, educação, justiça, nos vencimentos, nos subsídios, e nas regalias que ao longo de décadas foram penosamente conquistadas. Queixa-se nos cafés, que mal frequenta já pois nem dinheiro têm para a bica, queixa-se no ciberespaço, algumas desgarradas manifs de rua que para nada servem, em greves a que não aderem para não perderem mais dinheiro, mas quanto a fazer uma magistral manif que faça tremer o governo, lá isso não sabe fazer, manda umas vaias e assobios em público, faz uns cartazes ou manda umas bocas foleiras que podem dar cadeia ou indemnização. Um povo de mansos e vacas chocas, sem espinha vertebral que vai continuar sempre a votar nos mesmos que o defraudaram e roubaram ao longo destes anos da dita democracia, enquanto se diz saudoso de líderes salazarentos honestos que mantiveram o país num feudalismo medieval, de analfabetismo, fome, futebol, Fátima e Fado.

    O mundo agita-se em vários países e continentes, mas em Portugal “no pasa nada”, tudo calmo e tranquilo apesar dos 402 políticos com pensões vitalícias custando 6,4 milhões de Euros, e inúmero reformados a ganharem fortunas em posições executivas. Crê-se que Portugal é dos que mais reformados ativos tem, mesmo os que se aposentaram por baixa médica de incapacidade, mas que saltaram para uma empresa ou outra a auferir milhões ….

    Portanto, aparte aquele problema da impunidade, que me incomoda, e facto de os portugueses serem um povo pacífico que todos os dias lê (imensos jornais desportivos e magazines cor de rosa), vê todas as telenovelas possíveis até se deitar exausto, não perde um jogo de futebol, não vejo por que razão não deveria eu gostar deste país. Só se for por ser contra as touradas….

    Há aspetos positivos, os céus enviaram-me um pôr-do-sol espetacular. Mais um, que desta falsa espreito à janela por sobre a Bretanha até se deter devagarosamente no meio do oceano, lá onde eu costumava ver a minha ilha mítica, chamada Autonomia, que mais ninguém jamais viu ou anteviu. Desde o início da minha estadia nos Açores, sempre pautei a minha posição pessoal pela defesa de uma verdadeira autonomia do arquipélago, em vez deste arremedo de autonomia envergonhada em que se vive, dependente do bom humor de quem está sentado na cadeira do poder em Lisboa. A visão açoriana do mundo é de tal forma paroquial que este arquipélago dificilmente seria independente, nem haveria gente suficiente e com “cojones” para o tentar. É uma utopia pensar nela pois não haveria gente com capacidade de aproveitar a riqueza da zona marítima exclusiva (afinal só foi descoberta ao fim de 37 anos de autonomia…) nem as outras potencialidades exclusivas dos Açores (se calhar não dava votos e não se fez nada por causa dessa necessidade que os políticos têm de se agarrarem ao poder através do voto popular). Depois haveria outro problema grave, quase todos vivem de subsídios e nada sabem fazer sem eles…vai ser difícil desabituá-los …. Curiosamente, acusam as 8 ilhas de estarem contra São Miguel da mesma forma que São Miguel acusa Lisboa…a macrocefalia de PDL é igual à de Lisboa salvaguardadas as respetivas escalas.

    Se fizessem um referendo, a autonomia perdia esmagadoramente pois é melhor culpar o Governo de Lisboa do que os sucessivos governos regionais e estes mantêm-se como os de Lisboa graças aos seus clientes, deveríamos dizer fregueses pois isto não passa de uma grande freguesia, e quando há desacordo ou é porque eu não sou de cá ou porque tu vives fora e não estás bem informado… Entendo a autonomia dos Açores (passada, presente e futura) como consequência do feudalismo arreigado que dominou as ilhas por séculos e hoje surge a outro nível e com outras roupagens. Mas a que imagino não é a que os políticos decidiram que nós teríamos.

    Chrys Chrystello, Jornalista, Membro Honorário Vitalício nº 297713 [Australian Journalists’ Association – MEEA]

    drchryschrystello@journalist.com,

    Diário dos Açores (desde 2018)/ Diário de Trás-os-Montes (2005)/ Tribuna das Ilhas (2019)/ Jornal LusoPress, Québec, Canadá (2020)/ Jornal do Pico (2021)

     

     

     

     

     

     

  • açores e o 6 de junho

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    https://blog.lusofonias.net/wp-content/uploads/2023/06/ACORES-2035CRONICA-263-.pdf AÇORES 2035CRONICA 263

     

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  • MEMORIAS-DA-UNIVERSIDADE-E-TUP-TEATRO-UNIVERSITARIO-DO-PORTO-

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    https://blog.lusofonias.net/wp-content/uploads/2023/06/497.-MEMORIAS-DA-UNIVERSIDADE-E-TUP-TEATRO-UNIVERSITARIO-DO-PORTO-30-maio-2023.pdf 30-maio-2023.pdf

  • as roqueiras (foguetes) do meu descontentamento

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    499 as roqueiras (foguetes) do meu descontentamento 4.6.2023

     

    Há tradições e tradições, e se bem que, de uma forma geral, apoie e sustente a sua preservação, tenho de admitir que com o passar dos anos, e séculos, fruto da ecologia e outras ciências, algumas dessas tradições estão condenadas e devem ser abolidas ou modificadas.

    Refiro-me a uma recente proposta do partido PAN para acabar com o ruído, eliminando as roqueiras e morteiros (foguetes ou petardos) ou substituindo-as por outras silenciosas. Raramente estou de acordo com o PAN e seus extremismos, mas dei comigo a aplaudir a proposta.

    É a partir de maio e até finais de setembro que o tormento surge. Estamos na época do Espírito Santo e não só nesta festa, mas em todas as ocasiões (e elas parecem ser semanais) há as roqueiras (os tradicionais foguetes ruidosos) que impedem qualquer descanso, assustando animais e humanos a qualquer hora do dia e da noite. Costumo dizer que se eu mandasse …. nunca mais acendiam nenhum foguete…

    Qualquer festa, festarola ou celebração (até no desporto futeboleiro) vem sempre acompanhada de foguetes estrelejando nos céus com o seu caraterístico bum, que ainda hoje ninguém me conseguiu explicar para que servem.

    Já tentei entender se tem a ver com frustrações edípicas ou outras, com sexualidades reprimidas ou quejandas mas nada descortinei que as pudesse explicar, de forma satisfatória.

    Além do inconveniente para tímpanos mais sensíveis, há o desassossego de animais domésticos e outros que entram em pânico com o barulho, como há anos observamos cá em casa.

    Depois, há o incumprimento das normas e horários. Quando interrogo algum dos nativos logo me respondem “isto não é a cidade, senhor”. Começam normalmente pelas 07 da matina e vão até bem depois da meia noite, à revelia de posturas municipais, e outras leis que definem o período em que podem ser lançados tais foguetes.

    Ecoam como canhões, desde manhã cedo até noite adiantada rompendo o silêncio do descanso da madrugada. As roqueiras ao contrário do fogo de artificio são só barulho sem cores nem desenhos elaborados riscando os céus.

    Os açorianos primam pelo desconhecimento e incumprimento de normas de segurança, em geral. É vê-los de cigarro na boca, a acendê-lo na ponta do rastilho e lançar o projétil ao ar. Parecem crianças com um brinquedo, deveras perigoso, mas a irracionalidade de os lançar a qualquer hora confunde-me e irrita-me.

    Sei que somos poucos, uma minoria talvez de descontentes com esta tradição, a precisar de leis e normas e fiscalização para se acabar com este flagelo auditivo nas suas múltiplas vertentes de perigo além do inconveniente estrondo.

    Chrys Chrystello, Jornalista, Membro Honorário Vitalício nº 297713 [Australian Journalists’ Association – MEEA]

    drchryschrystello@journalist.com,

    Diário dos Açores (desde 2018)/ Diário de Trás-os-Montes (2005)/ Tribuna das Ilhas (2019)/ Jornal LusoPress, Québec, Canadá (2020)/ Jornal do Pico (2021)

     

     

     

  • 1969 TUP

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    No photo description available.recordando no TUP teatro universitário em 1969 c/ mário viegas, manuela melo, etc (estou no meio ao fundo todo vestidinho..=

    NO MEIO MANUELA MELO E MÁRIO VIEGAS..

  • sete cidades 2015

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    16.1. DE VACAS, LAGOAS E TURISMO, CRÓNICA 143, JANEIRO 2015

     

    Leio hoje que “está por estudar o perfil do turista que busca os Açores” segundo dizem os agentes de viagem” … Deve ter sido uma surpresa saber de repente que vinham as companhias aéreas de baixo custo ou low cost e nada se sabia sobre o perfil do turista nos Açores…, mas no meu baú, encontro uma notícia já velhinha em que o Observatório Regional do Turismo dos Açores apresenta estudo sobre restauração:

    No âmbito da estratégia de investigação e inovação para a especialização inteligente venho apresentar as seguintes sugestões: Criação de um novo projeto intitulado Sustentur (turismo sustentável – sustentabilidade económica, social e ambiental); ou integração de atividades nos vários projetos já existentes:

    A partir daqui fiquei mais tranquilo e resolvi ir dar uma volta à ilha, mais especificamente ao lado oeste onde se situa a Lagoa das 7 Cidades, ex-libris da ilha. Constatei:

    As vacas fazem parte de toda a paisagem da ilha, quase que são a paisagem da ilha. Encontrei as ditas nos montes, nas chãs, na estrada e na orla da lagoa das Sete Cidades, em números consideráveis…ocupando vastas áreas das faldas da cratera vulcânica e espraiando-se mesmo até à borda de água, como se pode ver em fotos apensas … O GRA [Governo regional dos Açores] gasta milhões atrás de milhões – há anos – em campanhas dispendiosas contra a eutrofização das lagoas, tem vindo a adquirir inúmeros terrenos privados a fim de evitar a presença de vacas e subsequente contaminação dos lençóis de água das lagoas. Já em 1983 havia problemas deste tipo. Posteriormente as causas foram sendo atribuídas à exploração agrícola.

    A industrialização, o uso de adubos químicos e utilização de irrigações intensivas, juntamente com tecnologias desastrosas, quer ao nível da qualidade dos solos quer na qualidade das águas subterrâneas e de superfície afeta a vulnerabilidade de um aquífero isto é, a qualidade da água subterrânea pode ser muito vulnerável a uma carga de nitratos, originada por práticas agrícolas incorretas.

    A agricultura, apesar de não ser a única, é talvez, a principal atividade humana responsável pela diminuição da qualidade das águas subterrâneas e de superfície

    Pelas imagens pode-se comprovar que o Governo podia ter poupado enormes montantes dado que as vacas continuam pachorrentamente a pastar nas margens da lagoa…e a culpa nem é delas, que carneirentamente vão para onde as mandam.

    Já em 2008, o perito em solos Jorge Pinheiro dizia que a solução encontrada pelo Governo para combater a eutrofização da Lagoa das Sete Cidades não ia resolver o problema. Em abril 2014, continuava o Governo regional a afirmar que ia resolver o problema.

    medidas de combate à eutrofização na Lagoa das Furnas: O Secretário Regional dos Recursos Naturais anunciou que prevê reduzir em mais de 50% a carga total de nutrientes que afluem à lagoa das furnas, no combate à eutrofização, através da retirada das restantes áreas de pastagem. “Segundo o secretário regional, que falava na assinatura do contrato-promessa de permuta de terrenos de pastagem na margem da lagoa das furnas, o governo vai avançar com a obra hidráulica para desvio dos afluentes da ribeira do Salto da Inglesa..

    Passados estes anos ainda ninguém deve ter lido o que se escreveu sobre a eutrofização que aumenta de ano para ano, mau grado os milhões investidos… Isso é mais evidente quando a luta contra a eutrofização se substitui por duvidosos e custosos projetos de embelezamento das margens… sem falar na aberração das casotas em betão que o arquiteto Souto Moura plantou na Lagoa (uma das 7 Maravilhas Naturais de Portugal), as quais, apesar das promessas não estão acabadas, nem habitadas, nem têm interessados em habitar ou comprar.

    Mais um mamarracho ou elefante branco para o qual tarda em chegar solução. Convertam aquilo em aparthotel e pode ser que haja turistas interessados já que os locais as desdenham. Além destas obras de tão reputado arquiteto (que devia estar pouco inspirado na altura em que as concebeu) existem outras plantações metálicas junto à margem, de volumetria desajustada bem como os materiais utilizados que contrastam com a beleza natural da lagoa e como tal contestadas em 2013.

    Associações ambientalistas criticam a dimensão e tipologia dos equipamentos construídos na margem da Lagoa das Sete Cidades, nos Açores, para apoio às atividades do plano de água, considerando que a solução “destoa” da paisagem. “Colocamos muitas reservas ao dimensionamento que foi feito e ao impacto que aquele efeito de caixote tem perante uma paisagem mais harmoniosa com linhas mais suavizadas e retas”, Para Diogo Caetano, não está em causa a requalificação da bacia hidrográfica, mas a arquitetura dos equipamentos que “não é a mais adequada”, criticando a instalação “tão próximo do plano de água” da lagoa. “Poderia ter-se feito uma pequena estrutura, mais vocacionada para a reabilitação de edifícios, baseada no turismo de natureza”.

    Dos espaços concessionados em 2015 (a um custo de 4 milhões €) está o bar-restaurante, estrutura metálica ladeada de vidro, com esplanada sem teto, aberta aos elementos e sem proteção do sol além de ocasionais guarda-sóis que se supõe existirem no verão.

    Nesta tarde de sábado tinha 5 clientes quando lá entramos, a contrastar com o velho bar-restaurante em frente à igreja sempre a abarrotar, sintoma evidente de que a ideia não vingou, embora tenha a vantagem de proporcionar acesso rápido a uma casa de banho, ao contrário da outra unidade mais antiga. Teria ficado mais barato construir umas casas de banho do que este monólito metálico com madeira e vidro, espaços exteriores sem utilização e para os quais se não vislumbra utilidade. Refiro-me – como é óbvio – às esquadrias metálicas, suspensas sobre o solo, que ladeiam a parte sul das estruturas e parte do lado sobre a lagoa. São inclusive um perigo para as crianças.

    Mas como dizia o chefe do Governo em junho 2014:

    “A requalificação das margens da Lagoa das Sete Cidades, investimento de quatro milhões de euros hoje inaugurado, reforça a rede de Centros Ambientais dos Açores e potencia a utilização dos recursos endógenos para criar riqueza e emprego.”

    PS: adorei também ver os cortes arbitrários de criptoméria e outras ao longo das vertentes da lagoa dentro do atual plano de desbastar os matos e vender a madeira para fazer dinheiro…. Mandem já vir os turistas para eles apreciarem esse atentado, e depois tornem a estudar o modelo de desenvolvimento e o tipo de turista que nos vem visitar…https://blog.lusofonias.net/wp-content/uploads/2023/06/7-cidades-e-vacas.pdf