Categoria: AICL Lusofonia Chrys Nini diversos

  • Dicionários de Mineirês, Paulistês e Goianês e galinglês….

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    Dicionário de Mineirês

     

    Antisdonte:   Em algumas regiões de Minas pronuncia-se ÃNSDIONTI .- o mesmo que “antes de ontem” . “Antisdonte eu vi a Lindauva. Tava uma belezura, a minina”.

    Arreda:     v.i. 1. Verbo na forma imperativa (dânnu órdi), paricido cum “sair”:    Arreda prá lá, sô!

    Belzont:    s.p. 1. Capitar das Minas Gerais. 

    Beraba e Berlândia:  s.p. 1. Cidades famosas do Triângulo Mineiro. Diz qui tem uma ôtra famosa que cumeça cum “B” e acaba com “raguari”, lá prá ‘quelas banda! O pessoar da capitár nunca sabe se a turma de lá é minerin ou não. Daí fica dizendo que é terra dos triangulinos.E óia que o povo di lá inté acha bão… 

    Cadiquê:   Na forma erudita:         CAUSDIQUÊ – mineirin tentânu intendê o pruquê d’arguma coisa… ‘Por causa de quê?’,

    Confórfô eu vô:        p.q.p. 1. Conforme for, eu vou.

    Dendapia:     dentro da pia. Ex:    “ Muié, o galo tá dendapia”.

    Deu:         o messs qui “di mim”. Ex :     ” – Larga deu, sô !”

    Deusdi:o messs qui “desde”. Ex:   ” – Eu sou magrilim deusdi rapazín !”

    Deusdiqui:    prep. 1. Desde que: Eu sou magrilin deusdiqui eu era muleque!

    Dó:           o messs qui “pena”, “compaixão” :    “Ai qui dó, gentch…!!!”

    Dôdestombago – o mesmo que DODESTONGO. (dor de estômago) “Essa danada da minha úrsera dá uma baita dôdestombago.”

    Embadapia:   Debaixo da pia. Ex.: Muié, ele agora tá embadapia.

    Émezzz:    adj. 1. Minerin dimirado do que contaro pr’ele. Podi tá querêno tamém cunfirmá arguma coisa.

    Espia:       s.p. 1. Nome da popular revista VEJA quando chega na distante e pequena cidade do minerin.

    Estaçã:     s.m. 1. Onde desembarcam os minerin com suas malas cheias de queijo.

    I:             conj. 1. E:         Minino, ispecial, eu i ela, vistido.

    In:            v.t.i. 1. Forma diminutiva:      Piquininin, lugarzin, bolin, vistidin, sapatin etc….

    Intorná:    g.g. 1. Quando não cabe na vasilha. 2. Derramar.

    Jizdifora:       p.d.s. 1. – Cidade minera pertín do RidiJanero, lá prás banda da Vinida Brasil nº 500.000. O pessoar da capitár nunca sabe se a turma de lá é minerin ou carioca. Daí fica dizendo que é terra dos carioca du brejo.

    Kidicarne: medida empregada na comercialização de carne – quilo de carne – quinze kidicarne = uma arroba

    Kinem:           k.b.lo 1. Advérbio de comparação – igual:      Ela saiu bunita kinem a mãe.

    Lidileite:   Litro de leite.

    Magrilin:   p.d.v. 1. Indivíduo muito magro.

    Mastumate:   Massa de tomate

    Minerin:    (pop.) ou MINEIRIN (forma clássica) – Nativo duistádimínass. Típico habitante das Minas Gerais.

    Montes Claros:         p.d.s. 3. – Cidade minera pertín da Bahia, lá prás banda do Norte das Minas Gerais. O pessoar da capitár nunca sabe se a turma de lá é minerin ou baianin. Daí fica dizendo que é terra dos baianos cansado, sabe… Aqueles qui num deram conta de chegá em SumPaulo, daí pararo no mei do caminn. 

    Negocin:   p.ludo 1. Qualquer coisa que o minerin acha pequeno.

    Némêss:   – Minerin quereno qui ocê concordi c’ás idéia dêle…

    Nimim:     o messs qui “em mim”. Exempro:     “- Nóoo, cê vive garrádu nimim, trem !…Larga deu, sô !!…

    NNN:        p.o.p. 1. Gerúndio do minerês:          Brincannno, corrennno, innno, vinnno.

    Nóoo:       num tem nada a ver cum laço pertado, não ! É o mess qui “nossa!!” …Vem di:          Nóoossinhora !…

    Némermo:    z.bra. 1. Minerin procurando concordância com suas idéias. Os cariocas aproveitaram a expressão para criar o famoso “Né mermo, irmão?” com variação para o “Né mermo, brother?”.

    Num:        NÃO ã.h. 1. Advérbios de negação usados na mesma frase:         Num vô não. Num quero não. Num gosto não.

    Óiaí:         x.x. 1. Olha aí, ó, toma…

    Óiaqui:     a.b.c. 1. Minerin tentando chamar a atenção para alguma coisa.

    Oncotô:     – .h.j. Expressão de dúvida. Empregada constantemente quando o mineirim vai pra capitar, ou intão pra SumPaulo. (Onde que eu estou?)

    Onquié:    br. Int. .É quan nois num sabe pronde é qui nóis vai. (Onde que e?)

    Óprocevê: (!) – j.t..Mineirin dimirado cum arguma coisa! (olha pra você ver!)

    Ostrudia:  n.x. variação:     ASTRUDIA . É quan um mineirim num qué fazê arguma coisa hoje (outro dia). “Ostrodia nóis vai, cumpadre!”

    Pão di queijo:          k.h.1. – Ísscêis sabe ! Cumida fundamentar na mezz minêra e que disputa c’o tutú a nosss preferênça

    Pelejânu:  O mess qui tentânu:     ” – Tô pelejânu qü’ esse diacho né di hoje! 

    Pincumel:  pinga com mel “Si ocês tá cumeçano a constipá, toma logo uma pincumel que é prá mode sarar” 

    Pópôpó:    – h.xá 1. Pode por o pó? – Mineirinha perguntando quanto colocar de pó para fazer café.

    Pópôpoquin:  o.d.d. 1. Resposta afirmativa.

    Prestenção:   é quan’um mineirin tá falano mais cê num tá ouvino.

    Proncovô:  – É quan nóis inda num discubriu pronde é qui nóis vai e tá quainahora. (para onde que eu vou?) 

    Quainahora:  t.p. Expressão que indica que o mineirm está ficando atrasado:         Si nois num apertá a marcha nóis vai chegá dispois do casório.(quase na hora) 

    Qui Belezura: p.d.t. 1. Expressão que exprime aprovação; quando gostou de alguma coisa.

    Quiném:   advérbio de comparação. Ex:  “É bunita qui dói. Quiném a mãe !”

    Sapassado:   m.p.b 2 – Sábado Passado. 

    Secetembro:  Dia em que se comemora a independência do Brasil. 

    Sô:           fim de quarqué frase. Qué exêmpro tamém ? :       Cuidadaí, sô !!…

    Tirisdaí:    É quan um trem tá travessado bem in frente di nóis:        Ex Tirisdaí minino! Tá travancando o caminho. (tira isso dai) 

    Tradaporta:   atrás da porta – Receita mineira:  “Si a visita si isqueceu de tomá rumo de casa, cês põem a vassora tradaporta qui num instantim ela vaimbora”.

    Trem:       s.b.p. 1. Palavra que não tem nada a ver com transporte, e que quer dizer qualquer coisa que o minerin quiser: Já lavô us trem? Eu comi uns trem. Vamo lá tomar uns trem? Qui trem é esse atrás d’ocê?

    Triango minero:       m.p.b. 1. Triângulo Mineiro.

    Trosso:     s.b.p. 1 É quiném trem

    Tutu:        t.u.m. 1. – Mistura de farínn di mandioca cum feijão massadím e uns temperin lá da horta. Bão dimais da conta !…

    Tii:           v.i.g.i. 1. O irmão do pai ou da mãe:  Mulher do tii é a txiiiiaa.

    Uai:          u.a.i. 1. – Corresponde a “UÉ”, dos paulistas. Melhor Definição:    “Uai é uai,…uai !”

    Varge:      e.l.a. 1. – Aquele legume verde rico em fibras. Serve tamém pra dizê daquelis lugar nos pé de morro ondi fica chei d’água no chão e que o pessoar usa pra prantá arroz:  (Várzea)

    Varginha:  p.d.s. 2. – Né Varge piquinininha não, viu gente? É uma cidade minera pertín de Sum Paulo. O pessoar da capitár nunca sabe se a turma de lá é minerin ou paulista. Daí fica dizeno que é terra dos parlista frustrado. 

    Vidiperfum:   . s.b.p.3. É donde se guarda aquelas água de chero. (vidro de perfume)

     

    Dicionário de Paulistês

    Ataque de bicha:        Expressão que representa um momento de nervosismo. (Exemplo: Ele me deixou tão atarantada que me deu um ataque de bicha!)

    Azesquerda ou Asdereita:    Termos utilizados normalmente para definir direções a serem tomadas em algum caminho. (Exemplo:            Você então vira Azesquerda e depois Asdereita e segue em frente.)

    Bicão:Aquele que não foi convidado (Exemplo:       Quem é aquele cara de camisa laranja e rosa, boné verde e vermelho? Acho que veio de bicão na festa)

    Bico:          Olhar, avaliar. (Exemplo:           Dá um bico se essa peça tá ok. )

    Bico:          Cara meio atrapalhado, pessoa que faz besteiras freqüentemente. (Exemplo:  Aí o Bico foi lá e tomou o maior fora da garota!)

    Bissurdo:   Absurdo, inaceitável, incrível. (Exemplo:          Essa coisa de seqüestro é um bissurdo!)

    Bocó:         Pessoa lerda, bobo. (Ex:  Cê é um bocó, todo mundo se aproveita do cê).

    Capetoso:  Aquele ser hilário, que adora tirar sarro de todo mundo. (Ex:   Aquele num presta, é capetoso mesmo!)

    Capote:      Cair, escorregar, tombo, queda. (Exemplo:        O Cara fez a curva e tomou o maior capote!)

    Carçá:        Palavra que indica comer alguma coisa para matar a fome. (Exemplo:            Vô carçá o estomago, antes de sair prá balada!!)

    Castelá:     Dar em cima de uma garota. (Exemplo: Vô castelá aquela loirinha ali!! )

    Catando Coquinho:    Termo utilizado em uma situação em que a pessoa quase cai e consegue se levantar. (Exemplo:            Aquele carinha, tomou em tranco do Tonhão e saiu catando coquinho.)

    Cê vá í?:    Pergunta você vai a tal lugar…?

    Ceroto:      Sujeira do nariz. (Exemplo:        Menino! pare de tirar ceroto do nariz!)

    Chovendinho: Dia ou noite com chuva fraca, quase uma garoa.(Exemplo: O cara tomou o capote porque tava chovendinho!)

    Cornetear: Falar alguma coisa de outra pessoa, algo parecido com “fofoca”. (Exemplo:  O Marcio estava corneteando o Fábio ontem )

    Dar uns Péga: O mesmo que ficar ou tirar um sarro com alguem. (Exemplo:        Hoje vou dar uns pega na Maria depois da missa!)

    Deusolivre:     Termo utilizado largamente um todo tipo de conversa, expressa afirmação negativa categórica. (Exemplo:  Deusolivre que eu vou no cemitério a noite!)

    Disgracêra:     Quando tudo/algo dá errado. (Ex:      Aconteceu uma disgracêra comigo ontem, atropelei a fia dum traficante).

    Dormiu no ponto:       Bobear, o mesmo que “marcar bobeira” ( Ex:           O Zé dormiu no ponto e “robaro” o carro dele)

    Drento:      indicativo de local/lugar.(Exemplo:       O material está “drento” da caixa. )

    Erguida:     Levar uma bronca. (Exemplo:    Quebrei o prato e tomei a maior erguida da mãe!)

    Escuita:     Escutar algo. (Exemplo:  Tonico escuita muita moda de viola…).

    Espeloteada:  Pessoa elétrica que tem temperamento forte, birrenta. (Exemplo:   Essa menina é muito espeloteada!)

    Estorvo:     Tudo que atrapalha, inclusive pessoas que atrapalham. (Exemplo:      Aquele bico é um estorvo!)

    Euem:        Não vai fazer, participar ou falar algo. (Exemplo:         Você foi no velório ontem! – Euem tá loco!)

    Farfanho:   entrou meio na lateral (Exemplo:           Estacionei de farfanho na rua)

    Fazer uma fita:          Aparecer, chamar a atenção. (Dei uma passada lá, só prá fazer uma fita).

    Fervo:        Local agitado, festança legal.(Exemplo:            E aí, vamos no fervo hoje na casa do Manezinho?)

    Fianco:       Palavra utilizada para identificar uma ação que não ficou aprumada em linha reta. (Exemplo:    Ela foi estacionar o carro e ficou de fianco.)

    Fiótão:       Pessoa menos preparada, sem experiência, meio bobo. (Exemplo:       Olha lá a besteira que ele fez! Só podia ser fiótão mesmo. )

    Forfé:         Bagunça, agitação. (Exemplo:    Fui no baile e tava o maior forfé!)

    Frio prá Urso: Quando tá frio prá cacete. (Exemplo:            Vou ficar debaixo do cubertô porque tá frio prá urso).

    Frutinha:    Rapaz delicado que não demonstra sua masculinidade (Exemplo:       Olha só! Andando desse jeito só pode ser frutinha!)

    Fumo:         Conjugação do verbo “ir” (Exemplo:      Nóis fumo lá ontem)

    Furar o Zóio:  Enganar, tirar vantagem (Exemplo:   O Túlio vai me vender um módulo por 300 reais, será que está furando meu zóio?)

    Furdunço:  Confusão, normalmente relacionada a festas (Exemplo:           Tava lá na festa e de repente começou uma briga…foi o maior furdunço!)

    Gorfá:        Vomitar. (Exemplo:        Acho que bebi demais, vou gorfá!)

    Isgueio:      A mesma coisa que fianco.

    Lagartear: Não fazer nada, ficar paradão como um lagarto no sol. (Exemplo:       Hoje não tô afim de fazer nada, vou lagartear o dia todo.)

    Manguaça Véia:         Expressão utilizada normalmente quando um indivíduo sofre uma queda ou um tropeção por qualquer motivo. (Exemplo:            Eh! Caiu de novo manguaça véia!)

    Melá os pé:     Tomar todas, beber até cair. (Exemplo:        O marido da Mariquinha méla os pé todo dia no bar!)

    Migué:       Às vezes substitui a palavra “xaveco”. (Exemplo:         Aquela tava difícil, tive que jogar o maior migué nela pra conseguir o que queria.)

    :            Expressão designativa de grandeza/intensidade. Muito. (Exemplo:     O clube que nóis fumo ontem é “mó” legal!!)

    Mocorongo:    A mesma coisa que bocó.

    Morgá:       O mesmo que lagartear.

    Moquiado: Ficar escondido no canto, na espreita.(Exemplo:           O João fico moquiado a noite toda prá pegá a mulher dele no flagrante!)

    Muquifo:    Casa, barraco. (Exemplo:            Hoje a noite eu passo lá no seu muquifo).

    Namorandinho:          Estar com alguém, namorar firme. (Exemplo:          O Fábio está namorandinho a Joana!)

    Nervo:       Termo utilizado quando a pessoa está irritada ou nervosa com algo ou alguem.(Exemplo:           Aquele oreia sêca que trabalha comigo só faz besteira e eu tenho que consertar, isso me dá um nervo!)

    Óia:            Olhar algo, veja, preste atenção. (Exemplo:       Óia só que coisa!)

    Oreia Seca:    Utilizado para designar uma pessoa ignorante, simplório. (Exemplo:     Esse é um oreia seca mesmo, não tem jeito!)

    Orná:         Que combina, fica bom com algo mais. (Exemplo:       Vou comprá essas roda aro 17?!! Vai orná na pick-up )

    Páia:          O mesmo que mentira. (Exemplo:          Esse cara só conta páia, não acredite nele!!)

    Páiero:       É o mentiroso

    Paraô!:      Pare com isso!

    Paroqueada:   Conversa mole, papo-furado, conversa sem interesse.(Exemplo:    Ah!! o Mané fica no bar a tarde toda só na paroqueada com os outros.)

    Pial:           O mesmo que Erguida, uma bronca, chamar a atenção de alguém. (Exemplo: O Zé chegou as 3:00 hs de pé melado e tomou o maior pial da patroa.)

    Pior que é.:     É isso mesmo, concordar plenamente.(Exemplo:     Eu acho que o João é frutinha. Pior que é!)

    Piririca:     Aquela sujeira escura que fica nas dobras da pele dos seus filhos, depois de brincarem o dia todo na rua. O mais famoso é o cordão do pescoço. (Exemplo:     Vá tirar a piririca!)

    Póde erguê:    Não vou fazer, nem pensar de jeito nenhum. (Exemplo:      Preciso que você vá a pé até a cidade. – Póde erguê que eu vô!)

    Ponhá:       Termo muito usado usado para expressar “colocar” alguma coisa alí ou aquí. (Exemplo:            Vou ponhá aquí.)

    Pórva:        Pessoa ou coisa que não presta, que não tem qualidade. (Exemplo:     Comprei uma calça jeans marca pórva mesmo.)

    Posá:          Dormir em algum lugar.(Exemplo:        Posso posá hoje aqui ??)

    Putaquelamerda:       Expressão de espanto. Susto.(Exemplo:        Putaquelamerda, que susto! )

    Quaiá o Bico: Dar muita risada. (Exemplo:  O peão tomou um capote e eu quaiei o bico!)

    Reganhera:    Estado letárgico que geralmente ocorre logo após o almoço, moleza, soneira.(Exemplo:           Comi tres pratos de feijoada e me deu uma reganhera daquelas!)

    Revertério:     Define mal estar, estar passando mal. (Exemplo:     Comi aquela maionese e me deu o maior revertério!)

    Sair vazado:   Atitude de todo bundão que apronta alguma e depois dá cagada. (Exemplo:     O dono do carro tá vindo aí, sai vazado!)

    Samiá:        O mesmo que semear, espalhar algo. (Exemplo:           O Zé foi no quintal samiá o milho.)

    Sartei de banda:         Deixar de fazer algo (Exemplo:         Você foi ajudar a encher a laje na casa do João ? – Euem sartei de banda!!)

    Subir lá em cima / Descer lá em baixo:        Reforço de afirmação. Pra garantir que a pessoa realmente suba pra cima e não para baixo, ou desça pra baixo e não para cima. (Exemplo:  Eu subi lá em cima prá pegar as caixas e depois eu tive de descer tudo lá em baixo!)

    Treta:        Expressão usada quando o indivíduo arruma confusão.(Exemplo:       Passei uma conversa naquela menina e namorado dela ficou sabendo, deu a maior treta.)

    Trincá os côco:           O mesmo que melá os pé. (Exemplo:            Hoje eu vou no bar e só saio quando trincá os côco!)

    Tropinha:   O mesmo que gangue, bando, galera.(Exemplo:            Vamos reuniar a tropinha prá pegar ele depois da aula!)

    Trupicar:   É o mesmo que tropeçar. (Exemplo:      Carlos trupicou e caiu de cara no chão!…)

    Úia:            Olhar coisa ou pessoa interessante, chamar atenção para algo especial. (Exemplo:            Úia que belezura!)

    Vai rendê:  Vai dar certo, algo que vai funcionar. (Exemplo:          Hoje eu vou no baile, vai rendê!!)

    Vaidalá:     Termo utilizado para informar que um caminho te levará onde você quer ir.(Exemplo:        E se eu pegar a Rua Getúlio Vargas, vaidalá? – Ahh vaidalá tambem!)

    Véia carçuda: Mãe ( Como vai a sua véia carçuda? )

    Viela:         Expressão comum usada em afirmações. (Exemplo:     Eu viela hoje.)

    Virô um rebosteio:     Termo utilizado quando tudo dá errado. (Exemplo: Eu tava na rua e a agua do rio começou a subir eu tentei sair e não deu, virô um rebosteio só!)

    Vô chegando: Ao contrario do que parece é utilizado quando você vai embora, esta saindo (Exemplo:            Bom pessoal a festa tá boa, mas eu vô chegando!! )

    Xééé:          Nem pensar, de jeito nenhum, de forma alguma. (Exemplo:     Você vai trabalhar Domingo? – Xééé!)

    Zé Ruela:   Pessoa que só faz besteira. (Exemplo:    Esse cara é um Zé ruela mesmo.)

     

    Dicionário de Goianês

     

    Anêim – Algo que parece ter vindo de “Ah, não!”, que virou “Ah, nem!” Mas, às vezes, é simplesmente usado na frase com um sentido de desagrado. Quando vejo escrito por aí, vejo o povo escrevendo “anein”, “aneim”, “anêim” e outras variantes. Ex.:   se eu ia viajar com a turma e de repente não posso mais, alguém exclama: “Anêeeim! Que pena!”

    Arvre  – Árvore (isso me lembra “As arvres somos nozes“)

    Arvrinha – Árvore pequena.

    Arvrona – Árvore grande.

    Bão mesmo? – É comum usar o “mesmo?” depois de coisas como “e aí, tá bom/bão”, como se pedisse uma confirmação de que a pessoa tá bem e não apenas fingindo que está bem.

    Bão? – Goianês para “Tudo bem?” Também é usada a forma bããããão?

    Calçada  – Pode significar:         1. Lugar para estacionar carros; 2. Local onde se colocam as mesas dos botecos e restaurantes. Note que não existe, em Goiás, calçada no sentido de lugar para pedestre, pois não sobra espaço para pedestres entre os carros e as mesas.

    Chega doeu – Chegou a doer, ou seja, o passado de chega dói.

    Chega dói – Chega a doer. Ex.:     Deixa eu te falar, essa luz é tão forte que chega dói a vista. Na verdade essa forma pode ser usada com quaisquer outros verbos combinados com o verbo “chegar”. Ex.:       chega arranha, chega machuca, chega engasga.

    Corgo – Lê-se córrr-go. Córrego.

    Corguim – Lê-se córrr-guim. Diminutivo de corgo.

    Coró – mesmo que mandruvá.

    Dar rata – Algo como cometer uma gafe. Ou seja, dar rata é o goianês para “fazer merd@”

    De doce – Se “de sal” é salgado, então “de açúcar” é doce, certo? Errado! Em Goiás as coisas não são doces, elas são de doce.

    De sal – Salgado. Ex.:        Pamonha de Sal. (Eu jurava que era de milho… dãã)

    Deixa eu te falar  – Com a variação Ow, deixa eu te falar. Introdução goiana para um assunto sério. Nunca, mas nunca mesmo, chegue para um goiano falando diretamente o que você tem que falar. Primeiro você tem que dizer “ow, deixa eu te falar”, para prepará-lo para o assunto. Em Goiás você precisa seguir o ritual de uma conversação. Ex.:             “E aí, bão? E o Goiás, hein? Perdeu! Tem base? É por isso que eu torço pro Vila. Oww, deixa eu te falar, lembra aquele negócio que eu te pedi…” A forma abreviada é te falar.

    Deixa eu te perguntar – A mesma coisa que deixa eu te falar, mas usado, obviamente, quando você vai perguntar algo.

    Encabulado – Impressionado. Ex.:          Estou encabulado que você nunca tenha ouvido alguém falar “chega dói” antes.

    Madurar – Amadurecer.

    Mais – substituto goiano da conjunção “E”. Ex.:  Eu mais fulano estamos no Goiás.

    Mandruvá – Mandorová.

    Na Goiânia – Em Goiânia.

    No Goiás – Em Goiás.

    Nota:        Dá impressão que o uai é parecido com o ué usado em outras regiões. Mas o ué muitas vezes é usado no caso de a pessoa achar a pergunta estranha. Quem não conhece pode ficar revoltado com o uso do “uai” já que parece que as pessoas estão insinuando que você pode estar perguntando alguma idiotice. Só que as pessoas falam uai por falar.

    Num dô conta – Pode ser traduzido como Não consigo, não sei, não quero, não gosto, etc. No resto do País, não dar conta é usado mais no sentido de “não aguentar”. Por exemplo:         Não dei conta do recado, ou Não dou conta de comer isso tudo sozinho. Já aqui em Goiás é usado para quase tudo. Ex.:        Num dô conta de falar inglês (“não sei falar inglês”); Num dô conta de continuar em Goiânia nas férias (“Não quero/não aguento continuar em Goiânia nas férias); Num dô conta de imprimir usando esse programa (“não sei imprimir usando esse programa”).

    Piqui – Pequi, fruto típico de Goiás, bastante usado na culinária goiana.

    Pit Dog  – Uma espécie de filho bastardo de uma lanchonete com uma barraquinha de cachorro-quente. Apesar desse nome estranho, os sanduíches são muito bons!

    Quando é fé – Algo como de repente, ou até que. Ex.: “Estava no consultório do dentista, ouvindo aquele barulhinho de broca, e quando é fé sai um menininho chorando de lá.”

    Queijim – Rotatória.

    Tá boa?  – Goianês para “Tudo bem?” usado para mulheres. Em outras regiões do Brasil seria interpretado de outra forma…

    Tem base? – Expressão tão goiana que existe até em slogan impresso em bandeiras e camisetas exaltando o Estado:        “Sou goiano. Tem base?”. Pode ser traduzido como “Pode uma coisa dessas?”, só que usado com muito mais frequência.

    Uai – Palavra que normalmente não tem sentido, mais ou menos como o tchê do gaúcho. Usado normalmente em respostas. Ex.:     Pergunta:      Goiano, você vai à festa hoje?; Resposta:       Uai, vou!

     

     

     

    e para o galego falado à inglesa vá a

    novo dicionário de galego falado à moda inglesa

     

  • arcaísmos galegos na extremadura

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    la voz de galicia

     

    Henrique Costas: «Teñen arcaísmos desaparecidos en Galicia hai séculos»

    O vigués Henrique Costas publica un libro sobre a fala estremeña derivada do galego

    http://www.lavozdegalicia.es/noticia/ocioycultura/2013/11/21/henrique-costas-tenen-arcaismos-desaparecidos-galicia-hai-seculos/0003_201311H21P469945.htm

    Vigo / La Voz  21 de noviembre de 2013  07:29
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    Henrique Costas González ven de publicar, en Edicións Xerais,O valego. As falas de orixe galego do Val do Ellas (Cáceres-Estremadura), no que conxuga investigación e ensaio para achegarse ao xeito de falar nos concellos estremeños de Valverde do Fresno, As Ellas e San Martín de Trebello.

     

    -¿Están aceptadas as orixes galegas destas falas?

    -Para a Junta de Extremadura, non. A palabra galego non aparece por ningures para eles. Din que non pode ser galego porque aquilo foi o Reino de León, cando todos saben que aqueles reis asinaban como Reis de Galicia, León e Asturias e que repoboaron aquelas terras con colonos galegos.

     

    -¿As fala moita xente?

    -Máis do 90 % nos tres concellos, incluso os rótulos están nesa variedade do galego. É a comunidade europea de lingua minoritaria que ten o índice máis alto.

     

    -¿En que se parece máis ao galego?

    -No léxico é unha maqueta do galego. Por exemplo, se media Galicia di cerdeira e a outra cereixeira, eles tamén o din. Curiosamente, conservaron as dúas formas. E o que máis sorprende é a gran cantidade de arcaísmos que hai, moitísimos deles que desapareceron en Galicia nos séculos XIII e XIV, e alí son formas únicas. Morfoloxicamente hai variacións como en Galicia, e na fonética non se parece moito porque non teñen vogais abertas, aínda que non ditongan, pero si teñen unha fonética máis parecida ao castelán.

     

    -¿Que pensan eles da súa singularidade?

    -Cando van a Salamanca, din que van a Castela; cando van a Coria, din que van a Estremadura; e cando van a Penamacor, din que van a Portugal. Eles din que son dos tres lugares. Teñen unha conciencia identitaria moi forte por iso se ten conservado o idioma.

     

    -¿Están protexidas?

    -Non, e iso que hai unha lexislación lingüística europea e española. O propio Goberno de Estremadura nin sabe que existen disposicións europeas que as protexen. En Estremadura teñen medo a que lles movamos os marcos cando imos os galegos a investigar

  • TIMOR CASAS SAGRADAS – Uma Lulik, Futuro da Tradição

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    Uma Lulik, Futuro da Tradição

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    A documentary film about the Sacred Houses of East Timor, where the old animistic culture and the practice of ancestor worship survive up to the present day.

    Film produced by ALGA (Associação Luso-Galega de Antropologia Aplicada) in collaboration with the Secretariat of State for Culture of East Timor

    Edited with FCP

    Uma Lulik, Futuro da Tradição
    https://vimeo.com/31165369
    Um filme documentário do Parlamento Nacional de Timor-Leste
    sobre as casas sagradas de Timor-Leste
    41minutos, falado em português

    https://vimeo.com/31165369
    Uma Lulik, Futuro da Tradição Um filme documentário do Parlamento Nacional de Timor-Leste sobre as casas sagradas de Timor-Leste 41minutos, falado em português

     

  • humor lusófono-indigência na aprendizagem de alguns dos nossos alunos.

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    Transcrito de um trabalho da Prof.ª Filipa Macedo

    Mas deixa também tristeza pela indigência na aprendizagem de alguns dos nossos alunos.

    D’ Silvas Filho

    *O Convento dos Capuchos foi construído no céculo 16 mas só no céculo 17 foi levado definitivamente para o alto do monte.*

    (claro! Com o peso demorou 100 anos para subir o monte !!!)


    *A História divide-se em 4: Antiga, Média, Momentânea e Futura, a mais estudada hoje*

    (a Futura é particularmente estudada pela “Maya” certamente)

    *O metro é a décima milionésima parte de um quarto do meridiano terrestre e para o cálculo dar certo arredondaram a Terra! *

    (Ups! Até eu me vi atrapalhada para fazer o cálculo. Imaginação tem ele… vai ser matemático de certeza, Portugal precisa de matemáticos com imaginação)

    *Quando o olho vê, não sabe o que está a ver, então ele amanda uma foto eléctrica para o cérebro que lhe explica o que está a ver.*

    (nada mal pensado. Somos uma máquina fotográfica em potência e em funcionamento contínuo)

    *O nosso sangue divide-se em glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e até verdes! *

    (acho que faltam os Azuis!!Ah, mas esses com o apito dourado andam em fuga)


    *Nas olimpíadas a competição é tanta que só cinco atletas chegam entre os dez primeiros.*

    (entende-se agora a prestação de Portugal nos jogos olimpicos!!!)


    *O piloto que atravessa a barreira do som nem percebe, porque não ouve mais nada.*

    (claríssimo!! Se passou a barreira o som quando chega já ele passou, por isso não o ouve. Será?).

    *O teste do carbono 14 permite-nos saber se antigamente alguém morreu.*

    (Assim de momento acho que hoje em dia basta verificar se o coração parou ou se respira… quer dizer… digo eu… mas pelo sim pelo não que se faça o teste do carbono 14, se os gajos do CSI descobrem uiui)

    *O pai de D. Pedro II era D. Pedro I, e de D. Pedro I era D. Pedro 0*

    (E antes foi o Pedro -1, já agora)

    *Em 2020 a caixa de previdência já não tem dinheiro para pagar aos reformados, graças à quantidade de velhos que não querem morrer.*

    (São uns chatos os velhos! Se o Socras topa o “jogo” deles…)

    *O verme conhecido como solitária é um molusco que mora no interior, mas que está muito sozinho.*

    (“tadinho”, espero que não tenha medo do escuro ou das trovoadas, não merece tanto sofrimento)

    *Na segunda guerra mundial toda a Europa foi vítima da barbie!

    (Queria dizer, decerto, barbárie! Ainda não existia os Morangos com Açucar… ai então é que seria lindo, não era a barbie que levava a melhor não!)

    *O hipopótamo comanda o sistema digestivo e o hipotálamo é um bicho muito perigoso.*

    (nem sei que diga… se a protecção dos animais descobre estamos todos tramados)


    *A Terra vira-se nela mesma, e esse difícil movimento chama-se arrotação.*

    (não consigo encontrar melhor definição)

    *Lenini e Stalone eram grandes figuras do comunismo na Rússia.*

    (exactamente, principalmente o Stalone)

    *Uma tonelada pesa pelo menos 100Kg de chumbo.*

    (Diabos me levem…!!!)


    *A fundação do Titanic serve para mostrar a agressividade dos ice-bergs.*

    (claro, nem a experiência podia ter sido feita de maneira diferente; tinha de ser usado um dos animais mais agressivos que se conhece)

    *Para fazer uma divisão basta multiplicar subtraindo.*

    (atenção, não tentem fazer isto em casa, pode ser perigoso… pelo menos complicado é! Pelo sim pelo não peçam esclarecimentos ao futuro professor catedrático de análise matemática)

    *A água tem uma cor inodora.*

    (pois… eu também gosto muito dessa cor)

    *O telescópio é um tubo que nos permite ver televisão de muito longe.*

    (o tipo deve ser “espião” da vizinhança, sinceramente… já ninguém quer aderir ao MEO… anda tudo a “chular” os vizinhos. Será que com o telescópio conseguiu ver a grande penalidade fora da área?!)


    *O sul foi posto debaixo do norte por ser mais cómodo.*

    (obviamente que sim. Tinha algum jeito o contrário, e aposto que foi um alentejano que teve essa brilhante ideia)

    *Os rios podem escolher desembocar no mar ou na montanha.*

    (é isso! Ao nascerem podem escolher… viva a liberdade de escolha!)

    *Os escravos dos romanos eram fabricados em África, mas não eram de boa qualidade.*

    (Racista… só os fabricados na China é que são bons não?!)

    *A baleia é um peixe mamífero encontrado em abundância nos nossos rios.*

    (todos os dias me cruzo com baleias ao atravessar o rio, é tão giro)

    *Newton foi um grande ginecologista e obstetra europeu que regulamentou a lei da gravidez e estudou os ciclos de Ogino-Knaus. *

    (Não consigo ter palavras, nem quero pensar o que diria ele sobre a actual lei do aborto)

    *Ao princípio os índios eram muito atrasados mas com o tempo foram-se sifilizando.*

    (tal qual como quem escreveu, isto digo eu… cheia de esperança!!)

    *A Terra é um dos planetas mais conhecidos e habitados do mundo.*

    (questão para se perguntar… quantos planetas tem o mundo?)

    *A Latitude é um circo que passa por o Equador, dos zero aos 90º.*

    (os “circos” deste são mais pequenos que o habitual, mas está bem, é uma opinião a ser estudada!!)

    *Caudal de um rio, é quando um rio vai andando e deixa um bocadinho para trás!*

    (é claro. Caso contrário ficava vazio depois de passar. Deve ser uma forma de o encontrarem)

    *Princípio de Arquimedes: qualquer corpo mergulhado na água, sai completamente molhado. *

    (aí não há dúvida nenhuma)

  • laranja=Portugal

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    in diálogos lusófonos

    Língua portuguesa, um idioma que viajou!
    REPARE-SE COMO SE DIZ “LARANJA” NOS PAÍSES ÁRABES (Nota: os árabes trouxeram a laranja azeda para a Península, mas os Portugueses trouxeram a laranja doce da China para a Europa!!!)
    A laranja doce, proveniente da China, foi trazida pelos portugueses para solo nacional no século XV ou XVI, tendo sido depois introduzida noutros países da Europa e mesmo da África e Ásia, tendo passado o nome de Portugal a ser sinónimo de laranja. Veja-se como se diz laranja em diversas línguas: Italiano – portugallo, portugai, grafado de diversos modos; Grego – portokali (πορτοκάλι); Turco – portakal; Romeno –portocala; Persa – porteghal; Búlgaro – portokal (портокал); Árabe – burtuqaal (برتقال).

     

    __._,_.___
  • os Dutra (van Hurtere) dos Açores

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    Os Dutra

     

     

    Segundo o livro de Genealogia das Quatro Ilhas ( Faial, Pico, Flores e Corvo) de Jorge Forjaz e Antonio Ornelas Mendes, a familia Dutra teve origem em Jos van Hurtere ( Jorge Dutra), seus irmãos Josina d’Utra, Balduino d’Utra ( o irmão natural) e o primo Antonio d’Utra . Eram descendentes do nobre flamengo Nicolau d’Utra, Senhor de Aghebourne ( Haghenbrouck), Flandres Ocidental . Os três irmãos, filhos segundos de Léon van Hurtere, e o primo fizeram na Ilha do Faial uma nova vida, provavelmente para escapar às dificuldades que assolavam a região flamenga com as guerras dos cem anos e/ou para fazer novas conquistas ou aquisições. Deles descendem os Dutra dos Açores, Portugal Continental e Brasil.
    Dentre as várias versões de historiadores de como foi parar Jos van Hurtere no Faial, segundo relata uma carta-documento da duquesa D. Isabel ( filha do rei de Portugal, D. João I, esposa do Duque de Borgonha, Felipe III, o Bom) para seus sobrinhos, o rei Afonso V e D. Fernando ( dono das Ilhas açorianas), Jos van Hurtere que servia na Casa Ducal de Borgonha na função de panadeiro ou veador palatino ( responsável pela distribuição do pão à mesa dos duques) era filho do Senhorio dos Hurtere, gente de distinção com brasão e armas. A Duquesa solicitava permissão ao rei para deportar para a Ilha do Faial criminosos, condenados civilmente, e outros colonos que se encontravam em situação de miséria em Flandres, provocada pelas guerras que fazia seu filho Carlos, o Temerário. E indicava como donatário Jos van Hurtere, que já estivera no Faial com um grupo de flamengos à procura de metais, por influencia do Frei Pedro, franciscano confessor da rainha de Portugal que, em Flandres, fantasiara dizendo que na ilha havia prata e estanho. Apesar das pesquisas não terem dado em nada, Jos foi para Lisboa e solicitou ao rei a donataria, o que conseguiu meses depois, por influencia da Duquesa de Borgonha. A permissão do povoamento com gente flamenga e a doação da donataria foram concedidas por carta do Infante D. Fernando, passada em Tomar, a 21 de fevereiro de 1468 e mais tarde confirmada por D. Manuel, ainda Duque de Beja, a 5 de março de 1491.
    Apadrinhado pela Duquesa, casou com uma dama da Corte Portuguesa, D. Brites de Macedo, uma suposta alentejana, bem mais jovem que ele. Para o Faial se mudou como primeiro donatário com direito a passar aos filhos varões a donataria. Levou muitos flamengos, parentes, amigos, utensílios, ferramentas, e junto com outros portugueses, que já lá estavam, iniciaram a colonização da Ilha do Faial.
    Além dos Hurtere ( Dutra) foram os Buscamp ( Bulcão), os Herman ( Armão) Pieter Roose (Pedro Rosa), os Cornélius, os Vernes, os Jannequim, os Willen van der Haagen ( Silveira) e outros. Jos van Hurtere ( Jorge ou José d’Utra) repartiu terras, desmatou matagais, construiu casas de pedra e madeira com teto de colmo, erigiu ermida em Porto-Pim. Nove anos depois pediu e conseguiu a donataria da ilha em frente, o Pico, pois seu donatário oficial Álvaro Ornelas, não ocupou a ilha-montanha, como era determinado.
    O famoso médico doutor Hieronymus Monetarius ( segundo as más línguas, fugindo da Peste) conheceu em Lisboa D. Brites de Macedo, já então esposa de Jos van Hurtere, e dela disse “ser uma senhora nobre , sábia e perita em tudo, que nos deu de presente ânforas de musgo de urzela e nos tratou com a maior distinção”.
    Do casal houve 10 ou 11 filhos. Entre eles Jorge Dutra filho (aportuguesamento de nome Jos van Hurtere), o segundo donatário. Seu filho, Manuel Dutra Corte Real, terceiro donatário, por motivos legais mal esclarecidos, perdeu o direito de passar a Capitania ao seu descendente, pela Coroa não reconhecido. Apesar dos processos impetrados junto à Corte, Lisboa não mais acolheu os Dutra como herdeiros à donataria.
    Os Dutra se consorciaram com outras famílias e se espalharam pelo novo mundo. No Brasil se fixaram a principio em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, e Minas Gerais. Entre seus descendentes no Brasil está Francisco José Dutra casado com Ana Terência que tiveram José Florencio Dutra ( nascido em Cuiabá, MT a 07/11/1848 e falecido a 23/07/1924) alferes de policia e pai do presidente da Republica Marechal Eurico Gaspar Dutra (18/05/1885 Coxipó, Cuiabá, MT- 11/06/1974, Rio de Janeiro)
    Curiosidades:
    O nome do primeiro donatário da Ilha do Faial teve várias interpretações gráficas Jos, Joss, Job, Jost, Jacob, Jorge, José Huerta, Hurtere, Huter, Hutra, Utra, d’Utra, Dutra ( Arquivo dos Açores ,Vol I, 153), mas ele próprio se assinava Jos van Hurtere. Provavelmente dele provém o nome da Vila e depois cidade da Horta, a mais importante do Faial.
    Joana de Macedo , filha de Jos van Hurtere, foi casada em primeiras nupcias com Martim Behaim o construtor do primeiro globo terrestre, o Globo de Nuremberg, e em segundas núpcias com o madeirense D. Henrique de Noronha, de nobre origem.
    Armas dos Utra: De azul com três besantes de ouro , cada besante figurado com três gotas negras ( ou arruelas )
    Timbre: um abutre de sua cor armado de ouro.
    Maria Eduarda Fagundes
    Uberaba, 17/11/13
    Para saber mais:
    Armorial Lusitano ( Editorial Enciclopédia LTDA) Lisboa- 1961
    Genealogia das Quatro Ilhas ( Faial, Pico, Flores e Corvo) Jorge Forjaz e Antonio Ornelas Mendes
    Genealogia Ilha Terceira de Jorge Forjaz e Antonio Ornela Mendes
    Famílias Faialenses ( Marcelino Lima)
    Internet: Origem da familia Dutra
  • O paradoxo de Zenão por LUIZ FAGUNDES DUARTE

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    O paradoxo de Zenão

    16 November 2013 at 02:09

    Zenão foi uma figura menor da Antiguidade. O pouco que sabemos dele vem de um livro perdido de Platão – Parménides – de que apenas se conhecem excertos em segunda mão. E no entanto, qualquer pessoa medianamente culta já ouviu falar de Zenão – que mais não seja pelo paradoxo que traz o seu nome. A história é simples e é complicada: conta-se em meia dúzia de palavras, mas leva-se uma eternidade a entendê-la.

     

    Aquiles, como jovem guerreiro muito ágil e bem treinado, era um corredor de grande velocidade; assim tipo Usain Bolt – o velocista jamaicano que mui modestamente se referiu a si próprio dizendo que “há sempre limites, mas eu não conheço os meus”. Pois bem, um dia, sabe-se lá quem, alguém desafiou Aquiles a disputar uma corrida de velocidade com uma tartaruga. O rapaz aceitou mas, generosamente fanfarrão, concedeu à sua adversária uma vantagem de dez metros. Dado o sinal de partida, ambos fizeram o seu melhor: a tartaruga meteu lentamente a sua primeira, Aquiles guindou-se logo para a quinta – e num abrir e fechar de olhos chegou onde a tartaruga era suposto estar; só que ela, na sua lentidão, já dera umas passadas em frente. Ou seja, ia adiante. Aquiles calculou a distância, e num só passo chegou onde a tartaruga devia estar – mas ela já se adiantara um poucochinho. Mais uma vez, e o mesmo resultado – e, quando mal se precatou, quando já ia a passar a meta, Aquiles verificou que, no seu devagar devagarinho, a tartaruga já o tinha feito.

     

    Zenão viveu mais de dois mil anos antes de Immanuel Kant e de Einstein, e portanto – ou Platão por ele – nunca poderia perceber que a relação entre tempo e espaço não é bem assim. Mas para a moral da história tanto faz: uma tartaruga lenta pôde ganhar uma corrida a um tipo veloz como Aquiles; tal como eu, mal comparado, ainda posso bater a perna ao Bolt. É tudo, como se diz na gíria dos futebóis, uma questão de atitude.

     

    E já que estamos nos mal comparados, vem-me à cabeça esta história dos rankings – ou melhor, em português, da seriação – das escolas portuguesas com base nos resultados dos exames nacionais. Numa seriação em que as escolas açorianas aparecem, quase sempre, no último lugar: enquanto nesta corrida de malucos os aquiles são escolas privadas – que escolhem os seus alunos e, mercê das propinas que cobram, apenas recebem alunos com enquadramento sócio-económico favorável ou muito favorável –, ou escolas públicas de meios urbanos de classe média-alta – como a famosa Infanta D. Maria, de Coimbra –, as tartarugas são escolas açorianas, como a de Rabo de Peixe ou a do Corvo. O que certamente levará os machados deste mundo a brafamar, botando os bofes pela boca fora, que isto se deve, nem mais, às más políticas para a educação que têm vindo a ser praticadas nos Açores nas últimas décadas.

     

    Como açoriano atento, sinto-me desconfortável com os resultados dos nossos alunos nas nossas escolas. Mas, como responsável governamental, estou-me nas tintas para os desvarios que tenho lido e ouvido acerca dos resultados que, sem qualquer tratamento científico que considere as muitas variáveis que fazem os resultados de exame dos alunos das nossas escolas, e que misturam rápidos aquiles com lentas tartarugas, marcam a testa das nossas crianças e adolescentes com um ferro em brasa onde se lê a palavra “estúpido”. Como o “in signum”, origem da palavra “ensino”, marcava a ferro e fogo, na pele, com o nome do seu proprietário, os escravos da antiga Roma.

     

    E desconhecem que Rabo de Peixe e Corvo não são Coimbra.

     

    Mesmo sabendo que Zenão não tinha – nem poderia ter – razão, mas também sabendo que ele raciocinava com os instrumentos intelectuais disponíveis na sua época, apetece-me afinar pelo seu diapasão: mesmo com resultados negativos, qualquer pequenino passo dado pelos nossos alunos dos meios mais desfavorecidos – por razões económicas, demográficas ou geográficas – vale mais, para mim, do que as garbosas corridas dos meninos a quem nada falta. Porque, tanto como para estes, a escola pública também é para aqueles. O que é preciso é dar-lhes, à partida do seu percurso escolar, a vantagem que o bom senso e o conhecimento da realidade entender como justo conceder-lhes.

     

    E no entanto, parece que em dois mil anos de história ainda não aprendemos a lição.

     

     

    (no diDOMINGO, de Angra do Heroísmo

  • Crónicas Austrais de Chrys Chrystello 3ª E 4ª EDIÇÕES

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    IMG - Copypara quem gosta ou se interessa pela Austrália….

    Finalmente em linha, a 3ª edição muito ampliada e revista de Crónicas Austrais 1978-1998
    (ed. em Português) disponível gratuitamente em http://pt.scribd.com/doc/3051472/cronicasaustrais

     

    3ª edição – 2013 – gratuito para descarregar já em linha

     

    4 EDIÇÃO EM https://www.academia.edu/attachments/55803474/download_file?st=MTU2OTMxNDI4NCw4MC4yNDMuOTAuMzYsNzY1NDg1MTY%3D&s=profile

     

  • Joana Félix +1 poema

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    AVELHENTAR

    Escrevo um poema,
    e peço que te sentes
    ao meu lado.
    Acatamos o fim da tarde
    e partilhamos musicas.
    Trouxeste sol
    com as noticias do dia,
    e moldamos as falas
    para o café.

    Joana Félix
    22.05.2009

  • O PIANO DE EDUARDO BETTENCOURT PINTO

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    O piano

    Novembro 3, 2013 por eduardobpinto

    Eduardo Bettencourt Pinto

    Piano-keyboardOs dedos correm as teclas devagarinho, acariciam-nas. A noite é um rumor com sombras. Estou sentado num banquinho desdobrável que trouxe do Porto com três pernas de madeira e assento de cabedal, réplica daquilo que os caçadores usavam antigamente para repousar de muitas léguas e cansaços pelas serras fora.

    Abraço a música com intuição. Avanço, em cada movimento, sobre um êxtase ou uma lágrima. Como um poema, uma pintura ou a inocência alegre de uma criança, a música, que vem de um cosmos de água e sonho, ou de um milagre, embeleza o mundo.

    Mas eu não sei tocar piano, nem tenho conhecimentos de solfejo, além do rudimentar. O único professor de música que tive, e de cujo nome não me lembro, era um homem sisudo e com dedos de carpinteiro, grossos, maltratados, e que ostentavam uma permanente e feia marca de nicotina entre o indicador e o médio. Recebia-me na sua oficina com uma expressão granítica de cansaço, e o olhar carregado de nuvens escuras. Apontava-me uma cadeira, sonolento, a respiração congestionada pelo catarro. Sentava-me com o peso e a culpa de um condenado e sob a lupa vigilante e implacável da sua autoridade de maestro solitário, encolhido, os joelhos muito juntos, a respiração suspensa. Incomodavam-me sobretudo o seu hálito a cerveja e a tabaco e a severidade mórbida do olhar. Eu chegava à sua oficina num estado letárgico e numa levitação de sentimentos antagónicos. Abria a pauta e punha-me a acompanhar o solfejo com a mão direita, muito desajeitada, aborrecido com aquela lengalenga que me levava para uma insolúvel encruzilhada de pensamentos. Só o corpo estava presente. Por isso, quase sempre falhava. Então a sua voz crescia como uma chibata e eu sentia-me fustigado pela acidez e o ardor das suas palavras. Apetecia-me fugir dali e abandonar para sempre o meu sonho de ser músico. Mas quando se é jovem, quero dizer, à saída de puberdade e com os primeiros vestígios de bexigas faciais, além da veleidade de nos julgarmos eternos pensamos ter a capacidade para sermos (e termos) tudo o que nos atravessa a imaginação.

    Dessa aprendizagem sem glória guardo, porém, um instante de esplendor. «O solfejo serve para isto!» disse, colérico, o meu empertigado professor de solfejo, a camisa a cheirar a madeira e a cola. E pegou no violino. Subiu então ao palco de uma solidão sepulcral, curvado sob o peso de uma gravidade sem remédio, agarrando-se ao instrumento e apertando-o sob o queixo barbado, com a veemência e a febre de um nefelibata. Não tocou para mim nem para as altas andorinhas da tarde. Fê-lo com o poder e a fúria das suas frustrações, sem a alvinitente candura de um anjo. Impressionou-me no entanto a destreza dos seus gestos, a metamorfose do rosto, os movimentos do torso, os túneis fechados dos seus olhos bovinos onde morriam devagar as últimas crispações de uma luz, doirada e macia, que é a do subtil outono tropical.

    Foi nesse momento que desisti de ser músico. Jamais conseguiria alcançar aquela pureza, aquele estado sublime e aquela transcendência, tão pobre, insignificante e caricato era o meu talento para a música. Foi naquele instante de clarividência e rancor pelo destino que deixei cair no chão da sua carpintaria a cintilação e a poesia de um sonho irrealizável. Fui-me embora da sua casa com o silêncio amargo de um rio que secava para sempre dentro de mim. Até hoje.

    Nesta noite, que se agarra ao meu espírito como um íman ancestral, sentado diante do velho Martin Orme, deixo que os dedos me conduzam pelas areias da improvisação musical. Minha mãe, de pé, escuta.

    Toco como um cego. Como se regrasse de um degredo imenso, inextinguível. Minha mãe, que nasceu numa ilha atlântica há noventa e um anos, escuta-se.

    Era uma menina, uma linda menina de Ponta Delgada com as maneiras de uma princesa e a sensibilidade de uma ave marinha. Estudou solfejo e praticou piano. Mas a vida magoou-lhe o coração e ela cresceu com a mágoa glacial de quem nunca pôde ter, sob as paredes da sua casa, um piano. Todo o seu ser, que é frágil como uma flor dos montes, vibra com os acordes que os meus dedos tiram destas teclas sobre as quais me debruço enquanto desesperadamente busco, e no mais fundo de mim, esse mar que nunca tive: o talento para a música. Falta-me a eloquência, a visão, o génio, a persistência e o rasgo de alma de que é feita a eternidade daqueles que nascem com esse dom.

    Mas nem tudo está perdido: sinto na poesia, na sua voz e no seu canto, um piano a cantar no inverno. As palavras, afinal, também podem ser música.

    http://eduardobpinto.wordpress.com/

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