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DEFICIENTE NÚMERO DE LUGARES PARA DEFICIENTES
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571.

DEFICIENTE NÚMERO DE LUGARES PARA DEFICIENTES NO HDES
Há poucas semanas escrevi sobre o tema mas tenho de voltar a ele. Escrevi para a administração do HDES a dar conta da insatisfação mas a política de Relações Públicas do Hospital não é conhecida pela sua celeridade em responder aos utentes, o que faria semanas mais tarde. Esta minha embirração diz também respeito a deficientes (meramente visuais ou mentais) que não sabem ler este sinal e
estacionam para ficarem mais perto da entrada / saída de qualquer edifício. Quando uma pessoa que utiliza esse dístico quer estacionar, encontra os lugares ocupados por esses deficientes (que, assinale-se não têm direito a dístico!). Nunca há seguranças, nem PSP, nem GNR nem Polícia Municipal, a jeito para mandar retirar as viaturas em contraordenação. É a impunidade e o desrespeito total.
E gostava de pedir encarecidamente à Administração do HDES que plante lugares para deficientes pois os 9 ou 10 existentes são manifestamente insuficientes, em especial para os doentes da oncologia com dificuldades de mobilidade.…é um tormento para quem tem tratamentos diários ou regulares, arranjar lugar é tarefa quase impossível, quase como ganhar o Euromilhões… A falta de respeito e de civismo dos que não têm direito a esse dístico tem de ser punida.
Para quem vive longe da cidade não pode depender de transportes coletivos pois estes pararam nos anos 70 e têm horários ainda do tempo em que os dinossáurios vagueavam pela Terra.
Nem todos se fazem transportar nas ambulâncias de transporte não-urgente de doentes pois as demoras no regresso muitas vezes levam a que todo o dia seja consumido no transporte de e para a residência, por mais boa vontade que os bombeiros possam ter..
A deslocação de 35 km, ida e volta, por táxi custa quase 10% do salário mínimo. Já houve quem me sugerisse deixar a viatura nos parques do Parque Atlântico e deslocar-me ao Hospital de táxi. Seria mais seguro e barato, mas há uma estranha tendência para encontrar o carro batido ou riscado naqueles parques, como, infelizmente, já constatamos por mais de uma vez.
Os mais afortunados que dispõem de viatura própria, devidamente identificada terão de chegar com muita antecedência para encontrar um lugar disponível, agora que o HDES plantou pinos (bolardos) nos passeios e outros obstáculos e manda a PSP autuar os que se encontram estacionados nos passeios (centenas deles)
Esta semana tive de me deslocar ao HDES, como infelizmente fruto do meu diagnóstico oncológico faço frequentemente. Cheguei ainda não eram 08.30 e pelas 09.00 tinha análises marcadas junto às antigas Urgências, sem lugar disponível na rua, ou em cima do passeio…o novo hospital modular roubou mais um estacionamento. Os lugares reservados estavam ocupados por viaturas sem dístico e tive de deixar a viatura, em infração, numa curva em perigo de sofrer danos. Eram quase 11.00 quando saí da colheita de sangue e a poucos metros da viatura já rondava (que nem um abutre sobre os cadáveres) um solícito agente da PSP que alegremente distribuía dezenas de pequenos papeis de notificação de infração.
Sei que não há milhões para se construírem parques subterrâneos ou silo autos em altura, sei que há pessoas que vão à cidade e estacionam ali o dia todo, sei que o pessoal médico, de enfermagem e auxiliar não tem também estacionamento suficiente para eles. Andamos nisto há anos, eu só constatei o problema há 20 anos quando cá cheguei, mas afeta todos os doentes (não só os da oncologia com tratamentos diários ou regulares) pelo que se esperaria que a administração tivesse já feito algo para minorar as deficiências apontadas, em vez de nos tratar com o silencioso desdém com que trata a maioria das queixas dos utentes.
Nunca me esqueço de que em Melbourne 1994 a minha companheira da época, cheia de pressa numa compra de sábado, a minutos do híper fechar, estacionou num desses lugares, “só por um minuto”. “Um minuto” depois, ao regressar, estava a multa no para-brisas, menos 4 pontos na carta de condução e uma coima de 200 dólares…Se cá fizessem o mesmo, eu perdia essa embirração…
A SOCIEDADE DA SOLIDÃO,por chrys c
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613. A SOCIEDADE DA SOLIDÃO,por chrys c14.10.2025
Um idoso foi encontrado em outubro 2025, em avançado estado de decomposição no apartamento onde vivia sozinho, em Valência, Espanha. O homem terá morrido em 2010, sem que ninguém tenha dado pela sua ausência, segundo o El País.
O corpo foi descoberto depois de os bombeiros terem sido chamados por um vizinho do andar de baixo, devido a uma infiltração causada pela chuva. Quando entraram pela janela do sexto andar, depararam-se com uma “imagem macabra”: o corpo do idoso, rodeado por pombas mortas, insetos e um ambiente de extrema degradação.
Os relatos recolhidos pelo El País descrevem o reformado como um homem reservado e solitário. Após o divórcio, afastou-se da família e passou a viver sozinho. Tinha dois filhos com quem já não mantinha contacto há muitos anos. Sempre que era visto na rua, fosse no restaurante ou no supermercado, estava sempre sozinho.
“Cumprimentava, mas não se metia com ninguém. Quando deixámos de o ver, pensámos que estava num lar de idosos”, recorda um vizinho.
Durante todos estes anos, a pensão de reforma continuou a ser depositada regularmente na conta do homem. Graças a isso, as despesas da casa foram sendo pagas sem que ninguém suspeitasse da morte do idoso. Segundo as autoridades, não há sinais de crime.
Aqui há um outro culpado, a entidade que pagava a reforma (Estado ou privado) e que não exigia anualmente a prova de vida daquele idoso, pois se o fizesse o cadáver teria sido encontrado em 2011.
Motivo para dizer, uma vez mais, que nós idosos somos transparentes ou invisíveis. De facto na maioria dos casos, gente deste grupo etário nem é vista nem se quer vista pela maioria dos seus descendentes, demasiado ocupados com a mesquinhez das suas vidas materialistas, sem tempo nem empatia para com os mais velhos, como deveriam ter aprendido dos seus avós e demais antepassados.
Raro é o dia em que a comunicação social não nos narra outros casos de abandono de idosos em hospitais onde foram abandonados pela sua prole, e lá ficam esquecidos para não serem levados por eles para suas casas onde seriam um incómodo sempre presente e a precisar de atenção. Por isso é mais fácil deixá-los nos hospitais, ou se forem afortunados num qualquer lar, legal ou ilegal, tanto faz, desde que não chateiem. Mesmo que nesses lares sejam objeto de sevícias, ou vítimas de uma qualquer megera a sedar, bater e insultar idosos. Os lares de idosos continuarão a ser depósitos de vivos sem valor para a sociedade, sem inspeções nem fiscalizações, mas serão construídos mais e melhores hospitais para animais.
Uma sociedade injusta e desigual, onde nalguns casos mais vale sermos mesmo invisíveis.
No natal de tanta falsidade pintada com cores róseas na TV ninguém falou do lar de idosos onde (quase) todos esperaram visitas de quem nunca chegou…. seria o melhor retrato da sociedade em que vivemos. Os filhos na creche ou ATL, os velhos em asilos e os novos a passearem os seus cãezinhos…
Já há tempos um ministro japonês e a senhora FMI (Christine Lagarde) diziam que se tinha de acabar com os velhos…mais precisamente as suas palavras foram: “os idosos vivem demasiado e isso é um risco para a economia global! Há que tomar medidas urgentes.” Podem dar o exemplo e desaparecerem já da face da terra…
Dado que a maioria da população em Portugal tem mais de sessenta anos, não vai tardar que se multipliquem casos destes e venham os sociólogos falar do problema da solidão na terceira idade, os geógrafos políticos venham lamentar a desertificação humana do interior profundo de Portugal, os políticos se expliquem com a introdução de alterações inócuas às leis, as instituições de solidariedade social se queixem da crise e da falta de apoios para prestarem ajuda solidária aos idosos, a PSP se lastime da falta de meios humanos para uma política de proximidade, e os filhos e os netos continuem a colocar em asilos os idosos para não terem o trabalho de cuidar deles ou a ignorá-los só por que são velhos.
Vou já começar a tomar medidas para quando estiver só, velho e desamparado, para não me deixarem morrer sozinho com o gato e os periquitos que não tenho nem quero ter.
Sendo uma pessoa dada às letras é provável que mantenha um diário.
Um diário sobre a dor…a dor que sentiu por ter sido abandonada pela família… Talvez o sofrimento fosse muito maior, mas as palavras só permitiram extravasar uma parte desses sentimentos, gravados em algumas frases:
Onde andarão os filhos?
Aquelas crianças sorridentes que embalei no meu colo, que alimentei, de que cuidei com tanto desvelo, onde andarão?
Estarão tão ocupadas?
Talvez não me possam visitar, nem ao menos para me dizerem olá?
Ah! Se soubessem como é triste sentir a dor do abandono…
A mais deprimente solidão… Se ao menos pudesse caminhar…,
Os anos passam e os meus filhos não entram por aquela porta, de braços abertos, para me envolver com carinho…. Os dias passam… E com eles é a esperança que se vai… No começo, era a esperança que me alimentava, ou eu a alimentava, não sei… Mas, agora….
Como esquecer que fui esquecido?
Como engolir esse nó que teima em ficar na minha garganta, dia após dia?
Todas as lágrimas que chorei não foram suficientes para desfazê-lo…
Sinto que o crepúsculo desta existência se aproxima…
Queria saber dos meus filhos…. Dos meus netos….
Será que ao menos se lembram de mim?
A esperança, agora, parece estar atrelada aos minutos…
Que a arrastam sem misericórdia…para longe de mim…
Em Ponta Delgada (2018), dois anos depois de terem surgido alegações de maus-tratos a idosos na Santa Casa da Misericórdia, nos jornais locais e na RTP Açores, veio a TVI fazer uma reportagem e todos ficaram chocados, até o governo regional que (quase) não sabia de nada…nestes casos o melhor é mesmo matar o mensageiro e a Santa Casa intentou uma ação contra a malvada TVI.
Aqui nos Açores escondida sob tanta miséria humana havia também a pedofilia, a violência doméstica, o mau aproveitamento escolar e outras maleitas além dos maus tratos a idosos e a cientistas, que aparentemente não são muito apreciados por estas bandas. Lá surgia de vez em quando um ou outro escândalo, mas como sempre a indignação das gentes nunca durava mais do que três dias bem contados que aquele povo temente a deus, amante da bola e da música dolente não tinha capacidade de se concentrar muito tempo sobre um só tema.

O POVO É SÁBIO! Osvaldo José Vieira Cabral
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Apresentação do livro O que fomos, o que somos
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Convite / Nota de Imprensa Apresentação do livro O que fomos, o que somos – Memórias e reflexões de pessoas de tempos diferentes Data: 25 de outubro de 2025 | Hora: 14h30 Local: Centro Cultural Natália Correia, Ponta Delgada – São Miguel, Açores Exmos. Senhores, A Momentos Felizes Sénior Care, Lda. tem o prazer de convidar V. Ex.ª para a apresentação pública do livro O que fomos, o que somos – Memórias e reflexões de pessoas de tempos diferentes, a realizar-se no próximo dia 25 de outubro de 2025, pelas 14h30, no Centro Cultural Natália Correia, em Ponta Delgada. Esta obra, editada pela Chiado Books, reúne uma coletânea de textos escritos por idosos, colaboradores e familiares da Residência Assistida e do Centro de Dia da Momentos Felizes. O livro dá voz às memórias, experiências e reflexões de todos os intervenientes num contexto de envelhecimento ativo, participativo e humanizado. Mais do que um projeto literário, esta publicação constitui um testemunho plural sobre o envelhecer com dignidade, revelando como cada protagonista — idoso, cuidador ou familiar — compreende e sente esta etapa da vida. O evento marca também o início de uma ação comunitária de Envelhecimento Ativo, onde alguns dos autores ultrapassam os 90 anos de idade e continuam a inspirar pela lucidez, afetividade e paixão pela escrita e pela leitura. Porque a idade não limita a criatividade nem o direito à cultura, acreditamos que este livro é uma celebração da memória e um convite à reflexão sobre o valor de envelhecer com propósito e partilha. Teríamos muito gosto em contar com a vossa presença e divulgação deste momento tão especial. Com os melhores cumprimentos, P’la Direção da Momentos Felizes Sénior Care, Lda. João Mendes Coelho
eis um advérbio com a mania que é verbo
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393. O 25 de abril sempre 2021
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393. O 25 de abril sempre 2021
Houve tempos difíceis depois da primeira grande Guerra e durante a segunda. Com o racionamento faltavam bens essenciais que nenhum dinheiro podia comprar. Depois veio a esperança, a reconstrução, novas tecnologias após 1950. Nesta bela casa, hoje dilapidada e desabitada, à espera do camartelo municipal para se construir uma qualquer gaiola de cimento sem vida nem alma, habitaram famílias (felizes ou não), nasceram jovens, cresceram, foram à Guerra colonial, e voltaram ou não, para casar e arranjar emprego, terem filhos, seguirem o curso de vida normal nesses tempos. Naquela casa houve festas, aniversários, dançaricos, celebrações, ouviram-se risos e choros, alegrias e tristezas. Em tempos, criadas fardadas de preto e branco serviram à mesa, na escravatura de só saírem umas horas, ao domingo de tarde, para namorarem um magala do quartel mais próximo.
Foi nessa altura que o mundo calmo e salazarento se desmoronou e perdeu a inocência. Primeiro a ocupação de Goa, Damão, Diu, a que se seguiram as chacinas em África, que deram início a 14 anos de Guerra colonial sangrenta, estúpida, sem senso. Um confronto militar perdido antes de ter começado, seguindo a teoria de dominó de Henri Kissinger, onde Portugal nunca teve hipóteses face ao xadrez dos EUA e Rússia em África. Mais de uma dezena de milhares de mortos e muitos milhares de feridos e estropiados que ainda hoje penam com stresse pós-traumático. Tudo deixou marcas na velha casa, onde um jovem revolucionário, embandeirou em arco com o 25 de abril, ameaçando as fundações da família. Velhos e irrelevantes, os donos da casa foram-se consumindo com o tempo, sem se ajustarem aos ventos democráticos cuja voragem aniquilou as escassas reservas amealhadas em gerações. Quando se finaram, a casa também se finou com eles sem ninguém interessado em manter e preservar o velho casarão que, há muito necessitava de obras custosas, para manter a aparência senhorial.
E que acontecia entretanto? Na época eu, e qualquer jovem, vivia com dois dilemas, a espada de Dâmocles da malfadada tropa (o exército colonial português que decepava vidas e esperança dos jovens ao enviá-los para a Guerra colonial que ninguém queria nem entendia), a outra, era não pertencermos à Europa (nem ao mundo) na política do “orgulhosamente sós” a que a ditadura salazarenta se agarrava. Mas havia esperança, a Guerra colonial acabaria, tal como a do Vietname. A democracia havia de chegar a Portugal como chegou à Europa após a segunda Grande Guerra. Não sabíamos quando.
Estive como aspirante a oficial miliciano, no RAL-4 Leiria, e nos passeios longos de tertúlia com o (major) Melo Antunes nas margens do Rio Lis (abril a setembro 1973) ele dizia que se estava a preparar algo para daí a dois ou três anos (no pior cenário, cinco anos). Falava-se de vida, filosofia, aspirações e sonhos. Felizmente vivi o suficiente para ver a maior parte desses sonhos concretizados. Jamais esquecerei o que era viver sem liberdade. Sempre afirmei, e reitero, mesmo que não sirva para grande coisa, o 25 de abril trouxe o bem mais precioso: a liberdade de expressão.
migrantes em fuga
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613. A SOCIEDADE DA SOLIDÃO,por chrys c14.10.2025
