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  • Um verbo enjoadinho

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    PASQUALE CIPRO NETO

    Um verbo enjoadinho


    Formas como “requisesse” ou “requiseram” não encontram abrigo no padrão formal da língua


    O QUE NÃO FALTA na caixa postal da coluna é pergunta sobre a conjugação de verbos complicados. A lista é grandinha e inclui “preciosidades” como “adequar”, “precaver”, “reaver”, “requerer”, “falir”, “prover”, “prever”, “provir”, “intervir”, “satisfazer”, “ver”, “entreter” etc.
    Embora muitos desses verbos sejam conjugados no dia a dia e em muitos escritos como se fossem regulares, nas modalidades formais da língua suas singularidades ou irregularidades continuam prevalecendo. Em outras palavras, isso significa que, ainda que frequentemente se ouçam e se leiam construções como “Se o ministro intervir” ou “Se ninguém se opor”, gramáticas, dicionários, manuais e guias de uso continuam indicando como cultas as construções “Se o ministro intervier” e “Se ninguém se opuser”.
    Posto isso, vejamos a conjugação de alguns dos verbos citados, começando por “requerer”. A conjugação desse verbo é particularmente delicada, a começar pela sua perigosa semelhança com o verbo “querer”. Já na largada, ou seja, na primeira do singular do presente do indicativo, “querer” e “requerer” se separam: de “querer”, temos “eu quero”; de “requerer”, faz-se “eu requeiro”.
    Como acontece com 99,99% dos nossos verbos, o presente do subjuntivo do verbo “requerer” se apoia na primeira pessoa do singular do presente do indicativo. Moral da história: de “requeiro”, faz-se “que eu requeira, que tu requeiras, que ele requeira, que nós requeiramos, que vós requeirais, que eles requeiram”. Mas a coisa se complica mesmo no pretérito perfeito do indicativo e nos tempos que dele derivam, em que “querer” e “requerer” se separam de vez. Nesse tempo, “querer” é irregular (“eu quis, tu quiseste, ele quis, nós quisemos, vós quisestes, eles quiseram”), enquanto “requerer” é regular (nesse tempo, convém deixar claro): “eu requeri, tu requereste, ele requereu, nós requeremos, vós requerestes, eles requereram”.
    Como se sabe, são três os tempos derivados do pretérito perfeito do indicativo, mais especificamente do radical da segunda pessoa do singular desse tempo, que, no caso de “requerer”, é “requere-” (esse radical resulta da eliminação da terminação “-ste”, o que vale para 101% dos verbos da língua portuguesa).
    O primeiro dos tempos derivados do pretérito perfeito do indicativo é o pretérito mais-que-perfeito do indicativo. Ao radical (“requere-“) somam-se as terminações “-ra, -ras, -ra, -ramos, -reis, -ram”: “eu requerera, tu requereras, ele requerera, nós requerêramos, vós requerêreis, eles requereram”. O segundo desses tempos é o pretérito imperfeito do subjuntivo. Ao mesmo radical (“requere-“, lembra?), somam-se as terminações “-sse, -sses, -sse, -ssemos, -sseis, -ssem”: “se eu requeresse, se tu requeresses, se ele requeresse, se nós requerêssemos, se vós requerêsseis, se eles requeressem”.
    O terceiro tempo derivado do pretérito perfeito do indicativo é o futuro do subjuntivo. Ao mesmíssimo radical (“requere-“) somam-se as terminações “-r, -res, -r, -rmos, -rdes, -rem”: “se (ou “quando’) eu requerer, se tu requereres, se ele requerer, se nós requerermos, se vós requererdes, se eles requererem”.
    Como se vê, diferentemente do verbo “querer” (que é irregular no pretérito perfeito do indicativo e, por conseguinte, nos três tempos que dele derivam -“eu quis”, “eu quisera”, “se eu quisesse”, “quando/se eu quiser”), o verbo “requerer” é regular nesses quatro tempos. Moral da história: formas como “requisesse” (“Se ele requisesse os documentos hoje…”) ou “requiseram” (“Eles requiseram o adiamento…”), embora comuns em alguns registros linguísticos, não encontram abrigo no padrão formal da língua. É isso.

    [Fonte: Folha de S. Paulo, 07.07.11]

  • ANGOLA 1594

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    Vamos até Angola 1594 por Francisco Gomes Amorim

    WWW.fgamorim.blogspot.com

    História da residência dos Padres da Companhia de Jesu em Angola, e cousas tocantes ao Reino, e conquista

    CAPITULO PRIMEIRO. INFORMAÇÃO DESTE REYNO E MINAS

    O reyno dos Ambundos vulgarmente dito de Angola se chama nas cartas de mercês, e provisões dos Reys de Purtugal desdo tempo delrey dom Sebastião a esta parte novo Reyno de Sebaste na conquista de Ethiopia (2). Está em nove grãos na Etiópia meridional norte sul entre o de Congo e o de Benguella, leste oeste com Pernambuco na costa do Brasil. Os nomes das províncias mais nomeadas, que em si agora encerra são:
    A liamba do rio de Coanza para a linha equinoxial. A Quiçama da banda do sul; o Mosseque, Dongo aonde está a cidade de Cabaça em que vive o Rey, o Are, o Ungo, e outras (3) Da villa de S. Paulo até Cabaça avera sesenta legoas (4). Todo o Reyno ao comprido (tomando por arraya Caçanze (5) que está oito da mesma villa) terá oitenta e de largo na mor dis¬tancia dizem que terá outras oitenta.

    Algumas partes da costa, e principalmente os lugares que estão ao longo do rio Coanza são doentios, por resão de lagoas e terras apauladas com a vizinhança do rio até a vila da Vitoria em Maçangano que também está cercado do Coanza e Lucalla. Com tudo sustentão os portugueses esta villa ainda que enferma e muito calmosa por estar no meio do Reyno em sitio muito forte, donde com facilidade se acode aos alborotos e novidades dos naturaes entre os lugares marítimos; este morro em que está situada a villa de S. Paulo, cabeça do Reyno, he muito sadio, e de bons ares. O mais do Reyno he fresco e temperado, antes tem exsseço de frio e nenhum de calma especialmente as terras do sertão, posto que também ao longo da costa ha muitas de bons ares, e sadias. A província do Ari e outras vezinhas com caírem mais para o nascente, e perto da linha, no tempo das aguas quando o sol anda sobre nós, he necessário aos portugueses que nelas se achão andarem
    bem roupados e chegaremse ao fogo. Já nos meses de Junho até Setembro que na lingoa chamão o Quicivo quando o sol se aparta de nós para o trópico do norte são insofríveis naquelas províncias os frios, e ventos. A terra de Cambambe da província do Mosseque, aonde estão as minas de prata mais nomeadas he tão temperada que o governador Paulos Dyas (7) a comparava nos ares a Cintra. Andando nela o nosso campo no anno de oitenta e sete com tanta necessidade que se mantinhão só com pal¬mitos, por ser a terra de minas estéril, e falta de mantimentos, nenhum sol¬dado adoeçeo antes andavão tão bem despostos como se andarão em Lisboa com serem novos na terra.

    A maior parte deste Reyno he cuberta de grandes palmares donde tirão seu vinho, e azeite em muita quantidade, retalhado com muitos rios caudalozos e ribeiras muito frescas. Em algumas partes pela terra dentro tem larangeiras, e limoeiros, figueiras da terra, e bananeiras. De humas arvores muito grossas e altas a que nos chamamos cabaceiras tirão os naturaes os panos com que se cobrem da cinta para baixo, e em cima põem suas colmeias de que recolhem muito fermoso mel. Ha também inhames, batatas, bredos (8), mangericões pelo campo, beldroegas, jasmins e outras ervas proveitosas. Muitos géneros de ligumes da terra, e as sementes de Portugal em lugares frescos aonde não falta agoa, se dão muito perfeitas.
    Ha muita variedade de aves de cores muy aprazíveis. Agueas, patos reaes de grandes cristas, e de tanta carne como hum carneiro, muitas aves de rapina, galinhas do mato, perdizes, galinhas corvaes, guinchos, pelica¬nos, paios bravos, adens, marrecas, corvos marinhos, outras aves de asas vermelhas a que chamão framengos (9). Entre estas ha huma ave de meãa grandura, de cores parda e branca a que chamão Fune, tem o voar muy sereno, e vão dando huns guinchos mui compassados. Nesta parece que reconhesem as outras superiolidade, como se vee em duas cousas, a pri¬meira que tanto que as outras aves vem, ou ouvem deixadas suas occupações a vão logo acompanhar. A segunda he que ao tempo de fazer o ninho as outras se aiuntão, e lho fazem em arvores altas com muitos e grandes paos. O ninho he comprido obra de vinte palmos, e no cabo delle cria dous filhos.

    De animaes ha muitas castas pelo mato. Alifantes, leões, onças, empa-caças (10), que são como vacas, empalangas (11) maiores que bois, zevras como mulas listradas, veados, corças, lobos, gatos dalgalea, lebres, coelhos, porcos espinhos, porcos montezes; nos rios ha grandes cavalos marinhos e lagartos de trinta e quarenta pees.

    O pescado, asi do mar como de rios, he muito e sadio. Junto da ilha Loanda da banda do mar, e da terra firme se tomão os peixes seguintes. Pescadas, Imgoados, salmonetes, gorazes, canteiras, maçuços, corvinas, sei” gás, macoas, tainhas, cavalas, mugens, roncadores, pâmpanos, garoupas, chicharros, sardinhas, peixe espinha, peixe coelho, peixe prata, peixe viola, peixe agulha, ostras, briguigões, amejoas, caraguejos, polvos, arraias, tar¬tarugas, botos, pargos, meros, visugos, arenques, barbos e outro muito gé¬nero de pescado. Ha também em alguns rios hum peixe chamado Angulo que quer dizer porco, a que no Brasil chamão peixe boi (12).

    Notas:
    (1) Esta História terá sido escrita em 1594 pelo Padre Pedro, ou Pêro, Rodrigues, natural de Évora, onde se alistou na Companhia de Jesus em 1556, foi um dos mais categorizados jesuítas do século XVI e XVII. Era mestre em Artes, ensinara primeiro letras humanas por cinco anos e outros tantos teologia moral; foi sete anos reitor do colégio do Funchal e outros sete do colégio de Bragança, mais de um ano Visitador de Angola, de 1592 a 1594, e nove anos Provincial da Província do Brasil, onde chegara a 19 de Julho de 1594. Faleceu em Pernambuco a 27 de Dezembro de 1628. No Brasil escreveu, pelo ano de 1606, a Vida do P-‘ José de Anchieta, que serviu de fonte principal às que depois se publicaram do vene-rando apóstolo {Annaes da Bibliotheca do Rio de Janeiro, volume XXIX, páginas 181-286). Poucos anos antes ministrara também ele ao P. Quirino Caxa materiais para outra biografia menor de Anchieta, a qual ficou por largo tempo sepultada nos
    arquivos. Foi descoberta em mais de um exemplar no ano de 1923; e no de 1934 a deu a lume, prefaciada e anotada, o P.° Serafim Leite.
    (2) Paulo Dias de Novais edificou uma ermida de S. Sebastião na vila, depois ci¬dade, de S. Paulo, que fundou em frente da ilha de Luanda, em memória do Rei de Por¬tugal, D. Sebastião, como também deu àquela conquista de África o nome de «novo reino de Sebaste na conquista de Etiópia» em homenagem ao mesmo monarca. Mas em seguida passou esse nome ao esquecimento e ficou o primeiro de Angola.

    A essa parte do continente africano chamavam também os nossos portugueses Etiópia. nova Etiópia, conquista da Etiópia, e mais designadamente Etiópia meridional ou ociden-te;, como diziam Etiópia oriental a região do mesmo continente do lado de Moçambique, e a seus negros habitadores davam genericamente o nome de Etíopes. Teles, na sua Histo¬ria da Ethiopia, página 6, escreveu: «£ste nome de Ethiopia he muy geral e comprehende todas aquellas regiões cujos habitadores têm cores pretas, porque a todos estes costumam chamar Ethiopes… …O mesmo nome tem… tudo o que se estende até ao cabo de Boa Esperança e dobrando este cabo, tudo o que ha de terras até Angola e Cabo Verde, porque a todos os que povoam estas costas e o sertam delias chamam ethiopes e ás terras chamam Ethiopia».
    3) O missionário Diogo da Costa, enumera só três províncias de Angola em carta datada de Luanda a 31 de Maio de 1586: «A primeira chamamos liamba que está entre o Rey [reino?] do Congo e o rio Lucala. A segunda he o Moseque [Mosseque] que está entre ai Lucala e o rio Coanza… A terceira a Guitama [Quissama] que está entre o Coanza e o Reyno de Benguella». Boletim da Sociedade de Geografia, IV, pagina; 382. A província de Are (Ari) fica ao norte de Coanza, e a de Ungo para o sul.
    4) Cabaça ou Cabassa era a corte do rei Angola, a que os indígenas chamavam Dongo, segundo observa Franco, Synopsis Ann,. pág. 63: Urbs regia Dongus dieta ab indigenis, a lusitanis Cabassa. Lopes de Lima, Ensaios sobre a statistica, página XV, nota que o nome Cabassa é «corruptela da palavra Cabanza (capital)». Diz-se agora Pedras Negras de Pungo-Andongo.
    (5) Caçanze ou Cassange.
    (7) Assim, em vez de Paulo, escrevem outros autores, como Abreu de Brito, Sumario,…; Teles, Chronica, II, 620, e Franco, Imagem da Virtude. II, 460.

    (8) Planta herbácea, oriunda de Portugal, que serve para fazer esparregado. Seria bredo?
    (9) Framengos, flamengos e flamingos.
    (10) Empacaças ou pacaças, pacassas: mamíferos semelhantes a búfalos.
    (11) Empalangas ou empalancas, palancas, do género dos antílopes.
    (12) Angulo ou Ongulo, como lhe chama o padre Garcia Simões na carta de 20 de Outubro de 1575. Na língua bunda escreve-se N’gulo. (Porco)

  • Textos Medievais /Portugal D.Dinis

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    Textos Medievais /Portugal D.Dinis…Propôs a D. Maria de Molina que reconhecesse D. João como rei de Galiza …
    1298 — Início da construção da catedral de Barcelona. (Fevereiro) Cortes de Valhadolid: as hermandades de vários concelhos castelhanos pedem o auxílio de D. Dinis para combater o infante D. João e os nobres que o apoiavam. (Maio) Nomeação do primeiro conde territorial português, João Afonso de Albuquerque, conde de Barcelos. (Julho) D. Dinis dirige-se com suas tropas a Castela, encontrando-se em Toro e em Mota del Marqués com o infante D. Henrique. Propôs a D. Maria de Molina que reconhecesse D. João como rei de Galiza: a rainha recusou. (Agosto e Setembro) D. Dinis permanece no Sabugal, aguardando o evoluir dos acontecimentos castelhanos. D. Judá, rabino-mor de Portugal e ministro das finanças de D. Dinis, empresta 6.000 libras a D. Raimundo de Cardona, para a compra da cidade de Mourão.

    Textos Medievais /Portugal D.Dinis…Propôs a D. Maria de Molina que reconhecesse D. João como rei de Galiza …
    1298 — Início da construção da catedral de Barcelona. (Fevereiro) Cortes de Valhadolid: as hermandades de vários concelhos castelhanos pedem o auxílio de D. Dinis para combater o infante D. João e os nobres que o apoiavam. (Maio) Nomeação do primeiro conde territorial português, João Afonso de Albuquerque, conde de Barcelos. (Julho) D. Dinis dirige-se com suas tropas a Castela, encontrando-se em Toro e em Mota del Marqués com o infante D. Henrique. Propôs a D. Maria de Molina que reconhecesse D. João como rei de Galiza: a rainha recusou. (Agosto e Setembro) D. Dinis permanece no Sabugal, aguardando o evoluir dos acontecimentos castelhanos. D. Judá, rabino-mor de Portugal e ministro das finanças de D. Dinis, empresta 6.000 libras a D. Raimundo de Cardona, para a compra da cidade de Mourão.

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  • Loanda – Escravas, Donas e Senhoras” de Isabel Valadão

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    Leia

    Loanda – Escravas, Donas e Senhoras
    Isabel Valadão
    Edição em Português. Publicado em 05/2011
    Expedido em 24h

    «No século XVII, duas mulheres deixaram o seu rasto na história de Luanda. À sua volta teria gravitado um sem-número de indivíduos, fidalgos, traficantes, degredados, escravos e libertos. Uns, foram personagens marcantes do seu tempo, outros, simplesmente anónimos no papel de figurantes, todos eles fazendo parte de um específico contexto historiográfico da colónia angolana. Se existiram realmente ou se foram, apenas, o retrato fugaz de uma época, não há certezas, embora tenham perdurado de alguns vestígios de memórias escritas.»
    Através do retrato de Maria Ortega e Anna de São Miguel, somos levados até Luanda do século XVII, de encontro ao percurso, queda e ascensão dos escravos e exilados do reino português. Cruzando a História num ritmo narrativo forte e surpreendente, Loanda é um retrato vivo, marcado pela força das mulheres que deixaram o seu rasto nesse território.

    Ficha detalhada: “Loanda – Escravas, Donas e Senhoras” de Isabel Valadão
    Autor Isabel Valadão
    Editora Bertrand Editora
    Data de Lançamento Maio 2011
    ISBN 9789722523066
    Nº Páginas 286
    Encadernação Capa Mole

  • ODE AO 16º COLÓQUIO DA LUSOFONIA EM SANTA MARIA Prof. Doutor Li Changsen (James)

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    ODE AO 16º COLÓQUIO DA LUSOFONIA EM SANTA MARIA

    A brisa de primavera de Macau é ainda fresquinha,

    O cheiro de Outono de Santa Maria já vem daquela ilha.

    A distância não separa o profundo sentimento amistoso,

    O colóquio demonstra o espírito do povo ilhéu generoso.

    A história da lusofonia está na mentalidade minha,

    O impacto cultural atravessa o mar, o rio e a montanha.

    A milagre não é feito por Deus misterioso,

    Pois, o mundo foi criado pelo homem laborioso.

    A convivência de diversos povos é uma vareta mágica,

    Que tem forjado grande solidariedade étnica,

    Independentemente do limite de espaço e de tempo;

    O Sol nascente ilumina toda a Praia Formosa,

    Exaltando novas perspectivas da Ilha-Mãe graciosa,

    Que lembram belas pérolas na Oceânia Atlântica.

    27 de Junho de 2011

    Prof. Doutor Li Changsen (James)

    INSTITUTO POLITÉCNICO DE MACAU

  • a primeira cronologia da literatura portuguesa 1128-2000

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    Chronology of Portuguese Literature: 1128-2000
    Author: Rogério Miguel Puga
    Date Of Publication: Aug 2011
    Isbn13: 978-1-4438-3003-4
    Isbn: 1-4438-3003-8

    This is the first Chronology of Portuguese Literature to be published in any language. It presents a comprehensive year-by-year list of significant and representative works of literature published mainly in Portuguese from 1128 to the beginning of the current millennium. As a reference tool, it displays the continuity and variety of the literature of the oldest European country, and documents the development of Portuguese letters from their origins to the year 2000, while also presenting the year of birth and death of each author. An ideal resource for students and academics of Portuguese literature and Lusophone cultures.

    Rogério Miguel Puga holds a PhD on Anglo-Portuguese Studies (FCSH, New University of Lisbon), was a Lecturer at Institute of Education and Sciences (ISEC, Lisbon, 2000-2005), Assistant Professor at the University of Macao (2007-2009) and is now a Senior Researcher at the Centre for English, Translation and Anglo-Portuguese Studies (CETAPS, New University of Lisbon), where he also teaches. He is a research collaborator at Centre for Overseas History (CHAM, New University) and the Centre for Comparative Studies (University of Lisbon), and an invited researcher at the University of Macau (History Department). He has published several studies on Anglo-Portuguese literary and historical relations, the Portuguese and British Empires, and on Lusophone and Anglophone Literatures, namely: The Portuguese Historical Novel (Lisbon, 2006), A World of Euphemism: Representations of Macao in the Work of Austin Coates. City of Broken Promises as Historical Novel and Female Bildungsroman (Lisbon, 2009), and The English Presence and Anglo-Portuguese Relations in Macao (1635-1794) (Lisbon, 2009). He is the editor of the European Journal of Macao Studies (Portugal), and subject editor for the journal Romance Studies (United Kingdom).

    Price Uk Gbp: 39.99
    Price Us Usd: 59.99

    http://www.c-s-p.org/Flyers/Chronology-of-Portuguese-Literature–1128-20001-4438-3003-8.htm

  • >DAMÃO A JOIA DA COROA

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    O menos falado pedaço da “Índia portuguesa” é, sem dúvida, Damão. Da sua antiga glória restam dois fortes, impressionantes no tamanho e na preservação, e uma pequena comunidade que mantém algo da cultura portuguesa.

    CARAVELA DE PEDRA

    Não me consola muito saber que os portugueses de quinhentos sofreram ainda mais que eu para chegar a Damão. As viagens para a Índia podiam demorar muitos meses, e Damão fica a Norte de Goa e de Mumbai (antiga Bombaim), pelo que teria de se adicionar mais algum tempo de viagem para lá chegar, fosse por mar ou por terra. Mas ainda hoje é complicado.
    Fachada de um forte português em Damão, Índia
    Fachada de um forte português em Damão, Índia

     

    As adoráveis contradições indianas, que incluem passar de cidades onde qualquer mendigo fala inglês, como Mumbai, para outras onde só sabem a língua local – para além do hindi oficial, creio eu -, fazem com que coisas aparentemente simples, como descobrir de onde partem os transportes, seja um verdadeiro trauma.
    E depois é preciso conseguir apanhar o autocarro certo. Já para não falar da vocação suicida dos condutores, ou do estado dos veículos, verdadeiras sucatas sobre rodas onde se pode escrever o nome no pó dos assentos, e onde a única maneira de marcar lugar é fazer como os locais, e atirar uma criança lá para dentro pela janela quando o autocarro ainda está a entrar no terminal. E depois há a questão de valer a pena ou não.
    Não vim negociar em especiarias nem espalhar a fé cristã, o meu interesse vagueia entre uma espécie de curiosidade histórica, de ver em que se transformou este importante entreposto comercial português do século XVI, e conhecer as particularidades dos pequenos territórios da União Indiana.
    À primeira vista, Damão não é propriamente um lugar bonito. Até chegarmos aos dois fortes: o pequeno, com o cemitério cristão, uma igreja e um campo relvado de futebol para os miúdos; e o grande, junto às muralhas do qual os pescadores trabalham, no meio dos barcos embandeirados.

    A HERANÇA PORTUGUESA EM DAMÃO

    Que estamos na Índia ninguém o pode ignorar. O trânsito ruidoso, abundante e caótico, os cheiros apetitosos da comida e de incenso, o chinfrim de buzinas misturado com música e a confusão de gente nas ruas, não nos deixam imaginar qualquer outro lugar. Muitos homens usam o trajo branco típico do estado do Guzerate, cujo chapelinho lembra os vendedores de gelados de antigamente.
    Pescador numa praia de Damão, Índia
    Pescador numa praia de Damão

     

    O território de Damão é um enclave territorial com apenas trezentos e oitenta quilómetros quadrados e a forma de uma pequena escama, quase imperceptível no imenso mapa da Índia. Mas tem a sua própria assembleia, desde 1987, e as suas leis muito próprias. Uma delas, comum aos outros ex-territórios portugueses, é a permissividade em relação ao álcool.
    Quem chega por terra vindo de algures no Guzerate, estado onde o hinduísmo tem muito peso e onde impera a lei seca, fica logo surpreendido com a abundância de bares. E caso se fique durante um fim-de-semana ou feriado, chega a ser difícil encontrar alojamento na cidade, com centenas de indianos a chegarem de lugares onde as bebidas alcoólicas são proibidas, para passarem uns dias em cheio.
    O rio Daman Ganga divide a cidade em duas: a Norte, Nani Daman, o Pequeno Damão, e do lado oposto, fica o Grande, Moti Daman. Nascida na foz, com vista para o rio e o mar, a cidade tem fartura de água e de pescadores, e o cheiro a peixe sobrepõe-se a todos os outros. Os barcos engalanados com bandeirinhas coloridas, suspensas de uma teia confusa de mastros finos, alinham-se ao longo da tira de areia escura da praia. Alguns pescadores remendam redes, enquanto outros espalham peixes minúsculos numa rampa junto ao areal, para secarem. Algumas estatuetas de deuses, pequenas e tão negras como a areia, jazem por ali, talvez para dar sorte e protecção. Mas o que atrai a atenção de quem chega à costa são os dois fortes portugueses, à sombra dos quais se desenrola a vida quotidiana desta cidade piscatória: frente a frente, de um lado e do outro do rio, o pequeno forte de Nani e o grande de Moti parecem dois gigantescos barcos de pedra, atracados à espera da maré.
    Interior de igreja, Damão, Índia
    Interior de igreja, Damão, Índia

     

    A cidade estende-se do lado do forte mais pequeno, e muitos prédios já o ultrapassam em altura. A cruz e a imagem de S. Jerónimo, que lhe dá o nome, continuam por cima do arco da entrada; lá dentro resta uma igreja – agora usada como escola – e um cemitério cristão. A avaliar pelos polícias, em cujos crachás se lêem nomes como Silva e Pereira, e também pelas meninas que passam de saia e blusa, em vez do sari ou da túnica, mais comuns nas hindus, parte da população parece ter mantido o cristianismo. Alguns ainda dizem mesmo algumas palavras em português, mas não encontrei ninguém que passasse para além dos cumprimentos e de algum vocabulário solto; no entanto, de regresso a Portugal, soube que o português ainda se estuda e que a cidade de Damão celebrou um acordo de geminação com Coimbra.
    A vista sobre Moti Daman e a imensa linha escura do forte, com a sua parede escura coberta de musgo, é impressionante. No arco da entrada, uma velha placa diz-nos que estamos na Rua Martim Afonso, e uma das primeiras casas está assinalada como sendo aquela onde viveu Bocage, tenente da Marinha antes de desertar. A atmosfera torna-se mais arcaica à medida que percorremos a rua central, bem sombreada, onde vamos encontrando edifícios antigos bem portugueses, como o Palácio do Governador ou a igreja do Bom Jesus. Do lado de fora, alguns pescadores limpam os seus barquinhos de aspecto frágil, enquanto outros acartam enormes blocos de gelo pendurados em paus, para conservar o pescado. E tendo como cenário os imponentes fortes portugueses, as actividades habituais do cais parecem fazer parte de um qualquer filme antigo.

     

    PÉROLAS E TÂMARAS

    Desde 1531 que esta área do Golfo de Cambaia, na foz do rio Daman Ganga, funcionava como entreposto comercial. Os fortes portugueses foram construídos em meados no século XVI, e a presença lusa já estava literalmente de pedra e cal em 1559 – mas uma placa na entrada do forte Grande lembra que, antes da conquista portuguesa, existia aqui uma fortificação muçulmana.
    Praia em Damão, Índia
    Praia em Damão, Índia

     

    As fortificações serviam, sobretudo, para defender as mercadorias que por aqui passavam em trânsito, entre o Golfo Pérsico e a costa africana, nomeadamente Mombaça e Mogadíscio. Os ataques tanto podiam vir de terra como do mar, protagonizados pelo sultão de Cambaia, por piratas ou mesmo por “concorrentes”, como os ingleses e os holandeses. O principal comércio era constituído por cavalos persas, aljôfar (pérolas pequenas e irregulares) e tâmaras; o tabaco do Brasil também veio a tornar-se um dos mais importantes bens transaccionados.
    Durante a colonização inglesa, Damão continuou a fazer parte de Portugal quase de forma simbólica, com alguma presença militar a marcar a posse de um território que já não tinha a função e utilidade que teve nos séculos XVI e XVII. Em 1961, catorze anos após a independência, a União Indiana invadiu os três territórios que constituíam a Índia Portuguesa (Goa, Damão e Diu), incorporando-os politicamente no território a que sempre pertenceram.
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  • fetiche >A história de um vocábulo de sete partidas…

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    A história de um vocábulo de sete partidas…
    FETICHE– do fr. Fétiche, der. Do port. Feitiço (Clédat, Brachet, Stappers). G. Viana, Apost.I, 451, Vocabulário, entende que êste galicismo, bem arraigado aliás, deve ser subsituído por manipanso. “Le mot portugais feitiço (forme savante facticio) sest introduit dans le français sous la forme fétiche, et ainsi modifié est revenu dans le vocabulaire portugais, sans faire aucunement disparaître sa forme antérieure (A. Coelho, Romania, 1873, Formesdivergentes des mots portugais). Fernando Ortiz afirma que o vocábulo fétiche foi lançado na circulação pela famosa obra de Ch. De Brosses, Du culte des dieux fétiches ou Parallèle de lancienne religion de l Egypte avec la religion actuelle de Nigritie (1760), em cuja página 18 consta que a origem do português antigo fetiffo (?), da raiz latina fatum. Alega que segundo a Enciclopédia Britânica, o vocábulo já tenha sido usado e explicado pelo holandês Bosman (A new and acurate description of the coast of Guinea, trad. Ingl., Londres, 1721, pgs. 121 e seguintes). Acrescenta ainda que a palavra, escrita ás vezes fetifto e fetiftoes, aparece usada por ingleses no século XVII (The Golden Coast, or a description osf Guinney, anônima, Londres, 1665, pgs. 72, 76, 77, 78, etc).
    Repositório da Universidade de Lisboa http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/3127/2/ulsd60289_td_annexes1.pdf
    Não há vez em que não dê três espirros seguidos ou se me parta uma unha sem razão aparente, que voz condoída me não diga que isso é obra de feitiçaria, bruxedo, feitiço, praga, mau olhado, inveja, quebranto, maldição familiar, etc., que nos dicionários ocupam muitas páginas as explicações para o mesmo malefício. Relativamente a esses fenômenos, considerados muitas vezes “sobrenaturais” , mas que com maior propriedade deviam ser considerados “imaginários” o que me desafia, é entender a possibilidade de alguém crer neles!
    A Portugal coube ser a pátria linguística do “feitiço”. Um certo dia, provavelmente do século XIV, alguém, com imaginação e saber linguístico, tomou o vocábulo latino “factius” [artificial, manufaturado], reformou-o, transformando-o no adjetivo “FEETISSO”, com o mesmo sentido.
    José Pedro Machado(filólogo, arabista: 1914 – 2005), transcreve do Boletim de Segunda Classe da Academia das Ciências de Lisboa o primeiro registo comprovativo da existência do termo: há de ter o dicto sancristam huum cesto grande feitiço em que andem os monges…
    Fenômeno frequente na vida das palavras, o termo evoluiu na forma, semanticamente e nas suas funções, e tornou-se fértil, dando origem, como Feitiço, a FEITICEIRO e FEITIÇARIA, já documentados nos éditos em que, em 1385 e 1405, D. João I proíbe os seus súbditos de “obrar feitiços ou ligamentos ou chamar diabos”.
    A história de FEITIÇO é uma história comum a muitos vocábulos: após dois séculos de vida no país, emigra para França em 1605, sob a forma de FÉTISSO. De França a Inglaterra, um salto sobre o Canal, e FÉTISSO E FÈTISSERO instalam-se, sob a mesma forma, no léxico inglês.
    É correntemente aceite a versão francesa da galicização do termo, que, em 1669, se transformaria em FÉTICHE o qual, por sua vez, emigraria para Inglaterra, que se limitaria a anglicizar-lhe a grafia, para FETISH, e…para Portugal, em 1873.
    Na realidade, outra palavra tinha nascido no léxico português, como no francês e no inglês.
    FETICHE é agora, em português, um objeto a que se presta culto, a que se dedica um interesse obsessivo ou irracional, gerador de atração sexual compulsiva, objeto de perversão sexual.
    Segundo o dicionário francês Petit Robert, porém, FÉTICHE era, já no século XVII, o nome dado pelos brancos aos objetos de culto das civilizações ditas primitivas. E acrescenta: “Em África, objeto animal, vegetal ou mineral com poder sobrenatural, benéfico ou malévolo”.
    Este novo sentido, justificaria a opinião dos que, sem explicações, defendem como origem de FETICHE a Guiné onde FETISSO e FETISSERO, introduzidos no século XV pelos colonizadores portugueses, eram, no século XVII, respetivamente o deus e o sacerdote da religião indígena o que comprovaria que, sem sombra de dúvida, o tão português FEITIÇO é, na verdade, também ele, um vocábulo de sete partidas.
    Adaptado do artigo De Feitiços, feiticeiros e de um vocábulo das sete partidas , de Maria Vila Fabião, in Revista Tempo Livre, nº227, Junho 2011, www.inatel.pt
  • (Re)ler Onésimo Almeida faz bem à alma, onésimo almeida

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    Foi recentemente lançado no mercado português, pela editora Clube do Livro,
    o mais recente livro de Onésimo Almeida, em forma de antologia que reúne,
    num volume de 395 páginas, alguns dos seus melhores textos. Esta é a primeira
    antologia de textos deste prolífico escritor, e ao apostar nesta edição, em
    que o seu autor apenas Onésimo – Português sem Filtro O best of da “escrita onemesiana”

    escreveu uma breve nota prévia, a editora

    proporciona ao público português (e não só) este recomendável best of da “escrita
    onemesiana”. Onésimo Almeida é, indubitavelmente, um dos melhores escritores
    portugueses da atualidade, e é com agrado que os seus ávidos leitores saudarão
    o aparecimento desta antologia.

    Se ler uma obra deste prolífico escritor é já em si um prazer, este é ainda
    maior quando, num único livro estão reunidos algumas das suas melhores
    crónicas, que ele apelida sagazmente de “ensaios em mangas de camisa”. Assim
    sendo, neste volume ora editado, encontramos uma seleção de textos de cinco
    obras suas, a saber Sapa(teia) Americana, Que Nome É Esse, ó Nésimo? – e
    outros advérbios de dúvida, Rio Atlântico, Onze Prozemas (e um final
    merencório), e Aventuras de um Nabogador & outras estórias-em-sanduíche. Os textos selecionados foram dispostos tematicamente nos cinco capítulos que compõem esta portentosa obra, intitulados, respetivamente “Da Portugalite Crónica”,
    “Da Lapa Atlântica”, “Da Margem Luso-Americana do Rio”, “Do Imenso Mar
    Americano” e “Por Esse Mundo em Cata de Sentido”.

    (Re)ler este autor é entrar no seu mundo, composto por vários mundos, o de
    ambas das margens do Rio Atlântico, o do meio deste rio, e de muitos outros.
    Onésimo Almeida é, na verdadeira aceção do termo, um cidadão do mundo, e a
    o (re)lermos os seus textos acompanhamo-lo nas suas viagens por diversos
    quadrantes.
    O seu estilo peculiar de dizer as coisas cativa-nos logo às primeiras
    linhas e à medida que passamos as páginas ficamos literalmente agarrados às suas
    palavras, e queremos ler mais e mais e mais. O humor é uma arma, quando
    utilizado com conta, peso e medida, e este autor sabe utilizá-la, na dose certa,
    com mestria. Ao longo da leitura de algumas destas crónicas damos por nós a
    rir a bandeiras despregadas com o modo pelo qual ele descreve várias
    situações. Mas para além do riso, alguns textos deste autor também nos fazem
    pensar, e muito, ao acompanharmos o seu raciocínio sobre diversos temas, que
    apesar de já terem sido escritos há algum tempo, ainda fazem parte da
    atualidade.
    Este escritor consegue dizer muito em poucas palavras, pois escreve, à boa
    maneira americana, to the point, sem entrar em muitos devaneios nem
    floreados inócuos. E esse facto leva-nos a fruir avidamente os seus textos, que se
    seguem em catadupa.

    Apesar de viver nos Estados Unidos há várias décadas, Onésimo Almeida tem
    os Açores e Portugal no seu coração, mas essa afetividade não o inibe de
    tecer, por vezes, juízos críticos sobre a(s) realidade(s) portuguesas que tão
    bem conhece. No mundo que talvez lhe seja mais familiar, a L(USA)lândia, este
    autor colhe um manancial de histórias e estórias que transcreve para o
    papel de um modo peculiar. Ler os seus textos é ficar a conhecer, de um modo
    realista, os açorianos e o caráter dos homens das ilhas. E também sobre o que
    é ser emigrante, e sofrer com a ausência da terra natal, e das vicissitudes
    que os expatriados têm que lidar no seu quotidiano, no país to Uncle Sam,
    que é mais tio para uns do que outros.

    Ao longo da sua vida de escritor, Onésimo Almeida tem recebido inúmeras
    críticas positivas sobre a sua produção literária, e na parte final desta obra,
    encontramos alguns excertos de comentários aos seus livros de diversos
    autores reputados, a saber, Eugénio Lisboa, Urbano Tavares Rodrigues, Maria
    Alzira Seixo, João de Melo, João Maurício Brás, Fernando Venâncio, Ana Paula
    Coutinho, Ungulani Ba Ka Khosa, George Monteiro, Gabriel Magalhães, David
    Brookshaw, Vamberto Freitas, Francisco Fagundes, Pedro Teixeira Neves e Dinis
    Borges, que vêm confirmar e sublinhar os dotes criativos deste prolífico autor.
    Mas para além destes, esta obra encontra-se ainda enriquecida com um
    Posfácio da autoria de Miguel Real, que traçou uma interessante análise aos textos
    que compõem esta fantástica antologia.

    Diz o autor que “O nome estranha-se. As estórias entranham-se.” E de que
    maneira. Depois de ler este autor ficamos mais ricos, mais cultos, e
    sobretudo mais alegres e bem-dispostos, e nunca esqueceremos as suas narrativas que, à vez, nos alegram, comovem, e educam.

    (Re)ler Onésimo Almeida faz bem à alma, e no estado atual que Portugal
    atravessa, precisamos de algo a que nos agarrar, algo que nos distraia do
    cinzentismo e negativismo que abafa e sufoca o país. (Re)ler Onésimo Almeida não
    será a solução para os nossos problemas atuais, mas com certeza que nos
    dará outro ânimo para enfrentá-los. Aqui fica pois uma sugestão cultural para
    ajudar a combater o nosso triste fado.

  • >Mirandês vai ter primeiro romance histórico

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    Mirandês vai ter primeiro romance histórico

    No dia 10 de Junho é lançado em Bragança o primeiro romance escrito em mirandês, a segunda língua oficial reconhecida em Portugal. «La Bouba de La Tenerie» é um livro da autoria de Amadeu Ferreira, especialista na língua falada no norte transmontano.
    O romance vai ter também uma versão em português, intitulada «Tempo de Fogo». Amadeu Ferreira utiliza o pseudónimo Francisco Niebro para assinar ambas as edições daquele que é o primeiro romance escrito em mirandês.
    As obras são baseadas em «factos históricos» e a acção decorre no «berço» da língua mirandesa, retratando o «ambiente sufocante que se viveu nas aldeias desta região durante a inquisição», contou.
    Segundo Amadeu Ferreira, este romance histórico passa-se no ano de 1619 e a acção centra-se, sobretudo na agora vila de Sendim, tendo como personagem principal um frade homossexual queimado pela inquisição.
    O nome do personagem principal é ficcionado, assim como muito do enredo que, no entanto relata também factos e personagens reais da época que o autor descobriu numa investigação que precedeu a escrita a documentos históricos, nomeadamente na Torre do Tombo.
    Amadeu Ferreira começou a escrever em «2002/2003» e a obra ficou pronta no verão de 2009.
    A particularidade é que o original foi escrito em mirandês e a versão portuguesa surgiu do desafio lançado ao autor pela editora Âncora, que publica agora as duas versões.
    Este é o primeiro romance escrito originalmente em mirandês depois das várias traduções que Amadeu Ferreira tem feito, nos últimos anos, de obras conhecidas como as histórias do Astérix ou os Lusíadas de Luís Vaz de Camões.
    Jurista de formação, Amadeu Ferreira é natural de Sendim, Miranda do Douro, e tem-se destacado como estudioso e impulsionador do mirandês, apesar de desenvolver a sua actividade em Lisboa na Faculdade de Direito e na vice-presidência da CMVM, a Comissão de Mercados de Valores Mobiliários.
    A apresentação do romance «duplo» será feita por Teresa Martins Marques, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e Alfredo Cameirão, escritor mirandês e professor do ensino secundário.

    A cerimónia terá lugar dia 10 de Junho no Centro Cultural Adriano Moreira, em Bragança, em contará com o apoio da Academia de Letras de Trás-os-Montes e da Câmara Municipal local.

    Fonte: Café Portugal