Categoria: açorianidades açorianismos autores açorianos

  • ÁLAMO OLIVEIRA POR CHRYS C 2010

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  • VENDERAM EÇA POR 75 MIL?

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    Do novo “morgadio” de Tormes
    Abomino a ideia do aproveitamento político a que a Fundação Eça de Queiroz se sujeitou ao aceitar (e promover) a trasladação dos restos mortais de Eça para o chamado Panteão. E também é certo que imensos munícipes de Baião e a maioria dos habitantes da União de Freguesias de Santa Cruz do Douro e S. Tomé de Covelas, que sempre se orgulharam da instituição FEQ, estão hoje danados com a arrogância do acto – cujas razões de fundo conheço bem, e logo com data prevista de modo a alindar a “rentrée” com pompas de Estado e palavreado a preceito.
    Mas quem lá esteve na Administração ainda as conhece melhor, e por isso deixo aqui um breve desabafo do meu cunhado Rodrigo Cortez Fragateiro, marido da minha irmã Maria Teresa, que assistiu à metamorfose da FEQ numa espécie de “morgadio”.
    “Tenho evitado comentar a estória da transladação dos restos mortais de Eça de Queiroz. No entanto, face a todo este empolgamento de medíocres que se querem empoleirar nas costas da memória de alguém que foi gigante , não posso continuar calado.
    Numa altura em que a Fundação Eça de Queiroz atravessava uma gravíssima situação financeira, provocada pelo fim dos direitos de autor, a Senhora Dona Maria da Graça (tia Gracinha), pediu-me para assumir responsabilidades na Administração da Fundação.
    Aceitei consciente das dificuldades e problemas que lá ia encontrar, fi-lo por atenção aos meus filhos.
    Quando lá cheguei, deparei com um discurso patético da parte da Fundação com apelos à ajuda das entidades públicas e privadas…, e o discurso era “Salvem o Eça”.
    Por uma questão de bom senso e seriedade, disse à Senhora Dona Maria da Graça para acabar com esse disparate, porque o Eça não precisava da Fundação para nada, a Fundação é que precisava do Eça!!!…
    Fiz o que pude, investi muito tempo, energia e algum dinheiro, para evitar o que para muitos parecia inevitável: a falência da Fundação EQ.
    A solução apareceu, não graças ao meu esforço, mas sim à vitória eleitoral do dr. José Luiz Carneiro para presidente da Câmara Municipal de Baião.
    Efectivamente o dr. José Luiz Carneiro percebeu de imediato a importância do Eça para o Município de Baião e muito inteligentemente deu todo o seu apoio à Fundação.
    Solução encontrada, aparece do nada um novo administrador: Afonso Cabral!
    Tinha è verdade um grande ascendente na Senhora Dona Maria da Graça, e soube usá-lo.
    Daí até á completa falta de respeito por todos os que nas horas difíceis lá tinham estado foi um momento, próprio de gente com este tipo de carácter.
    Demiti-me da administração da FEQ em plena reunião de administração e com corte de relações com o dito Afonso Cabral.
    Soube posteriormente que a Senhora Dona Maria da Graça tinha sido retirada da casa da FEQ e hospedada num lar da terceira idade em Baião, e que o Afonso Reis Cabral, filho do Afonso Cabral, tinha sido nomeado novo administrador da FEQ.
    Continuo a dizer o que sempre disse, o Eça não precisa da FEQ para nada e muito menos dos Cabrais!”
    E é isto.
    Em acontecendo o “pagamento” previsto, certamente Setembro terá a sua pompa e circunstância, numa colagem inevitável às cretinices que Acácios e Pachecos debitaram à data da trasladação destes irrequietos restos mortais de Paris para Lisboa, e que os jornalistas e homens de letras do tempo não se cansaram de chacotear.
    (imagem: caricatura de Rafael Bordallo Pinheiro)
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    You, António Eça de Queiroz, Isabel Ponce de Leão and 137 others

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    Fernando Barbedo

    Por 75 000 foi barato…
  • DEIXEM O BOM DO EÇA EM PAZ

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    Tive de recorrer ao meu amigo Carlos Robalo para recuperar o texto que o JN tinha em arquivo – mas que, precisamente hoje, foi retirado de lá. Os “vencedores” têm de ser respeitados, e as dependências são muitas nos tempos que correm…
    ###
    O que andam a fazer com o corpo do defunto Eça de Queirós não é, apenas, uma ridícula palhaçada; é uma torpeza inaceitável que ofende o homenageado e uma indignidade que nos revela que ainda estamos nas mãos de “neo-Abranhos, dúzias de neo-Acácios e no mínimo trinta neo-Pachecos”, como bem refere o seu bisneto.
    O cadáver acaba de ser vendido por 75 mil euros: subsídio que o Ministério da Cultura atribuiu à Fundação Eça de Queirós – a instituição que, à revelia de boa parte da família, geriu o negócio.
    Malogrado “pobre homem da Póvoa do Varzim” , com o corpo entregue às mãos daqueles que ele mais abominaria, se pudesse agora falar.
    —————————————————-
    O “VENCIDO DA MORTE” (farsa em três actos)
    por António Eça de Queiroz
    «Devo iniciar este desabafo com uma declaração íntima: preferiria nunca ter escrito este texto: sempre fui amigo dos familiares aqui envolvidos, e sempre defendi a Fundação Eça de Queiroz (FEQ) dentro das minhas possibilidades. Mas, na verdade, fui sempre contra a trasladação dos restos mortais do escritor, meu bisavô, para o Panteão Nacional – desde o dia em que esta me foi comunicada como facto a consumar.»
    «Três razões me levam a ser contra aquilo que considero uma farsa político-cultural: uma é de ordem técnica, outra de ordem, digamos, filosófica, e, por fim, uma de ordem prática.
    A razão técnica refere-se ao exercício do facto consumado, pois a FEQ decidiu tudo sem perguntar nada a ninguém. Tal exigência formal ficou-se pela informação. Ora tanto quanto sei a Fundação não é, nem remotamente, dona de cadáver nenhum. Foi dito que a petição velozmente apresentada pelo então deputado e ex-presidente da Câmara de Baião, José Luís Carneiro, à Assembleia da República, tinha sido requerida pelos representantes da família de Eça de Queiroz – o que é falso, pois nem o meu primo Afonso Eça de Queiroz Cabral, nem o seu filho, e menos ainda a FEQ, representam a família, que é constituída por vinte e dois bisnetos do escritor ainda vivos e com filhos, de que o meu irmão mais velho, José Maria, é o decano.
    Seguidamente vem a questão filosófica – a mais importante no que se refere às “Honras de Estado” que é suposto a “cerimónia” inscrever. Sejamos um pouco empáticos com o escritor falecido há quase 122 anos – embora empatia a respeito dumas vetustas ossadas só pareça possível na mente desse urbano enfastiado que Eça enjaulou no corpo de Jacinto. Depois de dizer cobras e lagartos dos políticos portugueses, de escaqueirar várias governanças, de ridicularizar o grosso das instituições do Estado, que prazer sentiria agora ele ao ser instado a remover os próprios ossos do cemitério onde jazia finalmente em paz, ao lado da sua filha mais velha, bem perto da sua surrealística “Tormes”, para ir aturar o papaguear duns neo-Abranhos, dúzias de neo-Acácios e no mínimo trinta neo-Pachecos? Mais a fanfarra da Armada, um provável bispo e os sineiros
    da República? Alguém no seu perfeito juízo pensa que a modéstia pública do escritor apreciaria tamanha parolada? Pode-se dizer que os políticos de hoje não são os mesmo que Eça conheceu, que até mudam de meias todos os dias e por aí fora – além das raras excepções que nunca entrariam neste rol, ontem como hoje. Mas que diria ele dos compadrios político-bancários, das cunhas atomizadas, das trapalhadas aero-marítimas, da venda do país a retalho?… Não, não é o escritor quem vai ser honrado pelo Estado. É o Estado que inchará de orgulho pelo brilhante troféu – como o milionário que comprou uma cabeça de leopardo e a pendura agora na sala, por cima da lareira, para depois poder contar aos seus convivas de ocasião, entre charutos e conhaques, “a tremenda luta” que lhe dera a terrível fera , “onde quase morri!”.
    Este troféu não será certamente pendurado por cima de um qualquer fogão de sala, mas no currículo político de alguém terá lugar certo – e assim será utilizado.
    Finalmente, a natureza prática das coisas. Alguém irá a Santa Engrácia visitar as ossadas de Eça? Não, pois elas estarão num escondido “ossário de adidos”. E se em vez desta farsa tivessem decido colocar lá a magnífica escultura de Teixeira Lopes, hoje semi-perdida num tal Museu da Cidade que poucos visitam? Dariam destaque a dois génios, e o monumento seria certamente objecto de muitas e interessantes visitas de estudo. Que razão terá levado os familiares de Zeca Afonso e de Salgueiro Maia a enjeitar as ditas “Honras de Estado”? É simples: porque não quiseram misturar alhos com bugalhos cerimoniosos. Qual a razão para que a família de Aristides de Sousa Mendes tenha aceitado tais honras mas sem a remoção dos resto mortais do justamente célebre cônsul, trocando-os por um funcional cenotáfio alusivo? Porque esses mesmo restos mortais representam um núcleo polarizador para os visitantes da sua futura casa-museu em Cabanas de Viriato e uma mais-valia para os seus habitantes. Parece que alguém se esqueceu disso na FEQ – ou isso ou outra coisa qualquer…»
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    Fatima Veiga Ferro, Adriano Batista and 138 others

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    Jose C. Maximino

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    Ó pá, deixem o bom do Eça em paz!
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    António Eça de Queiroz

    Jose C. Maximino, em paz estava ele onde estava…
  • AO MINUTO: Urna já está no Panteão Nacional; As primeiras imagens

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    Acompanhe aqui, ao minuto, os principais momentos da cerimónia de trasladação dos restos mortais de Eça de Queiroz para o Panteão Nacional.

    Source: AO MINUTO: Urna já está no Panteão Nacional; As primeiras imagens

  • Chronicaçores | CHRÓNICAÇORES (Volume 7 – 2021-2023) A CIRCUM-NAVEGAÇÃO LIVRE PÓS-COVID-19

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