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Peixe do meu quintal José Soares
Os bluffs do défice
“Região Autónoma dos Açores vai ter controlo mais apertado de Lisboa este ano e pode precisar de ajuda financeira” (Expresso, 8 de novembro de 2024, pág.16)
Esta foi a notícia que saiu no “Expresso” de Pinto Balsemão, membro fundador do PPD/PSD e ex-primeiro-ministro, conselheiro de Estado e uma multitude de funções que podem confrontar e até afrontar certa ética das coisas ou códigos de deontologia.
Esta promiscuidade entre a comunicação social e a política, dá sempre para desconfiar…
Não que a notícia publicada seja falsa. Mas porque certas notícias saídas nos órgãos do Portugal ibérico, trazem sempre água no bico – especialmente as pejorativas. Tanto para os Açores, como para a Madeira.
A verdade é que os números podem ser trabalhados conforme interesses, momentos, fatores e toda uma série de variáveis sempre contornáveis de quem os apresenta.
As oposições de todos os partidos políticos adoram brincar com números, sempre com ‘plena’ justificação dos factos. E se todos eles podem fazê-lo, vou tentar apresentar a Versão Açores de todos os Orçamentos que nos esmolam.
O poder central nunca respeita INTEGRALMENTE a Lei das Finanças Regionais, como nunca respeita prazos de transferências financeiras para ambas as Regiões Autónomas. Não é seu desejo primário ser eficiente nesse aspeto. Dificultar todo e qualquer progresso autonómico, faz parte de qualquer governo, de qualquer partido político, seja qual for a assembleia da República, em qualquer contexto ou tempo, lá para os lados de São Bento lisboeta.
Tudo seria diferente se todas as contas fossem acompanhadas da honradez exigida em qualquer empresa. Os governos em Lisboa, sempre geriram as Autonomias sob o signo de soberania colonialista. Nunca pagar inteiramente o devido aos ‘territórios adjacentes’, para que estes vivam na eterna dificuldade económica e numa dependência neopaternalista.
Por outro lado e no caso dos Açores, não são pagas nem mencionadas contrapartidas dos vários acordos internacionais feitos pelo soberano governo português.
Não são pagas nem partilhadas quaisquer receitas do tráfico aéreo comercial que utiliza o espaço aéreo dos Açores, controlado em Santa Maria. A Região de Informação de Voo (RIV) de Santa Maria cobre uma área total superior a 5,1 milhões de quilómetros quadrados e inclui o Centro de Controlo Oceânico e as Torres de Controlo dos aeroportos das Flores, Horta, Ponta Delgada e Santa Maria. Em 2023 controlou 180.703 movimentos.
Os números finais do que pagam as companhias estrangeiras para atravessar o espaço aéreo dos Açores (o RIV de Santa Maria) são encobertos pela complicada triagem a fazer a cada avião, segundo o tamanho, tonelagem, número de passageiros ou carga, etc.
Mas fazendo uma média especulatória, teremos à partida cerca de 95 milhões de euros.
Temos igualmente toda a navegação marítima comercial que atravessa águas atlânticas em ambos os sentidos. Este tráfico pode representar números igualmente surpreendentes. Pelo menos 70 milhões de euros. Nem um centavo nos é transmitido.
Todos os impostos e taxas das mais diversas, bem como receitas fiscais em geral recolhidas nos Açores e que não são da alçada dos governos regionais: 220 milhões de euros.
E poderíamos brincar mais com os números, ao gosto dos meus dedos no teclado…! Muito mais haveria para enumerar. E nem sequer incluiremos os milhões em donativos, investimentos, dádivas e ajudas, entregues a alguns países estrangeiros lusófonos, como Cabo Verde, São Tomé e Príncipe ou Guiné-Bissau. Oferecemos aos que têm défices desastrosos e alguns até corruptos e criticamos os de casa, por esticarem nas míseras transferências para o bem-estar e progresso de ambas as regiões arquipelágicas. Bem vistas as coisas, preferimos ser países independentes, decidir por tudo o que nos rodeia, receber diretamente todas as quantias, geri-las nós mesmos e no final, Portugal ainda nos enviaria alguns milhões, como faz com esses países.
Afinal, parece que Lisboa-São Bento é que tem um enorme défice para com os Açores.
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Descobri nas tuas coisas este meu poema que já esquecera:
Midnight in Town
Life is asleep and the vultures come out
Who am I to ponder and wonder?
Midnight and the moon is high
So are our bodies embroided into one another
And we spell love oblivious to the war outside
It’s not ours and we don’t care
Our children will survive,
So will we.
Chrys Chrystello
Oct 17, 1997
Meia-noite na cidade
A vida está a dormir e os abutres saem
Quem sou eu para refletir e pensar?
Meia-noite e a lua vai alta
Assim como os nossos corpos estão entrelaçados um no outro
E nós soletramos amor, alheios à guerra lá fora
Não é nossa e não nos interessa
Os nossos filhos sobreviverão,
E nós também.
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Um controverso linguista lusitano, de sua graça (pouca ou nenhuma) Fernando Venâncio surgiu há semanas, de novo, mais uma vez sensacionalista, em parangonas nos jornais, de Ceca a Meca, com a afirmação em epígrafe. Logo os brasileiros complexados e com sentimento de inferioridade lusitano aplaudiram e divulgaram.
Este senhor, linguista, nativo de Mértola (1944) tem há muito a nacionalidade dos Países Baixos. Passou a infância em Lisboa, completou o liceu no Seminário em Braga, estudou Filosofia em Vila Nova de Ourém e Teologia no Seminário de Lisboa. Em 1970 mudou-se para a Holanda, onde fez o bacharelato em Língua e Literatura Francesa e completou a licenciatura em Linguística Geral (especialização em Estilística), com a tese «A Noite e o Riso de Nuno Bragança: Une Étude Stylistique» (1976), na Universidade de Amesterdão (Holanda). Dois anos depois, começou a lecionar no departamento de Português na Universidade de Nijmegen. Entre 1974 e 1978 desempenhou funções docentes e diretivas nas universidades de Amesterdão, Roterdão e Haia, tendo, seguidamente, lecionado na Universidade de Utreque de 1984 a 1988; regressando à Universidade de Amesterdão. Em novembro de 1995 apresentou provas de doutoramento, na referida universidade, com a dissertação «Conceções de Língua Literária na Época de Castilho (1835-1875)». ; e desde 1988, foi professor do Departamento de Estudos Europeus e responsável científico pela Secção de Português. Venâncio é um acérrimo detrator do Acordo Ortográfico de 1990 e muito controverso oponente das ideias reintegracionistas galegas, sendo muito apreciado na vetusta Academia das Ciências de Lisboa onde é sócio correspondente da Classe de Letras desde 2017.
O português falado no Brasil, ex-colónia de Portugal, encontra-se em constante transformação e, dentro de décadas, poderá vir a ser reconhecido como “Brasileiro” em vez de “Português”. Esta é a tese defendida por Fernando Venâncio, linguista português, na sua obra recente Assim Nasceu uma Língua (editora Tinta da China), onde explora as origens e a evolução da língua portuguesa. Venâncio argumenta, com base em estudos académicos e documentos históricos, que o Português não nasceu em Portugal, mas no Reino da Galiza, fundado no século V, após a queda do Império Romano.
“A simples ideia de que, algum dia, um idioma estrangeiro possa ter sido a língua de Portugal é-nos insuportável”, escreve Venâncio, questionando o ‘orgulho lusitano’. Para além de analisar as raízes históricas da língua, o linguista antecipa um futuro em que a variante brasileira do Português se afastará tanto da variante europeia que acabará por ser reconhecida como um idioma autónomo. “Não há maneira de retroceder, não há maneira de travar esse processo de afastamento entre o Português e o Brasileiro”, afirma Venâncio, prevendo que, num futuro não muito distante, o idioma falado no Brasil será conhecido simplesmente como “brasileiro”. Esta previsão baseia-se na crescente divergência linguística entre as variantes brasileira e portuguesa, apesar das influências mútuas. Venâncio exemplifica esta separação com a adoção, por parte de crianças portuguesas, de termos brasileiros como “geladeira” em vez de “frigorífico”. “A criança não está a falar brasileiro, está a falar um pouco à brasileira, e, na vida real, isso não tem importância”, comenta Venâncio, minimizando o impacto imediato, mas reconhecendo a relevância desta tendência a longo prazo.
No entanto, muitos linguistas e gramáticos, tanto no Brasil como em Portugal, consideram que ainda existe uma unidade significativa entre as duas variantes. Apontam que elementos essenciais como os morfemas (artigos, preposições, pronomes, entre outros) continuam idênticos, e que o Português culto no Brasil é praticamente indistinguível do Português culto em Portugal. Estes fatores impediriam a separação completa numa “língua brasileira” distinta. Para Venâncio, contudo, a linguagem “espontânea” utilizada no Brasil, que se afasta da norma culta, é um dos fatores que contribui para o afastamento entre as variantes. “Vai dar-se um afastamento do Português europeu. Não sabemos quando, mas sabemos que é inevitável”, conclui. No final de Assim Nasceu uma Língua, Venâncio reflete sobre o futuro do Português e sugere que este poderá fragmentar-se noutras línguas, tal como aconteceu com o latim, a língua dos romanos. “Sabermos isso faz-nos, a nós, mais felizes? É o mais certo”, escreve, deixando em aberto a inevitabilidade da evolução linguística que acompanha a história das nações.
Ora desta treta gostam os nossos irmãos brasileiros sempre desejosos de mostrarem que sem Portugal seriam melhores do que são. Como? Se eles são o que são por serem descendentes de portugueses, mesclado com nativos sul-americanos, escravos africanos, europeus imigrados dos Países Baixos, Itália, Alemanha, Espanha, colonizados por açorianos entre outros…
Mas toda esta falácia assenta num cisma linguístico que também é comum ao inglês e ao castelhano, por exemplo, e não ouvimos ainda dizer que os argentinos falam argentino, os colombianos falam colombiano, os chilenos falam chileno e por aí adiante. O mesmo se diria dos franceses de França e dos ultramarinos, da Martinica, Guiana; Guadalupe; S. Pedro e Miquelón, a Reunião, da Nova Caledónia etc., e pior seria ainda enunciar ainda as várias línguas que poderiam nascer do inglês dentre todos os territórios coloniais e outros que hoje formam a Comunidade “Commonwealth”. Não existe nenhum movimento para chamar escocês, australiano, canadiano, norte-americano, ou como quer que se viriam a chamar as novilínguas de Anguilla, Acrotíri e Decelia, Bermudas, Malvinas, Gibraltar, Ilhas Cayman, Ilhas Geórgia do Sul e Sandwich do Sul, Ilhas Virgens Britânicas, Monserrate, Pitcairn, Santa Helena, Ascensão e Tristão da Cunha… E ipsis verbis ainda não conhecemos movimentos independentistas linguísticos para a língua moçambicana, angolana, guineense…
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Source: Vídeos mostram ruas da ilha do Faial inundadas após “chuva torrencial”