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  • Açores, fantasia e resiliência na estreia literária da norte-americana Sarah J. Mendonça

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    Os Açores e uma história familiar de resiliência inspiraram a escritora norte-americana Sarah J. Mendonça, de ascendência portuguesa, a escrever e a publicar o primeiro livro para jovens, nos Estados Unidos, onde nasceu e vive.

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  • Ilhas com recreios invisíveis

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    Ilhas com recreios invisíveis
    Nas nove ilhas que compõem os Açores, perdidas no meio do Atlântico, há escolas onde o recreio parece ser um conceito teórico, uma ideia bonita nos planos curriculares, mas inexistente no chão da realidade. Num país europeu, em pleno século XXI, é quase cínico admitir que ainda existam estabelecimentos de ensino onde as crianças não têm acesso a um simples escorrega, a um baloiço funcional ou a um espaço minimamente estruturado para brincar com segurança. Mas é o que acontece. E não numa ou duas escolas, mas em várias.
    Num território que se orgulha de políticas públicas voltadas para a infância, de programas de promoção da atividade física e de campanhas contra o sedentarismo, é profundamente contraditório que o recreio continue a ser, em muitas escolas açorianas, um espaço de cimento nu, quando não de terra batida. A ironia não escapa: as crianças ouvem falar da importância do movimento e da brincadeira para a saúde, mas quando saem para o intervalo encontram um vazio onde deveriam existir equipamentos lúdicos.
    Claro que a insularidade é sempre o argumento de reserva. Mas, curiosamente, tudo isso parece não ser impedimento quando se trata de outras prioridades. O problema, no fundo, é de escala política. Somos um país pequeno, com recursos finitos, sim. Mas também somos um país que gosta de proclamar que nenhuma criança deve ficar para trás. Talvez esteja na hora de verificar se essa máxima também se aplica aos recreios escolares.
    A investigação científica é clara: brincar é essencial. Não é um luxo, nem uma actividade secundária. É durante o recreio que se desenvolvem competências motoras, emocionais e sociais. É no jogo espontâneo que a criança aprende a negociar, a cooperar e a lidar com frustrações. A Organização Mundial da Saúde, a UNICEF e inúmeros estudos académicos sublinham a importância do espaço exterior no contexto escolar. E, no entanto, há alunos nos Açores cujo recreio consiste em andar à volta de um pátio murado, sem uma única estrutura que estimule a criatividade ou o movimento.
    Este abandono silencioso dos espaços de recreio revela uma falha de visão política. E é aqui que a assertividade se impõe: investir em escorregas, baloiços e pavimentos seguros não é uma questão estética ou de cosmética educativa. É uma exigência mínima de dignidade pedagógica. Um governo regional que aloca verbas a obras emblemáticas e a eventos culturais de grande visibilidade mediática, mas que deixa ao abandono os equipamentos de recreio escolar, revela prioridades distorcidas.
    Trata-se, em última instância, de decidir que tipo de infância queremos promover nas ilhas. Uma infância contida, confinada ao cimento, ou uma infância plena, com liberdade para correr, cair, levantar-se e crescer. Não se pede nada de extraordinário. Apenas o mínimo. Um baloiço que não enferruje ao segundo dia. Um escorrega que não ameace partir-se ao meio. Um espaço onde brincar seja tão natural como aprender a ler.
    Porque, num país pequeno, o que não podemos permitir é pensar em pequeno. Especialmente quando se trata dos mais novos.
  • exames nacionais, o falhanço da educação

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    As notas dos exames nacionais baixaram.
    E não foi pouco.
    Português e Matemática, as disciplinas estruturantes, os pilares do percurso académico, mostraram sinais claros de alarme.
    Mas… será mesmo surpresa?
    Quem anda no terreno, quem ensina desde o início, quem conhece o pulsar das salas do 1.º ciclo, já adivinhava.
    Perguntem aos professores do 1.º ciclo.
    A resposta está lá.
    Está no tempo que falta.
    Na pressão para “dar matéria”.
    No currículo extenso, cada vez mais desfasado da maturidade e das reais capacidades das crianças.
    Na ausência de tempo para parar, rever, consolidar.
    Na obsessão pelo imediato e pelo resultado, esquecendo que sem alicerces bem lançados, nenhum edifício se aguenta.
    Longe vai o tempo em que havia espaço para ensinar com profundidade, para repetir sem culpa, para respeitar o ritmo de cada criança.
    Havia mais tempo.
    Mais sentido pedagógico.
    E sim, havia também mais educação, mais responsabilidade, mais respeito, dentro e fora da sala de aula.
    Hoje, muitos dos conteúdos exigidos no 1.º ciclo são desajustados.
    Muito desajustados!
    Uma criança de 6 anos, é uma criança de 6 anos e não de 10!
    Espera-se que crianças de 6, 7 ou 8 anos pensem e resolvam como pequenos adultos.
    Ao mesmo tempo, banalizam-se os verdadeiros pilares, a leitura fluente, o cálculo mental, a compreensão, o pensamento lógico.
    A pressa para “chegar ao fim” rouba-nos o essencial, que é ensinar bem.
    Além disso, a “ausência “ quase total de reprovações no 1.º ano, está na BASE deste grande problema!
    Entenderam, Senhores?
    E quando digo reprovar, é mesmo reprovar, não é fazer de conta que se reprova….Em que a criança reprova, mas acompanha a turma, cujos alunos transitaram todos de ano…
    Pois, só podemos estar a BRINCAR com isto!
    Depois…
    Depois, quando os resultados nacionais mostram o reflexo desta lógica apressada e mal planeada, finge-se espanto.
    Apontam-se dedos a tudo, menos ao que verdadeiramente importa.
    O 1.º ciclo é o alicerce da escola, minha gente!
    É aí que se constrói a base de tudo o que virá depois.
    E uma base instável não aguenta o peso dos anos.
    Se continuarmos a empurrar para a frente sem olhar para trás, não estaremos só na cauda da Europa.
    Estaremos a comprometer o futuro de gerações inteiras.
    É tempo de escutar quem sabe.
    De dar voz aos professores do 1.º ciclo.
    De reequilibrar o currículo.
    De valorizar o tempo de ensinar.
    Porque sem isso, não há milagre educativo que resista.
    Nem rankings, nem planos de recuperação, nem exames que salvem o que nunca foi verdadeiramente construído.
    É que…
    Quando a base falha, o edifício racha!
    Bom dia!
  • Em 2021 entrevistei o João Pedro Porto, meu aluno na Domingos Rebelo

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    A entrevista “João Pedro Porto a fundo, na raiz do humano” foi publicada na Revista Desassossego: https://revistas.usp.br/desassossego/issue/view/11543
    Fiquei muito feliz com este reconhecimento!
    Susana Antunes
    Associate Professor of Portuguese
    University of Wisconsin-Milwaukee
  • Escritor cabo-verdiano Daniel Medina recebe Prémio Literário Guerra Junqueira Lusofonia 2023  – Balai

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    O escritor cabo-verdiano Daniel Medina recebeu ontem, dia 6, em Lisboa (Portugal) o Prémio Literário Guerra Junqueira Lusofonia 2023, em reconhecimento à sua contribuição significativa para a cultura e literatura de língua portuguesa.

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  • Prémio Natália Correia atribuído a escritor João Pedro Porto – jornalacores9.pt

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    O escritor açoriano João Pedro Porto foi o vencedor da edição de 2025 do Prémio Literário Natália Correia, uma iniciativa da Câmara Municipal de Ponta Delgada, com a obra “Não-Poema”, foi hoje anunciado. Segundo uma nota de imprensa, o júri entregou ainda menções honrosas a “Este Caminho Nómada”, da autoria de Álvaro Giesta, e “Assim […]

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  • SOLIDÃO NA VELHICE EM PORTUGAL: UMA TRAGÉDIA

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    SOLIDÃO NA VELHICE EM PORTUGAL: UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA QUE NINGUÉM QUER VER
    Em Portugal, ser velho é quase uma sentença de invisibilidade. Numa sociedade que idolatra a juventude, os idosos são descartados como móveis antigos: já tiveram o seu tempo, agora atrapalham. A solidão na velhice não é um acaso, mas o produto direto das escolhas que temos feito como sociedade. E o mais triste é que todos fingem que não têm nada a ver com isso. A cultura portuguesa, que em tempos se orgulhava de cuidar dos seus mais velhos, hoje terceiriza essa responsabilidade. Os filhos estão “ocupados demais”, os vizinhos desapareceram e os lares de idosos tornaram-se depósitos de consciência tranquila. Instalou-se a ideia de que “o Estado que resolva”. Só que o Estado não tem tempo, nem dinheiro, nem afeto. Vivemos num país onde os idosos sustentaram famílias inteiras, mas agora vivem com reformas miseráveis, onde cuidaram de netos para que os pais pudessem trabalhar, mas agora são esquecidos em apartamentos frios ou abandonados no interior, sem transporte, sem apoio, sem voz. O envelhecimento, em Portugal, tornou-se um sinónimo de isolamento. A cidade não está pensada para eles. A tecnologia, muito menos. E a sociedade, essa, só os lembra no Dia dos Avós ou quando se quer comover em telejornais. No resto do tempo, a presença deles é incómoda: caminham devagar, falam do passado, não “sabem mexer no telemóvel”. O mais hipócrita é que todos nós vamos envelhecer. Mas, por algum motivo, fingimos que isso não nos diz respeito.
    E por que razão esta solidão só tende a aumentar?
    1. Desumanização das relações familiares: Os laços familiares tornaram-se frágeis, impacientes e baseados na utilidade. Quem não produz ou não “rende” é descartado.
    2. Migração e urbanização: Filhos e netos partiram para o estrangeiro ou para as grandes cidades. O interior do país está envelhecido e esquecido, literalmente.
    3. Tecnologia que exclui: Tudo é digital, automatizado, desumanizado. Quem não acompanha, é deixado para trás. Até ir ao banco virou um desafio para quem tem mais de 70 anos.
    4. Falta de políticas públicas eficazes: Fala-se muito em “envelhecimento ativo”, mas o que se oferece são atividades pontuais e simbólicas. Onde estão os centros comunitários reais, o apoio psicológico, os transportes adaptados?
    5. Vergonha de envelhecer: Os próprios idosos foram levados a acreditar que envelhecer é um fracasso. Por isso, escondem-se, silenciam-se, encolhem-se no mundo.
    A solidão na velhice em Portugal não é um problema social. É um espelho da nossa falência moral. E enquanto não houver coragem para encarar esta verdade, continuaremos a assistir ao envelhecimento de um povo abandonado à sua própria sorte.
    (Um dia seremos todos velhos… Para meditarmos seriamente).
    José Micard Teixeira
    (Crónicas Sem Maquiagem sobre uma Sociedade Sem Perfume)
    Aguarela
    Joao Paulo de Carvalho
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  • “OS SEGREDOS DAS SETE CIDADES” EXPOSIÇÃO DE PINTURA – RUI PAIVA

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    May be an image of text that says "BACH 雷 INAUGURAÇÃO A A AGOSTO ÀS 20:15 H ATÉ 8 DE SETEMBRO DE 2025 DADI SETE DAS ိ omonon Na Sede Junta de Freguesias Masededa/antade-ere de Sete Cidades Dias úteis: gh 12h 13h 16:30h EXPOSIÇÃO RUI ΙνΑ www. www.rulpaiva.co www.ruipaiva.com rulpaiva. .com ruipai58"
    “OS SEGREDOS DAS SETE CIDADES”
    EXPOSIÇÃO DE PINTURA – RUI PAIVA
    Inauguração da Exposição de Pintura “Os Segredos das Sete Cidades” a 8 de Agosto de 2025, pelas 20:15 h
    Ocorrerá na Sede da Junta de Freguesia de Sete Cidades, Ilha de S. Miguel, Açores, logo após o lançamento do livro “As Novas Lendas das Sete Cidades”.
    Rui Paiva, investigador, escritor, poeta, e artista plástico, revela nesta mostra o processo criativo das ilustrações que concebeu para o novo livro, mostrando algumas das aguarelas e desenhos não publicados na obra.
    Apareçam, visitem, divulguem.
    De 8 de Agosto a 8 de Setembro de 2025!
  • A EXTINÇÃO DA FCT

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    Com a extinção da FCT, deixamos de ter um ator que nas últimas três décadas teve um papel central, mediando a ação de governos, instituições e investigadores e possibilitou a produção de conhecimento.
    [Ana Ferreira, “Público”, 2/09/2025]
    ……………
    A história conta-se rapidamente. Fundada em 1997, a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, conhecida por muitos como FCT, será agora extinta. Com esta dissolução, fragiliza-se substancialmente a ciência e o trabalho científico, apoiados nas quase três décadas de existência da FCT através do financiamento público competitivo por esta atribuído a pessoas, a projetos de investigação e inovação, a estruturas e a redes científicas. A explicação para a necessidade destes investimentos é igualmente rápida.
    As pessoas que fazem investigação não vivem do ar, mas de um salário ou de uma bolsa. O trabalho de investigação precisa, entre muitas outras coisas, não só de material laboratorial e/ou computadores, mas de organizações onde se o mesmo se desenvolva. Precisa também de redes científicas mais alargadas onde se discutam projetos e resultados e se explorem potenciais caminhos futuros.
    A conclusão é simples: o trabalho científico é, como a maioria dos outros trabalhos, desenvolvido por pessoas no quadro de organizações, mas, contrariamente outros trabalhos, não tem sido financiado por essas organizações, mas, na imensa maioria dos casos, pela FCT.
    É claro que o financiamento sempre insuficiente, os recursos humanos escassos para tarefas crescentes e cada vez mais complexas, entre outros, conduzem a que todos os anos tenhamos um rol de críticas à FCT.
    Porque os resultados dos mil concursos a que nos candidatámos estão atrasados, porque a programação é limitada, porque a avaliação, mesmo sendo feita internacionalmente, não é suficientemente transparente, porque os indicadores utilizados são desadequados, porque a burocracia é mais que muita. Enfim. Pensamos ser possível fazer mais e melhor. Queremos fazer mais e melhor.
    Mas não nos enganemos. Apesar de todas as críticas, e da pertinência de muitas destas, todo o trabalho que a minha geração de investigadores e as que se seguiram desenvolveram foi possibilitado por esta estrutura e por todos os que para ela contribuíram e contribuem.
    Trata-se apenas de mais um passo no aprofundamento do programa que nas últimas décadas tem vindo a submeter o setor do ensino superior e da ciência, e os seus trabalhadores, à lógica dos mercados e do lucro a todo o custo.
    É por isso com preocupação extrema que nos deparamos com a notícia da extinção da FCT e da sua fusão com a Agência Nacional de Inovação na rebranded Agência de Investigação e Inovação.
    A este respeito, os esclarecimentos do superministério do sector, onde a Ciência surge num lugar de entremeio entre Educação e Inovação, traduzem todo um programa: “A Agência para a Investigação e Inovação permitirá iniciar um novo ciclo integrado da investigação à inovação, com um apoio mais personalizado e eficaz a investigadores, empresas, startups e entidades do sistema científico e tecnológico nacional.”
    Acrescenta-se que esta agência “facilitará a definição de prioridades transversais e integradas, evitando visões fragmentadas entre ciência ‘pura’ e inovação ‘aplicada’”.
    Nada disto é novo. Trata-se apenas de mais um passo no aprofundamento do programa que nas últimas décadas tem vindo a submeter o setor do ensino superior e da ciência, e os seus trabalhadores, à lógica dos mercados e do lucro a todo o custo.
    De acordo com esta cartilha, tudo o que não seja confinável a uma qualquer caixa repleta de indicadores e traduzível em valor nos mercados deverá ser descontinuado.
    O superministro, sabendo das críticas que se seguirão, veio já a terreiro dizer que “protegerá” a “investigação mais básica e fundamental”, aquela que não resultando diretamente numa qualquer aplicação com valor nos mercados poderia estar em causa com esta “deriva inovadora”.
    Prometem-nos umas migalhas, para que não percamos tempo a pensar no que é por demais evidente: com a extinção da FCT, deixamos de ter um ator que nas últimas três décadas desempenhou um papel central, mediando a ação de governos, instituições e investigadores, tantas vezes de costas voltadas, e que possibilitou a produção de conhecimento em todas as áreas científicas.
    Basta agora, em nome da superação de “anacronismos” e da “eliminação de redundâncias”, criar o megaministério da Economia, Educação e Inovação, onde a Educação passe a mediar Economia e Inovação, e o papel da Ciência se eclipse de vez para assumir a única função que a “deriva inovadora” lhe consegue perspetivar: o suporte ao desenvolvimento económico do país.
    Não deixa de ser irónico o momento escolhido para uma estocada tão forte: 31 de julho, com férias à porta. Momento em que, vezes sem conta, aguardámos e recebemos resultados de concursos da mesma FCT que agora se extingue. Momento escolhido para que, cansados de mais um ano de incertezas e embalados pela brisa marítima, não nos organizemos. Para quem tão recorrentemente convoca a “inovação”, parece pouco criativo. E só será eficaz se nós deixarmos.
    [Ana Ferreira, investigadora auxiliar do Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais (CICS) da Faculdade de Ciências Socais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, “ Público”, 2/09/2025]
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    A extinção da ciência