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1. Das origens à Idade Média
Pouquíssimo se sabe das mais remotas origens da língua portuguesa, os
falares da Península Ibérica pré-romana. É contudo de supor que em franjas litorais e em planícies separadas por altas serranias se tenham desenvolvido diferentes enclaves linguísticos que com o rolar dos séculos hajam originado os grupos galego/asturiano/português, basco/ navarro, castelhano/extremenho/andaluz e aragonês/catalão/ valenciano.
Esta é a pré-história do Português. A proto-história tem início com a invasão romana, durante a qual o latim foi imposto em todos os atos públicos, que podiam ir da administração até simples transações comerciais, e afogou os regionalismos linguísticos.
Durante o período romano, cerca de seis séculos, (1) o latim ia evoluindo e novas formas verbais foram criadas. Para dar um prosaico exemplo, as
primeiras vagas colonizadoras usaram o termo “scopa”, que resultou “escombra” em catalão e ‘escoba’ em castelhano. Quando as últimas levas chegaram à costa oeste traziam um mais moderno vocábulo, “basaura”, que deu “vasoira” em galego e “vassoura” em português.
As inovações introduzidas pelos romanos implicaram naturalmente inumeráveis termos, referentes a todas as formas de vida. Assim, por exemplo, ao serem criados novos procedimentos agrícolas, surgiram nomes de utensílios que deram em português charrua, arado, enxada, sacho ou machado. Também do grupo celta, possivelmente através de uma tardia latinização, vieram vocábulos como cerveja, camisa, carro, lousa e sabão. Como bem se sabe, depois de se haver corporizado a língua portuguesa, o latim persistiu ou foi revivido em expressões eruditas de variados campos do saber. Deste modo, por exemplo, na terminologia académica regista-se o doutoramento “honoris causa”, na diplomática a expressão “persona grata”, (2) na
jurídica “habeas corpus”,(3) na eclesiástica “urbi et orbi”, na lógica “quod
erat demonstrandum”, na estilística “ipsis verbis” e muitíssimo mais.
Entre aproximadamente os anos 406 e 411 da era de Cristo várias tribos germânicas, entre as quais se destacaram os visigodos, invadiram a Península e derrubaram o poderio romano.
A ela se devem numerosas contribuições ao falar hispânico em especial relativas à arte militar (o próprio termo “guerra” é uma delas) ou à equitação, que acabaram por dar à língua portuguesa formas como baluarte, elmo, escaramuça, guarda, trégua, brandir, esgrima, dardo, flecha, espora, arreio ou galopar. Outras formas são sala, burgo, agasalho, ufano e ganso. Entre nomes próprios de origem germânica contam-se Alberto, Rodrigo, Humberto, Rogério, Fernando, Afonso, Gonçalo, Álvaro, Elvira, Berta, Ermelinda e Gertrudes.
Na sua maioria os neologismos foram adotados juntamente com o artigo
definido “al” (al caid> alcaide) ou a sua condensação num simples “a” (a
ris>arroz).
Os árabes trouxeram produtos agrícolas, cujas designações se mantiveram na fala dos seus súbditos cristãos: alface, algodão, alfazema, amêndoa, alfarroba, alfafa, alcachofra, açúcar, haxixe, azeitona, açafrão e outros.
Do aperfeiçoamento dos cultivos e do processamento das colheitas ficaram nora (com a sua roda de alcatruzes, ainda usada no século XX em Portugal) açude (represa), atafona (moinho de vento) ou azenha (moinho de água).
Ainda há umas décadas existiam no Algarve, (5) região portuguesa de mais
longa permanência árabe, numerosas casas encimadas por “açoteias”, terraços onde se secavam frutos. E evidentemente, o interior podia ser decorado com “azulejos”.
profissões e ocupações tais como alfaiate, arrais, alvanel (pedreiro), almoxarife (gerente de armazém), alcaide (governador militar e civil de um castelo e povoação adjacente), alfageme (fabricante de armas) e alcoviteira (intermediária paga de relações sexuais ilícitas).
Portugal com a tomada de Silves e a queda do Reino do Algarve e no de 1492 em Espanha, ao ser submetido o Reino de Granada.
NOTAS
(1) A ocupação militar da Península Ibérica durou de 218 AC até 17 AC. Uma vez radicado, o domínio romano manteve-se até a primeira década do Século V.
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