Arquivo da Categoria: ChronicAçores

pensando na Jamaica

Views: 2

ontem os meus pensamentos andavam pelas gentes da Jamaica que sofreram o maior ciclone da história (furacão Melissa) com ventos de 185 mph e rajadas de 200 mph (297 – 321 km/h), categoria 5 (o nível máximo da escala Saffir-Simpson). Já o Centro Nacional de Furacões (NHC) dos Estados Unidos descreveu o impacto como “um dos mais fortes já registados no Atlântico”, e a Organização Meteorológica Mundial chamou o furacão de a “tempestade do século” para a Jamaica. Mas é relativamente raro que estes furacões atinjam diretamente a costa jamaicana. Desde 1988, apenas três tiveram esse impacto. Quase um terço da população de 3 milhões sem energia elétrica e danos incalculáveis em todos os hospitais e aeroportos. A tempestade seguiu depois para o Haiti, Cuba e Bahamas onde causou mortes. É confrangedor, todos os dias ver ciclones, tempestades tropicais, terramotos, deslizamentos de terras, inundações em todos os pontos deste globo, a uma velocidade nunca vista e em quantidade ímpar, seja por alterações climáticas ou por outra qualquer razão.

Nestes últimos dias de outubro, umas chuvas normais para a época, em S Miguel causaram inundações, deslizamentos e danos em 10 carros levados pelas águas. As inundações na freguesia de Água de Pau, no concelho da Lagoa, terão sido originadas por uma alegada intervenção de corte de madeira, divulgou o Governo Regional dos Açores que diz “não terão sido cumpridas as necessárias boas práticas, nomeadamente no que se refere à não-deposição de madeira e sobrantes vegetais junto às linhas de água”. A situação referida “levou ao arrastamento desses materiais, colmatando duas passagens hidráulicas, resultando no galgamento das águas e na inundação de toda aquela zona, causando danos muito significativos”. Igualmente, a freguesia a Ribeirinha (Ribeira Grande), que fora atingida pela intempérie, mereceu visita governamental para “avaliar a extensão dos danos provocados e encontrar soluções para acudir às famílias afetadas pelos danos verificados”. Relativamente à situação verificada no concelho da Ribeira Grande, o governante adiantou tratar-se de uma reincidência e que a solução definitiva “será implementada a breve trecho”. Ora se isto causa o transbordar de ribeiras com pouca chuva imagine-se em casos de maiores chuvas. Quase todas as ribeiras estão atulhadas de detritos, lixo doméstico e industrial, troncos cortados, etc. e quando chove assiste-se a estas inundações.

Também Portugal se alagou de Lisboa para sul.

Imagino se uma catástrofe destas se abatesse sobre os Açores isto ficava em ruínas durante décadas. Basta recordar que o furacão Lorenzo destruiu o porto das Lajes das Flores que está ser reconstruído até 2029 (10 anos depois) e o incêndio no hospital (HDES) em maio 2024 ainda não foi reparado nem reconstruído, nem se sabe o que vai acontecer além de uma instalação modular das urgências (que não arderam). Que nos valham os sete deuses de boa sorte (Shichi Fukujin『七福神), fortuna e felicidade, no xintoísmo, mitologia japonesa e folclore japonês, mais a deusa grega Tique ou a deusa romana da Fortuna, ou a deusa Lakshmi, que significa “boa sorte” para os hindus. Que todas estas divindades e mais outras tantas se conjuguem para que nunca tenhamos de ser vitimados por um ato de destruição como a Melissa ou semelhante. Sabemos pela consulta da História dos terríveis terramotos e erupções que assolaram este arquipélago desde que é povoado e sabemos que a probabilidade de nos tocar a nós num futuro próximo é avassaladora. Como as desgraças todas se estão acumular na minha década de septuagenário, espero que o destino me dê umas tréguas. Sei que é egoísmo puro mas não desejo a ninguém uma Melissa[1].

[1] Melissa é um nome próprio feminino que vem da palavra grega μέλισσα (mélissa), «abelha»,[1] que por sua vez vem de μέλι (meli), «mel».

Uma árvore arrancada pelo furacão Melissa na Jamaica

saudade do que nunca foi

Views: 4

1. saudade do que nunca foi (lomba da maia, fevº 2016)

«ah, não há saudades mais dolorosas

do que as das coisas que nunca foram!»

bernardo soares, (heterónimo fernando pessoa),

in livro do desassossego (fragmento 92)

 

tenho tanta saudade

do que nunca aconteceu

só o poeta pode fazer acontecer

aquilo de que temos saudade

por nunca ter acontecido

 

CHRYS CHRYSTELLO CQI VOL 6 2022

616. Chá da Gorreana mais poluente por CHRYS C 24.10.2025

Views: 6

616. Chá da Gorreana mais poluente 24.10.2025

 

Esta manhã logo que me levantei fiquei irritado ao meu primeiro pequeno-almoço: antes, eu explico, desde o meu último internamento faço montes de refeições ao dia, como no hospital. Ao levantar café, depois o 1º peq.º almoço para tomar os 9 comprimidos com 3 bolachas (Maria) e chá preto da Gorreana. Depois, a meio da manhã, o 2º peq.º almoço , normalmente pão com queijo e marmelada e chá; almoço pelas 13:00, a meio da tarde chá e 3 bolachas; depois, lanche com pão e chá e, finalmente o jantar pelas 20:00 a que se segue um sumo e bolachas “soft cakes” e tarteletes de framboesa antes de deitar. Foi assim que engordei de 59 para 65-66 kg e assim me mantenho desde que me deram alta.

Ora bem, esta semana o chá Gorreana vinha em embalagens 25% mais pequenas e qual é o meu espanto quando deparo com as saquetas sem o fio e a etiqueta de marca, colocados na caixa em dois grupos de 10 saquetas num envelope de plástico! Poluição inimiga do ambiente onde dantes só havia papel. Além de que, agora, ao metermos as saquetas , não sabemos de onde veio o chá: R. P. da China, Índia, Quénia, Turquia, Sri Lanka, Vietname, Indonésia, Bangladeche, Argentina, Uganda ou Malawi (por ordem de produção desde 13 milhões de toneladas a 205 mil). Depois, temos o problema de arranjar um instrumento para “pescar” as saquetas da chávena ou copo, o melhor seriam umas pinças mas temos de nos contentar com uma colher, equilibrando a saqueta até ao balde de lixo para não cair. Será marketing ou poupança nos materiais de embalagem ou outra razão obscura, mas aqui apresento a minha discórdia que me levará a trocar de marca para um Lipton, Tetley, Twinings, ou outra pois são as mais comuns nas prateleiras do minimercado. Assim se perde um cliente de 4 chás diários!

 

Embalagem tradicional nova embalagem

 

 

 

 

615. as moscas 21.10.2025 por chrys c

Views: 7

  1. as moscas 21.10.2025

Australian salutemoscas em Coral Bay, WA

  1. as moscas 21.10.2025

 

Uma praga de moscas é um surto de moscas que pode causar problemas de saúde e económicos. A sua prevenção envolve manter a higiene, como limpar restos de comida, fechar bem o lixo e eliminar águas paradas, além de usar redes mosquiteiras. Em termos históricos, uma praga bíblica de moscas atingiu o antigo Egito, causando desespero e problemas com alimentos, como descrito no Antigo Testamento: a quarta praga deixou o Egito infestado de moscas. O Faraó concordou em libertar o povo e o Senhor retirou a praga, mas assim que percebeu que a praga havia cessado, o faraó voltou atrás na sua decisão, aprisionando o povo hebreu.

Sabia que existem mais de 120 mil espécies de moscas em todo o mundo? Verdade. A única questão é que estes insetos voadores são considerados uma praga quando encontramos um grande número no mesmo espaço. As moscas representam um risco para a saúde dos seres humanos e dos animais de estimação por diversas razões, não só pela probabilidade das picadas, como pela portabilidade de salmonelas (bactérias). O que aparentemente pode ser um problema simples, pode transformar-se numa verdadeira infestação, na medida em que há espécies de moscas que são capazes de amadurecer desde os ovos até à fase adulta em apenas 7 dias

 

As moscas mais irritantes são os políticos que chegam ao poleiro e não mais querem sair de lá, ganem ou percam, entendem que é direito divino estarem lá, fazem-me lembrar as moscas australianas (as piores foram na Austrália Ocidental) que obrigam a chapéus ou máscaras como acima se observa.

Aqui nos Açores há dias em que a casa fica cheia delas, mas sem nos incomodarem, andam a voar quase todo o dia e nunca descobri o que lhes acontece. Para onde vão as moscas quando morrem? Nunca (ou muito raramente) surge uma mosca morta no chão, sem ser pela ação humana.

Depois, há outros dias, normalmente quentes e muito húmidos, em que há poucas moscas, mas sofrem todas de uma irreversível atração pelo corpo humano, estejamos deitados numa sesta, acordados em frente ao teclado do PC, ou meramente a comer e elas grudam-se ao cabelo, à cara, às mãos e pernas, e, por mais que as enxotemos, regressam nos 5 segundos seguintes. Nesses dias temos sempre uma enorme dificuldade em expulsá-las, pois são alérgicas a portas e janelas abertas.

Por fim, há dias em que independentemente das condições meteorológicas, elas se colam às janelas, quase suplicando que as abramos para saírem.

Tenho tentado compreender em que circunstâncias climáticas se verificam os estádios suprarreferenciados, mas as minhas observações são inconclusivas.

Felizmente, aqui nos Açores elas não são tão abundantes como na Austrália ou na Eucísia, aldeia transmontana de tenros anos, mas, mesmo assim, são um inconveniente com o qual nos temos de debater nas nossas casas todos os anos, salvo nuns curtos meses de fim de outono e começo de primavera em que não abundam. Como disse a abrir esta crónica bem piores são os políticos que só podemos expulsar do poleiro de quatro em quatro anos.

a mudança de hora, 20.10.2025

Views: 7

  1. a mudança de hora, 20.10.2025

esta e as anteriores crónicas estão em https://www.lusofonias.net/mais/as-ana-chronicas-acorianas.html

No último fim de semana de outubro mudou a hora, pelas 01:00 passamos a estar na meia-noite o que me desagrada assim como a muita gente que preferia estar sempre na hora de verão, mas a proposta da EU é precisamente o oposto, passarmos a ter a hora de Inverno todo o ano – porque é o que está mais de acordo com a dinâmica da exposição solar terrestre.

Como escrevia Ana Oliveira (Letras Lavadas e Publiçor) nesta data: “Os jornalistas sabem que o povo só lê o título, e agora está na moda nem sequer pôr subtítulo para contextualizar – contribuindo ainda mais para a ignorância das pessoas. Tudo em favor do tão maravilhoso «click-bait». O problema é que ninguém clica e fica ignorante. E o facto de só trazerem à baila este tópico quando a mudança da hora é do Verão para o Inverno, infere-se que este tipo de iniciativas é para acabar com o horário de Inverno. Só que não é, é para acabar com ele. É por estas e por outras que tenho vergonha de ter tirado o curso de Jornalismo. O lixo em que se tornou esta profissão.”

Tudo começou em 1916, durante a I Guerra Mundial, quando obrigaram à mudança da hora com o intuito de poupar carvão (combustível) usado na iluminação. Os primeiros países foram a Alemanha e a Áustria, mas rapidamente outros, nomeadamente Portugal, fizeram o mesmo. Nessa época houve uma poupança de energia. Em língua inglesa a hora de verão é conhecida como “Daylight Savings Time”, que se pode traduzir como “tempo de poupança de luz do dia”.

Os efeitos de atrasar e adiantar a hora: no outono, no dia anterior à mudança, quem sai para trabalhar pelas 07:30 levanta-se de noite, com o Sol a pôr-se às 18:30. Em compensação, no dia seguinte, às 07:30 é dia, e o Sol põe-se às 17:30. Na primavera o efeito é oposto. Mas se o objetivo é aproveitar a iluminação do Sol, só funciona para países a latitudes médias. Como o eixo de rotação da Terra é inclinado, perto do equador, a duração do dia muda pouco ao longo do ano, pelo que não há necessidade de mudança. Em Svalbard, Noruega, latitude 80º N, desde abril até agosto, o Sol nunca se põe, e desde o novembro até fevereiro, o Sol nunca nasce! Adiantar ou atrasar a hora torna-se, assim, inútil. Por isso, só nas latitudes médias, nem demasiado perto do equador, nem dos polos é que a hora de verão significa uma “poupança de luz do dia”.

Em 1996, a União Europeia decidiu padronizar a hora de verão entre os Estados (exceções: Islândia e Rússia). A convenção é avançar os relógios 60 minutos do último domingo de março e voltar a atrasá-los 60 minutos do último domingo de outubro. Em 2018, o Parlamento Europeu lançou um inquérito para determinar se os cidadãos preferiam manter ou terminar com a mudança de hora. A maioria dos votos foi a favor de acabar com a mudança da hora, mas só 0,85% dos Europeus votaram, dos quais 70% eram alemães. O voto alemão é compreensível: no dia do solstício de verão, Berlim tem mais duas horas de luz do dia do que Lisboa, enquanto no solstício de inverno, o dia dura menos duas horas do que na capital portuguesa, com o Sol a nascer às 8h15 e a pôr-se antes das 16h00. Assim se explica que, na Alemanha, a mudança é irrelevante em termos de aproveitamento de luz solar.

Baseado nos resultados do inquérito, em 2019 o Parlamento Europeu votou para terminar a mudança da hora, em 2021. No entanto, o Conselho da UE exigiu um estudo do impacto detalhado que o fim da mudança acarretaria, ainda por elaborar. Há variadíssimos estudos que analisam o impacto no consumo de energia, número de acidentes rodoviários, perturbações do ciclo circadiano (o nosso relógio biológico), impacto na economia e o simples bem-estar da população. Destes, uns apontam para vantagens em manter a mudança (por exº, sair para a Escola de noite, no pico do inverno, aumenta a hipótese de atropelamento das crianças), outros mostram vantagens em manter a mesma hora todo o ano (o stress da mudança pode ser nocivo para a saúde de imunodeprimidos ou com doenças de sono) e outros afirmam não haver qualquer diferença entre manter ou não a mudança (como o relatório do Laboratório Nacional de Energia e Geologia, que analisa o impacto da mudança da hora na penetração da geração de energia renovável no consumo).

Em Portugal, a Comissão Permanente da Hora é o órgão consultivo da República, para “estudar, propor e fazer cumprir as medidas de natureza científica e regulamentar ligadas ao regime de hora legal e aos problemas da hora científica”. Em 2018, a comissão elaborou um parecer e concluiu que “nenhuma das hipóteses é boa solução, sendo a UTC+1 a pior delas”. Manter UTC+1 corresponderia a manter permanentemente a hora de verão, algo semelhante ao que aconteceu entre 1992 e 1996, durante o Governo de Cavaco Silva, quando Portugal adotou o fuso horário CET (Central European Time), o mesmo que o resto da Europa. Nessa altura, no pico do inverno, o Sol nascia por volta das 9h00. No entanto, em 2021, um conjunto de peritos assinou a Declaração de Barcelona sobre Políticas do Tempo, sustentando que se deve acabar com a mudança, pois “não tem efeitos significativos na poupança energética, nem melhora a saúde, economia, segurança e meio ambiente”.

Na Região, a mudança ocorre pelo Decreto Legislativo Regional 6/96/M. Como pessoa da quarta idade, cada vez simpatizo menos com a mudança de hora. Em novo gostava da mudança invernal para dormir mais uma hora, não sinto nenhuma vantagem, antes pelo contrário. A alteração no ritmo circadiano afeta-me, e demoro semanas infindas a ajustar-me. No inverno acordo à hora habitual e não me deito uma hora mais cedo como devia. Para mim, isto é um negócio que favorece as companhias de eletricidade, pois são menos as pessoas e as horas em que se liga a luz de manhã comparadas com mais pessoas e mais horas de luz ligada no fim do dia.

Resultado: maior consumo de energia e quem disser o contrário mente. Como país carneirento ninguém protesta, todos fazem o que mandam e mudam os relógios duas vezes ao ano, esqueceram-se de avisar os animais que são as maiores vítimas da mudança de hora para alterarem o relógio biológico.

O Governo espanhol vai propor à EU, ainda este ano de 2025, o fim definitivo da mudança da hora na Europa. No inverno de 1992 para 1993, o governo de Cavaco Silva decidiu não mudar a hora em outubro, mantendo o horário de verão durante todo o inverno. A ideia era alinhar Portugal com o horário da Europa Central (como França e Alemanha) e avaliar os efeitos na economia e na produtividade. No entanto, a medida foi muito impopular: os dias amanheciam demasiado tarde (em alguns sítios, só havia luz natural perto das 9h da manhã), o que causou muitas queixas, sobretudo no norte e interior do país.

Por isso, em 1993, Portugal voltou ao regime habitual de mudança de hora — GMT no inverno e GMT+1 no verão. A malta reclama do horário de inverno (pois o horário de inverno o ano todo é deprimente, é um facto sem controvérsia), mas obrigar os miúdos a acordar de noite e entrarem na escola de noite em dezembro pode ser puxado…claro que é melhor levar os miúdos de noite porque muitos vão com os pais e à saída muitos saem sozinhos, porque os pais estão a trabalhar e pelo menos ainda é de dia. Para quem diz que as crianças entram ou saem de noite da escola, que no horário de inverno, “fica de noite” ainda mais cedo, lembrem-se de que só os estamos a preparar para o futuro, quando tiverem de trabalhar, pois irão ter horários que os vão obrigar a tal situação. Mas não somos nós que decidimos.

Noutra área há quem se recorde afetiva e emocionalmente desta cena. Como eu nunca o fiz, nem achava qualquer piada na época, agora, em idade avançada, também me chateava profundamente quando a miudagem aqui da Lomba o fazia, em especial quando saía da catequese (aqui ao lado da casa). Irritava-me sem entender qual o gozo das crianças fazerem isso, mas deve ser defeito meu e da minha infância reprimida.